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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Novidades - 117 : História Social da Ópera

Ora aqui está um livro, lançado em Novembro do ano passado, que vai mais além do habitual estudo da ópera como género musical. O autor, Daniel Snowman, analisa também as outras vertentes do fenómeno operático: política, social, cultural e financeira.
A tese central é que a ópera é, embora já tivesse sido mais, um dos principais palcos de representação do poder- argumento que tanto vale para as primeiras representações de Monteverdi na Corte dos Duques de Mântua como para a decisão de François Mitterand de construir a Ópera da Bastilha.
Um caso sintomático é a relação do poder napoleónico, tio e sobrinho, com a ópera: foi com récitas de ópera que Bonaparte apresentou aos parisienses a sua trophy-wife, Maria Luísa de Habsburgo, filha do Imperador da Áustria, e também da mesma forma foi celebrado o nascimento do Rei de Roma. E o custo financeiro era já na época significativo: manter a Ópera de Paris custava um milhão de francos por ano...
Napoleão III também deixou a sua marca, mandando construir aquele que é um dos mais sumptuosos teatros de ópera do mundo, o Palais Garnier, com custos financeiros e urbanísticos tremendos.
Passando a outras latitudes, são também analisados o caso Bayreuth, o teatro construído por Richard Wagner e que também serviu como representação de poderes de sinistra memória, os orçamentos milionários das óperas norte-americanas e a notável síntese ópera-arquitectura de um certo teatro de ópera australiano...

- The Gilded Stage: A SOCIAL HISTORY OF OPERA, Daniel Snowman, Atlantic Books, 482p, £40.