Prosimetron
sábado, 11 de abril de 2015
Pensamento ( s )
(...) a atitude mais verdadeira que um indivíduo pode ter perante a morte : agir de forma a que a sua própria morte sirva a vida da comunidade. Reconhece assim que a sua existência individual é inteiramente atravessada pela existência dos outros - o que lhe dá toda a espessura ética : morrer é sobreviver com os homens que continuam ( mesmo se os homens são maus ). O " eu " dissolve-se. Por isso apreciamos tanto os que morrem a trabalhar, a criar, a produzir vida.
Estamos nos antípodas do que aconteceu com Lubitz . Aquele laço vital foi cortado. A morte-nada que desejou para ele, invadiu a sua cabina, apagou a humanidade dos passageiros e Lubitz pôde assassiná-los friamente.
O nada da sua morte, o nada haver depois da morte deu-lhe a irresponsabilidade total para executar um homicídio coletivo. Não é o nada da morte de Deus, mas, como diria Foucault, da morte do homem. Que essa morte se inscreva tão fortemente na vida, que ela possa surgir como nada radical nas cabeças dos indivíduos é sinal do niilismo terrível e avassalador dos tempos de hoje.
- José Gil , na Visão.
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