"Superstar: the Karen Carpenter Story" data de 1987, sendo o segundo filme assinado por Todd Haynes (o realizador de "Far from Heaven/Longe do Paraíso", "Safe", "Velvet Goldmine", "Poison" e, mais recentemente, "I'm not there", o biopic de Bob Dylan).
É um filme que não se pode ver: em 1990, Richard Carpenter garantiu legalmente a sua proibição, por não terem sido garantidos os direitos às canções dos Carpenters que são parte integrante do filme. Os mentideros são mais agressivos, indicando como razões mais próximas a péssima imagem que dão da família Carpenter e da sua influência na morte de Karen aos 32 anos.
Com 43 minutos, o filme é interpretado em grande parte por bonecas Barbie e Ken (facto que segundo os mesmos mentideros, levaria a Mattel a pedir a proibição do filme, mesmo que Richard Carpenter fracassasse na sua intenção), em cenários de miniaturas hiper-detalhadas. O filme é brutal: a título de exemplo, a decisão de lançar Karen na música é apresentada como uma decisão de família para ajudar as ambições de Richard; a reunião com o editor é intercalada com imagens do Holocausto; a dissecação da anorexia nervosa de que Karen padecia é esmiuçada sem qualquer pudor (e torna-se macabramente o personagem principal), com o emagrecimento grotesco da boneca Barbie-Karen a servir de mote; a pressão da família é profundamente sufocante. "Do the Carpenters have something to hide?" pergunta a dada altura Karen ao irmão. Em simultâneo, a banda sonora vai presenteando o espectador com a suavidade das canções dos Carpenters interpretadas por Karen -- e outras canções dos anos 70 (Dionne Warwick -- que tem direito à sua Barbie --, Elton John, ...). Tudo isto sendo dito, é um filme que cria uma simpatia profunda, um enorme carinho por Karen Carpenter, comovente e inesperado, dado o uso algo patético de Barbies e Kens.
Em 2003, a Entertainment Weekly considerou-o um dos 50 filmes de culto da história do cinema. É possível ver excertos no YouTube (por enquanto) e o integral está em Google Movies (por enquanto) em http://video.google.com/videoplay?docid=622130510713940545
Quanto à proibição legal, recordou-me a frase de Akira Kurosawa, "To be an artist means never to avert your eyes."
1 comentário:
Admito que desconhecia a existência desse média-metragem. Vi uma lista de filmes censurados e/ou polêmicos e só assim li sobre este "Superstar". Lamentei encontrar pouco material a respeito da produção em língua portuguesa. Vou procurá-lo e assisti-lo, estou muito curioso.
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