Gosto muito de Cesariny. Envio-lhe este poema:PASTELARIAAfinal o que importa não é a literaturanem a crítica de arte nem a câmara escuraAfinal o que importa não é bem o negócionem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócioAfinal o que importa não é ser novo e galante- ele há tanta maneira de compor uma estanteAfinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipícioe cair verticalmente no vícioNão é verdade rapaz? E amanhã há bolaantes de haver cinema madame blanche e parolaQue afinal o que importa não é haver gente com fomeporque assim como assim ainda há muita gente que comeQue afinal o que importa é não ter medode chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:Gerente! Este leite está azedo!Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludoà saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo No riso admirável de quem sabe e gostater lavados e muitos dentes brancos à mostraNobilíssima Visão (1945-1946), in burlescas, teóricas e sentimentais (1972)A.R.
Também gosto muito de Cesariny. De vez em quando ponho o disco que ele gravou dizendo poemas com a música do Rodrigo Leão.Um dos meus preferidos dele é Welcome to Elsinore.
Também adoro o Cesariny.
Lá para o final do mês colocarei um poema de Cesariny com música de Rodrigo Leão. O disco «Os Poetas» é fantástico. Também o oiço frequentemente.
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4 comentários:
Gosto muito de Cesariny. Envio-lhe este poema:
PASTELARIA
Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir
de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra
Nobilíssima Visão (1945-1946), in burlescas, teóricas e sentimentais (1972)
A.R.
Também gosto muito de Cesariny. De vez em quando ponho o disco que ele gravou dizendo poemas com a música do Rodrigo Leão.
Um dos meus preferidos dele é Welcome to Elsinore.
Também adoro o Cesariny.
Lá para o final do mês colocarei um poema de Cesariny com música de Rodrigo Leão. O disco «Os Poetas» é fantástico. Também o oiço frequentemente.
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