Prosimetron

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sábado, 26 de dezembro de 2009

Uns versos num livro: A Ideia de Deus.

Encontrei estes versos numa prenda de Natal.


Quando, à noite, o suor da minha fronte enxugo,
E aos livros vou pedir um instante de paz,
Não sei que estranho ardor, se leio Victor Hugo,
O autor das Orientaes ao coração me traz.

Brilha uma nova luz, naquele novo estilo!
Ora é Napoleão calcando o mundo aos pés,
Ora, manso a boiar sobre as águas do Nilo,
Como um nevado cisne, o berço de Moisés.

Às vezes mesmo eu chego a recuar de susto,
Pensando que no livro, onde leio a estudar,
Uma águia levanta o seu voo robusto
Dos antros dum vulcão que vejo rebentar!

Guilherme de Braga in, "Carta íntima", Sampaio Bruno, A Ideia de Deus, Porto:Lello & Irmão, 1987, p. XIV (Carta íntima, Porto 1902, prefacia o livro )

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