A Madona Sistina celebra o seu 500º aniversário. Giorgio Vasari, pai da História de Arte, classificou o quadro como “obra singular”. Segundo Goethe, bastava apenas a Madona Sistina para a imortalidade de Raffael. A Madona, uma das imagens mais conhecidas do renascentismo italiano, foi encomendada por Papa Júlio II a Raffael da Urbino no Verão de 1512, destinada à igreja de San Sisto em Piacenza. Com a morte do sumo pontífice em 1513, o quadro caiu em esquecimento durante praticamente 250 anos, até que o Príncipe Eleitor Augusto III da Saxónia, grande admirador de Raffael e coleccionador de arte, se empenhou em adquirir a Madona que, decorridos dois anos de negociação, chegou finalmente a Dresden em 1754. Passou a ser exibido a um público mais vasto, e já durante o século XIX ascendeu a uma enorme popularidade, talvez superior à da Mona Lisa.
A Madona centenária viveu o seu
pior pesadelo em 1945, quando o Exército Soviético se apoderou do quadro e o
guardou, juntamente com outras 700 obras, num depósito em Moscovo durante dez
anos. Em 1956, regressou à capital da Saxónia.
A Gemäldegalerie Alte Meister de
Dresden celebra, desde sexta-feira passada, este aniversário especial através de uma
exposição temporária. Histórias e aventuras, a decadência e a notoriedade de
hoje em dia descrevem a existência única desta Madona que deve a sua
popularidade naturalmente aos dois anjos (querubins) lindos e bem “tratadinhos”
na parte inferior da pintura e que muito descontraidamente assistem à adoração
da Virgem e do Menino por São Sisto e Santa Bárbara. Quatro secções compõem esta
exposição: “Raffael em Roma” mostra várias telas originais de Raffael,
emprestadas pela National Gallery de Londres,a Pinacoteca Vaticana e por outros museus, bem como
outras obras de artistas renascentistas, entre eles, Filippino Lippi. A segunda
secção dedica-se à compra espectacular por Augusto III, enquanto que a terceira
parte analisa a Madona Sistina sob o ponto de vista literário, musical e de
design moderno. O percurso termina com a “carreira” extraordinária dos dois
anjos, não omitindo a componente kitsch a que as duas criaturas tão adoráveis
se sujeitam por vezes.
1 comentário:
Dresden... quem sabe, quem sabe!
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