Neste Dia Mundial do Doente, um quadro ( A criança doente, de Edvard Munch, 1907, óleo sobre tela, sendo que esta tela da Tate Gallery de Londres é a quarta variação sobre o mesmo tema. A inspiração foi a irmã mais velha e preferida de Munch, Sophie, que faleceu aos 15 anos vítima de tuberculose. ) e um texto:
(...) O que aprende o doente com a dor, com o medo? A grande dificuldade para aquele que está doente e que sofre, é não estar autorizado a ser ferido por si próprio- e só esta afecção o poderá aliviar-, i.e., a sonhar, a ter visões, a evadir-se: os tratamentos quase sempre não o permitem. Na verdade, a cura só pode vir do som da voz e não do sentido da voz. Essa voz terá de saber, e fazer ressoar em si, que estar doente é uma das iniciações mais decisivas e terríveis à nossa vida, conhecer o que é perder o seu sangue, sem conhecer a causa, não no sentido da etiologia mas do estandarte que está em jogo, sacrifício que põe à prova e prova que qualquer um só se pertence a si próprio, que o homem por essência pertence-se.
Rainer Maria Rilke pede-nos que aceitemos que a dor é o nosso fundo, a nossa paisagem. Quando se sente o fundo que é a dor, diz ele, então os homens sentam-se diante dela, ela que está atrás deles, as estrelas caem e demoram-se no silêncio. A dor, o fundo que é a dor, murmura, rumoreja por cima deles como uma floresta. E eles estão perto uns dos outros como nunca estiveram. A dor é nosso fundo, é ela que nos obriga a procurar auxílio, a caminhar ao lado de alguém (...)
- Maria Filomena Molder, Princípios de Método. 4, in A Imperfeição da Filosofia, Relógio D'Água, 2003.
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