Prosimetron

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domingo, 14 de dezembro de 2008

À porta do café

Algo que ouvi junto de mim desviou-
-me a atenção para a porta do café.
E vi o corpo esplêndido que parecia
como se o próprio Eros o fizera com perícia extrema -
modelando-lhe com prazer a simetria dos membros,
erguendo ao alto a estátua do seu torso,
modelando o rosto dele com afecto,
e do toque deixando dos seus próprios dedos
um jeito na testa, nos olhos, e nos lábios.

[1915]

Konstantinos P. Kavafis
In: 90 e mais quatro poemas / trad. de Jorge de Sena. 3.ª ed. Porto: Asa, 2003, p. 56

Depois de ter lido o poema de Eugénio de Andrade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bonito.
A.R.