"Na Itália de Mussolini, uma saraivada de decretos propostos pelo Secretário-Geral do PNF, Achille Starace, impôs sucessivamente o "sábado fascista", a proibição do aperto de mão, substituído pela saudação romana, o banimento do tratamento pessoal por "lei" em benefício do "voi", a obrigatoriedade da afixação de slogans e citações do Duce em todos os edifícios públicos e privados, a aposição na correspondência institucional e privada de um sonoro Viva il DUCE, a italianização de expressões estrangeiras - o Cognac foi crismado Arzente, o ténis pallacorda, os bares passaram a mescita, o cocktail "coda di gallo" - e o uso de fardamento para todos os grupos profissionais. Os italianos encontraram em Starace o bode expiatório para todos os males do regime, cobrindo-o de ridículo. Mussolini só se deu conta da gargalhada e indignação gerais quando confrontado com uma nota oficial enviada a uma viúva sem recursos, carta que terminava com um estranho "não nos sendo possível responder à solicitação de uma pensão por morte do seu marido, queira aceitar o nosso vibrante Viva il Duce"...."
Parece ser esse o destino da decretomania da União Europeia a respeito de tudo o que faz o quotidiano das pessoas. Há em todos os regimes, qualquer que seja a sua natureza e valores proclamados, a ingénita pulsão para controlar e intrometer-se na vida dos homens. É contra esta pulsão que devemos estar bem alertados. O poder deve ser respeitado, não por inércia, mas pela obra que realiza. Quando, por ausência de obra, passa a confundir-se com prepotência e ingerência, merece uma valente gargalhada."
Miguel Castelo- Branco in COMBUSTÕES
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