Prosimetron

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sábado, 25 de abril de 2009

NUNCA ESQUECER

Caladas são as sombras. Não o vento
que assobia no prumo das navalhas
que são feixes de raiva e sedimentos
duma fogueira intensa de acendalhas
inteiriçadas no fluir das páginas
de crónica tão presente, mas passada:
a de abutres sedentos e mordazes,
sugando nervo e osso e carne sã
e o imo da própria liberdade.

Discretas são as sombras. Não a macabra
gesta de bufos e verdugos, dos que
- ocultos na crueza dos seus muros,
no desplante impune dos seus coices,
de insânia e de tortura -
zombavam com a dor que nos sangrava.

João Rui de Sousa
In: Na Liberdade: antologia poética: 30 anos - 25 de Abril. Peso da Régua: Garça, 2004, p. 113

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