NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
Fernando Pessoa
(1888- 30.11.1935)
2 comentários:
E nevoeiro bem denso...
Como o Fernando Pessoa `e tao actual. Adoro este poeta e o poema que escolheu `e lindo (desculpe o portugues, dificuldades do teclado).
O nevoeiro...pode ser belo ou ser sin`onimo de caos.
J`a vi nevoeiro sobre o Castelo de Marvao que era uma beleza!
A.R.
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