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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Poesia e prosa de Natal - 5

Foram muitas as interpretações do nascimento de Jesus, mas é no período barroco, sobretudo em Itália, na região de Nápoles, que se dá o apogeu do presépio. Os artistas caprichavam no realismo das figuras onde não faltavam os adereços em miniatura – os chamados “finimenti” -, conferindo riqueza visual e cénica ao conjunto através de detalhes pitorescos extraídos da vida quotidiana. As figuras ostentam cabeças de barro pintadas com rigor e os olhos de vidro dão-lhes uma expressão de grande vivacidade. Nos corpos, talhavam-se em madeira as pernas até aos joelhos e os braços até aos cotovelos. Outro pormenor interessante tem a que ver com os dedos que se apresentam longos, gesticulando expressivamente. Aos membros era-lhes acrescentada uma estrutura de arame revestida com estopa tornando os corpos maleáveis. Mas é a diversidade e perfeição dos trajes de todas as figuras que compõem o presépio que saltam à vista, numa representação fiel da indumentária napolitana da primeira metade do séc. XVIII, nas diversas classes sociais. É curioso observar que os cidadãos não se encontram somente a caminho para adorar o Menino. Eles povoam sobretudo as cenas que representam feiras. E isso tem uma explicação: é que para muitas famílias nobres de Nápoles, o Natal não passava de um pretexto para poderem montar as magníficas cenas de rua, com as quais uma vez por ano se podiam deleitar, porque devido à sua posição social, estavam excluídas da vida popular, que supunham ser alegre e colorida.
Quanto aos Reis Magos estes são sumptuosamente adornados como que um exercício à criatividade dos artesãos. Os Reis Magos dos presépios napolitanos usam vestes preciosas, ricamente bordadas e usam jóias muito trabalhadas e na sua comitiva encontram-se pessoas das mais diversas origens muitas vezes ostentando adereços e animais que correspondem à ideia que os europeus da época tinham do exótico, belo e ao mesmo tempo estranho. A tarefa mais importante da comitiva consiste em transportar as preciosas oferendas que os Reis trazem para o Menino Jesus: recipientes de ouro com aplicações de prata e pedras preciosas materiais que eram mesmo empregues no fabrico destas peças miniatura. O mesmo acontecia no fabrico de instrumentos musicais de sopro e cordas ou adornos de marfim e madrepérola que decoram o presépio napolitano. Um requinte levado ao mais ínfimo pormenor que tinha como principal função recriar de forma quase real o nascimento de Jesus. A sumptuosidade desta representação deve-se ao facto de Nápoles ter desenvolvido, na época, um artesanato muito particular e elevada qualidade. Na manufactura real de Capodimonte trabalhavam artistas conhecidos como Giuseppe Sammarti (1720-1793) ou Francesco Celebrano (1729-1814) fazedores de uma arte muito particular e da qual o rei Carlos II se tornou patrono, sendo depois seguido pela nobreza da cidade. As famílias abastadas de Nápoles competiam entre si na aquisição de figuras de grande riqueza e qualidade artística de modo a formarem presépios cada vez mais preciosos.

6 comentários:

LUIS BARATA disse...

Vi-os, e são realmente deslumbrantes os presépios napolitanos.

Anónimo disse...

Magnifico e interessante post.
A.R.

Anónimo disse...

O Machado de Castro também esculpiu e pintou belos presépios.
Deixo para ver esta imagem, não é das melhores, poderia estar mais nitida.
Com o meu agradecimento a MLV.

http://www.amigosdopresepio.
org/images/Portugal/Historia22.jpg
A.R.

Filipe Vieira Nicolau disse...

Belo post! Fantástico

Anónimo disse...

MLV,
Enganei-me na imagem que queria mandar é esta:
Ehttp://img.photobucket.com/albums/v489/resolver/presmcastro.jpg

Anónimo disse...

Ehttp://img.photobucket.com/
albums/v489/resolver/presmcastro.jpg
A.R.