Prosimetron

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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Os meus poemas -7

LÍRIO DE S. DAMIÃO

Lá vai...É longa a estrada e pedregosa.
Rasgam-lhe o manto rude a silva e o cardo.
Já tudo é espinho e tudo fora rosa.
Onde estais, berço de oiro, óleos de nardo?

Lá vai...A noite é negra e tenebrosa.
O medo é aguda espada, fino dardo.
No rasto da possessa e da leprosa
Seguem-lhe os passos nus lobo e javardo.

Já nem se lembra que é donzela em flor.
Tornam-lhe os pés em chaga, as mãos em dor,
Irmã Chuva, Irmã Pedra, Irmã Raiz.

Corta-lhe Deus o derradeiro laço
e lá vai, pomba argêntea, pelo espaço...
-lírio de S. Damião, Clara de Assis.

Fernanda de Castro
(1900-1994)

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosta de poesia naturalista...este seu lirio podia ser de Van Gogh.
Gostei de ler.

http://jp.youtube.com/watch?v=nkvLq0TYiwI&feature=related
A.R.