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Apesar de ter passado esse último ano da sua vida muito debilitado fisicamente, ainda na semana anterior à sua morte integrou uma delegação de adeptos do Espiritismo que foi requerer ao Home Office a revogação do Witchcraft Act ( Lei de 1733 que na sua origem visava reprimir a feitiçaria e a vagabundagem, mas que nas últimas décadas do séc.XIX e nas primeiras do séc.XX foi usada pelas autoridades britânicas para condenar um grande número de médiums, metendo no mesmo saco tanto os vigaristas como os espíritas convictos, visando reprimir o grande número de burlas que já ocorriam sob o pretexto dos espíritos...) , uma vez mais sem sucesso.
Aliás, os últimos anos da vida de Sir Arthur Conan Doyle foram dedicados ao Espiritismo, alienando muitos amigos e admiradores, sendo certo que mesmo dentro do Espiritismo as suas ideias não eram pacíficas: em 1928 demitiu-se da London Spiritualist Alliance , da qual tinha sido presidente, e no princípio de 1930 saíu da Society for Psychic Research, abandonos que se deveram ao facto de que Conan Doyle achava que ambas as sociedades estavam a ser demasiado rigorosas nos seus critérios...
Se o Espiritismo marca o ocaso da vida de Conan Doyle, médico de formação, o apogeu da mesma é marcado pela escrita das histórias de Sherlock Holmes, a sua criação literária que lhe deu fama e fortuna. Foi, aliás, o sucesso do Rei dos Detectives que possibilitou deixar o exercício da medicina e dedicar-se à escrita a tempo inteiro.
No entanto, como é sabido, Doyle, a partir de certa altura, passou a "odiar " Sherlock Holmes, que quase parecia ter adquirido vida própria tal o sucesso mundial, e chegou a "matá-lo", vendo-se porém obrigado a "ressuscitá-lo" uns anos depois por necessidades económicas e pressão dos admiradores - desde a sua própria mãe até à Família Real...
Arthur Conan Doyle está inexoravelmente ligado a Holmes, sendo quase desconhecidos os inúmeros romances históricos que publicou. Sherlock Holmes, como se sabe, é uma das personagens literárias mais populares de todos os tempos e uma das mais adaptadas para outros meios- rádio, televisão e cinema, sendo certo que as suas aventuras continuam, escritas agora por outras mãos, num fenómeno que não tem paralelo e a que voltarei.
O que não deixa de ser curioso é como o criador do mais racional dos detectives acabou missionário do Espiritismo... Mas também sobre isto existem muitas teorias...
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