"Eis que neste sonho de fazer, de trazer à nossa posse um princípio criador, a arte, meu amigo, foi a grande descoberta do nosso tempo. Oh a arte! Que infinito caudal de vozes que a anunciem, a expliquem, de instrumentos que a violem, de sonhos que a recuperem em justificação, em invenção da grandeza! E na sua evidência imediata, na sua imediata eficácia, a arte é tão simples! Porque o que é difícil e complicado não é sentir a arte; mas explicar a obra, (...) . Toda a obra de arte é um fazer e como tal limitada até mesmo para o que a executa".
Évora, Dezembro de 1957.
Vergílio Ferreira, Carta ao Futuro, Lisboa: Quetzal, 2010, p. 81-82.
A Carta ao Futuro é um magnífico ensaio que viaja num tempo pautado pela procura da arte, da beleza, da vida como uma arte, da essência humana, do lugar dos deuses e dos homens mas, sobretudo, de uma intensa procura.
Vergílio Ferreira termina com a ideia de que a vida é "a vertigem da noite e a iluminação do dia."