Prosimetron
sábado, 10 de outubro de 2009
Para o fim da noite:Monteverdi: Lamento Della Ninfa!
As imagens não são do meu agrado mas gostei desta versão. Um conselho ouvir de olhos fechados.
Imagens de Lisboa - 1
E para o Luís
Goya - 2
Ainda com o pretexto de Goya, desde que vi esta gravura, há longos anos no Prado, que a considerei como um proveitoso memento para muito genealogista.
O detalhe heráldico de igual modo se não perde. Mas vê-se?
O Justicia de Aragón, instituição homóloga do nosso Provedor de Justiça nesta região autonóma espanhola, editou recentemente uma reprodução, acompanhada do estudo devido, de um documento com teor heráldico e genealógico emitido a pedido e em nome do filho do Pintor, assim revelando dados sobre a sua família.
Poderão ver a notícia em
http://www.eljusticiadearagon.com/index.php?zona=actos&id=74
e um pequeno comentário em
http://www.lukor.com/ciencia/noticias/portada/09052632.htm
Se também somos o que (por outros) fomos, aqui estará mais uma chave para desvendar outras perspectivas da obra daquele que se qualifica como “una seña de identidad de Aragón”-
Não deixa de ser significativo que esta edição surja de instituição que, moderna e dotada de inteira legitimidade democrática, sofregamente se acolhe cumulativamente à legitimidade tradicional da cadeia de Justicias, que, desde que em Portugal reinava D. Sancho I, defenderam os fueros y libertades dos aragoneses, tragicamente pontuada em 1591 pela execução do seu titular de então, Juan de Lanuza. Ou seja, por outra “seña de identidad” da actual expressão da antiga coroa de Aragão no nosso vizinho peninsular.
Remate Para Qualquer Poema
suas clandestinas alegrias
que mal se reflectiram desertaram
Ruy Belo, Aquele Grande Rio Eufrates, Lisboa: Editorial Presença, 1996, p. 43
Passeio por Lisboa 1
Este muro magnetizou-me. É como se fosse uma película que não pude deixar de apanhar.
Um dia bem passado
http://farm3.static.flickr.com/2130/1699058632_b8cfa3edb2_o.jpg
http://www.afn.min-agricultura.pt/portal/dudf/Resource/imagens/sensibilizacao/Veado2.jpg/image_preview
Tapada Nacional de Mafra
Portão do Codeçal
MAFRA
Tel.: 261 817 050
http://www.tapadademafra.pt/
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Castanhas!
Notícias da Turquia
Um dos caravansarais onde durante sécs. as caravanas se abrigavam e repousavam.
Almoço num caravansarai (Palácio de caravanas) em Konya.
Almoço alla turca.
Catálogo do centenário
Audrey Hepburn, num selo alemão de 2001!
Debates a propósito do filme
Le Monde diplomatique - edição portuguesa promove um ciclo de três debates (coord. de José Mapril), a seguir à exibição de Welcome, no cinema King (Lisboa), com início às 21h30:
Ilegalidade, fronteiras e imigração na Europa
com José Mapril (CRIA), Lorenzo Bordonaro (CRIA) e Victor Pereira (IHC)
6.ª feira, 9 Out.
Trabalho (in)formal e (in)documentação
com José Nuno Matos (ICS) e Rahul Kumar (ICS)
4.ª feira, 14 Out.
As políticas da (in)documentação
com José Tolentino Mendonça (escritor) e Lídia Fernandes (SOLIM)
6.ª feira, 23 Out.
Procissão: Corpus Christi- Amadeo de Souza Cardoso
Poemas da minha infância 3: Poema de Sete Faces !
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é serio, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
Carlos Drummond de Andrade
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/a/alguma_poesia
Dia Mundial dos Correios: o primeiro selo português
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Que os deuses nos sorriam sempre
Antalya
Os nossos amigos já lá chegaram. A temperatura é apenas de 31 graus!
Vão ter muito que contar no próximo jantar!
Saudação fraterna
8 de Outubro
Suponho que começar é sempre o mais difícil, embora o que há a dizer seja também mais evidente.
Antes do mais, efusivas saudações a todos os que por aqui passam, em especial aos meus novos colegas, não esquecendo a antiga “equipa” dos comentadores frequentes (para quando um programa de pontos, Luís?). Se alguns (a maior parte) conheço pessoalmente, a todos, de algum modo, o Prosimetron me habilitou a perscrutar (mais na moda diria esmiuçar), gostos e opiniões.
Espero, nos meus limites de variada ordem, pelo menos não maçar (muito). E, sem desmentir a veracidade da última parte da apresentação que me fez o Luís, sempre notarei que o último empurrão para a minha entrada foi dado por um republicano, assim desmentindo qualquer suspeita de “chapelada” (republicana) ou “fornada de pares” (monárquica) em futuro referendo que aqui se organize... J
Em suma, aqui estou, muito obrigado a todos, desde logo pela honrosa companhia, e desculpem desde já qualquer coisinha...
BEIJA-FLOR
Cheias de inquieto fulgor.
Rainha das borboletas,
Sacode as asas inquietas.
Beija as rosas e as violetas,
Irado beija-flor.
Sacode as asas inquietas
Cheias de inquieto fulgor.
Teu fulvo pólen doirado
Matize e colore as plantas.
Seja um pincel inspirado
Teu fulvo pólen doirado.
Que o vergel mais variado
Fique, se o voo levantas.
Teu fulvo pólen doirado
Matize e colore as plantas.
Saltita, as flores beijando,
Ó alma do meu jardim!
Mel e perfumes sugando,
Saltita, as flores beijando.
E quando fores voando
Que não te esqueças de mim.
Saltita, as flores beijando
Ó alma do meu jardim!
Como eu seria ditoso
Se fosse como tu és!
Sendo brilhante e formoso,
Como eu seria ditoso!
Mandava ao diabo o gozo
Da Musa dos triolets…
Como eu seria ditoso
Se fosse como tu és!
Quando te vejo entre flores
Duvido se és flor também…
Tenho ciúmes traidores
Quando te vejo entre flores.
Ó ave dos meus amores,
Tens o matiz que elas têm;
Quando te vejo entre flores
Duvido se és flor também!
Olha as aves de rapina,
Vê que não te façam mal.
Avezinha peregrina,
Olha as aves de rapina.
Porque essa malta assassina
Bem pode ser-te fatal.
Olha as aves de rapina,
Vê que não te façam mal.
Rebrilha e fulge e cintila,
Ave de eterna beleza!
Bebe o mel que a flor destila;
Rebrilha e fulge e cintila.
És a brilhante pupila
Dos olhos da Natureza!
Rebrilha e fulge e cintila,
Ave de eterna beleza!
Ó que destino galante:
Perpetuamente beijar!
Beijo aqui, beijo adiante,
Ó que destino galante!
Ser eternamente amante,
- Que os beijos fazem amar -
Ó que destino galante:
Perpetuamente beijar!
Filinto de Almeida (1857-1945)
Retirei estes versos de A Ilustração, revista do século XIX. E não pude deixar de me lembrar de umas palavras de Antero numa carta a Oliveira Martins: «O Sáragga está resolvido a não publicar versos senão poucos [...]: isto, pelo carácter banal que a versalhada imprime a todos os jornais literários portugueses [...]. Os versos são a praga da literatura portuguesa.» (Antero de Quental - Cartas / org. Ana Maria Almeida Martins. Lisboa: Imp. Nac.-Casa da Moeda, vol. 2, p. 45)
Se não fosse beija-flor...
Um centro de mesa original no Museu Britânico!
Pormenor do relógio e do navio (centro de mesa)
Peça vista de perfil
Pormenor das peças. Os canhões disparam ilumiando a sala
Um leitor e um transmissor
Roger van der Weyden: S. Ivo (c. 1450)
óleo, 45 x 35 cm,
London: National Gallery
Se confiar em mim, ofereço-me para colocar toda a poesia escolhida e não só.
Um abraço amigo!
(Ainda estou muito longe para Mercúrio... apenas tento...ler)
A minha memória está um farrapo!
Uma fruta paradisíaca acompanhada de Eugénio de Andrade.
No fim do verão
No fim do verão as crianças voltam,
correm no molhe, correm no vento.
Tive medo que não voltassem.
Porque as crianças às vezes não
regressam. Não se sabe porquê
mas também elas
morrem.
Elas, frutos solares:
laranjas romãs
dióspiros. Sumarentas
no outono. A que vive dentro de mim
também voltou; continua a correr
nos meus dias. Sinto os seus olhos
rirem; seus olhos
pequenos brilhar como pregos
cromados. Sinto os seus dedos
cantar como a chuva.
A criança voltou. Corre no vento.
Eugénio de Andrade, Sal da Língua Porto, Fundação Eugénio de Andrade, 1995
A Procissão - Sara Affonso
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Um poema para o fim da noite: O Caos do Sonho
Estou deitado no sonho não perturbes
o caos que me constrói
Afasta a tua mão
das pálpebras molhadas
Debaixo delas passa a água das imagens
Gastão Cruz, in "Órgão de Luzes"
Novidades prosimetrónicas
Rádio Amália
Como os mais atentos às coisas da comunicação se devem ter apercebido, começou ontem uma nova rádio, a Rádio Amália ( 92 FM ) dedicada ao fado. Foi revelado que a breve trecho a estação contará com fadistas a cantar em estúdio. Veremos se o projecto tem pernas para andar.
Os limites da arte - 6
Tivemos recentemente entre nós um caso que se adequa na perfeição ao espírito desta rubrica: A Coca-Cola patrocinou um concurso de design em que as peças seriam exibidas na ExperimentaDesign deste ano, comissariada como habitualmente por Guta Moura Guedes. A designer Catarina Pestana concorreu com uma peça, que vemos supra, composta por um manequim feminino usando luvas de boxe, uma máquina fotográfica e um vibrador colocado entre as pernas, vestindo ainda uma t-shirt a dizer Coca Cola Light gosta de mim.
Não tendo a multinacional de refrigerantes gostado da peça, cujo título é o sugestivo Light my fire, a mesma foi excluída da bienal, com protestos da autora que entendeu que a recusa da peça configura um caso de censura artística.
No entanto, houve um final feliz- Joe Berardo comprou a peça e anunciou que irá exibi-la oportunamente.
Veneno é no Freeport...
Está patente no Centro de Exposições do Freeport, Alcochete, uma exposição de animais venenosos com cerca de 27 espécies, das serpentes às aranhas, passando pelo monstro de gila e algumas rãs.
Das autárquicas - 2
- Miguel Sousa Tavares, no Expresso de sábado passado.
Citações - 42 : Henrique Raposo
" (...) como o poder nunca se senta em duas cadeiras, este semipresidencialismo gera sempre ódio entre Belém e São Bento. Soares, em Belém, foi um PM versão caixeiro-viajante. Eanes andou em guerra com todos os PM da época. Sampaio dissolveu uma assembleia dominada pelos adversários do PS. Cavaco e Sócrates andam a jogar poker com as escutas.
Ora, tudo isto tem um efeito político perverso: como andamos sempre a discutir estas intrigas palacianas, acabamos por desprezar os reais problemas do país. Enquanto estivermos a falar sobre este circo institucional, o endividamento e o desemprego vão continuar a aumentar. Estes problemas não podem ser demitidos. Ninguém demite a realidade. Ou melhor, a III República consegue demitir a realidade. Aliás, não faz mais nada.
Obrigado, PM. Obrigado, PR. "
- Henrique Raposo, no Expresso de sábado passado.