Prosimetron
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Vai um joguinho? - 1
Le Brelan de la vie humaine
Anónimo, França, final do século XVII
Óleo sobre tela
Um museu que não visitámos por falta de tempo: Musée Français de la Carte à Jouer, em Issy-les-Moulineaux. Podem dar uma vista de olhos em: http://www.issy.com/musee/
A reacção possível...
- Cavaco Silva, declaração proferida hoje.
Perante as escutas, ou melhor os despachos judiciais onde elas constam parcialmente, reveladas ontem pelo Sol, o caso Mário Crespo é um fait-divers. Cavaco reagiu hoje da maneira que se vê supra. Mas imagino o que lhe apetecia mesmo dizer perante o "esquema", para usar a expressão usada pelo inefável Armando Vara, onde também é mencionado, com que fomos ontem todos confrontados. Estamos a chegar ao grau zero da política.
Cinenovidades - 102 : O Livro de Eli
"Segundas escolhas"
O modelo é o filho do pintor, Yachar, então com 5 anos, e a tela remete-nos para outros tempos: vislumbra-se a cozinha da casa como em tantas telas holandesas, e o cavalo de brincar ( que era na verdade da Playmobil segundo disse o retratado mais tarde ) aparece como brinquedo antigo a lembrar os do século anterior. Em cima do móvel, vemos as famosas árvores que celebrizaram Emdadian, sendo este um dos poucos retratos que pintou na sua curta vida.
Lá fora - 66 : Jogos em Rambouillet
A exposição conta ainda com um espaço interactivo, permitindo aos visitantes experimentar estes jogos que foram sendo esquecidos com o passar das décadas, e até tentar descobrir pistas que até agora os especialistas que os estudaram não conseguiram resolver.
- Jeux de parcours, jeux de loterie, Palais du Roi de Rome ( rue du Général De Gaulle, 52/54, Rambouillet ), entrada livre, até 21 de Fevereiro.
Juan Ramón Jiménez - A viagem definitiva
Quem almoçou hoje aqui?
http://www.lancs.ac.uk/staff/exaajs/portharvest/cafe_majestic.jpg
Alguém que tentou enviar duas mensagens que não chegaram. Devem andar aí nas ondas...
A.S.: Escolhas Pessoais XVI
Retrato de Machado por Alvaro Delgado
A sua poesia, bem como a de dois heterónimos que criou (Abel Martín e Juan de Mairena), passa rapidamente da fase inicial, mais rebuscada, para um período amadurecido de grande simplicidade em que o verso alexandrino produz aquele efeito mais sereno e pausado (“Amo a beleza, e na moderna estética, / cortei as velhas rosas do jardim de Ronsard; / mas não quero os adornos da actual cosmética, / nem sou um desses pássaros de alegre cantar…”) e alterna com pequenos tercetos que se aproximam muito dos “hai-ku” japoneses:
“Prestai atenção:
um coração solitário
não é um coração.”
Na forma que não no conteúdo, mais de reflexão que de motivo panteísta.
A geografia e paisagem castelhana, com o Douro predominante, são temas recorrentes de Antonio Machado em “Campos de Castela”, a sua obra mais conhecida, bem como os aforismos de sabor quase filosófico (“…Caminhante, não há caminho, / o caminho faz-se a andar…”) ou um diálogo interrogativo de certa religiosidade.
Quadro de G. Chirico
“A praça tem uma torre,
a torre tem um balcão,
o balcão tem uma dama,
a dama uma branca flor.
Passou lá um cavaleiro
- quem sabe porque passou! -
e levou consigo a praça,
com sua torre e balcão,
com o balcão e a dama,
a dama e a branca flor.”
P.S.: Proponho algumas referências de leitura, pessoalmente, para este último poema. Com tudo o que isso implica de, eventualmente, redutor ou excessivo.
A torre que surge no primeiro verso poderia ser uma reminiscência, em forma abstracta, da “Giralda” de Sevilha, cidade natal do Poeta. A dama com a branca flor a noiva-mulher, Leonor Izquierdo, com quem A.M., então com trinta e quatro anos, se casou, em 1909, tendo ela apenas 15 anos. E que veio a falecer em 1912, de tuberculose, deixando Antonio Machado em funda depressão. Finalmente, o cavaleiro seria a figura da Morte. Que tudo levou, deixando apenas o vazio.
Post de Alberto Soares
William Blake - Ah! Sun-Flower
Ah, Sun-flower! weary of time,
Who countest the steps of the Sun,
Seeking after that sweet golden clime
Where the traveller's journey is done:
Where the Youth pined away with desire
And the pale Virgin shrouded in snow
Arise from their graves, and aspire
Where my Sun-flower wishes to go.
William Blake, Songs of Innocence and Experience, in Songs of Experience, no. 14, published 1794
Recordando Jean Béraud e Emily Dickinson!
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Fotomontagem?
O mistério da "senhora muito culta"
O que me está a "morder" é saber quem foi a fonte do Mário Crespo. Quem foi a "senhora muito culta" que estava também a almoçar no restaurante do Hotel Tivoli e ouviu os "desabafos" de Sócrates sobre Mário Crespo quando passaram pela mesa "governamental" Nuno Santos e Bárbara Guimarães. É mesmo caso para dizer cherchez la femme...
PENSAMENTO DO DIA
Novidades - 113 : Um poeta sobre outros poetas
Coisas do Inferno ... - 8
Haikai
Demónios de saias - 2
Arquiduquesa Regina von Sachsen-Meiningen (1925-2010)
Aqui há dias falava-se em comemorações. Estas, para além do que ensinam através da reflexão que motivam, são também um acto de justiça.
Não se trata de socialmente registar o desaparecimento de Alguém que, mercê de representações políticas extintas mas socialmente presentes, ocupou esta ou aquela posição. Atrevo-me a homenagear aqui uma Pessoa que, nos cinquenta anos de casamento, partilhou activamente uma vida de um verdadeiro Príncipe. Na verdade, soube ontem que tinha morrido a Arquiduquesa Regina, na quarta-feira de manhã.
Não apostando no estafado cliché que aponta para alguém que está por detrás de um grande Homem (sendo certo que, quer esta, quer a consideração inversa são muito falíveis), o Arquiduque Otão de Habsburgo e a Arquiduquesa Regina viveram uma história insólita (no bom sentido) no plano das famílias anteriormente reinantes.
Numa assunção notável das responsabilidades familiares, sem esquecer os povos que compuseram a monarquia austro-húngara (e tão precisados estavam, em especial os que ficaram do lado errado do muro), a Família Imperial, com o seu Chefe à cabeça, incorporou-se no século XX, lutando contra as suas injustiças com as armas que a sociedade democrática proporciona, com a pena e não com a antiga espada, para usar outro cliché.
Adversário do Anschluss e do nazismo, corre o rumor de que o Arquiduque Otão tinha sido um dos beneficiários da acção de Aristides de Sousa Mendes, o que todavia nunca confirmei se era verdade. Mas a ser, era bonito, para quem, simultaneamente, é descendente de D. Pedro IV e de D. Miguel I.
Por voto dos seus novos compatriotas alemães, o Doutor Otão de Hasburgo ocupou durante vinte anos um lugar no Parlamento Europeu, tornando-se uma das suas figuras tutelares. Concorde-se ou não com as suas ideias, pelo menos não há que negar a sua qualidade de grande Europeu e a coerência da sua visão sobre o futuro do nosso continente, assente, como defende na tradição de Coudenhove-Kalergi, nos três montes fundadores, o Gólgota, a Acrópole e o Capitólio.
Filha de um príncipe alemão que morreu prisioneiro de guerra na então União Soviética, a Arquiduquesa Regina partilhou a segunda metade dos 97 anos com que conta hoje o seu Marido, usando um espanholismo, numa vida "exitosa" e nada mundana. Obrigado também por isso.
***
Numa nota pessoal, impressionou-me saber ontem à noite da notícia, quando, nessa mesma manhã, tinha escolhido o opus 76 de Haydn para ouvir no rame-rame do trânsito, lembrando-me especialmente da Família de Habsburgo no segundo andamento do segundo quarteto, o qual, como sabem, é um conjunto de variações sobre o antigo hino imperial, hoje hino da Alemanha.
Novidades - 112 : O melhor do Centro de Arte Moderna
Os meus belgas - 2
As nossas escolhas - 1
«Não és capaz de estar quieto um momento?»
(Renoir)
A escolha de Jad:
Xavier Valls - Portrait de Manuel
Óleo sobre tela, 1976
Col. Luisangela Valls
(a minha escolha foi pela técnica de pintura, não pela temática, nem pelo modelo).
A escolha de Luís Barata:
Tamara de Lempicka - Kizette en rose
Óleo sobre tela, ca 1927
Nantes, Musée des Beaux-Arts
A escolha de MR:
Henri d'Estienne - Portrait de fillette ou Mademoiselle S.
Óleo sobre tela, ca 1913
Paris, Musée d'Orsay
(Não conhecia este quadro, que foi uma agradável surpresa. A expressão marota e doce da filha do retratista...)
Os meus franceses - 95
«Ces douze titres de Brigitte et de moi sont autant de chansons d'amour. Amour combat, amour passion, amour physique, amour fiction.
«Amorales ou immorales peu importe, elles sont toutes d'une absolute sincérité.» (Serge Gainsbourg)
Le Jardin
Des miliers et des miliers d'annéees
Ne sauraient suffire
Pour dire
La petite seconde d'éternité
Où tu m'as embrassé
Où je t'ai embrassée
Un matin dans la lumière de l'hiver
Au parc Montsouris à Paris
À Paris
Sur la terre
La terre qui est un astre.
Jacques Prévert
In: Paroles. Paris: NRF, 1968, p. 195. (Le livre de poche; 239)
Em Londres passeio por um jardim mitológico!
x
Recordando Virgínia Woolf!
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
A rainha vai nua
Óleo sobre tela, 1652-1653
Madrid, Museu do Prado
http://www.laverdad.es/murcia/20100202/murcia/arte-publico-arte-pubico-20100202.html
A imagem da rainha Maria Ana de Áustria, mulher de Filipe IV, usada nos autocarros de Múrcia para promover um evento artístico, está a causar polémica. A obra, baseada no quadro que Velasquez pintou, é da autoria de Carmen Molina Cantabella. A Esquerda Unida afirma que a imagem é «sexista e inapropriada» e pede a demissão de Pedro Alberto Cruz, encarregado distrital da Cultura. Também Miguel Angel Camara, presidente da edilidade, desaprovou a escolha, já que «Fotografias de nus dão aso a conflitos porque podem ofender a sensibilidade das pessoas.» E afirmou: «Deveria ter sido escolhida uma outra imagem.»
Sem comentários!
Bom Ano Miss Tolstoi
Os doze trabalhos de Hércules - I
No Musée des Arts Décoratifs, Louvre, Paris, encontrei um friso de madeira , do século XVI, que teve origem no Castelo situado em Vélez-Blanco (Almeria, Andaluzia, Espanha). Estavam desaparecidos desde 1903-04, data da sua venda a um decorador francês, ... e foram descobertos, em 1996, (apresentando bastantes estragos do tempo (?) ou da conservação), quando demoliram uma parede nas reservas do Louvre (parece uma história...)
«Nada melhor no Inverno que a companhia de um bom cognac e das obras completas de Simenon»
Depois de umas conversas sobre Simenon, aqui coloco os três últimos Maigret que li. E também depois de uma passagem pelo Boulevard Richard Lenoir.
Auto-retrato(s) - 43
Desconhecia este pintor brasileiro. Começo pelo seu auto-retrato. Vou publicando os doze trabalhos de Hércules que me foram "recordados" no Museu de Artes Decorativas, em Paris.
Citações - 60 : A morte lenta
Portugal tem, por via dessa sufocante pulsão uniformizadora da sua partidocracia, uma total incapacidade de atrair ou de gerar elites e lideranças políticas com verdadeira vontade e capacidade reformista. E sem lideranças, ça vans sans dire, não há atracção dos melhores, não há mobilização de energias, não há capacidade de passar dos diagnósticos à acção.
Se alguma coisa nos condenar à morte lenta não será a economia. Será a política. E é bom não esquecer que se o inferno são os outros, a política somos nós. "
- Pedro Norton, A morte lenta, na Visão de hoje.
Sempre a aprender - 10
Andava eu à procura da Maison de Silvia do Parque de Chantilly, a propósito de uma promessa feita aos meus compagnons de route em caso de ser bafejado pelo Euromilhões, promessa extensível aos demais prosimetronistas naturalmente, quando descobri outra Chantilly a um oceano de distância: no Estado norte-americano da Virgínia.
E pelas fotos supra parece ser uma localidade aprazível.