Prosimetron
sábado, 24 de abril de 2010
A cidade dos prodígios
"Délicatesse", um afecto que aprecio.
João Bénard da Costa, Crónicas: Imagens Proféticas e Outras, Lisboa: Assírio & Alvim, 2010, p. 53
Chanson de la plus haute tour
Oisive jeunesse
A tout asservie,
Par délicatesse
J'ai perdu ma vie.
Ah ! Que le temps vienne
Où les coeurs s'éprennent.
Je me suis dit : laisse,
Et qu'on ne te voie :
Et sans la promesse
De plus hautes joies.
Que rien ne t'arrête,
Auguste retraite.
J'ai tant fait patience
Qu'à jamais j'oublie ;
Craintes et souffrances
Aux cieux sont parties.
Et la soif malsaine
Obscurcit mes veines.
Ainsi la prairie
A l'oubli livrée,
Grandie, et fleurie
D'encens et d'ivraies
Au bourdon farouche
De cent sales mouches.
Ah ! Mille veuvages
De la si pauvre âme
Qui n'a que l'image
De la Notre-Dame !
Est-ce que l'on prie
La Vierge Marie ?
Oisive jeunesse
A tout asservie,
Par délicatesse
J'ai perdu ma vie.
Ah ! Que le temps vienne
Où les coeurs s'éprennent !
Nota - Alterei o post às 19;10h porque dei voltas e voltas e não consegui descobrir, com a certeza absoluta, um quadro de Fernando de Azevedo. Vou ter que arranjar um livro sobre ele.
Barcelona: Tibidabo
«Começava a anoitecer quando emergi das escadas do Metro. Deserta, a Avenida Tibidabo desenhava uma fuga infinita de ciprestes e palácios sepultados numa claridade sepulcral. Vislumbrei a silhueta do eléctrico azul na paragem, a campainha do revisor ceifando o vento.»
Carlos Ruiz Zafón – A sombra do vento
Lisboa: Dom Quixote, 2004
Pensamento!
pelos ventos sábios do Destino".
Oliveira Martins, História de Portugal
Ao menos um passeio pelo Bairro Gótico
http://www.icypole.net/barca/Barri-Gotic-detail.jpg
Carlos Ruiz Zafón – Marina
Papa em Lisboa a 11 de Maio
Nostalgia...2
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Dia Mundial do Livro - 5
OS MEUS LIVROS
São uma parte de mim, como este rosto
De têmporas e olhos já cinzentos
Que em vão vou procurando nos espelhos
E que percorro com a minha mão côncava.
Não sem alguma lógica amargura
Entendo que as palavras essenciais,
As que me exprimem, estarão nessas folhas
Que não sabem quem sou, não nas que escrevo.
Mais vale assim. As vozes desses mortos
Dir-me-ão para sempre.
Jorge Luis Borges
Dia Mundial do Livro - 4
François Bonvin (1817-1887) - Still life with book, papers and inkwell, 1878
Londres, The National Gallery
«Livros cerrados, não fazem letrados.»
O LIVRO FECHADO
Quebrada a vara, fechei o livro
e não será por incúria ou descuido
que algumas páginas se reabram
e os mesmos fantasmas me visitem.
Fechei o livro, Senhor, fechei-o,
mas os mortos e a sua memória,
os vivos e sua presença podem mais
que o álcool de todos os esquecimentos.
Abjurado, recusei-o e cumpro,
na gangrena do corpo que me coube,
em lugar que lhe não compete,
o dia a dia de um destino tolerado.
Na raça de estranhos em que mudei,
é entre estranhos da mesma raça
que, dissimulado e obediente, o sofro.
Aventureiro, ou não, servidor apenas
de qualquer missão remota ao sol poente,
em amanuense me tornei do horizonte
severo e restrito que me não pertence,
lavrador vergado sobre solo alheio
onde não cai, nem vinga, desmobilizada,
a sombra elíptica do guerreiro.
Fechei o livro, calei todas as vozes,
contas de longe cobradas em nada.
Fale, somente, o silêncio que lhes sucede.
Rui Knopfli (1932-1997)
In: O corpo de Atena. Lisboa: IN-CM, 1984, p. 67
Um livro, um filme.
A Melodia do Adeus (The Last Song) é o filme que hoje anda na minha cabeça, porque foi o filme da última noite. Por vezes o amor tem formas estranhas de comunicar. Mas é um filme que também está relacionado com o tema que mundialmente se evoca hoje, o livro. Não só porque é a transformação em imagem de um livro (escrito por Nicholas Sparks), mas antes pelo prazer de ver dois jovens, de 17 anos, a lerem livros, bons livros... e um deles citar uma passagem do livro do outro, não como o tradutor a escrever, mas sim com o som (língua original) com que o autor imaginou aquela frase. E para mais, trata-se de um autor russo a ser citado por um americano. Autor que tem levado muitos cidadãos do mundo a aprender russo apenas para poderem ter o prazer de ler os seus escritos na língua original. Estou a falar de Leo Tolstói.... o livro era Anna Karenina, mas também poderia ser Guerra e Paz.
E este post é dedicado a quem hoje me mandou uma rosa, inspirando-se no costume que JMS relatou de Barcelona.
Borges e os livros
Citações - 83 : Dos livros e da leitura
- Daniel Pennac, Como Um Romance (trad. de Francisco Paiva Boléo ), Asa.
Um quadro por dia - 56
Neste Dia Mundial do Livro não podia o quadro do dia deixar de aludir à data, e assim é pela mão de um pintor que é do agrado de vários prosimetronistas. Aliás, espero que esta tela ainda não tenha aparecido por aqui já que confiei na minha memória e nem pesquisei.
Dia Mundial do Livro - 2
A propósito deste dia...
"Deus- Menino. Deus-criança", nas crónicas de João Bénard da Costa
Koninklijk Museum voor Schone Kunsten, Antwerp
"Deus-Menino. Deus-criança. Tão espantosas expressões. Porque, se só nos guiássemos pela memória. Deus era o velho das barbas ou o adulto crucificado. Antes de Cristo, depois de cristo, houve deuses crianças, deuses meninos, mas sempre vistos como filhos ou servidores de deuses grandes, percursores de anjos e não percursores do Filho do Homem. Seja o que for e como for a nossa ideia de Deus (apesar de Deus estar para além de qualquer ideia) há como que uma rejeição de divindade de Jesus do presépio, uma espécie de impossibilidade racional de conciliar Deus com um bébé. (...)
Nenhum evangelista nos falou do Menino a brincar ao colo da Mãe, ou do descanso da Sagrada Família do Egipto. Se essas imagens são tão insistentes, na tradição iconográfica e textual, é porque sentimos a necessidade de contrapor aos mistérios doloross os mistérios gozosos. a imagem da criança é a imagem do todo novo, do «cordeiro divinal» ainda silencioso".
João Bénard da Costa, Crónicas: Imagens Proféticas e outras, 1º Volume,Lisboa: Assírio & Alvim, 2010, p.135
Dia Mundial do Livro, Gil Vicente!
MISERERE, (O Auto da Alma e outros textos de Gil Vicente), com encenação e Colagem de textos de Luis Miguel Cintra.
Vem o Anjo Custódio, com a Alma, e diz:
Anjo xxxxxAlma humana, formada
xxxxxxxxx de nenhuma cousa feita,
xxxxxxxxx mui preciosa
xxxxxxxxxde corrupção separada,
xxxxxxxxxe esmaltada
xxxxxxxxxnaquela frágoa perfeita,
xxxxxxxxxgloriosa!
xxxxxxxxxPlanta neste vale posta
xxxxxxxxxpera dar celestes flores
xxxxxxxxxolorosas,
xxxxxxxxxem a alta costa,
xxxxxxxxxonde se criam primores
xxxxxxxxxmais que rosas!
x
Excerto da peça transcrita daqui
Dia Mundial do quê?
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Mark Twain, de novo
( IN ) SEGURANÇA RODOVIÁRIA
Freddy Locks
Pois é, reggae à portuguesa que soa bem.
Mark Twain, ainda
http://www.astrosurf.com/carreira/img/lua/lua_sky90_20041005_0653_t.jpg
«Cada um de nós é uma lua e tem um lado escuro que nunca mostra a ninguém.»
Mark Twain
Citações - 82 : Da privatização dos CTT
Dia da Terra
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxO Google hoje está assim
Na primeira manifestação participaram duas mil universidades, dez mil escolas primárias e secundárias e centenas de comunidades. A pressão social teve seus sucessos e o governo dos Estados Unidos criou a Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency) e uma série de leis destinadas à proteção do meio ambiente.
Fonte: Wikipédia
FLOR DE AMEIXIEIRA
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdSA2kEJWHqbi56jfGDSUJFHo8bWBJCe8SyB8GeX7rdvT6IfuzjXApOSQb9nuMRLX_caks75IQo3D79Eu9LeoLqBpd7K9mIZ_ZFmmfF4hQA_NKnYBLhtdvn4yFUKfne6zYYYGLpDRrF2tv/s1600-h/P3020076-1.JPG
Ao chegar a primavera murmura o arroio no sombrio vale
Resplandece a flor da ameixieira entre ervas e espinhos
À noite o uivo do vento leste fende as rochas
E acompanha no seu voo a neve através do desfiladeiro.
Su Dongpo (1035-1101)
In: A flor da ameixieira / trad. Adelino Ínsua. Guimarães: Pedra Formosa, 2000, p. 7
Azulejos e Cerâmica, uma exposição!
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Boa noite!
Nina
Quando parece que não temos nada a nosso favor, a verdade é que...
1910 - 15
http://www.providencestl.org/mark-twain-festival.html
O ballet, uma escultura em movimento...
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"O ballet é a escultura em movimento, Walter Sorell "
Uma lição de Ballet no século XXI
Yvette Chauvire coaches Florence Clerc Giselle Paris Opera Ballet
A lua e as estrelas
INTÉRPRETES:
Jonathan Pryce, Alfred Molina, Catherine McCormack, András Bálint, Roberto Purvis, Rupert Friend, Joanna Scanlan, Surama De Castro, Ivano Marescotti, Niccolò Senni.
Ame amanhã
A Vigília de Vénus
Ame amanhã quem nunca amou, quem já amou ame amanhã.
Uma nova Primavera, uma Primavera que canta e nela todo o mundo renasce;
na Primavera harmonizam-se os amores, na Primavera enamoram-se as aves
e o bosque liberta a folhagem entrelaçada pelas bátegas de chuva.
Amanhã aquela que une os amores entre as sombras das árvores
entrelaçará verdejantes choupanas com rebentos de mirto;
amanhã Dione, no sublime trono apoiada, ditará as suas leis.
Ame amanhã quem nunca amou, quem já amou ame amanhã. [...]
Poema de Tiberiano in Poemas de Amor Antologia Poética Latina (I aC- III), selecção e tradução anotada de Inês de Ornellas e Castro, Maria Mafalda de Oliveira Viana, Lisboa, Relógio de Água, 2009, p. 157.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Um Santo Mártir em Lisboa…
Santo Expedito foi um chefe militar da XII Legião Romana que se destacou na defesa do distrito de Melitene, na Capadócia, sede de uma das províncias romanas da Arménia, no final do século III. A legião que comandava defendia as fronteiras orientais dos ataques dos bárbaros asiáticos.
O santo acabou por se converter ao cristianismo bem como os seus homens o que lhe valeu a perseguição do Imperador Diocleciano que o mandou flagelar e decapitar no dia 19 de Abril de 303 d.c.
Deixando a vida devassa que levara acabou por se tornar um mártir cristão.
20 de Abril
E cinco anos passaram sobre a eleição de Bento XVI (a 19 de Abril de 2005)... E três anos sobre a data em que deixou de haver limbo. Muitos diziam que tinha sido o purgatório que tinha acabado. Mas não, o que acabou foi o limbo; o "espaço" entre o inferno e o paraíso destinado a acolher as pobres criancinhas que morriam antes de serem baptizadas.
Na imagem um pormenor do fol. 113v.º, de Les Très Riches Heures du duc de Berry. Chantilly, Musée Condé.
Respondendo a APS...
O vinho que acompanhou o jantar. Um bocado trepador...
http://www.domaine-wardy.com/popup/terroirs.html
segunda-feira, 19 de abril de 2010
São servidos?
Hip hip urra!
Parabéns e resposta a um desafio.
Esta imagem já apareceu a ilustrar três posts (pelo menos) no Prosimetron. Duas vezes assim e uma outra noutro contexto. É que, por vezes, olhamos e tornamos a olhar para uma imagem e não vimos o que nela está.
Efectivamente esta maravilhosa escultura julgo que não passou de uma prenda virtual. Foi "feita" ou "imaginada" para servir de presente. Presente oferecido por Baltasar ao Menino Deus. É o ouro que o Mago ofereceu ao Messias. O seu autor foi Hieronymus Bosch.
Aliás este quadro está cheio de esculturas. Uma outra que me apaixonou foi a das duas cegonhas nos seus cânticos de acasalamento, símbolo da natalidade e do nascimento. Essa escultura encontra-se a “coroar” a “coroa” do Mago Baltasar, que dado estar de ajoelhado a colocou no chão.
Mas se olharem melhor para a primeira imagem podem reparar que o que pode, à primeira vista, parecer uns "pés" para a base da escultura, parecem ser antes uns pequenos sapos a serem esmagados. Sapos, um dos símbolos de heresia... Aliás cada representação, cada escultura, cada pormenor deste quadro, podem suscitar reflexões e voos...
E quem é a figura que está à porta com uma "coroa" de espinhos que só podem ser observados porque tirou a "cobertura" dos mesmos... cobertura essa que conserva na mão, em atitude de respeito (?).
E assim aproveito para dar os parabéns ao Prosimetron. Espaço amado por todos os que nele colaboram e por todos os que o visitam. Como um outro João um dia escreveu: a Luz brilha, as trevas é que, por vezes, não deixam ver essa Luz.
O quadro está no Museu do Prado, em Madrid.
O preceptor da Alemanha
Filósofo, filólogo e teólogo, foi um dos principais impulsionadores da Reforma protestante na Alemanha. Com apenas doze anos ingressou na Universidade de Heidelberg, onde rapidamente concluiu o”Baccalaureus artium” para continuar os seus estudos de filosofia, matemática, música e astronomia em Tübingen. Dominando na perfeição o latim e o grego antigo, publicou uma gramática grega aos 15 anos. Impressionado pelas novidades, vindas de um monge de nome Martinho Lutero, partiu rumo a Wittenberg. Aberto às exigências do reformador, iniciou o seu professorado na universidade dessa localidade. Ensinando a língua grega, pretendia adquirir e transmitir novos conhecimentos através do estudo humanista de obras da Antiguidade. Intitulado “Praeceptor Germaniae”, dedicava-se com paixão e entusiasmo a este objectivo e uma educação profunda em vários campos permitia-lhe estabelecer facilmente ligações entre as diferentes ciências. Seus livros tornaram-se de leitura obrigatória nas escolas da época.