Friedrich, Caspar David, Mondaufgang über dem Meer (Nascer da lua sobre o mar), c. 1922
Prosimetron
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Ao viajante berlinense!
Friedrich, Caspar David, Mondaufgang über dem Meer (Nascer da lua sobre o mar), c. 1922
1950 : Peter Gabriel
Números - 1
Este número divulgado esta semana pelo INEM dá que pensar. Desde logo, que somos um país de" brincalhões", mas também que os índices de civismo estão pelas ruas da amargura...
Uns aqui, outros ali...
Para os viajantes!
A.S.: Escolha Pessoal XVII
Jornalista de mérito e acaso, quase fundador de “O Jornal”, entrevistador nato e arguto (ver entrevista a Salgueiro Maia em “Retratos Falados”- Ed. Asa), Fernando Assis Pacheco (1937-1995), como poeta, pertence à honrosa linhagem que, tendo origem nos colaboradores das “Cantigas de Escárnio e Maldizer”, passa por alguns poetas do “Cancioneiro Geral”, se prolonga no século XVIII por Tolentino e Bocage, e vem desaguar em Alexandre O’Neill. Uma das suas referências foi também Drummond de Andrade. Assis Pacheco é, talvez, menos “aristocrático” que O’Neill. Mas ambos são portadores de uma discreta ternura ou uma compassiva atenção às pequenas coisas do mundo ou aos “Enjeitados da Fortuna”, para lembrar José Daniel Rodrigues da Costa, outro dos parentes mais afastados, e com muito menos talento.
Fernando Assis Pacheco estreia-se, em 1963, com “Cuidar dos Vivos”, em plena maturidade de estilo e arte, glosa o Vietname – por defesa prudente contra a censura – em “Câu Kiên: um Resumo”(1972), para falar da sua experiência de guerra em Angola. O seu último livro de poesia “Respiração Assistida” sai já, postumamente, em 2003. Nestes seus últimos poemas, Eros e Thanatos entrelaçam-se e fundem-se virulentos e extremos, num estertor final pressentido que, por vezes, raia o fescenino e lembra a “dança da morte “ medieval, num frenético amor à vida que lhe foge.
A arte da indignação também sempre fez parte do seu credo:
Não Posso
Nasce
em torpes corações a Primavera.
Tempo, astros, alegria nunca escolhem
sobre quem derramar-se.
Para exemplo deste imponderável
Goering amava os animais
e vem a Lisboa David Oistrakh
tocar para estudantes e rameiras.
Quando colho uma flor, sei
que ela mudará as minhas noites.
Mas é também conhecido
que a certas horas os carcereiros
despem a farda
e vão às Mercês e à Rinchoa
comprar cestos à beira da estrada
com morangos ou cravos. Não posso
com tanta ironia.
Através de edições de autor, ou editoras menos consagradas, ou marginais, Assis Pacheco procurou afastar-se sempre das mundanidades literárias, dos holofotes da fama e das “vernissages do croquete” que o seu nome, por demais conhecido nos “media”, lhe teria disponibilizado, Truculento e imaginativo, era certeiro e natural nos versos, com a candura e rudeza das palavras sinceras e do seu grande amor à vida.
Desenho de Hans Hartung
Dá Lá a Mão
Herói das noites insones
Coração não me abandones
neste Outono derramado
não me godas coração
dá-me lá a tua mão
coração tu não me enroles
carcaça foi que está gasta
o check-up diz que basta
tem paciência coração
não me godas não me trames
que estou preso por arames
coração dá lá a mão
Pregões de Londres - 2
«O Amor Natural»
um filme de Heddy Honigmann, 1996
O Amor Natural é um documentário sobre a poesia erótica de Carlos Drummond de Andrade, poemas que só foram publicados depois da sua morte, já que o autor receava que os considerassem pornográficos.
«Neste filme vários idosos do Rio de Janeiro lêem, comentam e vibram com os poemas, com um inesperado candor e memórias sobre o amor e o sexo.»
Auditório Acácio Barreiros
Sintra
14 Fev., às 17h30
Carnaval 1
COLUMBINA – O meu pescoço frágil, delicado como um caule de flor..., não é? O meu colo de graça... o meu colo de cisne... Os poetas líricos são pouco inventivos.
x
O que estou a ouvir... 1
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
http://aprilemillo.files.wordpress.com/2008/04/london_royaloperahouse.jpg
Hoje é dia de ópera para raptado e raptante.
Covent Garden em 1891.
Cinenovidades - 107 : Greenberg
Covent Garden, há uns anos
Vendo I Pagliacci, num camarote no New Covent Garden Theatre.
Matthew Somerville Morgan (1839-1890) - Christmas Pantomime Blue Beard, produzida por Byron, no Theatre Royal, Covent Garden, ca 1860.
Thomas Crane - Buying flowers at Covent Garden Market (quando ainda havia mercado).
Najoua Belyzel, sempre controversa...
PENSAMENTO DO DIA
Citações - 64 : O trabalho infantil...
Mas as histórias dos rapazes cujos pais meteram na cabeça que os filhos irão ser novos Figos ou novos Ronaldos, e das raparigas cujos familiares vêem nelas novas Marisas Cruz ou Isabéis Figueira, têm tudo a ver com este tempo que vivemos.
É a época do estrelato a todo o custo, do mediatismo exacerbado, das ilusões desmedidas, do vale tudo para atingir as luzes da ribalta-e, através delas, ganhar fama e dinheiro.
Na área do futebol e da moda só o físico parece contar- e por isso a inteligência e a cultura são negligenciadas pelas famílias. Erradamente, porém. Em todas as profissões, a inteligência e a cultura importam. Há jogadores imensamente talentosos que se afundam por manifesta falta de cabeça ( caso de Ricardo Quaresma ) e outros que conseguem ter uma carreira acima do seu potencial futebolístico porque sabem rentabilizar ao máximo as qualidades e valorizar a presença dentro e fora de campo ( casos de Nuno Gomes e mesmo de Luís Figo). E nas modelos também constatamos isso. Umas perdem o rumo, enveredando pelo mundo das drogas, do álcool e do sexo desenfreado; outras aguentam-se, mantêm-se à tona, vão gerindo a carreira e conseguem chegar longe, mesmo sem serem físicamente superdotadas. (...)
- José António Saraiva, no Sol de hoje.
Pregões de Londres - 1
David Grimal
Será Alexandria?
Acerca da Biblioteca de Alexandria encontrei estas duas notícias que transcrevi:
"Incendiada por duas vezes, em 48 a.C. e 390 d.C., pela turba alexandrina que cercava César e por grupos de fanáticos cristãos, respectivamente, a Biblioteca de Alexandria sobreviveu ainda mais alguns séculos. Até que, aquando da conquista árabe de Alexandria (641 d.C.), foi totalmente destruída.
A este respeito existe uma pequena lenda, que exemplifica na perfeição a forma como o fanatismo e a intolerância podem cegar as pessoas: na sequência da retirada bizantina e da conquista árabe de Alexandria, foi perguntado ao comandante da força invasora o que fazer à biblioteca e às centenas de milhar de pergaminhos que constituiam o seu recheio. Este respondeu: "Se os livros contêm ensinamentos contrários ao sagrado Corão, não fazem falta e devem ser destruídos; se, por outro lado, contêm ensinamentos que o Corão já contém, não fazem falta e devem igualmente ser destruídos". E assim foi: durante vários meses, os banhos públicos de Alexandria foram aquecidos com a combustão de centenas de milhar de pergaminhos, muitos deles únicos e insubstituíveis. Foi um fim trágico e lamentável para documentos até então cuidadosamente preservados ao longo de séculos ou mesmo milénios, por governantes egípcios, babilónios, assírios, macedónios e romanos."
Blake em Nova Iorque
Sober, steadfast, and demure,
...
With even step, and musing gait,
And looks commercing with the skies,
They rapt soul sitting in thine eye:
There held in holy passion still (lines 31–32, 38–41)
Mirth, illustration to Milton's L'Allegro
Pen and brush, black and gray ink, watercolor, 161 x 121 mm, The Pierpont Morgan Library
The Sun at His Eastern Gate from John Milton’s L’Allegro
Pen and brush, black and gray ink, and watercolor, 161 x 121 mm, The Pierpont Morgan Library
"Miltons L'Allegro and Il Penseroso
The Morgan preserves Blake's twelve watercolor designs for Milton's early poems L'Allegro and Il Penseroso that contrast the cheerful man with the melancholic, thoughtful one. Like the illustrations for the Book of Job, Blake created them on commission for Thomas Butts about 1816–20. The two series were separated in 1903 and not reunited until 1949, when they were acquired as the first purchase by the Morgan's newly formed Association of Fellows. Milton, along with Dante and the Bible, was one of Blake's great inspirations. Blake wrote a long and mystical poem, Milton, and executed several other series of illustrations for Milton's works. Each of the watercolors in this series is accompanied by Blake's transcription of the relevant portion of the poem as well as his notes on his design".
http://www.themorgan.org/collections/works/blake/work.asp?id=onDisplay&page=51
Uma exposição em Nova Iorque...
"The Hours of Catherine of Cleves is the most important and lavish of all Dutch manuscripts as well as one of the most beautiful among the Morgan's collection. Commissioned by Catherine of Cleves around 1440 and illustrated by an artist known as the Master of Catherine of Cleves, the work is an illustrated prayer book containing devotions that Catherine would recite throughout the day. The manuscript's two volumes have been disbound for the exhibition, which features nearly a hundred miniatures. The manuscript is as rich in pictures as it is in prayers: it contains 157 (originally 168) miniatures that reveal colorful landscapes and detailed domestic interiors. In The Holy Family at Work, for example, Joseph planes a board and the Virgin Mary weaves while the infant Jesus takes his first steps in a walker. Throughout the miniatures are meticulously depicted buildings, textiles, furniture, jewelry, and even fish—painted over silver foil. Many miniatures comprise long elaborate cycles of iconographic and theological complexity. One such cycle includes eight miniatures detailing the legend of the True Cross. The exhibition also includes manuscripts illuminated by both predecessors and contemporaries of the Master of Catherine of Cleves, who is considered the finest as well as the most original illuminator of the northern Netherlands".
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Ainda Bardot...
Na Gulbenkian
Citações - 63 : Era outra depressão mas...
Lá fora - 68 : Mais uma ala no V&A
Lá fora - 67 : Francisco I e Solimão
Até 15 de Fevereiro.
1910 - 8
Umberto Boccioni (1882-1916) - Riot in the Cafe
Óleo sobre tela,1910
Umberto Boccioni (1882-1916) - The City Rises
Alexander McQueen RIP
Notificar é preciso...
Citações - 62
Neste momento, Portugal tem um primeiro-ministro que mais depressa se demite por causa das finanças regionais do que por causa da liberdade de imprensa. Trata-se de um homem que quer ser primeiro-ministro para mandar na TVI. Mais do que a ofensa à democracia e à liberdade, o que não se lhe perdoa é a falta de gosto. E um insuportável centralismo: um homem que recebe do povo o poder de governar o país inteiro, mas que deseja sobretudo mandar em Queluz. O mandato que lhe deram nas eleições é manifestamente exagerado.
Apesar de tudo, Sócrates tem uma virtude inestimável: conseguiu fazer despertar um amor pela liberdade de expressão em quem nunca mostrou que lhe tivesse sequer amizade. É bonito que o espírito antidemocrático seja um veículo de democratização. Confuso, mas bonito.
- Ricardo Araújo Pereira, Liberdade de pressão, na Visão desta semana.
( E esta citação de mais uma crónica do R.A.P. é a 8000ª mensagem do Prosimetron )