Prosimetron
sábado, 22 de agosto de 2009
Canção Póstuma
Foto: Turim, 2008
Fiz uma canção para dar-te;
porém tu já estavas morrendo.
A Morte é um poderoso vento.
E é um suspiro tão tímido, a Arte...
É um suspiro tímido e breve
como o da respiração diária.
Choro de pomba. E a Morte é uma águia
cujo grito ninguém descreve.
Vim cantar-te a canção do mundo,
mas estás de ouvidos fechados
para os meus lábios inexatos,
— atento a um canto mais profundo.
E estou como alguém que chegasse
ao centro do mar, comparando
aquele universo de pranto
com a lágrima da sua face.
E agora fecho grandes portas
sobre a canção que chegou tarde.
E sofro sem saber de que Arte
se ocupam as pessoas mortas.
Por isso é tão desesperada
a pequena, humana cantiga.
Talvez dure mais do que a vida.
Mas à Morte não diz mais nada.
Cecília Meireles, in Retrato Natural
Ainda... Razão
Foto: Recanto em Lisboa, Campo de Santa Clara (2009)
Hino à Razão
Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre só a ti submissa.
Por ti é que a poeira movediça
De astros, sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.
Por ti, na arena trágica, as nações
buscam a liberdade entre clarões;
e os que olham o futuro e cismam, mudos,
Por ti podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!
Antero de Quental, in "Sonetos"
Cinco artistas em Sintra
de João Cristino da Silva
Óleo sobre tela, 1855
Lisboa, Museu do Chiado
Esta pintura, ao gosto romântico, celebra o encontro dos artistas Tomás da Anunciação, Francisco Metrass, Vítor Bastos, José Rodrigues e do próprio Cristino da Silva. os saloios da região observam os esboços de Tomás da Anunciação.
Londres e as cores...2
Janelas Londrinas um toque de cor!
Em Baiyswater um cheiro a alfazema.
PENSAMENTO DO DIA
Preciosidades-1
Esta é uma imagem retirada de La Mer des Hystoires, o mais importante livro ilustrado francês do séc.XV. Um exemplar é um dos 2000 lotes de livros desde o séc.XV até aos nossos dias, que vai à praça no leilão que começa segunda-feira em Montignac-Lascaux, no Étude Galateau. Aqui fica a descrição:
" (...) un in-4 relié en velin souple, datant de 1506. Ce célèbre incunable français a été tiré du Rudimentum novitorium, une sorte de manuel pour novices, publié à Lübeck en 1475. Il a été traduit et adapté en français par un chanoine de Mello en Beauvaisis qui a poursuivi cette chronique jusqu' au régne de Louis XI. Ce volume, en deux parties, rédigé en français gothique, relate les faits, gestes et victoires du roi Charles VIII puis de Louis XII, ainsi que d' autres épisodes de l' histoire de France. De plus, ce bel ouvrage comporte plus de 300 bois gravés dont 53 à pleine page et 2 à double page répresentant scénes de batailles, personnages importants de l' époque, arbres généalogiques et cartes géographiques. "
" (...) un in-4 relié en velin souple, datant de 1506. Ce célèbre incunable français a été tiré du Rudimentum novitorium, une sorte de manuel pour novices, publié à Lübeck en 1475. Il a été traduit et adapté en français par un chanoine de Mello en Beauvaisis qui a poursuivi cette chronique jusqu' au régne de Louis XI. Ce volume, en deux parties, rédigé en français gothique, relate les faits, gestes et victoires du roi Charles VIII puis de Louis XII, ainsi que d' autres épisodes de l' histoire de France. De plus, ce bel ouvrage comporte plus de 300 bois gravés dont 53 à pleine page et 2 à double page répresentant scénes de batailles, personnages importants de l' époque, arbres généalogiques et cartes géographiques. "
- O valor base de licitação é de 25000 €.
Biografias, autobiografias e afins - 43
Nesta introdução à vida e obra do pai do romantismo francês, o texto é de Dennis Tillinac, escritor e jornalista, e é complementado pelos desenhos e aguarelas de Philippe Lorin, que já ilustrou as vidas de Leonardo, George Sand, Colette e Jacques Brel. - Sur les pas de Chateaubriand, Dennis Tillinac, ilustrações de Philippe Lorin, Presses de la Renaissance, 96p. ,2009, €23.
Já que se falou dela...
- Esta é a Danse Macabre de Bernt Notke ( 1435-1509 ), o maior pintor e escultor alemão do seu tempo. Foi parcialmente destruída pelos bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial, e está guardada na Igreja de S.Nicolau em Tallin, Estónia.
E esta é a mais famosa Danse Macabre musical, composta por Camille Saint-Saëns.
Razão
A caminho do Inferno, Paris, séc. XV
Não me Peçam Razões...
Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
DSC06466
São 3:33 h. A temperatura do ar é de 23 C; a temperatura da água é de 25 C. Acabei de descrever os quinze [sic] sinais que precedem o Julgamento-final. Vou dar um mergulho, tomar um banho e caminhar até à cama.
As horas aproximam-se do fim... amanhã tenho as Síbilas e a dança macabra.
A inspiradora
- Retrato póstumo de Cláudia de França, em que a vemos rodeada das suas quatro filhas, e no canto superior esquerdo por Leonor de Áustria, segunda mulher de Francisco I de França. Este retrato é do Livro de Horas de Catarina de Médicis.
Se é certo que a M.R. e outros prosimetronistas conhecem a origem do nome das belas e saborosas ameixas rainhas-cláudias, nem todos o saberão. Assim, aqui fica este retrato da rainha Cláudia em homenagem de quem foi baptizada esta espécie de ameixa verde criada em França. Trata-se de Cláudia de França, filha de Luís XII de França e de Ana de Bretanha, rainha de França pelo casamento com o seu primo Francisco de Angoulême, Francisco I de França, primeiro dos Valois-Angoulême. Cláudia de França que ficou na história com o epíteto de La bonne reine, o que não é despiciendo para uma rainha consorte.
Mais um festival de Verão
Começa hoje, e prolonga-se até 30 de Agosto, mais uma edição do Sinfonia en Périgord, sob o título geral de Musiques baroques en liberté. Além das homenagens obrigatórias a Haydn e a Haendel, serão também tocados Monteverdi, Vivaldi e Scarlatti em instrumentos de época pelos agrupamentos Café Zimmermann, la Venexiana ou o Parlament de Musique.
Mais informações em http://www.sinfonia-en-perigord.com
Mais informações em http://www.sinfonia-en-perigord.com
Lá fora - 48 : 2xMónaco
- No Grimaldi Forum, moderníssimo centro cultural e congressos do principado, em plena Avenida Princesa Grace, é possível visitar, até 13 de Setembro, a mostra Moscou, splendeurs des Romanovs, onde estão expostas algumas das riquezas da dinastia que durante 300 governou a Rússia: jóias, ovos de Fabergé, retratos e fotos de família e trajes sumptuosos.
Um poema anglo-saxónico tirado ao acaso!
Em 2000 comprei uns Maços Poéticos que diziam:
- Diz sim à dependência poética!
xx
"Ela caminha na Beleza"
Ela caminha na beleza como a noite
De climas sem nuvens e noites estreladas,
E tudo que há de melhor no escuro e no
brilhante
Encontram-se no seu aspecto e nos seus olhos
Macias à luz suave
Na qual o céu nega ao dia luminoso.
(...)
Byron in, Poetas Anglo-Saxónicos, V.N.Gaia: Editora Ausência, 2000
x
... e é mesmo noite! Nem as estrelas iluminam ...
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Cinenovidades - 57 : Michael Moore e o capitalismo
Goste-se ou não do estilo, Michael Moore não deixa ninguém indiferente. Este seu mais recente filme, Capitalism: a love story, tem como assunto a crise financeira mundial e alguns dos seus responsáveis. Estreia em Portugal a 26 de Novembro.
Cinenovidades - 56 : Stephen King por J.J. Abrams
Stephen King é um génio, e J.J. Abrams, de que já falei aqui no blogue e é mundialmente conhecido graças a Lost e à nova versão de Star Trek, é outro. Sendo fã dos dois, fiquei obviamente entusiasmado com a notícia de que Abrams vai ocupar-se da adaptação cinematográfica de The Dark Tower, o épico em 7 volumes de King. O meu nerdómetro ficou ao rubro.
ANTÍNOO
Busto de Antínoo
Lisboa, Jardim de S. Pedro de Alcântara
Quando vi esta escultura, há uns tempos, lembrei-me deste poema:
Sob o peso nocturno dos cabelos
Ou sob a lua diurna do teu ombro
Procurei a ordem intacta do mundo
A palavra não ouvida
Longamente sob o fogo ou sob o vidro
Procurei no teu rosto
A revelação dos deuses que não sei
Porém passaste através de mim
Como passamos através da sombra
Sophia de Mello Breyner Andresen
In: Obra poética. 4.ª ed. Lisboa: Caminho, 1999, vol. 3, p. 67
Maria Teles a D. Fernando
acerca de sua irmã, Leonor Teles
«Como vamos nós saber qual foi a vontade de Deus ao criar uma pantera ou uma pega que vai saquear os ninhos alheios? Ou uma daquelas mulheres, com cauda de peixe que, lá fora, pelos lados da Ericeira, na costa das maçãs, atraem os pescadores para as rochas vermelhas?»
Reinhold Schneider
In: A lamparina de prata / trad. Anneliese Mosch. Évora: Evoramons, 2009, p. 43-44
Reinhold Schneider
In: A lamparina de prata / trad. Anneliese Mosch. Évora: Evoramons, 2009, p. 43-44
Não quero ter razão... quero ser feliz!
“As palavras às vezes servem para confundir as pessoas, mas servem também para esclarecer as questões – do contrário, viveríamos numa Babel. Elas são apenas um meio, o que importa é a disposição das pessoas, que sempre querem ter razão, sem considerar as razões do outro. Isso não dá certo nem no casamento. Você insiste em que está com a razão, briga e depois vai para o quarto, cheio de razão, mas sozinho, triste. Então, de que serve ter razão? De minha parte - disse eu - desisto, não quero ter razão, quero ser feliz.”
Ferreira Gullar, Sem razão em Parati.
(a citação não foi conferida, foi tirada da Net, espero que não esteja errada)
Comentário hilariante
Ainda a propósito da colocação das bandeiras monárquicas em Cascais, um leitor da notícia avançada ontem pelo Público comentou o seguinte:
Qualquer dia estes putos trocam as bandeiras nacionais pelas do Bob o construtor, dos pokemon e dos seus reais ídolos e valores. E aí sim, vai ser uma grande revolução e depois tásse bem. Lol. Esta cena da monarquia é uma cena muito fora, o herói ainda por cima é um cota que nem sabe falar, com um bigodinho a condizer com o look muita antiquado tipo filmes de seca bué da velhos tás a ver. As bandeiras são bué de velhas, já foram usadas e cheiram a mofo e a naftalina. Parece que as arranjaram num báu numa lixeira. Tem-se de melhorar os filmes que estes putos estão a ver para arranjarem umas bandeiras mais fixes.
Enfim, cada um expressa-se como pode! Mas não pude deixar de achar piada.
São flores... mas não creio serem ipoméias
É arbusto, não é trepadeira...
As flores são juntas por pé...
O tamanho é pequenino (moeda de um euro) e...
não tem caule (?) longo (julgo que é assim que se diz... mas pode não ser)
Esta é uma foto de uma ipoméia... das que eu conheço, foto feita por JoãoMak.net
As flores são juntas por pé...
O tamanho é pequenino (moeda de um euro) e...
não tem caule (?) longo (julgo que é assim que se diz... mas pode não ser)
Esta é uma foto de uma ipoméia... das que eu conheço, foto feita por JoãoMak.net
Gripe A tem novo preventivo
Numa altura em que a ministra da Saúde decidiu condicionar as medidas preventivas no combate à gripe A (excepto em grupos de risco), vem agora a TSF noticiar uma nova esperança para fazer frente à pandemia: beber vinho do Porto. Nem mais. Pelo menos é o que afirma o presidente da Federação Distrital dos Bombeiros de Vila Real, que acredita nos efeitos positivos do vinho do Porto no combate à gripe A, a avaliar pelo que aconteceu em 1918 quando a região foi atingida pela gripe espanhola. Nessa altura, os bombeiros durienses bebiam Porto para escapar ao surto e o certo é que as memórias de um profissional que prestou serviço na época não registam nenhuma morte entre os colegas por causas relacionadas com a gripe espanhola. Posto isto, não custa nada voltar a testar os alegados benefícios do vinho do Porto neste sentido.
Antiquários/Velharias e Livrarias em Portobello Road!
O mercado de Portobello Road é muito pitoresco, vale a pena visitar.
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Antiquários e Velharias
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Neste mercado encontramos livrarias que vendem livros em 2ª mão, alguns deles são uma preciosidade mas não são antigos. Não procurei livros nos antiquários.
De Londres tinha que trazer teatro de forma que comprei 3 livros de teatro, um deles foi:
O "Pygmalion" de Bernard Shaw, a história que deu origem ao filme My Fair Lady. A edição é da Penguin Classic.
Os outros dois livros intitulam-se: "The Cocktail Party" de T.S. Eliot's e o mais delicioso de todos "Five Elizabethan Tragedies" de edição da Oxford University Press, teatro do século XVI, contém em facsimile as capas de cada uma das tragédias.
Ficheiros secretos...
Nestes tempos de navegação por satélite, computadores, sonares e o diabo a sete, pensava eu que já não havia lugar para mistérios marítimos, designadamente na variante navios desaparecidos. Afinal, estava redondamente enganado como se viu com o Arctic Sea. Durante dias, andou o navio "desaparecido", surgiram informações contraditórias, navios de guerras russos em perseguição, tudo acabando ao largo de Cabo Verde com a "captura dos sequestradores". Mesmo os mais cépticos terão de concordar que há coisas muito estranhas ao redor deste misterioso navio, desde a carga que transportava até aos supostos "sequestradores".
Presentemente, estão todos detidos ( tripulação e "sequestradores" ) numa prisão do FSB ( o sucessor do KGB ) para interrogatórios. Certezas só três: o navio partiu da Finlândia com destino à Argélia no dia 21 de Julho, desapareceu dos radares a 28 de Julho ao passar no canal da Mancha e foi encontrado a 18 de Agosto ao largo de Cabo Verde pela marinha russa.
Frase da semana
A revolução dos cravos...
Há cerca de três anos foi uma guerra burocrática travada em Bruxelas para que fosse possível comercializar na União Europeia os famosos cravos azuis, geneticamente modificados obviamente. A empresa australiana Florigene, uma das líderes mundiais de flores geneticamente modificadas, ganhou e desde então passaram a ser vendidos na Europa cravos azuis. Agora, a parada é outra: a Florigene pediu ao governo holandês autorização para o cultivo dos cravos azuis. Evidentemente, os activistas antitransgénicos já reagiram, lançando na Internet uma petição contra o cultivo de cravos geneticamente modificados na Europa, argumentando que a beleza dos cravos naturais dispensa cravos artificiais, e quanto aos perigos de polinização de outras espécies pelos geneticamente modificados. Há que esperar para ver o resultado desta vez.
Por enquanto, as rosas estão a salvo: Há 17 anos que está a ser tentada a criação de uma rosa azul, até agora sempre sem sucesso.
São flores...
... o que envio neste desejo de um BOM DIA
Embora as tenha aqui no Éden, não sei o nome das flores...
Embora as tenha aqui no Éden, não sei o nome das flores...
Londres e as cores...
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