Prosimetron

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sexta-feira, 30 de julho de 2021

Boa noite!


Amoço

 


À sexta-feira
é poesia ex-colhida
São só olhos fingidos
só a ponta caída
do bigode da alma
Cofiar confiar
a ternura partida
Vem café e bagaço
à sobrevida

Pedro Tamen

Auto-retrato(s) - 300

Walter Gramatté pintou muitos autorretratos. Escolhi alguns:

1917
Berlim, Brücke Museum
Ca 1922
Autorretrato ao pé das escadas, 1922
National Gallery of Art
Autorretrato com lua vermelha, 1926

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Boa noite!


Parabéns, Jorge Fonseca!

Tem faltado alguma sorte aos atletas portugueses. 

Leituras no Metro - 1084


Sexta-feira comprei esta Visão. Biografia e sexta-feira comecei a lê-la. Muito boa! Para já, um único senão que salta logo à vista: a foto de Adolfo Casais Monteiro está duas vezes trocada, Ou então ele está irreconhecível. Favorecido, mas irreconhecível.  🤣 A foto é de um homem que conheço, mas de que não consigo lembrar o nome. 
Comecei pela entrevista a Zenith e de seguida li o excerto da biografia de Pessoa, afinal a sair em Portugal em 2022, com tradução de Salvato Teles de Menezes.
O livro Escritos autobiográficos, automáticos e de reflexão pessoal, ed. por Zenith, é várias vezes referido. Quando o li, percebi que ele livro só poderia ter sido feito por uma pessoa que conhecia e compreendia profundamente a obra de Pessoa, a pessoa certa para escrever a biografia do poeta.
Não tenho livros de cabeceira, mas este e O livro do desassossego fazem essa função. De vez em quando leio uma ou duas páginas.

«O poeta português, que poderia ter dito "Eu sou muitos outros", descreveu-se a si próprio como uma "orquestra secreta" constituída por inúmeros instrumentos - cordas, harpas, címbalos, tambores. [...] Mas não há nenhum escritor que possa rivalizar com Pessoa em termos de conseguir configurar, por meio dos seus heterónimos, atitudes filosóficas e poéticas radicalmente distintas que formaram um glorioso, mesmo que nem sempre harmonioso, conjunto musical.» 
Richard Zenith - Pessoa: Uma biografia

Parabéns, Mikis Theodorakis!

 

Mikis Theodorakis faz hoje 96 anos.


quarta-feira, 28 de julho de 2021

Marcadores de livros - 1944




Estes doze marcadores (versos e reversos) de pássaros da região de Badajoz são lindos.
Fiquei a saber que Badajoz é um dos melhores lugares da Europa para observar aves. Sempre a aprender...

Obrigada, Pini!


Leituras na pandemia - 58


De uma entrevista que George Plimpton fez a Hemingway para a Paris Review, em 1958:
«- Quem diria que são os seus antepassados literários, aqueles com quem aprendeu mais?
[E.H.] - Mark Twain, Flaubert, Stendhal, Bach, Turguénev, Tolstoi, Dostoiévski, Tchékhov, Andrew Marvell, John Donne, Maupassant, o bom Kipling, Thoreau, o Capitão Marryat, Shakespeare, Mozart, Quevedo, Dante, Virgílio, Tintoretto, Hieronymus Bosch, Brueghel, Patinir, Goya, Giotto, Cézanne, Van Gogh, Gauguin, San Juan de la Cruz, Góngora... Precisava de um dia inteiro para me lembrar de todos. Além de mais, o resultado havia de dar a ideia de que eu estaria a reclamar uma erudição que não tenho, em vez de estar apenas a tentar lembrar-me de todos aqueles que influenciaram a minha vida e a minha obra. Essa pergunta não é velha nem estúpida. É até uma excelente pergunta. Uma pergunta solene que requer um exame de consciência. Incluí pintores, ou comecei a fazê-lo, porque aprendi tanto com pintores como com escritores. Pergunta-me como é isso possível? Seria preciso mais um dia para poder explicá-lo. Quanto àquilo que se aprende com os compositores e com o estudo da harmonia e do contraponto creio que será óbvio. [...]
- Não falámos das personagens. Todas as personagens da sua obra são retiradas da vida real?
[E.H.] - Claro que não. Algumas são baseadas na vida real. Na maior parte dos casos criam-se personagens a partir do conhecimento, da compreensão e da experiência que se tem das pessoas.»
(Entrevistas da Paris Review. Lisboa: Tinta da china, 2009, vol. 1, p. 120-121, 130)

A diáspora da palavra


Leia aqui sobre esta exposição.

 

terça-feira, 27 de julho de 2021

Boa noite!


Esta é uma das minhas canções preferidas de José Afonso e foi a primeira escolha de Otelo para passar na rádio como senha do 25 de Abril. Não pode ser porque estava proibida. A escolha recaiu em «Grândola, vila morena», uma das poucas que podiam passar na rádio.

Selos franceses

O último selo da segunda fila a contar da esq. reproduz um quadro de Kandinsky. O último selo da fila de baixo é alusivo ao Ano do Búfalo (2021).

Carta de André Blumel ao padre que o denunciou

 

Léon Blum, Marx Dormoy e André Blumel, no congresso da SFIO, Royan, 1938.

André Blumel, jornalista, judeu agnóstico, membro da SFIO, foi chefe de gabinete de Léon Blum. Fez parte da Resistência e foi preso por duas vezes, da segunda vez, fruto da denúncia de um padre. Eis a carta que Blumel escreveu ao padre após a Libertação:

Senhor Padre,
Talvez se lembre de mim. Éramos vizinhos dado que eu morava em frente do presbitério, nós cruzávamo-nos e saudávamo-nos muito civilizadamente.
Fui preso em agosto de 1942. Estive encarcerado mais de 21 meses e devo a minha liberdade e provavelmente a minha vida à decisão que tomei, realizada em maio 1944, de me evadir alguns dias antes da Gestapo, a quem o governo de Vichy tinha decidido entregar-me, me vir buscar.
Soube, posteriormente à minha prisão, que o senhor teve nela um papel importante, dado que me denunciou por várias vezes às autoridades civis e militares e reclamado com insistência a minha partida da aldeia isolada e minúscula, onde parece que a minha presença o incomodava.
Espanta-me que um eclesiástico exercendo o seu ministério tenha confundido a este ponto o espiritual e o temporal e se tenha diminuído a desempenhar um papel que, por respeito pela veste que usa, não quero qualificar; mesmo o telegrama de aniversário que enviei à minha mãe, obrigada com quase 80 anos a fugir do solo da sua pátria para escapar a perseguições que tudo vos ordenava a condenar, foi objeto de uma observação astuciosa da vossa parte e os vossos propósitos manhosos puseram em perigo a minha condição precária. 
Os anos passam, senhor padre,. talvez tenha refletido sobre o papel que desempenhou nessa época em que o nosso país enfrentou a mais terrível das opressões. Quanto a mim, durante esses mesmos anos que foram pesados para os meus e para mim, encontrei homens com a sua crença, que souberam aliar à fé católica a coragem, a lealdade e o patriotismo. Em lembrança deles, da simpatia que sempre me testemunharam e também por mim próprio, senhor padre, perdoou-o o mal que fez, de nós dois prefiro ser o mais cristão.
Aceite, senhor padre, a expressão do meu profundo respeito pelo ministério que exerce.
André Blumel
(Cit. por Suzanne Blum, in Vivre sans la patrie. Paris: Plon, imp. 1975, p. 129-130. Blumel era irmão de Suzanne Blum.)

domingo, 25 de julho de 2021

Boa noite!


Cravos para Otelo



Acabo de saber que Otelo faleceu hoje com 84 anos. 
Apesar de eu ter discordado de muitas opções que ele tomou após o 25 de Abril, não me esqueço que ele foi o estratega do 25 de Abril e por isso um dos homens a quem devemos a LIBERDADE.

Marcadores de livros - 1942



Grazas, Luísa!

Entretanto, o JP escolheu uma bela vinheta para este dia.