Prosimetron
sábado, 9 de janeiro de 2010
Duas exposições
Il était une fois Playmobil
até 9 Maio 2010
Madeleine Vionnet, puriste de la mode
até 31 Jan. 2010
No Musée des Arts Décoratifs
Paris
http://www.lesartsdecoratifs.fr/
João Cabral de Melo Neto recordado
ou
Serventia de idéias fixas
para Vinícius de Moraes
Assim como uma bala
enterrada no corpo,
fazendo mais espesso
um dos lados do morto;
assim como uma bala
do chumbo mais pesado,
no músculo de um homem
pesando-o mais de um lado
qual bala que tivesse
um vivo mecanismo,
bala que possuísse
um coração ativo
igual ao de um relógio
sumerso em algum corpo,
ao de um relógio vivo
e também revoltoso,
relógio que tivesse
o gume de uma faca
e toda a impiedade
de lâmina azulada;
assim como uma faca
que sem bolso ou bainha
se transformasse em parte
de vossa anatomia;
qual uma faca íntima
ou faca de uso interno,
habitando num corpo
como o próprio esqueleto
de um homem que o tivesse,
e sempre, doloroso,
de homem que se ferisse
contra seus próprios ossos.
João Cabral de Melo Neto
( Recife, 9.1.1920 -Rio de Janeiro, 9.10.1999)
Um dos maiores poetas de língua portugesa do séc. XX, autor de uma vasta obra, de que se recorda "Morte e Vida Severina", membro da Academia Pernambuca de Letras, onde nem na posse esteve presente,Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero - Americana, Prémio Camões.
A nossa vinheta!
A.S.: Escolhas Pessoais XIII
“A Conquista de Cacela
As praças fortes foram conquistadas
Por seu poder e foram sitiadas
As cidades do mar pela riqueza
Porém Cacela
Foi desejada só pela beleza”
“As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas…”
Ticiano - Isabel de Portugal
Óleo sobre tela
Madrid, Museu do Prado
“Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre.
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.”
Post de Alberto Soares
«Os Jogadores de Cartas», de Cézanne
Paul Cézanne - Os Jogadores de Cartas
Óleo sobre tela, 1890-1892
Paris, Musée d'Orsay
Quem ama o que apenas vê talvez já saiba
muito da natureza das coisas.
Sobretudo se ao vê-las nunca esquecer
o seu mais íntimo recorte, o minucioso
da sua textura, o pulsar milimétrico
da sua eventual grandeza.
Quem ama o que apenas vê também por certo
há-de amar os gestos de quem, em refluir
de cor e gentileza, nos enlaça à esperança
e à vida, à fixação daqueles mais nítidos instantes
em que é preciso dizer algo, atentar
nos traços (e nos relevos) da paisagem
ou descobrir o que há de mais feérico
na humanidade parca em suas vestes,
num cenário já raso feito de escombros
e de pobres caprichos - ou só da decisão,
tão grave e meditada, sobre qual a carta
que importa a seguir lançar...
(Bem defronte um do outro
- e na aparência calmos, absortos -
os jogadores preparam a cartada,
na certeza de que ela será
apenas um outro e vulgar passo
da aragem que haverá no lance
seguinte: naquela mesa talvez
rouquejante, naquela garrafa talvez
despejada, naquele tom heráldico,
vagamente altivo, de quem, sereno,
aguarda as horas e o desfilar
das suas cores, das suas
incontáveis fardas...)
João Rui de Sousa
In: Foro das Letras. Coimbra, Jul. 2009, p. 10
Macau nos séculos XVIII e XIX - 2
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
«Le Tango des Rashevski»
A legendagem do filme é lamentável.
Ainda os Reis Magos...
Eles estão aí...
PENSAMENTO DO DIA
Lá fora - 62 : Os marajás no Victoria&Albert
Quem puder passar por Londres nos próximos dias não deverá perder esta revisitação do esplendor das cortes indianas, cujos soberanos, os marajás, dominaram o subcontinente durante séculos até 1947, data da independência da Índia. São 250 objectos preciosos provenientes de colecções indianas mas também do Ocidente, desde esplendorosas jóias como o famoso colar de Patiala, que vemos supra e que continua a ser a mais valiosa produção da Casa Cartier até hoje, até retratos, tapeçarias e mobiliário régio.
Gérald de Palmas
Verismo
Um dia histórico
Ao menos que sirva o novo casamento para evitar casos vergonhosos como o ocorrido no Cemitério de Cascais com a família Horta Tavares de Bastos , conforme ontem relatava a Fernanda Câncio no Diário de Notícias. 31 anos de vida em comum, e a respeitável família manda retirar uma singela lápide ( que apenas dizia "À memória de António Horta Tavares de Bastos") que o "viúvo de facto" tinha mandado colocar com a respectiva licença passada pela Câmara de Cascais. Tristes foram também os ziguezagues interpretativos dos Serviços Jurídicos da dita autarquia. Espero que António Capucho, que é um homem sensato, faça impor os direitos de quem viveu três décadas em união de facto com o falecido.
Novidades - 101 : A terceira crónica...
Ainda se queixa às vezes o nosso José Sócrates...
Como "bónus", aqui fica um vídeo que tirei do YouTube sobre as dez melhores gaffes do Presidente-Rei...
- Troisième chronique du règne de Nicolas Ier, Patrick Rambaud, Grasset, 180p, €12.
Inverno 2009/2010
O primeiro par do ano...
Bom dia!
Novidades - 100 : Tudo em 100
- 100 monuments, 100 écrivains- Histoires de France, éditions du Patrimoine, 488p, 850 ilustrações, €80.
Ainda Keats
Apesar das várias visitas a Roma, nunca consegui ir ao Cemitério Inglês onde está sepultado John Keats. É belo o epitáfio que ele escolheu para si, mas muito errado. Se há nome que não foi escrito na água é o dele, que nunca deixou nem deixará de ser lido.
9º Aniversário da SIC Notícias
Soneto
Depois da bruma ter atravessado estas planícies
por uma triste, longa estação, ergue-se um dia
nascido no aprazível Sul, que vem purificar
o doentio céu de todos os seus estigmas.
O mês ansioso, livre de sofrimento,
mais uma vez se nutre das sensações de Maio,
e, frescas, são as pálpebras como folhas
das rosas tocadas pelas chuvas de estio.
Calmos pensamentos nos cercam, como o florir
dos ramos... os frutos a amadurecer... o sol de Outono
que há pouco sorria sobre as colheitas abandonadas...
o frágil rosto de Safo... o respirar feliz de uma criança...
a areia de um instante que desliza serenamente...
um rio a atravessar o bosque... a morte de um poeta...
John Keats
Trad. Fernando Guimarães
In: Poesia romântica inglesa (Byron, Shelley, Keats). Lisboa: Relógio d'Água, 1992
Tchaikovsky - Piano Concerto nº1
Macau nos séculos XVIII e XIX - 1
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
«Reunimo-nos todas as tardes [...] - por necessidade de família fora da família»
6 Jun. 1966 (Dias comuns II)
Alguns cafés frequentados por José Gomes Ferreira.
Só o Gelo sobreviveu.
A Brasileira do Rossio
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Café Gelo, no Rossio
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Café Martinho, no Largo D. João da Câmara
http://amadeo.blog.com/repository/192540/4016349.jpg
Café Chiado, na Rua Garrett
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjScERdmtlXkkREpmoFBvLb686JvOHhUw9MeLEjmcs_2MgsSqO4350In4QtSloWdOPN2jqujlbEyhcKjkiNTWOZxqw4KbV6mtDpbLasiUeQBLECIoHUFblfOgwyWJ1TsSiF9boQWsSbLd0/s320/4-A44386(Rua+Garrett-Caf%C3%A9+Chiado).jpg
Depois de uns comentários em que se falou de cafés.
Barbatana de tubarão em tasquinha
Mas nem só de "estrelas" Michelin é composto o dia-a-dia gastronómico. Hoje fui jantar a uma tasquinha (daquelas que nem toalha colocam na mesa e que os guardanapos são uns rolinhos de papel "toilette" enfiados em lindas caixas circulares). Queria provar a autêntica barbatana de Tubarão... valeu o dinheiro e era tanta a quantidade que os ninhos de andorinha ficaram para uns dos próximos dias.
E para os que ainda não vieram até estes lados a comida que se come por esses lados, chamada chinesa, cá... nem nas tascas aparece...
E uma caixinha de verdadeiros ninhos de andorinha chega aos mil euros (10.000 patacas)... e hoje já não havia vontade de comer
As estrelas suecas
Ristorante Il Teatro
E como alguém já disse... ai as camisas que deixam de servir...
1924
Cinenovidades - 92 : Estrela Cintilante
Camus na TV
P.S. - A homenagem do Le Magazine Littéraire a Camus consta de um número especial, um hors-série, que é hoje posto à venda em França e que deverá chegar às nossas livrarias daqui a uns dias.
In memoriam Tibet
Foi a primeira perda do ano para a bd franco-belga o desaparecimento no passado dia 2 de Tibet, o pai do detective Ric Hochet, em parceria com o argumentista A.P. Duchâteau, e da série western-cómica Chick Bill.
Da minha biblioteca - 3
Cinenovidades - 91 : Daybreakers
Um comboio para o Jad
Foi inaugurado recentemente o Hexie Hao ( Expresso da Harmonia ) , o comboio mais rápido do mundo que coloca a China na vanguarda da alta velocidade ferroviária. Deslocando-se a uma velocidade de 394km/hora, está à frente dos tgv franceses, alemães e japoneses, embora a tecnologia utilizada seja multinacional ( Siemens, Alsthom e Bombardier ) ...
Camus no CCB
Malaya Morskaya ulitsa, 13
Talvez por isso não tenha dado, face ao de outros monstros sagrados da música russa, similar importância ao seu túmulo, que nem sequer fotografei. Afinal, tem muito mais interesse tentar sentir o mesmo espaço que foi vivido pelo de cujus...
Fiz questão foi de visitar uma loja de música clássica que funciona no 1.º andar desta casa e comprar alguns discos do próprio.
Como também de ir ouvir “qualquer coisa que fosse” (no caso, uma bela interpretação da 5.ª de Beethoven) ao salão onde se estreou a Patética (ou, no meio do cerco, a Sinfonia Leninegrado, de Shostakovich que dá agora nome ao espaço). Reparem nas janelas por cima do palco. Eram 22h, mas de um dia de Junho.
Hoje na Bertrand do Chiado
Desabafos... - 1
Esta frase foi proferida pelo Francisco Van Zeller há dias no Diário Económico. Percebo perfeitamente a perplexidade do sr.eng. perante a quantia que é a realidade mensal de muitos portugueses, mas se assim é não entendo porque é que ele e outros seus colegas "patrões dos patrões" se opuseram tanto à subida do salário mínimo para 2010, subida que apenas deu cumprimento aliás ao que já estava anunciado pelo Governo que não desiste, e bem, de ter o salário mínimo nacional fixado em 500 euros em 2012.