Jean- Jacques Annaud realizou mais um belíssimo filme, na senda de O Nome da Rosa, O Urso ou Sete Anos no Tibete: em português A Hora do Lobo, em francês e muito bem Le dernier Loup ( há em Portugal o mau hábito de dar nomes diferentes dos originais, creio que para serem originais). Baseado no livro Wolf Totem, do dissidente chinês que chegou a estar preso pela sua luta pela democracia, Liu Jiamin que o publicou com o pseudónimo Jian Rong e cuja identidade só muitos anos mais tarde foi revelada, conta história (uma quase autobiografia do autor do livro) de um estudante chinês de Pequim enviado em 1967 para a Mongólia Interior, para ensinar mandarim a uma pequena comunidade de pastores nómadas, numa daquelas loucas políticas da Revolução Cultural e do Grande Salto em Frente de Mao Tsé Tung dos anos 50 e 60, que levou também ao extermínio de várias pragas que alteraram o natural sistema ecológico da produção de arroz e conduziu, entre outras causas, à Grande Fome que assolou a China e provocou mais de 30 milhões de mortes.
A zona onde o jovem foi colocado era infestada pelos lobos que dizimavam os rebanhos e que uma directiva do poder determinou que fossem dizimados.
O estudante Chen Zhen decide criar uma cria de lobo e é esta relação que domina o filme que o realizador expurgou de referências políticas, que no entanto estão subjacentes.
A beleza desolada e por vezes agreste das grandes estepes mongólicas, a música de James Horner e o excelente trabalho dos actores chineses, faz deste filme sino-francês um tempo de prazer a não perder,