Prosimetron
sábado, 30 de maio de 2009
Fake Plastic Trees (Acoustic Version), Radiohead!
Jantei ao som desta música, resolvi partilhá-la.
Gosto dos Radiohead. Gostam desta versão?
Gosto dos Radiohead. Gostam desta versão?
Lá fora - 30 : Rodin retratista
E Rodin volta ao Prosimetron, desta vez na sua faceta de retratista, talvez menos conhecida. São exibidos retratos que o mestre esculpiu em mármore, bronze ou mesmo gesso. Tanto de figuras conhecidas, um Balzac ou um Clemenceau, como das mulheres que amou ou de simples burgueses.
- La Fabrique du portrait, Rodin face à ses modèles, patente no Musée Rodin, 79, rue de Varenne, Paris, até 23 de Agosto.
- La Fabrique du portrait, Rodin face à ses modèles, patente no Musée Rodin, 79, rue de Varenne, Paris, até 23 de Agosto.
Soneto d'um clown, Gomes Leal !
Na minha viagem às livrarias encontrei um livro de poesia portuguesa que me encantou. Só tem um problema não gosto do conceito. E tudo começa por isto:
"a alma n e pkena 100 poemas pt p sms". Acabei por o trazer porque os poemas escolhidos são bonitos e estão compilados na íntegra.
Não sou perita a escrever sms, e o telemóvel serve só para comunicar e não estar isolada... porque senão bem o dispensava. Soneto d'um clown
Talvez cansado já dos teus abraços,
Eu morto busque um dia o céu sem metas,
E ainda vá morar nos planetas,
Eu que tenho vivido entre palhaços.
E que ali deslocando os membros lassos,
Faça com saltos, e evoluções secretas,
Que Deus caia, de riso, dos espaços,
com fortes gargalhadas dos ascetas.
Os Santos olvidando então o rito,
Darão saltos mortais no Infinito,
E eu uma claque arranjarei no Inferno.
Construirei um circo ali no Céu
E tu virás então morar mais eu
Na água furtada azul do Padre Eterno.
Nota: no livro aparece a primeira quadra a negrito, para uma possível sms.
Gomes Leal, "Risadas" (Antologia Poética, Lisboa Rolim, sd), in A Alma não é Pequena 100 poemas portugueses para SMS, V. N. Famalicão: CentroAtlantico.PT, 2009, p. 24
"a alma n e pkena 100 poemas pt p sms". Acabei por o trazer porque os poemas escolhidos são bonitos e estão compilados na íntegra.
Não sou perita a escrever sms, e o telemóvel serve só para comunicar e não estar isolada... porque senão bem o dispensava. Soneto d'um clown
Talvez cansado já dos teus abraços,
Eu morto busque um dia o céu sem metas,
E ainda vá morar nos planetas,
Eu que tenho vivido entre palhaços.
E que ali deslocando os membros lassos,
Faça com saltos, e evoluções secretas,
Que Deus caia, de riso, dos espaços,
com fortes gargalhadas dos ascetas.
Os Santos olvidando então o rito,
Darão saltos mortais no Infinito,
E eu uma claque arranjarei no Inferno.
Construirei um circo ali no Céu
E tu virás então morar mais eu
Na água furtada azul do Padre Eterno.
Nota: no livro aparece a primeira quadra a negrito, para uma possível sms.
Gomes Leal, "Risadas" (Antologia Poética, Lisboa Rolim, sd), in A Alma não é Pequena 100 poemas portugueses para SMS, V. N. Famalicão: CentroAtlantico.PT, 2009, p. 24
Pleno de Vida Agora, Walt Whitman!
Walt Whitman, poeta americano
PLENO DE VIDA AGORA
Pleno de vida agora, concreto, viável,
Eu, aos quarenta anos de idade e aos oitenta e três dos Estados Unidos,
A ti que viverás dentro de um século ou vários séculos mais,
A ti, que ainda não nasceste, me dirijo, procurando-te.
Quando leres isto, eu que era visível, serei invisível,
Agora és tu, concreto, visível, aquele que me lê, aquele que me procura.
Imagino como serias feliz se eu estivesse a teu lado e fosse teu companheiro,
Sê tão feliz como se eu estivesse contigo. (Não penses que não estou agora junto a ti).
Walt Whitman, Folhas de Erva (selecção de José Agostinho Baptista), Lisboa: Assírio & Alvim, 2009, Poemário de 2009 - 30 de Maio.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Steven Kenny, Pintor do Fantástico VI !
Voltei de novo a trazer Steven Kenny por causa da imaginação fabulosa que tem. Steven nasceu em 1962 em Peekskill, Nova Iorque. De 1980 a 1984 estudou em Rhode Island School of Design (BFA).
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"The Clockmakers Wife" .
A Mulher sem Sombra, Die Frau Ohne Schatten, Arno Rauning!
A soprano austríaca, Arno Raunig canta: "Die Frau Ohne Schatten", ópera de Richard Strauss, libreto de Hugo von Hofmannsthal.
Para o Filipe que a recordou.
Para o Filipe que a recordou.
60 anos de uma nação: 1963
Charles de Gaulle e Konrad Adenauer assinam o Tratado de Elysée em Paris a 22 de Janeiro que prevê uma cooperação mais estreita entre os dois países nos campos da Economia e Cultura. A França e a Alemanha, rivais e inimigos ao longo dos séculos, dão início a uma amizade, fundamental no âmbito da aproximação dos estados europeus nas décadas seguintes.
A viagem pela Alemanha leva John F. Kennedy a Berlim a 26 de Junho. 300.000 berlinenses assistem ao célebre discurso do Presidente dos Estados Unidos que elogia a coragem e perseverança dos habitantes do lado ocidental da cidade dividida. As quatro palavras “Ich bin ein Berliner” entram na História.
A Ópera Estadual da Baviera (Bayerische Staatsoper) em Munique reabre as portas ao público a 21 de Novembro. Bombardeada durante a Segunda Guerra, foi reconstruída na sua imponente estrutura neo-classicista. O interior da sala principal é coroado por um lustre de 7 m de altitude e 6 m de diâmetro. Entre os 2000 convidados que assistem à ópera A mulher sem sombra de R. Strauss, encontram-se Herbert von Karajan e sua esposa Eliette.
- CONTINUAÇÃO NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA -
Imagens: De Gaulle e Adenauer; J.F. Kennedy em Berlim; Ludwig Erhard; Herbert e Eliette von Karajan
A Caça ao Snark, Lewis Carroll !
O poema A Caça ao Snark, The Hunting of the Snark, foi escrito por Lewis Carroll aos 42 anos, entre 1874 e 1876. É segundo o autor, "uma agonia em oito cantos ou ataques" (a palavra inglesa fits quer dizer simultaneamente ataque e canto). Este poema é híbrido porque não se pode considerar nem literatura infantil típica, nem literatura épica (mesmo que absurda), nem literatura "séria", nem "leve". Os desenhos do livro são de Henry Holiday.
Lewis Carroll Canto IV, Caçada
" Canto Quarto
A Caçada
Ferioso, o Sineiro fez má catadura:
«Só hoje dizes coisas tão mofina?
Escolheste falar em muito má altura,
Pois temos o Snark ao dobrar da esquina.
«Sentiremos por ti uma dor bem sentida,
Se funesto destino te levar
Devias, porém, ter-nos contado à partida
O temor que te dá tal desmaiar.
« Escolheste uma má altura para falar,
Julgo que já o tinha assinalado».
e o chamado «Ei!» pôs-se a suspirar:
«Eu contei tudo mal tinha embarcado.
(...)
Lewis Carroll, A Caça ao Snark, (tradução de Manuel de Resende) Lisboa: Assírio & Alvim, 2003, p. 28.
" Canto Quarto
A Caçada
Ferioso, o Sineiro fez má catadura:
«Só hoje dizes coisas tão mofina?
Escolheste falar em muito má altura,
Pois temos o Snark ao dobrar da esquina.
«Sentiremos por ti uma dor bem sentida,
Se funesto destino te levar
Devias, porém, ter-nos contado à partida
O temor que te dá tal desmaiar.
« Escolheste uma má altura para falar,
Julgo que já o tinha assinalado».
e o chamado «Ei!» pôs-se a suspirar:
«Eu contei tudo mal tinha embarcado.
(...)
Lewis Carroll, A Caça ao Snark, (tradução de Manuel de Resende) Lisboa: Assírio & Alvim, 2003, p. 28.
A alcachofra, Ibn' Ammar, poeta árabe de Silves,século XI.
A alcachofra
filha das águas e da terra,
para quem lhe almeja os donsé
corpo numa veste de recusa.
e na sua beleza obstinada
bem no cimo lá da haste
lembra uma jovem cristã
que cota de espinhos usa.
Poema de Ibn 'Ammar, poeta árabe de Silves (século XI)
in Adalberto Alves, O meu coração é árabe,Assirio & Alvim, Lisboa 1998.
O Retrato de Nun’ Álvares (II), D. António dos Reis Rodrigues.
O Retrato de Nun’Álvares (II )
“(…) Quase coevo do que apenas algumas dezenas de anos antes fora pintado no Convento do Carmo, de ordem do duque Dom Afonso, este retrato, realizado ainda dentro de processos análogos e em que é evidente o fito da exactidão até à minúcia, é, além de um documento histórico da mais alta importância, mais uma valiosíssima afirmação de um dos nossos pintores quinhentistas: - o mestre de S. Bento.
Sobre isto não pode haver a menor dúvida. É a sua mesma e inconfundível pincelada, simultaneamente sólida e leve, tão leve que, as mais das vezes, se funde até ao ponto de ser quase absolutamente indeterminável. E, como consequência disso e da sua maneira excepcionalmente superior de preparar e aplicar a tinta, sem óleos nem vernizes a mais e com as velaturas cuidadosamente consolidadas e isoladas, a sua mesma e incomparável pasta, transparente, luminosa e homogénea, em que não há o menor vestígio ou ameaça sequer de estalado, doença esta tão inseparável da pintura que, só por si, constitui para o perito um processo e dos mais seguros de identificação. A assinatura que se vê no painel, e que quer ser a do célebre pintor quinhentista Vasco Fernandes, mais conhecido por Grão Vasco, é do século XVIII e foi feita sobre o verniz alcatroado com que pincelaram o retrato nessa época, desaparecendo desde que se limpe a pintura nesse ponto. A meu pedido, e porque essa rubrica tem já um certo interesse documental, Luciano Freirenão levou porém essa parte o seu cuidadoso tratamento.”
D. António dos Reis Rodrigues, Nun’ Álvares Condestável e Santo, Lisboa: Alêtheia Editores, 2009, p. 102-103.
“(…) Quase coevo do que apenas algumas dezenas de anos antes fora pintado no Convento do Carmo, de ordem do duque Dom Afonso, este retrato, realizado ainda dentro de processos análogos e em que é evidente o fito da exactidão até à minúcia, é, além de um documento histórico da mais alta importância, mais uma valiosíssima afirmação de um dos nossos pintores quinhentistas: - o mestre de S. Bento.
Sobre isto não pode haver a menor dúvida. É a sua mesma e inconfundível pincelada, simultaneamente sólida e leve, tão leve que, as mais das vezes, se funde até ao ponto de ser quase absolutamente indeterminável. E, como consequência disso e da sua maneira excepcionalmente superior de preparar e aplicar a tinta, sem óleos nem vernizes a mais e com as velaturas cuidadosamente consolidadas e isoladas, a sua mesma e incomparável pasta, transparente, luminosa e homogénea, em que não há o menor vestígio ou ameaça sequer de estalado, doença esta tão inseparável da pintura que, só por si, constitui para o perito um processo e dos mais seguros de identificação. A assinatura que se vê no painel, e que quer ser a do célebre pintor quinhentista Vasco Fernandes, mais conhecido por Grão Vasco, é do século XVIII e foi feita sobre o verniz alcatroado com que pincelaram o retrato nessa época, desaparecendo desde que se limpe a pintura nesse ponto. A meu pedido, e porque essa rubrica tem já um certo interesse documental, Luciano Freirenão levou porém essa parte o seu cuidadoso tratamento.”
D. António dos Reis Rodrigues, Nun’ Álvares Condestável e Santo, Lisboa: Alêtheia Editores, 2009, p. 102-103.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Casablanca versus Casablanca (الدار البيضاء, ad-Dhar-al-Bayda)
Como não pode deixar de ser este é o meu primeiro pensamento, ao chegar ...
Três poemas
de Tahar Ben Jelloun
J'ai vu l'aube pâlir
quand le matin a glissé dans la transparence du désir.
Le sable inespéré s'est mêlé au dire confus.
Tout dire.
Quand le tour est un vol incendiaire.
Fais ta demeure dans la parole retenue
sur la rive d'une phrase.
Ne sois pas impatient
regarde l'herbe des mots
l'enfant
descendra la fougère du crépuscule.
Un visage sans rides
est un ciel sans grimaces
(une pensée superflue).
Terre fêlée par le temps et la grâce
on aime à s'y arrêter
comme l'enfant
devant l'énigme
et la beauté.
In: Le discours du chameau suivi de Jénine. Paris: Gallimard, 2007, p. 83, 233, 236
http://www.taharbenjelloun.org/
J'ai vu l'aube pâlir
quand le matin a glissé dans la transparence du désir.
Le sable inespéré s'est mêlé au dire confus.
Tout dire.
Quand le tour est un vol incendiaire.
Fais ta demeure dans la parole retenue
sur la rive d'une phrase.
Ne sois pas impatient
regarde l'herbe des mots
l'enfant
descendra la fougère du crépuscule.
Un visage sans rides
est un ciel sans grimaces
(une pensée superflue).
Terre fêlée par le temps et la grâce
on aime à s'y arrêter
comme l'enfant
devant l'énigme
et la beauté.
In: Le discours du chameau suivi de Jénine. Paris: Gallimard, 2007, p. 83, 233, 236
http://www.taharbenjelloun.org/
125 Anos do Jardim Zoológico! 2
A navegar na net encontrei esta informação sobre o Jardim Zoológico e achei uma delícia, por isso, resolvi colocar aqui. Não há dúvida, às vezes as boas obras nascem da vontade de alguns homens.
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El Rei Dom Fernando II, Rei Consorte
"O primeiro Jardim Zoológico de Lisboa partiu da iniciativa de um grupo de médicos, entre os quais o célebre Dr. Sousa Martins. Reunidos em assembleia, em Fevereiro de 1833, realizada no edifício da escola Politécnica, sob a presidência de D.Fernando, o Rei-Artista, constituíram uma comissão fundadora, e quotizando-se entre si, arranjaram a quantia de 300 contos (!).O local que imaginaram ideal seria, pouco tempo depois, colocado à sua disposição pelos proprietários, e assim nasceu, no parque de São Sebastião da Pedreira, o primeiro Jardim Zoológico de Lisboa, de imediato considerado um dos melhores do mundo. Na verdade, a quantidade e diversidade de animais trazidos das ex-colónias foi tal, que o Jardim não temia qualquer comparação com outros já existentes".
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdS2_cGeLqOY8w7TWNMOBsDZiyn3Q4TsXAR8gt9YiUKtcFM49AfZFlxty1QsH-hd_eAWuxGKdlh2noDHAMQ9Pas4MH017YcYpgY7CfacTr1y9R4F594c1P_9JX7OGEJJnRnncO40-hxIM/s400/DomFernandoII-08.jpg
125 Anos do Jardim Zoológico!
Hoje, ouvi nas notícias que o jardim Zoológico faz 125 anos. Gostava de dar os parabéns a todos os que ali trabalham e aos que gerem os recursos para dar, na medida do possível, uma boa estadia aos animais que pertencem a outro habitat.
Quero também, reconhecer e felicitar o Jardim Zoológico pelo papel educativo que tem vindo a desempenhar junto às crianças portuguesas que o visitam.
O Jardim Zoológico de Lisboa foi inaugurado em 1884. As primeiras instalações situaram-se no Parque de São Sebastião da Pedreira, tendo transitado em 1894 imediatamente para norte, para os terrenos de Palhavã onde hoje se situa a Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1905, o Jardim Zoológico foi transferido para a actual localização, na Quinta das Laranjeiras, em Sete Rios.
"«125 anos cheios de vida» é o tema de comemoração do aniversário. (...) Com mais de um centenário de história, as «dificuldades são sempre muitas numa instituição que não tem apoios nem governamentais nem municipais» e, apesar dos contratempos, «com 125 anos quer dizer que existe e resiste e rejuvenesceu», afirmou o administrador".
60 anos de uma nação: 1962
Os alemães saúdam o Ano Novo dançando: o Twist, nascido provavelmente na Peppermint Lounge nova-iorquina alguns meses antes, conquistou a Europa e, também, a Alemanha Ocidental. Jovens e menos jovens praticam a dança até à exaustão. Há quem considere os gestos imorais, os médicos alertam para eventuais problemas nas zonas do joelho e da coluna.
Na noite de 16 para 17 de Fevereiro, o norte da Alemanha é assolado por terríveis cheias e inundações, causadas por fortes marés vivas do Mar do Norte. Os diques não resistem. Cerca de 300 pessoas perdem a vida, 60.000 habitantes em Hamburgo, cidade mais afectada, ficam sem abrigo. Helmut Schmidt, senador de Hamburgo, destaca-se pela eficiência e capacidade de resposta face a esta catástrofe. Viria a ser chanceler nos anos 70.
O muro de Berlim é cenário trágico da morte de Peter Fechter, jovem aprendiz de 18 anos que, ao tentar fugir de Berlim oriental, é abatido por soldados da RDA. A fuga, à semelhança de tentativas anteriores de outros dissidentes, é captada em directo pela televisão ocidental. Nem os guardas da RDA nem soldados americanos auxiliam Fechter. O jovem é resguardado, já morto, ao fim de uma hora. A Alemanha Ocidental assiste a este drama que mais uma vez reflecte a desumanidade do regime comunista e a impotência dos Aliados Ocidentais.
Em Setembro de 1962, os escritórios do semanário Der Spiegel em Hamburgo e Bona são investigados pela polícia. O director e directores adjuntos, em prisão preventiva, são acusados de terem cometido traição à pátria, pois uma edição anterior tinha revelado falhas do governo e do exército alemães na preparação de um eventual ataque militar. Segundo o Ministério Público, terá Der Spiegel recorrido a informações secretas.
A braços com a crise na Baía dos Porcos, a chamada Spiegel-Affäre movimenta milhares de manifestantes nas ruas das principais cidades alemãs em prol da liberdade de expressão. Poucos dias depois, as investigações sugerem, no entanto, que o Ministro da Defesa, Franz-Josef Strauss, e adversário assumido deste semanário, terá incentivado estas buscas sem fundamento. Ao fim de 103 dias, é libertado o último acusado. Strauss demite-se do cargo. Viria a ser Primeiro-Ministro da Baviera nos anos 70.
A braços com a crise na Baía dos Porcos, a chamada Spiegel-Affäre movimenta milhares de manifestantes nas ruas das principais cidades alemãs em prol da liberdade de expressão. Poucos dias depois, as investigações sugerem, no entanto, que o Ministro da Defesa, Franz-Josef Strauss, e adversário assumido deste semanário, terá incentivado estas buscas sem fundamento. Ao fim de 103 dias, é libertado o último acusado. Strauss demite-se do cargo. Viria a ser Primeiro-Ministro da Baviera nos anos 70.
A moda feminina no início da década de 60 herda as tendências principais dos anos 50. Os estilistas de Milão e Paris definem a senhora como dama cosmopolita, o que se reflecte no guarda-roupa: a elegância traduz-se em linhas simples e femininas.
Imagens: The Twist; Hamburgo, Fevereiro de 1962; o jovem Peter Fechter; Franz-Josef Strauss; tendências no início dos anos 60 (Chanel)
Café Métropole
NUN' ÁLVARES PEREIRA, Fernando Pessoa !
Óleo sobre madeira, colorido, 71,5x58 cm, Colecção de Pintura da BNP. Provável autor português. (Data interrogada, atribuída segundo características formais).
:NUN' ÁLVARES PEREIRA
É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.
Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.
'Sperança consumada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!
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Fernando Pessoa, Mensagem, I, IV , Lisboa: Edições Ática, 1979, p. 45
O Retrato de Nun’Álvares, D. António dos Reis Rodrigues.
Retrato de Nun'Álvares donato carmelita, pintura em tábua do século XVI, atribuída ao mestre de São Bento pelo Dr. José de Figueiredo. - Deve ser cópia de um original de mestre Floretim, oferecido pelo prior D. Frei joão Manoel ao convento do Carmo, onde ornava o espaldar do arcaz maior da sacristia e onde foi destruído pelo incêndio em 1755. (p.9 livro cit.)
"Carta do Sr. Dr. José de Figueiredo ao sr. Dr. Alfredo da Cunha, a propósito do retrato de Nun’Álvares pintado pelo mestre de São Bento e existente no Palácio de Pombal em Oeiras. (Diário de Notícias, 17 de Agosto de 1916)
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Meu amigo:
Venho dar-lhe uma boa nova. Encontrei um dos «primitivos» que, com mais interesse, procurava: - o retrato de Nun’Álvares. E encontrei-o onde menos o podia esperar, em um edifício do século XVIII, o Palácio de Pombal, de Oeiras. Estava no corpo da igreja e, apesar de bastante repintado e de o ter visto de longe, do alto do coro, logo me pareceu não se tratar de mais uma dessas cópias em que foi fértil o século XVII, tal era o carácter com que, apesar de tudo, essa pintura me aparecia. Examinando-a em seguida, de perto, a minha primeira impressão manteve-se, sendo confirmada depois quando, após a limpeza que, com autorização de seus donos, lhe fez o ilustre e benemérito artista que é Luciano Freire, o painel apareceu no seu aspecto original (…)".
(Continua)
D. António dos Reis Rodrigues, Nun’ Álvares Condestável e Santo, Lisboa: Alêtheia Editores, 2009, p. 101-102.
Venho dar-lhe uma boa nova. Encontrei um dos «primitivos» que, com mais interesse, procurava: - o retrato de Nun’Álvares. E encontrei-o onde menos o podia esperar, em um edifício do século XVIII, o Palácio de Pombal, de Oeiras. Estava no corpo da igreja e, apesar de bastante repintado e de o ter visto de longe, do alto do coro, logo me pareceu não se tratar de mais uma dessas cópias em que foi fértil o século XVII, tal era o carácter com que, apesar de tudo, essa pintura me aparecia. Examinando-a em seguida, de perto, a minha primeira impressão manteve-se, sendo confirmada depois quando, após a limpeza que, com autorização de seus donos, lhe fez o ilustre e benemérito artista que é Luciano Freire, o painel apareceu no seu aspecto original (…)".
(Continua)
D. António dos Reis Rodrigues, Nun’ Álvares Condestável e Santo, Lisboa: Alêtheia Editores, 2009, p. 101-102.
D. António dos Reis Rodrigues, Bispo titular de Madarsuma
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Cabra-cega
Cabra-cega foi o primeiro romance de Roger Vailland que li. Depois, ao longo de anos, devorei tudo o que dele foi saindo em Portugal, o último dos quais, Escritos íntimos, devo dizer que me chocou um pouco. Talvez um dia destes o releia.
Trad. de Hélder Macedo; pref. de José Cardoso Pires
Capa de António Garcia
Lisboa: Ulisseia,1959
Trad. de Casais Franco.
Mem Martins: Europa-América, 1987
«Cabra-cega é um romance – no sentido em que se diz romanesco -, uma ficção, uma criação da imaginação.
«Não é um romance histórico. Se eu tivesse pretendido esboçar um quadro da Resistência, ele seria inexacto e incompleto na medida em que não ponho em cena os guerrilheiros nem os sabotadores das fábricas (para não citar outros exemplos), que se contaram entre os mais puros e mais desinteressados heróis da Resistência. Mas Cabra-cega não é um romance sobre a Resistência. Não pode por conseguinte fornecer matéria para qualquer espécie de polémica – a não ser a puramente literária - , e todos os argumentos de ordem histórica ou política que nele se colham são, por definição, desprovidos de valor.
«Se, enfim, se desse o caso de o nome ou o pseudónimo de um dos meus ‘heróis’ pertencer a uma personagem realmente existente, estar-se-á perante uma mera coincidência, independente da minha vontade e sem o mínimo significado.»
Roger Vailland - «Advertência»
«E Vailland, escritor vigoroso, ao descrever tão corajosamente uma época da sua pátria, lavra também mensagem profética própria dos antepassados libertinos segundo a qual o futuro é do homem interessado que em toda e qualquer circunstância se obriga a tomar posição, a experimentar, a intervir.» (José Cardoso Pires)
«Não é um romance histórico. Se eu tivesse pretendido esboçar um quadro da Resistência, ele seria inexacto e incompleto na medida em que não ponho em cena os guerrilheiros nem os sabotadores das fábricas (para não citar outros exemplos), que se contaram entre os mais puros e mais desinteressados heróis da Resistência. Mas Cabra-cega não é um romance sobre a Resistência. Não pode por conseguinte fornecer matéria para qualquer espécie de polémica – a não ser a puramente literária - , e todos os argumentos de ordem histórica ou política que nele se colham são, por definição, desprovidos de valor.
«Se, enfim, se desse o caso de o nome ou o pseudónimo de um dos meus ‘heróis’ pertencer a uma personagem realmente existente, estar-se-á perante uma mera coincidência, independente da minha vontade e sem o mínimo significado.»
Roger Vailland - «Advertência»
«E Vailland, escritor vigoroso, ao descrever tão corajosamente uma época da sua pátria, lavra também mensagem profética própria dos antepassados libertinos segundo a qual o futuro é do homem interessado que em toda e qualquer circunstância se obriga a tomar posição, a experimentar, a intervir.» (José Cardoso Pires)
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