Prosimetron
sábado, 12 de junho de 2010
Amália/ S.António
Noite de S.António por Amália ( Coliseu de Lisboa, 1990 ) para a Noite de S.António de 2010 que é capaz de ser molhada...
Do trabalho infantil
Edward Burne-Jones em Roma
Vamos tentar ver os mosaicos que Edward Burne-Jones desenhou pzra a igreja San Paolo dentre le mura, construída em 1873.
IMAGEM:© Araldo de Luca/CORBIS
Mosaico do Coro
Se conseguirmos vê-los, o Jad colocará aqueles de que vamos à procura. Já os vimos, mas de noite, quando há dois anos ali fomos a dois concertos.
Se conseguirmos vê-los, o Jad colocará aqueles de que vamos à procura. Já os vimos, mas de noite, quando há dois anos ali fomos a dois concertos.
In Memoriam - Roberto Ivens!
Homenageio Roberto Ivens colocando uma fotografia retocada do explorador. Roberto Ivens nasceu a 12 de junho de 1850 faz agora 160 anos.
Andei à procura dos dois volumes: De Angola à Contracosta para retirar um trecho mas não consigo encontrá-lo no meio dos livros que tenho por arrumar. É desesperante!
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Roberto Ivens retirado do site da Sociedade de Geografia de Lisboa
À memória de um homem corajoso e aventureiro.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Nevoeiro
Nevoeiro
Viera do rio pela mão de uma criança.
A cidade é agora de porcelana branca.
Eugénio de Andrade, Escritos da Terra, Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 2002, p. 44
Viera do rio pela mão de uma criança.
A cidade é agora de porcelana branca.
Eugénio de Andrade, Escritos da Terra, Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 2002, p. 44
Sentimentale contemporaneo
está entre comas porque não é minha.
Roma, Museo Nazionale Romano, tesori di Ausculum - séc IV a.c.
mármore
Casa na chuva!
A chuva que tem caído com alguma intensidade entristece-me porque o cheiro da terra não é o mesmo das chuvas que aparecem no fim do Verão. É suposto ser Primavera e com ela nascerem as flores, regressarem os pássaros e o sol.
A chuva levou-me até Eugénio de Andrade e à simplicidade deste poema bem como desta pintura do americano Joseph DeCamp (1858-1923) de Cincinnati, Ohio. Joseph DeCamp estudou na Academia Real de Munique e passou algum tempo na Europa, nomeadamente em Florença.
Joseph DeCamp, Costureira, 1916
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Óleo sobre tela,92.71 × 71.12 cmCorcoran Gallery of Art,Washington D.C.
CASA NA CHUVA
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A chuva, outra vez a chuva sobre as oliveiras.
Não sei por que voltou esta tarde
se minha mãe já se foi embora,
já não vem à varanda para a ver cair,
já não levanta os olhos da costura
para perguntar: Ouves?
Oiço, mãe, é outra vez a chuva,
a chuva sobre o teu rosto.
Eugénio de Andrade, Escrita da Terra, Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 2002, p. 55.
A chuva, outra vez a chuva sobre as oliveiras.
Não sei por que voltou esta tarde
se minha mãe já se foi embora,
já não vem à varanda para a ver cair,
já não levanta os olhos da costura
para perguntar: Ouves?
Oiço, mãe, é outra vez a chuva,
a chuva sobre o teu rosto.
Eugénio de Andrade, Escrita da Terra, Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 2002, p. 55.
Números - 17
1976 : The Carpenters
A Kind Of Hush, o sétimo álbum dos The Carpenters, foi lançado a 11 de Junho de 1976 e dele se extraiu um single que foi um enorme sucesso, tendo no lado A esta There's A Kind Of Hush (All Over The World ) :
Pequena Europa ou Um Milagre de S.Inês
Se bem percebi, foi há dois dias que dois prosimetronistas se encontraram, por mero acaso, neste Mosteiro de Santa Inês, em Praga, que alberga actualmente as Galerias Nacionais Checas.
Les beaux esprits...
Les beaux esprits...
Em Viena
E hoje o nosso Filipe V.Nicolau revisitou os túmulos imperiais austríacos, neste caso o do penúltimo imperador, Francisco José, ladeado pela sua mulher, a célebre Sissi, e o filho Rudolfo, o arquiduque de Mayerling.
E, como se vê na foto, os penúltimos Habsburgos ainda recebem devoções florais...
E, como se vê na foto, os penúltimos Habsburgos ainda recebem devoções florais...
( Kaisergruft, cripta imperial, na Igreja dos Capuchinos, Viena )
Museu de Roma em Trastevere - 1
Ettore Roesler Franz (1845-1907) - Via e chiesa di S. Bonosa, dietro la Fortezza degli Anguillara, 1888
Museo di Roma in Trastevere
Gostei deste museu: colecção de aguarelas de Ettore Roesler Franz da Roma do final do século XIX; e reconstituição de lojas antigas: farmácia, taberna, etc. Foi a visita da minha hora de almoço.
Biografias, autobiografias e afins - 73
Esta é a autobiografia do Padre Manuel Musullam, escrita a meias com o jornalista francês Jean-Claude Petit. As memórias de um observador privilegiado, já que o padre Musullam foi durante 14 anos o pároco de Gaza, e hoje, aos 72 anos, é o Presidente da Comissão Islâmico-Cristã da Palestina.
E sobre o que se passa em Gaza, controlado pelo Hamas, desde o bloqueio total imposto pelos israelistas desde 2007, o antigo pároco diz isto: " Gaza é o inferno, sofremos o terror da guerra e, agora, vivemos como escravos de Israel. Os pobres não têm nada para comer, vasculham os caixotes do lixo, vagueiam pelas ruas, parecem autênticos zombies".
Curé à Gaza, Manuel Musullam e Jean-Claude Petit, Éditions L' Aube, Maio de 2010, 205p, €17.
E este livro suscita-me duas reflexões: a primeira, sobre a "vastidão" da Igreja Católica- dos corredores adamascados do Vaticano à paróquia de Gaza, quase noutro planeta; a segunda, é fruto da minha leitura recente do último romance de Richard Zimmler, Os Anagramas de Varsóvia, já que a descrição da vida quotidiana em Gaza está tão próxima do que eram os dias dos judeus no gueto de Varsóvia...
E sobre o que se passa em Gaza, controlado pelo Hamas, desde o bloqueio total imposto pelos israelistas desde 2007, o antigo pároco diz isto: " Gaza é o inferno, sofremos o terror da guerra e, agora, vivemos como escravos de Israel. Os pobres não têm nada para comer, vasculham os caixotes do lixo, vagueiam pelas ruas, parecem autênticos zombies".
Curé à Gaza, Manuel Musullam e Jean-Claude Petit, Éditions L' Aube, Maio de 2010, 205p, €17.
E este livro suscita-me duas reflexões: a primeira, sobre a "vastidão" da Igreja Católica- dos corredores adamascados do Vaticano à paróquia de Gaza, quase noutro planeta; a segunda, é fruto da minha leitura recente do último romance de Richard Zimmler, Os Anagramas de Varsóvia, já que a descrição da vida quotidiana em Gaza está tão próxima do que eram os dias dos judeus no gueto de Varsóvia...
RUA DE ROMA
Quero uma rua de Roma
com seus rubros com seus ocres
com essa igreja barroca
essa fontexxx esse quiosque
aquele pátio na sombra
ao longe a luz de um zimbório
mais o cimo dessa torre
que não tem raiz no solo
Em troca darei Moscovo
OsloxxTóquio Banguecoque
Fugaz e secreta à força
de se mostrar rumorosa
só essa rua de Roma
em cada nervo me toca
Por isso a quero assim toda
opulenta de tão pobre
com o voo desta pomba
o rimbobar desta moto
com este bar de mau gosto
em cuja esplanada tomo
este espresso após o almoço
à tarde um campari soda
Em troca darei Lisboa
LondresxxxRioxxxNova Iorque
toda a prataxxxtodo o ouro
que não tenho em nenhum cofres
ó no cotão do meu bolso
e no que a pátria me explora
Quero essa rua de Roma
Aqui onde estou sufoco
Aqui as manhãs irrompem
de noites que nunca morrem
Quero esse musgoxxxessa fonte
essas folhas que se movem
sob o sopro do siroco
ora tépido ora tórrido
frente à igreja barroca
tão apagada por foram
as que do altar ao coro
por entro aparece enorme
Quero essa rua de Roma
castaxxxrugosaxxxremota
Em troca darei as lobas
que não aleitaram Rómulo
mas que me deixaram na boca
o travo do transitório
Quero essa rua de Roma
sem conhecer quem lá mora
além da madonna loura
misto de corça e de cobra
que ao longo de tantas noites
tanta insónia me provoca
Quanto às restantes pessoas
inventarei como sofrem
Quero essa rua de Roma
Terá de ser sem demora
Sabemos lá quando rondam
abutres à nossa roda
Mas não me lembro do nome
da rua que assim recordo
soberba se bem que tosca
direita se bem que torta
com um Sol que tanto a doura
como a seguir a devora
Em troca darei o troco
do que por nada se troca
o florescer de uma bomba
o deflagrar de uma rosa
Quero essa rua de Roma
AmanhãxxxOntemxxxAgora
Que importa saber-lhe o nome
se a trago dentro dos olhos
Há uma igual em Verona
Outra ainda mais a norte
Outra talvez nem tão longe
num burgo que o mundo ignora
Outra que apenas se encontra
onde a paixão a descobre
Mas rua sempre de Roma
Romana em todo o seu porte
mistura de alma e de corpo
aquémxxxalémxxxdo ilusório
Romana mesmo que em Roma
não haja quem a recorde
Onde quer que o sexo a sonhe
e o coração a coloque
é lá que todo sou todo
Aqui nãoxxxAqui não posso
David Mourão-Ferreira
In: Os ramos os remos. Porto: Areal, 1985, p. 25-28
com seus rubros com seus ocres
com essa igreja barroca
essa fontexxx esse quiosque
aquele pátio na sombra
ao longe a luz de um zimbório
mais o cimo dessa torre
que não tem raiz no solo
Em troca darei Moscovo
OsloxxTóquio Banguecoque
Fugaz e secreta à força
de se mostrar rumorosa
só essa rua de Roma
em cada nervo me toca
Por isso a quero assim toda
opulenta de tão pobre
com o voo desta pomba
o rimbobar desta moto
com este bar de mau gosto
em cuja esplanada tomo
este espresso após o almoço
à tarde um campari soda
Em troca darei Lisboa
LondresxxxRioxxxNova Iorque
toda a prataxxxtodo o ouro
que não tenho em nenhum cofres
ó no cotão do meu bolso
e no que a pátria me explora
Quero essa rua de Roma
Aqui onde estou sufoco
Aqui as manhãs irrompem
de noites que nunca morrem
Quero esse musgoxxxessa fonte
essas folhas que se movem
sob o sopro do siroco
ora tépido ora tórrido
frente à igreja barroca
tão apagada por foram
as que do altar ao coro
por entro aparece enorme
Quero essa rua de Roma
castaxxxrugosaxxxremota
Em troca darei as lobas
que não aleitaram Rómulo
mas que me deixaram na boca
o travo do transitório
Quero essa rua de Roma
sem conhecer quem lá mora
além da madonna loura
misto de corça e de cobra
que ao longo de tantas noites
tanta insónia me provoca
Quanto às restantes pessoas
inventarei como sofrem
Quero essa rua de Roma
Terá de ser sem demora
Sabemos lá quando rondam
abutres à nossa roda
Mas não me lembro do nome
da rua que assim recordo
soberba se bem que tosca
direita se bem que torta
com um Sol que tanto a doura
como a seguir a devora
Em troca darei o troco
do que por nada se troca
o florescer de uma bomba
o deflagrar de uma rosa
Quero essa rua de Roma
AmanhãxxxOntemxxxAgora
Que importa saber-lhe o nome
se a trago dentro dos olhos
Há uma igual em Verona
Outra ainda mais a norte
Outra talvez nem tão longe
num burgo que o mundo ignora
Outra que apenas se encontra
onde a paixão a descobre
Mas rua sempre de Roma
Romana em todo o seu porte
mistura de alma e de corpo
aquémxxxalémxxxdo ilusório
Romana mesmo que em Roma
não haja quem a recorde
Onde quer que o sexo a sonhe
e o coração a coloque
é lá que todo sou todo
Aqui nãoxxxAqui não posso
David Mourão-Ferreira
In: Os ramos os remos. Porto: Areal, 1985, p. 25-28
Época Áurea da Tipografia.
A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra expõe, no espaço das Prisões Académicas da Universidade de Coimbra (Biblioteca Joanina), um pequeno núcleo de obras impressas nas oficinas dos mais importantes tipógrafos do séc. XVI.
A Mostra Bibliográfica dedicada à Época Áurea da Tipografia decorre de 2 a 30 de Junho.
Hoje quando me dirigi para ver esta exposição deparei-me com um horário diferente do site onde retirei a informação. Assim, para quem quiser visitar a exposição e a Universidade de Coimbra pode fazê-lo entre as 9:30 h e as 19:30 h.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Pés felizes!
O que eu hoje tinha querido...
Lembram-se de um jogo que havia, ou ainda há, em que nos levavam nos braços, sem colocar os pés no chão? O jogo da cadeirinha (?)... bom aqui fica uma ilustração usando um pormenor do famoso quadro de Brueghel
Pois é... estive quase para pedir a alguém que me levasse assim... é que já não sinto os pés...
Sofrer, sofrer, para ficar culto! Risos...
Pregio e bellezza
Venho pedir desculpa por ter dado uma informaçao errada acerca desta exposição que se encontra no Palácio Pitti, em Florença.
Tinham-me informado tratar-se de uma mostra sobre Botticelli. Afinal é sobre camafeus e incisões no tempo dos Médicis. E o quadro de Botticelli (de Frankfurt) que serve de cartaz só chegará à exposição no último dia, 27 de Junho. Um embuste! De tal forma que já puseram uma faixa no cartaz, avisando o público.
Tinham-me informado tratar-se de uma mostra sobre Botticelli. Afinal é sobre camafeus e incisões no tempo dos Médicis. E o quadro de Botticelli (de Frankfurt) que serve de cartaz só chegará à exposição no último dia, 27 de Junho. Um embuste! De tal forma que já puseram uma faixa no cartaz, avisando o público.
Verdes são os campos...
A bela voz de Teresa Silva Carvalho canta uma redondilha de Luís Vaz.
Com um agradecimento técnico-literário a HMJ.
Com um agradecimento técnico-literário a HMJ.
Um hino oficioso
O primeiro andamento - Allegro Eroico - da Sinfonia em Lá Maior À Pátria, Opus 13, de Vianna da Motta.
10 de Junho
“Essa viagem para o desconhecido – entendida por Camões como propósito da vida – foi também o que propôs como função superior da vida de cada homem e a justificação superior de haver tal coisa como uma pátria. Os Lusíadas são uma história de amor de toda a nação portuguesa a qual por sua vez representa toda a humanidade.”
Hélder Macedo, “Homem formado só de carne e osso”, Revista Camões, nº 2/3
Hélder Macedo, “Homem formado só de carne e osso”, Revista Camões, nº 2/3
A vinheta desta semana destina-se, naturalmente, a Camões.
O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
In memoriam de Luís Vaz de Camões
Museu do Chiado, Lisboa, Portugal
ODA XII
(…)
IV
O Ceo desempedido
Mostrava o Lume eterno das Estrelas;
E de flores vestido
O Campo, brancas, roxas, & amarellas.
Alegre o bosque tinha, alegre o monte,
O prado, o arvoredo, o rio, a fonte.
Rimas Várias de Luís de Camões, (Comentadas por Manuel Faria de Sousa), Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda [Edição Comemorativa], 1972, p.196.
"Camões", filme de Leitão de Barros realizado em 1946.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Arrivederci Roma
Para a MR e o JAD, agradecendo o postal, com amizade fraterna, e desejando que o arrivederci ainda venha longe e que gozem a beleza de Roma e sorvam bem o ar da civilização, que por
enquanto ainda não terá entrado em crise nem terá sido alvo de nenhum PEC.
«Sapato, não!»?
http://flabbergasted2.wordpress.com/2008/05/15/saltos-suplicio-seducao-i/
Parece-me que assim será: «sapato, sim!», com saltos e tudo.
(Recordando a Gabriela de Jorge Amado.)
In memoriam - Charles Dickens
Faz hoje 140 anos que morreu Charles Dickens. Em sua memória deixo um trailer com uma das suas histórias mais conhecidas: David Cooperfield.
David Copperfield é um telefilme realizado por Peter Medak em 2000 e Hugh Dancy encarnou o personagem.
A mais inclinada do mundo
A estada dos nossos MR e JAD em terras italianas motivou-me a publicar este post e verão porquê. Refere-se à "Capital Gate", a nova torre constuída em Abu Dabi. Além da arquitectura hiper-moderna distingue-se ainda pela sua estrutura inclinada a partir do 12º andar, tendo destronado a Torre de Pisa. Ao contrário desta, a "Capital Gate" foi propositadamente desenhada para assumir aquela forma e por isso já figura no Guiness como a construção mais inclinada do mundo. Com 160 metros de altura e 35 andares, esta torre vai ser sede de um hotel de cinco estrelas e terá escritórios. Deverá estar terminada no final de 2010.
António Manuel Couto Viana -1923 / 2010
Morreu discretamente aos 87 anos, como viveu a maior parte da sua vida dedicada à poesia, ao teatro, à música. Ligado ideológicamente ao Estado Novo, sobretudo aos valores da Pátria que cantou em belíssimos poemas, viu ser-lhe feita alguma justiça na última década, com a publicação pela Imprensa Nacional em 2004, da sua obra poética "António Manuel Couto Viana - 60 anos de Poesia".
Falando da sua morte, Mário Cláudio, disse que "foi muito injustiçado, porque era dos poucos escritores de talento que estavam ao lado do Antigo Regime" e Jorge Letria, vice-presidente da SPA, referiu que "morreu um poeta de grande mérito com um percurso discreto por razões ideológicas".
O PÁSSARO FATAL
Aquele pássaro inquieto e inquietador
Que ia poisar-me na mão aberta
E me escrevia juventude e amor
Na minha letra desenhada e certa,
Vou, há quanto tempo, do meu céu.
Deixou-me algumas penas. Mas nenhuma
Sabe traçar aquele que sou eu,
Oculto, agora, em solidão e brum
Com saudades lembro as suas asas,
Palpitantes, no alor da Primavera,
Sobre o meu coração, voando, rasas,
A fremir a a arfar: espera! Espera!
A esperar, afinal, este final?
Porque não findas, poeta, quando finda
O voo desse pássaro fatal
E, já sem nada seres, vens escrever-te ainda?
Sul - Nuno Júdice!
Teatro grego, fotografia tirada da Acrópole de Atenas
SUL
Tudo, ali, é simples e complexo: a luz,
a solidão, o olhar que se comove com o cair
da noite e com o nascer do dia; e, até,
os risos de mulheres que se ouvem desde longe,
trazidos pelo ar cuja transparência se sente
na própria respiração. No entanto, debruço-me
da varanda e dou por que algo se oculta,
para além dos muros e dos quintais, e chama
por mim sem que eu possa responder. Então,
volto para dentro; preparo o café; e
enquanto a água ferve o mistério desaparece,
inútil e excessivo, no início da tarde.
Nuno Júdice, As Regras da Perspectiva, Lisboa: Quetzal, 1990 p.16.
Chico Buarque, Mulheres de Atenas
Tudo, ali, é simples e complexo: a luz,
a solidão, o olhar que se comove com o cair
da noite e com o nascer do dia; e, até,
os risos de mulheres que se ouvem desde longe,
trazidos pelo ar cuja transparência se sente
na própria respiração. No entanto, debruço-me
da varanda e dou por que algo se oculta,
para além dos muros e dos quintais, e chama
por mim sem que eu possa responder. Então,
volto para dentro; preparo o café; e
enquanto a água ferve o mistério desaparece,
inútil e excessivo, no início da tarde.
Nuno Júdice, As Regras da Perspectiva, Lisboa: Quetzal, 1990 p.16.
Chico Buarque, Mulheres de Atenas
terça-feira, 8 de junho de 2010
JARDINS DA VILLA D’ESTE
Ó perpétuo Setembro de uvas de água
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxcachos
Em miríades
De cascatas
Ó delírio liberto em geometria
Dionisíaca
Abundância
Celeste
Ó dança religando tudo
Água rumor de água musgo árvores grutas estátuas séculos
Escadarias
E escadarias
Fontes
Surpresa
Festa
Paz infinita
Villa d’Este
10 de Ago. de 1969
Alberto de Lacerda
Fauno de Barberini
Existe nos Musei Capitolini uma réplica, reduzida, da famosa estátua helénica que se conserva em München (Munique). Hoje, ao olha-lá, senti uma identificação, fruto do cansaço e fadiga de calor em que me encontrava após a viagem até à villa d'Este. No regresso até o autocarro avariou e tivemos de fazer um quilómetro extra a pé...
Livros? ...para quê?
Livros? ... Para quê? É com estas duas questões que mostro a minha perplexidade quanto a um artigo que li no blogue "Ler" e no Telegraph. Nathan Dunne foi o criador desta ideia: livros em vinil. Faz-me muita confusão um livro que não se pode manusear, folhear e cheirar.
Em CD já é mau em vinil julgo que será ainda pior.
Desbragadamente hilariante
David Sedaris é um dos escritores de humor mais conhecidos e de maior sucesso nos EUA. Este mestre da sátira que colabora regularmente com a New Yorker, a Esquire, a G.Q. e a NPR, autor de vários best-sellers, galardoado em 2001 com o Thurber Prize for American Humor e considerado pela Time o humorista do ano (também em 2001), voltou a surpreender-nos com um novo livro sobre alguns dos seus temas favoritos: a família, os relacionamentos e os desconhecidos meio loucos que encontramos no autocarro, na fila do supermercado ou até no apartamento do lado. Álbum de Família é a mais recente obra deste humorista norte-americano disponível nas livrarias a partir de 11 de Junho. Um dos jovens talentos americanos mais mordazes e deliciosos. (The Washington Post) ou Dramaturgo, escritor, estrela de rádio e duende de Natal reformado, David Sedaris é provavelmente o nova-iorquino mais brilhante e espirituoso desde Dorothy Parker. (New York Magazine) foram elogios que alguns dos mais respeitados títulos americanos escreveram sobre ele e o novo livro. Mas o humor de Sedaris também é frequentemente comparado com o de Woody Allen e entre nós o seu talento remete-nos para Miguel Esteves Cardoso nos tempos áureos de O Independente. Tal como MEC fazia, Sedaris escreve a brincar sobre coisas sérias e faz-nos pensar com isso. Dele já li o Diário de um Fumador, se não estou em erro o primeiro livro a ser editado em Portugal, também pela Contraponto. É o relato de um quotidiano muito especial em que acontece tudo o que é mais bizarro, e mesmo o que é relativamente normal, ele transforma numa história divertidíssima. Ainda no Diário de um Fumador destaco o texto final desta compilação, em minha opinião o mais bem conseguido em que o autor retrata o seu dia-a-dia enquanto tentava deixar de fumar, vício que apanhou da sua mãe que morreu de um cancro de pulmão. Ainda a própósito de Álbum de Família, não resisto a transcrever a crítica ao livro feita pelo Minneapolis Star Tribune: Não recomendo que leia o livro na praia. Vai rir tanto que fica com a banha toda a abanar. Embora um tanto deselegante a apreciação escapa ou não tivesse a ver com a pessoa e a obra de David Sedaris.
Dia Mundial dos Oceanos
Lady Day
Schumann: 200 anos
Passam hoje (8 de Junho de 2010) 200 anos sobre o nascimento de Robert Schumann. Está no meu programa de hoje ouvir um concerto evocativo.
Superstições
Não conheço este livro, pela amostra deve ser interessante
LAURIOZ (Hubert). — DICIONÁRIO DAS SUPERSTIÇÕES, Lisboa, Círculo de Leitores, [1999], 284 págs.
Informação publicitária:
“A alface é contraceptiva... Uma mulher menstruada não consegue fazer um molho... Para eliminar uma verruga do nariz, é preciso fazer deslizar um caracol por cima dela... A superstição tem o seu lado de fantasia, de irracionalidade e de delírio, pode provocar o riso ou consternar. (...)”
LAURIOZ (Hubert). — DICIONÁRIO DAS SUPERSTIÇÕES, Lisboa, Círculo de Leitores, [1999], 284 págs.
Informação publicitária:
“A alface é contraceptiva... Uma mulher menstruada não consegue fazer um molho... Para eliminar uma verruga do nariz, é preciso fazer deslizar um caracol por cima dela... A superstição tem o seu lado de fantasia, de irracionalidade e de delírio, pode provocar o riso ou consternar. (...)”
vita brevis!
vita brevis
a vida breve, revele-a
a pulsação que lateja
no efémero da camélia,
ou no lustro da cereja,
é a do coração que dita
a dor que lhe sobejou
e tenta deixá-la escrita
mas não conta o que escapou
pelo espelho, quando a máscara
vai perdendo o frenesim,
e agora tanto lhe faz: para
o caso é mesmo assim,
nem há lixa ou aguarrás
que apague as marcas que traz.
Vasco Graça Moura, Uma Carta no Inverno,Lisboa: Quetzal, 1999, p.15.
a vida breve, revele-a
a pulsação que lateja
no efémero da camélia,
ou no lustro da cereja,
é a do coração que dita
a dor que lhe sobejou
e tenta deixá-la escrita
mas não conta o que escapou
pelo espelho, quando a máscara
vai perdendo o frenesim,
e agora tanto lhe faz: para
o caso é mesmo assim,
nem há lixa ou aguarrás
que apague as marcas que traz.
Vasco Graça Moura, Uma Carta no Inverno,Lisboa: Quetzal, 1999, p.15.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Frutas - 7
Jan Van Kessel (1626-1679)
Natureza-morta com ostras, flores, frutas e animais
Roma, Galeria Doria Pamphilj
Vamos jantar, mas não nos espera este banquete.
Outra escolha da Galeria Doria Pamphilj. E como se chamará a esta natureza, misto de morta e viva? Tem um cão e vários pássaros. Mas isto foi só uma graça, não é para reabrir a discussão sobre naturezas-mortas.
Aviso para os amigos
desafio pouco desafiante
O Fado e o violino
O violino é o da polaca Natalia Juskiewickz que se apaixonou por Portugal e pelo Fado.
Será que vamos conseguir ver?
«Giove, Nettuno e Plutone» é um mural a óleo, de Caravaggio, que se encontra na Villa del Monte, conhecida como Casino dell'Aurora, ou Casino di Villa Boncompagni Ludovisi, propriedade da família Boncompagni, desde 1621. Por ocasião da exposição sobre Caravaggio, foram organizadas umas quantas visitas a esta pintura. Inscrevemo-nos, mas ainda não recebemos resposta. Será que vamos conseguir vê-la? Parece ser uma oportunidade única.
http://www.princenbl.com/villa_aurora.php
Gravura de Giuseppe Vasi.
http://www.romeartlover.it/Vasi189.htm
A área do jardim está reduzida, já que no final do século XIX foram vendidos vários terrenos para a construção de hotéis, etc.
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