Prosimetron
sábado, 30 de junho de 2012
Em língua portuguesa (I)
Após a postagem de MR em memória de Jorge Amado, faço referência às terras do pau-brasil com o poema de Cecília Meireles.
CANTATA
DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
A MUI LEAL E HERÓICA CIDADE DE SÃO SEBASTIÃO
A Carlos Lacerda
"Levantemos a cidade, que ficará por
memória do nosso heroísmo e exemplo
de valor às vindouras gerações, para
ser a rainha das províncias e o
empório das riquezas do mundo."
(Frase atribuída a Estácio Sá, por ocasião
da fundação da Cidade, em 1565.)
I/ A FUNDAÇÃO
TERRA DO BRAVO TAMOIO, círculo de aldeias em
[tôrno da água redonda:água coberta de ilhas, altas montanhas, florestas longas.]
Pau-brasil! Pau-brasil! E os ares cheios de asas,
[amarelas, verdes, azuis e pelo chão as cobras, o caitetu, o tapiraçu...
Ali, o rio que vem da montanha, ali, as igaras, as
[rêdes, as flechas, maracás, tacapes, a cantiga, a dança, o combate, a festa...]
"Venham todos para a festa,
venham devorar um bravo:
a sorte da guerra é esta..."
Cobrinha, um momento para:
quero imitar teu primor
e fazer cintura rara
para dar ao meu amor
No céu, as estrêlas; nas águas, os peixes, também
[a brilhar?:
acaráguaçu, acará-mirim, curimã...
Terra do bravo tamoio, tão bem cobiçada, tão mal
[conhecida!
De bem longe chegam naus de gente estranha,
[falando outras línguas.
Oh, rio enganoso... pois a água redonda é seio
[do mar,
enseada, baía, Guanabara, Guana-bará...
(Entre as flechas que voam, os portuguêses
[descobridores
desembarcaram, com a fé e a coragem de um
[punhado de homens.
aqui entre os morros, começaremos a
[fortaleza:
bateremos os invasores, roçaemos a terra,
[cortaremos madeira para a cêrca.
E fortes seremos, por D. Sebbastião, o futuro
[rei,
e por S. Sebastião que de setas crivado
[também morreu.
"LEVANTEMOS A CIDADE QUE FICARÁ POR MEMÓRIA
[DO NOSSO HEROÍSMO...
(...)
Cecília Meireles, Obra Poética,Biblioteca Luso-Brasileira,São Paulo: Companhia José Aguilar Editôra, 1967, p. 854-855.
Pau-brasil! Pau-brasil! E os ares cheios de asas,
[amarelas, verdes, azuis e pelo chão as cobras, o caitetu, o tapiraçu...
Ali, o rio que vem da montanha, ali, as igaras, as
[rêdes, as flechas, maracás, tacapes, a cantiga, a dança, o combate, a festa...]
"Venham todos para a festa,
venham devorar um bravo:
a sorte da guerra é esta..."
Cobrinha, um momento para:
quero imitar teu primor
e fazer cintura rara
para dar ao meu amor
No céu, as estrêlas; nas águas, os peixes, também
[a brilhar?:
acaráguaçu, acará-mirim, curimã...
Terra do bravo tamoio, tão bem cobiçada, tão mal
[conhecida!
De bem longe chegam naus de gente estranha,
[falando outras línguas.
Oh, rio enganoso... pois a água redonda é seio
[do mar,
enseada, baía, Guanabara, Guana-bará...
(Entre as flechas que voam, os portuguêses
[descobridores
desembarcaram, com a fé e a coragem de um
[punhado de homens.
aqui entre os morros, começaremos a
[fortaleza:
bateremos os invasores, roçaemos a terra,
[cortaremos madeira para a cêrca.
E fortes seremos, por D. Sebbastião, o futuro
[rei,
e por S. Sebastião que de setas crivado
[também morreu.
"LEVANTEMOS A CIDADE QUE FICARÁ POR MEMÓRIA
[DO NOSSO HEROÍSMO...
(...)
Cecília Meireles, Obra Poética,Biblioteca Luso-Brasileira,São Paulo: Companhia José Aguilar Editôra, 1967, p. 854-855.
No centenário de Jorge Amado - 1
Mem Martins: Europa-América, 1992
Este foi o último livro de Jorge Amado que li. E trago-o hoje porque este ano celebra-se o centenário do seu nascimento, dedicando-lhe a Biblioteca Nacional de Portugal, a Casa Ferreira de Castro e o Museu do Neorrealismo exposições.
Um livro de histórias, de estórias, entre o riso e a tragédia. O homem e o escritor estão aqui: os seus anos como comunista, as suas prisões, as suas viagens, as suas paixões, a família e os amigos. E a sua terra: Salvador da Bahia.
Dele transcrevo uma memória porque há por aqui umas apreciadoras de Alçada Baptista:
Dele transcrevo uma memória porque há por aqui umas apreciadoras de Alçada Baptista:
Lisboa, 1989 - a tia
A cada encontro no restaurante de Mimi, no Parque Mayer - sem o Restaurante Amadora, o Parque já não é o mesmo -, António Alçada Baptista apresenta-me à mais bela de ofícios diferentes: a mais bela advogada de Portugal, a mais bela redatora, a mais bela dançarina e por aí vai, são muitas. A mais bela? Maneira de louvar do sedutor: bonitas todas, umas mais, outras menos, charmosas, elegantes, sobretudo apaixonadas. António as pastoreia, ar de frade em férias, pecaminoso.
«Ensaísta consagrado, polémico, António estreou na ficção com romance que fez época, entusiasmo da crítica, prémios, best-seller, O nó e os laços: o começo do livro é um achado. [...]
«Outro romancinho, Tia Suzana, meu amor [...], descreve as intimidades de pensamento, religião e cama do narrador, um rapazola - o autor fazendo-se de personagem? Só o próprio António poderia responder - e uma sua tia, balzaquiana. Na cama coçam-se mutuamente as costas, catam-se cafunés, trocam beijinhos [...] e nada mais acontece, acredite quem quiser. Dela decerto, dessa tia meio freira meio iaba, herdou António o ar de frade em férias, prevaricador.
«- Tu queres me convencer, António, que jamais tu e tua tia chegaram às vias de facto?
«- Primeiro não somos eu e minha tia, são o personagem e a Suzana, tia dele. Mas, ainda que fôssemos eu e a tia, posso te garantir que tudo não passou de ternura, nada além das cosquinhas.
«- As cosquinhas, os cafunés, os toques, os beijinhos, o fornicoques, tudo platónico?
«- Tudo. Mais pura e inocente que tia Suzana nunca houve.
«António Alçada Baptista fala sério, o ar de frade imaculado. Acredite quem quiser, eu hein! não sou daqui, não conheço os costumes locais, os hábitos de cama, na Bahia tia Suzana não escapava.» (p. 41-42)
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Vinheta - TPI
Na falta de oportunidade de vinheta comemorativa de uma final, escolhi lembrar o número redondo de "velas", a apagar pelo Tribunal Penal Internacional no próximo domingo.
Dez anos é certamente muito pouco para se avaliar da efectividade do avanço civilizacional que se pretendeu com a institucionalização deste meio de reacção contra condutas que afectam a Humanidade no seu todo.
Sendo o direito internacional, também o penal, mais atreito à labilidade ditada pelas relações de força (posto que estas, como temos visto, igualmente se sintam - ou pressintam - internamente), a criação deste tipo de estruturas, devidamente credibilizada pela postura dos seus actores, é, pelo menos, uma oportunidade.
Este é o vídeo disponibilizado na página criada para comemoração destes dez anos.
Bom dia de São Pedro e São Paulo!
Um quadro por dia
Neste dia de São Pedro e São Paulo, a visão de Giuseppe Cesari : Nossa Senhora e o Menino com São Pedro e São Paulo, 1608, óleo sobre tela.
Edward Quinn em Cannes
Sophia Loren, 1961
Audrey Hepburn e Mel Ferrer
Winston Churchill e Maria Callas
Jane Fonda e Alain Delon, 1964
São Pedro
Francesco del Cossa - São Pedro, 1473
Milão, Pinacoteca di Brera
«Dia de São Pedro, vê o teu olivedo e, se vires um bago, espera por um cento.»
quinta-feira, 28 de junho de 2012
O regresso do mestre do mistério
Chega hoje às livrarias portuguesas mais um livro de Carlos Ruiz Zafón - "O Prisioneiro do Céu". Inspirado no filme "Vertigo" e nos clássicos da literatura "Os Miseráveis" e "O Conde de Monte Cristo", para o entender convém ter lido os volumes anteriores. É uma edição da Planeta.
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Futebol nas Letras - 24
Portugal e Itália na final
José Medeiros Ferreira
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/opiniao-euro-2012/medeiros-ferreira/portugal-e-italia-na-final
Portugal-Itália é a final que antevejo como notícia, porque Michel Platini já redigiu a outra que oporia a Alemanha à Espanha, e essa só sobre o nosso cadáver!
A Itália foi até aqui a revelação do torneio, e nela joga Andrea Pilro, enquanto a equipa da Baviera tem o remate potente mas sem nota artística.
Quanto à Espanha é um Barcelona-menos, pois falta-lhe o Lionel Messi, e o David Villa que está fora de jogo. Vicente Del Bosque prescinde do ponta-de-lança, o que pode baralhar o Bruno Alves, mas o matulão pode vingar-se na baliza adversária com um golo no seguimento de um pontapé de canto, fazendo jus a esta coluna! Portugal terá ponta, Hugo Almeida ou Nélson Oliveira, mas nem sempre chega se não acertar com os passes.
De resto, a ‘família do futebol’ já se queixa, em preventiva, do cabeça-de-turco do árbitro, depois de se ter queixado do relvado contra os checos. Queixar é a nossa forma de rezar à Senhora de Caravaggio…
José Medeiros Ferreira
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/opiniao-euro-2012/medeiros-ferreira/portugal-e-italia-na-final
Jubileu da rainha Vitória
Nata Lisboa
O Príncipe Real continua a seduzir novas lojas e novos conceitos que ali querem fixar-se, como o caso do Nata Lisboa. Inauguradoe esta semana, é um espaço que funciona no local onde também se encontram a Fabrico Infinito e a livraria Babel. Estaladiço e servido morno, o novo pastel de nata de Lisboa é "fabulástico" - diz que já o provou - e que nada fica a dever ao pastel de Belém. Boa sorte para o novel nata da capital que está a preparar a sua internacionalização. Quer levar Lisboa ao mundo.
Poemas - 62
Juan Gris, A janela aberta.
Je ne savais pas que la fenêtre
ouvrait le monde
ouvrait mon corps au monde
que la fenêtre était une
telle joie
que tout mon corps
en est la reconnaissance
où il n'y a plus de différence
entre les yeux fermés
et les yeux ouverts
- Henri Meschonnic ( 1932-2009 ), in L' obscur travaille.
Je ne savais pas que la fenêtre
ouvrait le monde
ouvrait mon corps au monde
que la fenêtre était une
telle joie
que tout mon corps
en est la reconnaissance
où il n'y a plus de différence
entre les yeux fermés
et les yeux ouverts
- Henri Meschonnic ( 1932-2009 ), in L' obscur travaille.
Jeff Koons em Basileia
Está uma exposição de Jeff Koons em Basileia, na Fundação Beyeler, até 2 de setembro próximo. No vídeo de baixo, a comssária Theodora Vischer guia-nos pela exposição.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Guias - 15
Luís Cardim - Vila Viçosa. Porto: Marques Abreu, 1953.
(A arte em Portugal; 17)
Ed. bilingie: port. e francês.-
«Na fachada principal [do Paço Ducal] abrem-se quatro largos portões de volta plena, dois no centro e dois quase nos extremos. O portão central do lado Sul é o que dá acesso à Biblioteca, instalada no rés-do-chão.
«Além da Sala de leitura pública, a Biblioteca dispõe de dois excelentes gabinetes individuais para investigação erudita, a sala das publicações periódicas, a casa forte para os reservados, entre os quais avultam, pela raridade, os preciosos manuscritos, incunábulos e livros do século XV [sic] e XVI que constituíram a coleção de cimélios de D. Manuel II e estão descritos na obra monumental Livros raros portugueses - e ainda o que resta do arquivo musical do palácio.
«O fundo geral conta hoje cerca de 50000 volumes.» (p. 15)
Henrique Pousão - Auto-retrato, 1876
Este auto-retrato de Henrique Pousão, já anteriormente postado no blogue, por JMS, encontra-se reproduzido na última página deste guia.
Henrique Pousão nasceu e faleceu em Vila Viçosa, respetivamente, em 1de janeiro de 1859 e 20 de março de 1884.
É espantoso que não haja, neste guia, uma referência a outra filha da terra: Florbela Espanca.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Boa noite!
Há dias a Ana fez um post sobre «Where have all the flowers gone». Deixo hoje a versão de Peter, Paul and Mary, a primeira que ouvi. E já agora «This land is your land».
Hoje faz anos um amigo que me deu a conhecer Peter, Paul and Mary, para além de Jean Ferrat.
O «Tesouro dos remédios da alma» - 9
Salamanca, Biblioteca Geral Histórica (Edifício das Escuelas Mayores)
«Falo de mim porque é o homem que tenho mais à mão.»
Miguel de Unamuno
domingo, 24 de junho de 2012
Os gestos que fizemos?
Sei o que fui, sei ainda o que sou. Mas tal não contribui em nada para o que serei. Um só gesto e os outros vêm ao museu em que estamos embalsamados, arrancam-nos o rótulo, não querem mais saber de nós, dizem que traímos. O que fomos? O que ainda ontem fomos? Os gestos que fizemos? Não. Não querem saber. Podem ter sido gestos da mais espantosa pureza, que em nada contribuem para que os outros nos perdoem. Pelo contrário. Esses gestos, pela sua própria beleza, mais ainda nos condenam, mais ainda nos enterram.
Augusto Abelaira, A Cidade das Flores, Lisboa: Bertrand, 1972, p. 127-128.
Mais flores
Ambrosius Bosschaert O Velho ( 1573-1621 ), Bouquet de fleurs dans un vase de bronze, 1621, óleo sobre cobre.
Passaram estas flores de uma colecção particular francesa para outro particular, no dia 1 deste mês em Paris e pela quantia de 1,6 milhões de euros.
Edward Quinn
Ofereceram-me este livro com fotos de Edward Quinn, de que gostei bastante. Um retrato da vida social da Côte d'Azur nos anos 50 do século passado. Estrelas de cinema, músicos de jazz, cantores, armadores, políticos, pintores e literatos frequentam a Riveira francesa e são fotografados pelo irlandês Edward Quinn. Proximamente, hei-de colocar algumas fotos de Edward Quinn.
Há um filme em dvd sobre o mesmo assunto, que pode ser visto em baixo:
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