Prosimetron
sábado, 29 de maio de 2021
Cafés
Amélia em Campo de Ourique
«De Portugal a São Petersburgo, temos cafés, lugares onde podemos instalar-nos de manhã, pedir um café ou um copo de vinho, passar o dia a ler jornais de todo o mundo, a jogar xadrez e a escrever. A lista dos livros magníficos que foram escritos em cafés +e enorme. Há pessoas que sempre escreveram nesses lugares e preferem essa forma de vida. Não há cafés em Moscovo, uma cidade que faz fronteira com a Ásia. Há uma fronteira clara: Odessa assinala o limite do café. Eu sou uma criatura do café, não do pub. [...] Sinto-me em casa em qualquer sítio da Europa porque logo que chego me dirijo a um café, ou desafio alguém para um jogo de xadrez, ou peço que me tragam os jornais naquelas estruturas de madeira antigas onde são enrolados. É a sociedade mais igualitária do mundo porque, pelo preço de um café ou de um copo de vinho, se pode ficar o dia inteiro à mesa, a escrever ou a fazer outra coisa. Depois das aulas em genebra, os meus alunos sabiam em que estabelecimento eu tomava o segundo café da manhã ou um copo de vinho branco e apareciam para conversar. É aí que a vida intelectual fervilha.
«São questões muito difíceis; é inútil negociarmos quer com as nossas paixões, quer com os nossos maiores erros. Os meus filhos diriam que a América é o futuro e talvez já seja o presente. Preferiram viver assim, orgulho-me deles e gosto ed os visitar muitas vezes. Mas as minhas memórias são demasiado poderosas, a educação francesa foi demasiado forte. Porque não vou para o céu? Sem dúvida, por excelentes razões morais, mas também por razões muito mais práticas: já lá estive. O que é o céu? É a Galleria em Milão. Eu sentado à frente de um capuccino a sério, o La Stampa, o Frankfurter Allegemime, o Le Monde e o Times. Tenho um bilhete para o La Scala no bolso e sinto os dez ou doze cheiros complexos da Galleria - do chocolate, da padaria, das vinte livrarias (que estão entre as melhores do mundo); os sons dos passos das pessoas dirigindo-se à opera ou aos teatros nessa noite; o modo como Milão vibra em nosso redor. Já lá estive, não terei direito a um segundo céu.»
Entrevista de George Steiner a Ronald A. Sharp para a Paris Review, 1995.
In: Entrevistas da Paris Review. Lisboa: Tinta da China, 2017, vol. 3, p. 131-132.
Um tema que George Steiner retomou em Uma ideia de Europa.
sexta-feira, 28 de maio de 2021
Brincar
Quadro de Elena Narkevich
Artigo 31.º da Convenção dos Direitos da Criança:
1. Os Estados Partes reconhecem à criança o direito ao repouso e aos tempos livres, o direito de participar em jogos e atividades recreativas próprias da sua idade e de participar livremente na vida cultural e artística.
2. Os Estados Partes respeitam e promovem o direito da criança de participar plenamente na vida cultural e artística e encorajam a organização, em seu benefício, de formas adequadas de tempos livres e de atividades recreativas, artísticas e culturais, em condições de igualdade.
Caixa do correio - 176
Um selo francês comemorativo do centenário da estreia de The Kid.
O Garoto de Charlot estreou em 21 de janeiro de 1921, no Carnegie Hall de Nova Iorque. Em Portugal, estreou no dia 28 de maio de 1921.
quinta-feira, 27 de maio de 2021
Simone Veil: «Nous vous aimons, Madame»!
Reunião do Conselho Nacional da Resistência há 79 anos
Verso e reverso de uma moeda de 500 FF de 1993, comemorativa do cinquentenário da primeira reunião do Conselho Nacional da Resistência, que teve lugar em Paris.
48, rue du Four
quarta-feira, 26 de maio de 2021
Boa noite!
Uma escolha da Maria:
Marcadores de livros - 1890
IN, 2021
Doces momentos é uma compilação de 83 receitas práticas de doces: as mais visitadas do blogue Faz e Come e outras novas.
Parabéns, APS!
Dado que Ramón Gómez de la Serna disse que «O livro é um pássaro com mais de cem asas para voar», aqui deixo, com votos de que tenha um dia feliz, Saudades de Portugal, título de uma recolha de textos que esse escritor espanhol dedicou a Portugal, país de que gostava e onde viveu.
Lisboa: Abysmo, 2019
terça-feira, 25 de maio de 2021
Boa noite!
Em maio 2018 na Philharmonie de Paris, a libanesa Abeer Nehme, a palestiniana Dalal Abu Amneh e a egípcia Mai Farouk interpretaram os maiores sucessos de Oum Kalthoum, Fairouz, Warda ou Asmahan, numa celebração da canção árabe no feminino. Um ótimo espetáculo.
Divas: d'Oum Kalthoum à Dalida
O IMA (Paris) presta uma homenagem às maiores artistas mulheres da música e do cinema árabe do século XX, com uma exposição que celebra tanto a sua história como a sua herança contemporânea. Mais uma exposição (aberta até 26 de setembro) que tenho pena de não poder ver.
Marcadores de livros - 1889
Encontra-se até 17 de outubro no Museu Nacional de Arqueologia a exposição Ídolos, olhares milenares, que veio do Museu de Alicante e a que foram acrescentadas peças do MNA. Muito boa!
Boninas
Telheiras
Alvalade
bonina do vale,
talvez não sentisse
nunca amor igual.
João de Deus. In «Lágrima celeste».
segunda-feira, 24 de maio de 2021
Leituras no Metro - 1075
Lisboa: Bertrand, 1965
«[... o] criador de ficção mais extraordinário - não se ria - do nosso tempo, que é Georges Simenon. Se tirar da estante uma dezena ou uma dúzia de Maigrets, os livros não demoram entre cinco a dez páginas a começar, como em Balzac, ou vinte em Dickens (que, tal como Balzac, demora mesmo muito a começar). Simenon trata disso em dois ou três parágrafos. Há um romance de Maigret que abre com um grande estrondo. Às três da manhã em Pigalle, o velho bairro de prostituição em Paris, o dono de um clube noturno puxa a cortina metálica para fechar. A partir desse ruído simples, tendo como pano de fundo o primeiro carrinho de leite, os passos daqueles que recolhem a casa para dormir e dos que começam a chegar a Les Halles para preparar o dia, Simenon descreve não só a cidade, não só algo da França que nenhum historiador conseguirá superar, mas também coloca perante nós as duas ou três pessoas que virão a ser importantes na história.»
George Steiner numa entrevista a Ronald A. Sharp para Paris Review, 1995.
In: Entrevistas da Paris Review. Lisboa: Tinta da China, 2017, vol. 3, p. 99.
domingo, 23 de maio de 2021
«Il était une fois la Neuvième»
«Chez la plupart des artistes, le ou les chefs-d’œuvre arrivent sans prévenir, à un moment ou un autre de leurs vies, par surprise, quand on ne les attend pas, ou plus. Rimbaud, tout jeune, avant le silence. Le Guépard pour Lampedusa, passé la soixantaine sans avoir rien écrit avant. Le Boléro, ovni chez Ravel... Pour d’autres, beaucoup plus rares, l’existence semble une lente montée, une élévation. Tout se passe comme si chaque œuvre préparait la suivante et que chacune avançait, jusqu’à parvenir à l’indépassable, l’ultime chant, celui du cygne, le plus beau en même temps que le plus complet.
«Avec son Requiem, Mozart illustre peut-être ce bouleversant mouvement vers le haut. Mais c’est Beethoven et sa Neuvième symphonie qui l’incarnent. Voici donc l’histoire de la Neuvième, la plus célèbre de toutes les symphonies. Voici l’histoire d’un génie, le plus fort et le plus fragile, le plus humain de tous les hommes. Et voici l’histoire d’un rêve d’Europe, le plus nécessaire de tous les rêves».
Erik Orsenna
O Théâtre des Champs Élysées (Paris) vai apresentar no dia 24 um programa (já reprogramado três vezes) em que Erik Orsenna |apresenta a história da Nona Sinfonia e Henri Demarquette (violoncelo) e
Michel Dalberto (piano) tocam peças de Beethoven.
Marcadores de livros - 1887
Não sei se hei de seguir este conselho. Será que «quem te aconselha teu amigo é»?
Auto-retrato(s) - 297
A obra de Helena Almeida é muito feita ed autorretratos.
Helena Almeida - Pintura Habitada, 1975
Helena Almeida - A casa,1979
Passeando em Lisboa - 27
Beco das Escolas Gerais, 19 maio 2021
Rua do Monte Olivete, 19 maio 2021
Uma das zonas de que mais gosto em Lisboa é a encosta que vai do Príncipe Real e Rua da Escola Politécnica até São Bento.
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