Hoje, quando fui ao cinema ver Caos calmo, de Antonio Grimaldi, protagonizado por Nanni Moretti, que recomendo vivamente, vi a apresentação de Faubourg 36, de Christophe Barratier, que em Portugal se vai chamar Paris 36. Não o vou perder e podem espreitá-lo:
http://www.faubourg36-lefilm.com/
Prosimetron
sábado, 27 de dezembro de 2008
Fim-de-Ano
What Are You Doing New Year's Eve?
Observações de um retornado
Tendo regressado recentemente à Pátria lusa, tenho vindo a deparar-me com realidades que provavelmente sempre achei normais, mas que depois de viver fora de portas me parecem menos. Vou escrevinhar umas de quando em vez.
- Este país tem uma luz linda -- menção especial para o Sol de Inverno.
- Este país tem uma luz linda -- menção especial para o Sol de Inverno.
Dezembro de 1957
O ano de 1957 foi fértil em clássicos da música ligeira, alguns passaram por este blogue, entre eles Diana de Paul Anka com que a MR nos presenteou em Outubro. Tal como Anka atingiu o topo dos charts britânicos, também o jovem Harry Belafonte triunfou com Mary's boy child: a partir de 23 de Novembro e até ao final desse ano, esta versão original, interpretada pelos Boney M 21 anos mais tarde, manteve a primeira posição dos discos mais vendidos ao longo de sete semanas. Em minha humilde opinião, uma das mais belas canções de Natal...
Os meus franceses - 52
Yves Scheer - «Oh! Paris», uma descoberta do Jad. Gostei e espero que gostem também.
Letra de Jean-Michel Bartnicki; música de Yves Scheer e Mario Tardi (2006).
Letra de Jean-Michel Bartnicki; música de Yves Scheer e Mario Tardi (2006).
Livros de cozinha - 5
Um dos presentes do meu Pai Natal (este não estava na lista).
Autoria: Rita João, Pedro Ferreira, Frederico Duarte
S.l., 2008
Não é bem um livro de cozinha, esta obra bilingue (português e inglês), que é um excelente repositório da pastelaria semi-industrial. Tem a consulta dificultada pela falta de um índice geral. Como se pode fazer um livro deste sem um índice? Até merecia um índice remissivo. Adiante!
O objectivo desta obra foi a relação da pastelaria semi-industrial portuguesa com o design.
Nela podemos encontrar os bolos que vemos (ou víamos) nas pastelarias portuguesas.
Os jesuítas que adorava quando era pequena, numa época que não era muito dada a doces...
Mais tarde foram os russos folhados...
Só não encontrei no livro os pingos de tocha que um amigo, há muitos anos, comia, ao pequeno almoço, na Cister...
Autoria: Rita João, Pedro Ferreira, Frederico Duarte
S.l., 2008
Não é bem um livro de cozinha, esta obra bilingue (português e inglês), que é um excelente repositório da pastelaria semi-industrial. Tem a consulta dificultada pela falta de um índice geral. Como se pode fazer um livro deste sem um índice? Até merecia um índice remissivo. Adiante!
O objectivo desta obra foi a relação da pastelaria semi-industrial portuguesa com o design.
Nela podemos encontrar os bolos que vemos (ou víamos) nas pastelarias portuguesas.
Os jesuítas que adorava quando era pequena, numa época que não era muito dada a doces...
Mais tarde foram os russos folhados...
Só não encontrei no livro os pingos de tocha que um amigo, há muitos anos, comia, ao pequeno almoço, na Cister...
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Morreu a mulher mais excitante do mundo
Eartha Kitt, já aqui referenciada, morreu quinta-feira última aos 81 anos vítima de cancro do cólon. Nascida na Carolina do Norte, Eartha iniciou a sua carreira como dançarina em Paris, com a célebre trupe de dança Katherine Dunham. Veio, depois, a música, o cinema, a televisão e o teatro, num percurso que viria a fazer dela uma artista lendária. Eartha Kitt foi das poucas artistas a ser nomeada para os Tony, os Grammy e os Emmy Awards, numa clara demonstração de que era senhora de um talento multifacetado.
Orson Wells admirava-a, tendo-a considerando a mulher mais excitante do mundo.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Harold Pinter
O dramaturgo britânico Harold Pinter, um dos escritores mais influentes da segunda metade do século XX, Prémio Nobel da Literatura em 2005, morreu ontem em Londres aos 78 anos, vítima de cancro.
Descrevia-se a si próprio como «dramaturgo, encenador, actor, poeta e activista político».
Publicou a sua primeira peça, O quarto, em 1957. No total escreveu 29 peças teatrais (como O monta-cargas, Feliz aniversário e Old times) e mais de 20 roteiros para cinema (entre os quais para o realizador Joseph Losey), para além de trabalhos para a rádio e a televisão, poesia, ensaios e um romance.
O seu estilo, conhecido como pinteresco (adjectivo incluído no dicionário de inglês de Oxford), caracteriza-se pelos silêncios, em dramas marcados por uma linguagem ambígua, por vezes cómica, geradora de um ambiente alienante.
Uma das suas suas últimas aparições ocorreu por ocasião da invasão do Iraque, tendo na ocasião afirmado: «A invasão do Iraque foi um acto de bandidos, um acto de flagrante terrorismo de Estado que demonstrou um desprezo absoluto pelo direito internacional». Toda a vida, Pinter defendeu causas como o desarmamento nuclear, a defesa de Cuba perante o embargo americano, gtendo atacado o bombardeamento da Sérvia em 1999 pela NATO.
Pinter dizia que a sua vida literária era «uma vida de prazer, desafio e entusiasmo», contrariando os excessos interpretativos da sua obra.
Natal em Roma
Os estimados leitores recordar-se-ão seguramente dos belíssimos posts sobre a Galleria Doria Pamphilj em Roma e a obra de Caravaggio, da autoria de Luís Barata e João Soares, respectivamente.
Um dos quadros mais apreciados do pintor intitula-se “O repouso na fuga para o Egipto” e encontra-se precisamente nesta galeria da capital italiana. Data provavelmente de 1595, cinco anos após a chegada de Caravaggio a Roma, e representa o primeiro quadro de maior dimensão e de inspiração religiosa. A obra anterior destacava-se por temas profanos e alegóricos, pintados em quadros de menor tamanho.
Caravaggio aborda este tema natalício do Evangelho segundo São Mateus de forma revolucionária: um anjo com um violino, virado de costas para o espectador, domina o cenário. À sua direita, vemos a Virgem e o Menino a dormir, retratados de modo idealizado, contrastando com o rosto de São José bem mais natural e realista, à esquerda. A sagrada família insere-se numa paisagem idílica que evidencia a influência da arte da Lombardia e de Veneza por onde Caravaggio passou antes de se fixar na cidade eterna.
Um dos quadros mais apreciados do pintor intitula-se “O repouso na fuga para o Egipto” e encontra-se precisamente nesta galeria da capital italiana. Data provavelmente de 1595, cinco anos após a chegada de Caravaggio a Roma, e representa o primeiro quadro de maior dimensão e de inspiração religiosa. A obra anterior destacava-se por temas profanos e alegóricos, pintados em quadros de menor tamanho.
Caravaggio aborda este tema natalício do Evangelho segundo São Mateus de forma revolucionária: um anjo com um violino, virado de costas para o espectador, domina o cenário. À sua direita, vemos a Virgem e o Menino a dormir, retratados de modo idealizado, contrastando com o rosto de São José bem mais natural e realista, à esquerda. A sagrada família insere-se numa paisagem idílica que evidencia a influência da arte da Lombardia e de Veneza por onde Caravaggio passou antes de se fixar na cidade eterna.
As notas da partitura que S. José segura em suas mãos não são pintadas ao acaso. Reproduzem um motete do compositor flamengo Noel Bauldwijn. A letra, extraída do Cântico dos Cânticos, começa com as palavras “Quam pulchra es” (Como és bela), dedicadas à Virgem.
A particularidade desta partitura leva-nos ao mundo sofisticado da clientela de Caravaggio que apreciava concertos e outras diversões eruditas.
A terminar este breve passeio a Roma, segue o excerto de um concerto de um outro artista que viveu em Roma: Arcangelo Corelli (1653 – 1713). Do seu Concerto fatto per la notta di Natale (concerto grosso, opus 6, nº 8), ficam os primeiros dois andamentos (o segundo é lindíssimo!) na excelente interpretação de um conjunto lamentavelmente não identificado.
Buon Natale!
Poesia e prosa de Natal - 25
Ao repto de MR todos respondemos. Começou com David Mourão - Ferreira e
e é também com ele que termina, neste dia de Natal
Acenda-se de novo o Presépio no Mundo!
Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos!
Como quem na corrida entrega o testemunho,
passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos.
E a corrida que siga, o facho não se apague!
Eu aperto no peito uma rosa de cinza.
Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade,
para sentir no peito a rosa reflorida!
Filhos, as vossas mãos! E a solidão estremece,
como a casca do ovo ao latejar-lhe vida...
Mas a noite infinita enfrenta a vida breve:
dentro de mim não sei qual é que se eterniza.
Extinga-se o rumor, dissipem-se os fantasmas!
O calor destas mãos nos meus dedos tão frios!
Acende-se de novo o Presépio nas almas.
Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos.
David Mourão - Ferreira
(1927 - 1996)
Os meus franceses - 50
Line Renaud - «J'ai vu maman embrasser le Père Nöel»
http://www.linerenaud.com/
http://www.linerenaud.com/
Boas Festas!
E o que escolhi especialmente para vós?
Estas barritas de ouro!*
Assim todos ficarão contentes, dado que poderão ser trocadas pelo que mais gostarem: uma casa no Chiado, um Ferrari, livros especiais, viagens (o tal passeio de ida e volta à Lua), o que quiserem, virtualmente claro. Sonhar é fácil!... E bom! «Pelo sonho é que vamos» (Sebastião da Gama)
O Pai Natal foi generoso?
*esta sugestão veio-me de um presente de um amigo - os lingotes são maravilhosos. Obrigada!
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Que tenham uma boa e bela noite...
Já prepararam o peru? Este ano calhou-me a mim essa missão. Está no forno há várias horas... Não entendo porque se continua a insistir nesta ave que toda a gente detesta... Um ano que não houve peru, todos perguntaram por ele. Parece que até faltava alguém de família... Enfim, a tradição pesa.
Também já sonhei ao fogão...
Deixo-vos com uma estrela de Natal
Boas Festas!
Também já sonhei ao fogão...
Deixo-vos com uma estrela de Natal
Boas Festas!
Uma tradição natalícia
Biografias, autobiografias e afins - 8
- Vincenzo Cabianca, Garibaldi a Caprera, 1870, Palazzo
Pitti ( Galeria de Arte Moderna ) .
Pitti ( Galeria de Arte Moderna ) .
Giuseppe Garibaldi é considerado um dos " Pais da Itália " , juntamente com Vítor Manuel, primeiro Rei de Itália, Camillo Cavour, o primeiro primeiro-ministro da Itália unificada, e Giuseppe Mazzini, o ideólogo da unificação. E por toda a Itália, é visível a gratidão a esta figura quase lendária- será difícil encontrar uma cidade italiana que não tenha uma via, corso, viale, ou piazza dedicada a Garibaldi. Tal como são muitos os monumentos e as placas que lembram o grande herói da Unificação italiana.
Biografias também há muitas, mas esta escrita por Alfonso Scirocco tem tido excelentes recensões e por isso a trago ao blogue. Sem querer diminuir a figura e a importância do seu biografado, Scirocco procura reconstituir desapaixonadamente o percurso do grande homem, com os respectivos sucessos e fracassos.
O subtítulo do livro- Cidadão do Mundo- é alusivo ao facto de Garibaldi ter sido um herói em dois continentes: na Europa e na América do Sul. Efectivamente, após o falhanço das primeiras revoltas em que se involveu, Garibaldi fugiu para a América do Sul em 1834 e aí viveu 14 anos: aderiu à Maçonaria, e chegou a vender pasta e a conduzir gado para ganhar a vida, embora tenha passado a maior parte desses anos de exílio com armas na mão- primeiro com os secessionistas do Rio Grande do Sul que queriam ser independentes do resto do Brasil, e depois ao serviço do Uruguai nas guerras com a Argentina. Aliás, foi no Brasil que conheceu a mulher da sua vida, a famosa Anita, com quem teve 4 filhos e que com ele regressou à Europa em 1848.
Os anos seguintes foram as extraordinárias campanhas militares que conduziram à unificação de Itália sob o domínio da Casa de Sabóia. Quando Garibaldi nasceu em Nice, o território pertencia formalmente à Casa de Sabóia embora estivesse sob ocupação francesa e havia oito estados no que hoje conhecemos como Itália ( Os Ducados de Parma, Modena e Lucca, o Grão-Ducado da Toscana, o Reino das Duas Sicílias, o Reino da Lombardia-Veneto- então parte do Império Austro-Húngaro, os Estados Papais e o Reino do Piemonte-Sardenha) , e muito graças ao seu génio militar e intuição política ( desde logo perceber que a unificação só resultaria com a Casa de Sabóia, a única dinastia verdadeiramente italiana ) foi uma realidade bem diferente a que Garibaldi deixou.
- Garibaldi: Citizen of the World, Alfonso Scirocco, traduzido do italiano por Allan Cameron, Princeton University Press, 2008.
Poesia e prosa de Natal - 24
DIA DE NATAL
Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros – coitadinhos – nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?)
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente acotovela, se multiplica em gestos esfuziante,
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
E como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra – louvado seja o Senhor! – o que nunca tinha pensado comprar.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora já está desperta.
De manhãzinha
salta da cama,
corre à cozinha em pijama.
Ah!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.
Jesus,
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal,
dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
António Gedeão
Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros – coitadinhos – nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?)
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente acotovela, se multiplica em gestos esfuziante,
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
E como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra – louvado seja o Senhor! – o que nunca tinha pensado comprar.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora já está desperta.
De manhãzinha
salta da cama,
corre à cozinha em pijama.
Ah!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.
Jesus,
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal,
dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
António Gedeão
Calendário de Advento: 24 de Dezembro
"Porquanto um menino nasceu para nós, e um filho nos foi dado e foi posto o principado sobre o seu ombro; e será chamado Admirável, Conselheiro, Deus Forte, Pai do século futuro, Príncipe da paz." Profecia de Isaías, 9:6
Imagem: Fra Filippo Lippi (1406 - 1469), Natividade com São Jorge e São Vicente Ferrer, Catedral de Prato
Para nos despedirmos deles... que não deixam saudades
Para 2009
O Natal pelo mundo ( mas mais na Europa )
-Vaticano, Praça de S. Pedro.
HOTEL SARAIVA DE CARVALHO ou as novas gerações e a política...
Para quebrar um pouco esta unanimidade natalícia, aqui fica um ilustrativo exemplo dos conhecimentos histórico-políticos das novas gerações. Dá vontade de rir, mas no fundo apetece chorar pelo que isto demonstra. É que estamos a falar de história recente, de há 30 anos! Se isto é assim para o passado recente, o que será para o mais distante? Seria fácil culpar o ensino, em particular o ensino da História de Portugal, mas parece-me redutor.
Filipa Leal
Um amigo falou-me desta poetisa com grande entusiasmo. Ando a ler Talvez os lírios compreendam (2004) e estou a adorar.
por dentro dos cafés. E são cadeiras, e são sentadas e
simples: mesmo que não nos sentemos nelas. A mim
perturba-me ainda o dia em que parti. Divago sobre a dor
como se também eu me sentasse - calmamente. Recordo o
desespero como se rezasse. Descrente. Rezando como se
recitasse no entardecer onde não estive. Talvez seja esta a
única ausência destes anos. É este o momento em que não
parto. Mas sou longe. Tenho escadarias nos sentidos,
caminhos despovoados junto aos ossos, e janelas, janelas de
espelhos na memória violenta.
Filipa Leal
por dentro dos cafés. E são cadeiras, e são sentadas e
simples: mesmo que não nos sentemos nelas. A mim
perturba-me ainda o dia em que parti. Divago sobre a dor
como se também eu me sentasse - calmamente. Recordo o
desespero como se rezasse. Descrente. Rezando como se
recitasse no entardecer onde não estive. Talvez seja esta a
única ausência destes anos. É este o momento em que não
parto. Mas sou longe. Tenho escadarias nos sentidos,
caminhos despovoados junto aos ossos, e janelas, janelas de
espelhos na memória violenta.
Filipa Leal
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Outro remédio contra o stress...
Não despertam instintos agressivos e sempre são mais ecológicas estas havianas forradas a relva. A intenção é aliviar o stress. Isto porque segundo um estudo recente, pisar relva acalma a irritação. Mas como nem sempre se tem um jardim logo ao virar da esquina o melhor mesmo é ir para casa e calçar os chinelos.
Curiosidade do dia
Partir a loiça restaura o relaxamento! Que o digam os japoneses mais stressados que em Tóquio acorrem ao The Venting Place para partirem pratos contra uma parede de cimento, aliviando dessa forma a raiva ou a frustração que sentem. Os adeptos desta terapia libertadora até escolhem a loiça que gostariam de destruir pagando desde um euro por um pequeno copo até seis por um prato.
Valentin Berlinsky
Valentin Berlinsky faleceu em Moscovo no dia 16 de Dezembro. Foi durante 62 anos violoncelista do Quarteto Borodin, inicialmente chamado Quarteto Filarmónico de Moscovo, de que foi membro fundador.
Quarteto Borodin toca Shostakovich Quarteto 2 Op 68, Waltz
Quarteto Borodin toca Shostakovich Quarteto 2 Op 68, Waltz
Em vez de andarmos para a frente, andamos para trás...
Homossexuais destroem "obra de Deus", diz Papa
HUGO COELHO
Vaticano. Igreja Católica continua guerra contra 'gays'
Bento XVI quer "ecologia do homem" que garanta distinção entre sexos
O Papa disse ontem que a homossexualidade e a transexualidade são uma "destruição da obra de Deus". Bento XVI apelou a uma "ecologia do homem", que garanta o respeito da distinção entre homens e mulheres tal como aquela é interpretada pela Igreja a partir da linguagem da criação.
"É necessária uma certa ecologia do homem," alertou o sumo pontífice num discurso de balanço à Cúria, a administração central do Vaticano, na sumptuosa Sala Clementina no Palácio apostólico do Vaticano . "As florestas tropicais merecem a nossa protecção. Mas os homens não merecem menos do que isso," acrescentou.
Segundo Bento XVI, se a Igreja Católica assume a defesa da obra da criação de Deus, "não deve apenas defender a terra, a água e o ar, mas também tem de salvar o homem da sua própria destruição". "O homem quer ser o seu próprio criador, ser o único a dispor daquilo que lhe diz respeito, mas ao agir dessa forma, ele vive contra a verdade, vive contra o seu criador," acrescentou o líder dos católicos.
Bento XVI criticou abertamente as teorias do género que se impuseram nas ciências sociais na Europa e nos EUA e estabelecem uma diferença entre a pertença a um determinado sexo - a identidade biológica - e o papel que a sociedade atribui aos indivíduos - a forma como cada um vive. Segundo Bento XVI são essas teorias que justificam a homossexualidade e a transexualidade e, assim, afastam os homens da "obra do criador".
A Igreja Católica considera que a homossexualidade não é pecado, mas o actos homossexuais são-no. O Vaticano opõe-se ao casamento entre indivíduos do mesmo sexo - uma prática legalizada em Espanha, Holanda e Bélgica, no que toca a países europeus. Em Outubro um alto responsável da Igreja Católica classificou a homossexualidade como "um desvio, uma irregularidade, uma ferida".
(Diário de Notícias, Lisboa, 23 Dez. 2008)
HUGO COELHO
Vaticano. Igreja Católica continua guerra contra 'gays'
Bento XVI quer "ecologia do homem" que garanta distinção entre sexos
O Papa disse ontem que a homossexualidade e a transexualidade são uma "destruição da obra de Deus". Bento XVI apelou a uma "ecologia do homem", que garanta o respeito da distinção entre homens e mulheres tal como aquela é interpretada pela Igreja a partir da linguagem da criação.
"É necessária uma certa ecologia do homem," alertou o sumo pontífice num discurso de balanço à Cúria, a administração central do Vaticano, na sumptuosa Sala Clementina no Palácio apostólico do Vaticano . "As florestas tropicais merecem a nossa protecção. Mas os homens não merecem menos do que isso," acrescentou.
Segundo Bento XVI, se a Igreja Católica assume a defesa da obra da criação de Deus, "não deve apenas defender a terra, a água e o ar, mas também tem de salvar o homem da sua própria destruição". "O homem quer ser o seu próprio criador, ser o único a dispor daquilo que lhe diz respeito, mas ao agir dessa forma, ele vive contra a verdade, vive contra o seu criador," acrescentou o líder dos católicos.
Bento XVI criticou abertamente as teorias do género que se impuseram nas ciências sociais na Europa e nos EUA e estabelecem uma diferença entre a pertença a um determinado sexo - a identidade biológica - e o papel que a sociedade atribui aos indivíduos - a forma como cada um vive. Segundo Bento XVI são essas teorias que justificam a homossexualidade e a transexualidade e, assim, afastam os homens da "obra do criador".
A Igreja Católica considera que a homossexualidade não é pecado, mas o actos homossexuais são-no. O Vaticano opõe-se ao casamento entre indivíduos do mesmo sexo - uma prática legalizada em Espanha, Holanda e Bélgica, no que toca a países europeus. Em Outubro um alto responsável da Igreja Católica classificou a homossexualidade como "um desvio, uma irregularidade, uma ferida".
(Diário de Notícias, Lisboa, 23 Dez. 2008)
Apesar da crise...
Uma sugestão musical - 5
Com a colaboração de músicos judeus, cristãos e muçulmanos, Jordi Savall e a sua mulher a soprano Montserrat Figueras conceberam esta ilustração musical da História de Jerusalém.
Música do Mahgreb, do Oriente Próximo e do Médio-Oriente.
- Jérusalem. La ville des deux paix , Jordi Savall, Montserrat Figueras e Hésperion XXI, cd duplo, Alia Vox/ Naïve.
Música do Mahgreb, do Oriente Próximo e do Médio-Oriente.
- Jérusalem. La ville des deux paix , Jordi Savall, Montserrat Figueras e Hésperion XXI, cd duplo, Alia Vox/ Naïve.
Novidades - 13 : Le Corbusier
Surgiu recentemente aquele que se pensa ser o livro definitivo sobre este genial arquitecto do séc.XX. Neste volume de 9kg, com ilustrações magníficas, é apresentada cronologicamente a obra e a vida de Le Corbusier. A grande editora de arte Phaidon teve a preciosa colaboração da Fundação Le Corbusier, que permitiu acesso livre aos seus arquivos.
- Le Corbusier, Le Grand, Phaidon, 768p. , 150 euros.
- Le Corbusier, Le Grand, Phaidon, 768p. , 150 euros.
Arte Islâmica em Doha
Foi inaugurado no passado mês de Novembro o Museu de Arte Islâmica de Doha, no Qatar, um edifício deslumbrante desenhado pelo grande arquitecto I.M. Pei, que se inspirou em vários monumentos islâmicos: da grande mesquita de Córdova à fortaleza de Monastir na Tunísia, passando pela grande mesquita Ibn Tulun do Cairo. Os interiores do museu foram desenhados por Jean-Michel Wilmotte.
A colecção, de 700 peças, já considerada a mais bela do mundo, foi reunida durante anos por um primo do actual Emir do Qatar que percorreu o mundo adquirindo estes tesouros da arte islâmica, cujas proveniências vão do séc. VIII ao séc. XIX, da Espanha à Síria, do Irão à Turquia.
Os meus sítios - 2 : Life
Está disponível online o fantástico arquivo fotográfico da mítica revista Life, que cessou publicação em 2007, depois de uma longa vida- tinha tido o primeiro número em 1883. Vale a pena uma visita.
Aqui fica o endereço : http://images.google.com/hosted/life
Aqui fica o endereço : http://images.google.com/hosted/life
Um dos casamentos de 2009
Será seguramento um dos casamentos do ano de 2009: o tão aguardado casamento do herdeiro dos reis de França ( para alguns ou a maioria dos monárquicos franceses ) , Jean de France, Duque de Vendôme, com Philomena de Tornos, jovem aristocrata de origem espanhola e austríaca. Ao que se sabe, o casamento terá lugar em Abril ou Maio, desconhece-se no entanto o local, embora seja muito provável um destes pelo simbolismo : Amboise, Dreux, Eu ou Chartres.
PENSAMENTO DO DIA
Poesia e prosa de Natal - 23
" Deus ensinou aos homens,
naquele primeiro
Dia de Natal,
o que era ser homem:
dar, não tirar;
servir, não dominar;
alimentar,
não devorar... "
- Charles Kingsley ( pastor anglicano e escritor, um dos pioneiros do Christian Socialism inglês )
naquele primeiro
Dia de Natal,
o que era ser homem:
dar, não tirar;
servir, não dominar;
alimentar,
não devorar... "
- Charles Kingsley ( pastor anglicano e escritor, um dos pioneiros do Christian Socialism inglês )
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Viva Puccini!
E como hoje se comemoram os 150 anos do nascimento de Giacomo Puccini, segue a ária mais conhecida de todo o universo operático, na bela voz de Sumi Jo. Viva Puccini
PENSAMENTO DO DIA
Cinenovidades - 5 : A nova Alice
- Mia Wasikowska, a nova Alice in Wonderland.
A jovem actriz australiana de 18 anos, Mia Wasikowska, vai ser Alice na versão filmíca realizada pelo genial Tim Burton. O elenco é de sonho: Johnny Depp faz de Chapeleiro Louco, e o filme conta também com Helena Bonham-Carter e Anne Hathaway.
Mia Wasikowska tornou-se conhecida com duas séries de televisão: All Saints e In Treatment, e antes de a vermos como Alice vamos poder vê-la mais brevemente ao lado de Daniel Craig em Defiance, e mais lá para o fim do ano em Amelia, um filme sobre Amelia Earhart com Hilary Swank e Richard Gere.
Alice no país das Maravilhas de Tim Burton está a ser fimado em 3D, mas infelizmente só estreará em 2010.
«Puisque vous partez en voyage»
Françoise Hardy e Jacques Dutronc (2000)
Letra de Jean Nohain; música de Mireille (1935)
Letra de Jean Nohain; música de Mireille (1935)
Calendário de Advento: 22 de Dezembro
As Boas-Festas dos nossos comentadores
Miss Tolstoi enviou as Boas-festas para todos
«Não é pela face que se aprende a conhecer um homem, mas pela máscara» (Karen Blixen)
Dado que nos encontramos nesta época de boa vontade, resolvi tirar a máscara...
Boas Festas e um 2009 cheio de Felicidade.
С Рождеством Христовым и с новым годом
Miss Tolstoi
(Chegou via e-mail com esta indicação: Já escolhi uma imagem para desejar boas festas aos prosimetronistas. Como a MR não tem e-mail acessível, socorro-me de si para a colocar ou para a fazer chegar à MR.)
«Não é pela face que se aprende a conhecer um homem, mas pela máscara» (Karen Blixen)
Dado que nos encontramos nesta época de boa vontade, resolvi tirar a máscara...
Boas Festas e um 2009 cheio de Felicidade.
С Рождеством Христовым и с новым годом
Miss Tolstoi
(Chegou via e-mail com esta indicação: Já escolhi uma imagem para desejar boas festas aos prosimetronistas. Como a MR não tem e-mail acessível, socorro-me de si para a colocar ou para a fazer chegar à MR.)
Canções de Natal - 22
Gene Autry - «Frosty the Snowman» (1949)
De Walter "Jack" Rollins and Steve Nelson
De Walter "Jack" Rollins and Steve Nelson
Poesia e prosa de Natal - 22
Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.
Manuel Alegre
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.
Manuel Alegre
domingo, 21 de dezembro de 2008
Choro Bandido
Edu Lobo e Chico Buarque
frases
"O verdadeiro amor não se reduz ao físico nem ao romântico.
O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é, do que foi, do que será e do que já não é..."
(Autor desconhecido)
O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é, do que foi, do que será e do que já não é..."
(Autor desconhecido)
Felicity Lott entre nós
VILNIUS 2009
Poesia e prosa de Natal - 21
Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
Fernando Pessoa (25 de Dezembro de 1930)
Etiquetas:
Fernando Pessoa (1888-1935),
Poesia e prosa de Natal
PENSAMENTO DO DIA
Os meus filmes 17
Matrimonio All'Italiana (1964) [Matrimónio à Italiana]
Realização: Vittorio de Sica
Quando o "astúcia" vence o desejo... a história de Filumena Marturano
Sophia Loren : Filumena Marturano
Marcello Mastroianni : Domenico Soriano
Realização: Vittorio de Sica
Quando o "astúcia" vence o desejo... a história de Filumena Marturano
Sophia Loren : Filumena Marturano
Marcello Mastroianni : Domenico Soriano
Calendário de Advento: 21 de Dezembro
Canções de Natal - 21
Ms. Barbra Streisand -- já estou em casa para o Natal... e não só em sonhos.
Àporo
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