Prosimetron

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sábado, 5 de maio de 2012

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Boa noite!

Concerto em Mafra


O cinema de Fernando Lopes

Sou uma admiradora do cinema de Fernando Lopes, que é também um caso de amor pela literatura.




 





Vi-os todos, mas um dos filmes dele de que mais gostei foi Belarmino (1964):

Vida

Já tinha visto as pinturas mas não conhecia o autor. Através do google soube  de quem eram.
Keith Haring morreu aos 31 anos, sofrendo de Imunodeficiência adquirida. Escolhi esta imagem porque a primeira pintura retrata o mundo atual, um mundo onde o liberalismo económico se impõe e as questões sociais se descuram. (Alterado às 10:51h, 6/05)




The Irrepressibles , uma banda do século XXI

Dia Não


Dia Não
Poemas de José Saramago, Música de Luís Cília; canta Luís Cília

...
"Ah que saudades do sim
Nestas quadras desoladas"

Pacotes de açúcar - 22


Marcadores de livros - 49

Acho que estas seis cartolinas de propaganda aos perfumes Calvin Klein não foram concebidos para marcar livros, mas eu guardei-os como tal:




Humor pela manhã...


Barbie... sociopata : fartou-se definitivamente do Ken, mas não deixa de ser uma dona de casa exemplar...

Bom dia !



Ritmo dos Seventies para saltar da cama!

Eu canto para que os desertos fiquem à sombra

Aqui está um livro de letras de músicas editado antes de 25 de Abril de 1974. Não tem data apenas uma referência ao ano de 1969.
"Sem abandonar a qualidade poética e melódica a canção deve ser útil ao homem de hoje.
Deve ser dirigida ao sector que habita a terra no momento em que se está a cantar. O grande segredo da canção hoje em dia é por-nos em contacto directo com aqueles que têm a sorte ou a desgraça de habitar a Terra em 1969".
Mas não são só letras de música a comporem o seu interior. Tem frases, poemas, ensaios, de intervenção.
Por exemplo, as duas primeiras páginas só trazem estes versos:
 "Quem poderá proibir estas letras de chuva
Que gota a gota escrevem nas vidraças
Pátria viúva
A dor que passas

"Só cantando se pode incomodar
Quem à vileza do silêncio nos obriga
Eu venho incomodar
Trago palavras como bofetadas
e é inútil mandarem-me cantar

O título inicial talvez fosse "Cancioneiro : Canção Social" dado serem estas as palavras que, repetidas vezes, ocupam as p. 3 e 4.
E quais são as letras de música? Transcrevo, com as mesmas abreviaturas...
-Menino do Bairro Negro, Letra e Música de J. Afonso
-Margem Sul, Letra de U.T. Rodrigues, Música de A.C. Oliveira
-Balada para uma heroina que eu inventei, Letra de J. G. Ferreira, Música de L. Cília
-Bairro de Lata, Letra de J. Negalha, Música de L. Cília
-Meu País, Letra de Daniel Filipe, Música de L. Cília
-Trova do Emigrante, Letra de M. Alegre, Música de M. Freire
-Funeral de um lavrador, Letra de J.C. Mello Neto, Música de Chico Buarque
-Zé ninguém sem nome, Letra e Música de Daniel
-Eles, Letra e Música de M. Freire
-O pobre meu irmão, Letra e Música de Religiosa Brasileira (anónima)
-O menino negro não entrou na roda, Letra de G. Vitor, Música de L. Cília
-Pedro Pedreiro, Letra e Música de Chico B. de Hollanda
-Os vampiros, letra e Música de J. Afonso
-Rosa de Sangue, Letra de A. F. Guedes, Música de A.C. Oliveira
-Canta Pássaro Azul, Letra de Daniel Filipe, Música de L. Cília
-Cantar Alentejano, Letra e Música de José Afonso
-Coro dos caídos, Letra e Música de José Afonso
-Ó vila de Olhão, Letra e Música de José Afonso
-Dinheiro, Letra de Filinto Elísio (séc. XVIII), Música L. Cília
-Epigrama, Letra de Afonso Duarte, Música L. Cília
-Ronda dos paisanos, Letra e Música de José Afonso
-Pedro soldado, Letra de M. Alegre, Música A. C. Oliveira
-Barcas novas, Letra sobre tema de João Zorro, Música de A.C. Oliveira
-Menina dos olhos tristes, letra de Reinaldo Ferreira, Música de J. Afonso
-Canção do desertor, Letrae Música de Luís Cília
-Canção com lágrimas, Letra de M. Alegre, Música de A.C. Oliveira
-Para os meninos da guerra, Letra de M. Ribeiro, Música de Daniel
-Canto jovem, Letra e Música de José Afonso
-Canção terceira, Letra de M. Alegre, Música de L. Cília
-Vejam bem, Letra e Música de José Afonso
-Coro da Primavera, Letra e Música de José Afonso
-Lutemos meu amor, Letra de Daniel Filipe, Música de M. Freire
-A trova, Letra de M. Alegre, Música de M. Freire
-Dedicatória, Letra de F. M. Bernardes, Música de M. Freire
-Aqui ficas melodia, Letra de J. G. Ferreira, Música de L. Cília
-Capa negra Rosa negra, Letra de M. Alegre, António Portugal, Música de A. C. Oliveira
-Resiste, Letra e Música de L. Cília
-Exílio, Letra de M. Alegre, Música de L. Cília
-Sou Barco, Letra de Borges Coelho, Música de L. Cília
-Recuso-me, Letra de João Apolinário, Música de L. Cília
-Trova do vento que passa, Letra de M. Alegre, Música de A. Portugal
-Pensamento, Letra de M. Alegre, Música de A. Portugal
-Contracanto, Letra de J. Saramago, Música de L. Cília
-Babel e Sião, Letra de Luís de Camões, Música de L. Cília
-Canção do Soldado (no cerco do Porto), Letra de U.T. Rodrigues, Música de A.C. Oliveira
-Erguem-se muros, Letra de A.F. Guedes, Música de A.C. Oliveira
-Poisa a espingarda irmão, Letra de M. Alegre, Música de M. Freire
-Dia não, Letra de J. Saramago, Música de L. Cília
-Não há machado que corte, Letra de A.C. Oliveira, Música de M. Freire
-Canção para um futuro distante, Letra de Mascarenhas Barreto, Música de Ernesto César
-É preciso avisar toda a gente, Letra de João Apolinário, Música de Luís Cília
-Regresso, Música de L. Cília
-Para não dizeres que não falei das flores, Letra e Música de Geraldes Vandré.

É escusado dizer que o livro não tem autor, nem lugar de edição. O texto foi policopiado a stencil. A capa feita em tipografia. Tem 80 p.


Aqui ficas melodia, Letra de José Gomes Ferreira, Música de Luís Cília:


Comprei o livro em 17.10.2011 e custou 30€

Para MR e APS, que gostam de livros, de músicas, de poemas e do tema do post.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Boa noite!


Um povo e o seu hino


A comunicação social alemã tem vindo a prestar alguma atenção ao 60º aniversário da versão actual do hino alemão. O uso e abuso do Lied der Deutschen (A canção dos alemães), também conhecido por Deutschlandlied, reflectem uma relação difícil e conturbada que o povo alemão viveu com este hino ao longo de praticamente dois séculos.
August Heinrich Hoffmann von Fallersleben escreveu a letra em 1841 na ilha de Helgoland, na época sob o domínio inglês. Poeta e professor de literatura, von Fallersleben concebeu o texto como canção de louvor à sua pátria e pretendia apenas manifestar o desejo de uma união dos 38 estados alemães que, ainda que oficialmente agrupados na Confederação Alemã (Germânica) desde o Congresso de Viena de 1815, detinham uma vasta autonomia política e económica. Von Fallersleben pronunciava-se a favor de uma junção desses territórios num país soberano, e, sobretudo, de uma constituição democrática e única, aplicável a todos os alemães. Neste contexto, deve ser entendido o início da primeira estrofe: Deutschland, Deutschland über alles, über alles in der Welt. (Alemanha, Alemanha acima de tudo, acima de tudo no mundo). O autor projectava a possibilidade de uma unificação bem sucedida, e não uma expansão ou supremacia agressivas de um país fortalecido. Tal interpretação distorcida caberia ao regime nazi cem anos mais tarde…
A defesa desses ideais, evidente noutras obras, resultou em várias detenções e expulsões de von Fallersleben que partilhou assim o destino de muitos combatentes contemporâneos em prol de um movimento democrático que culminaria nos acontecimentos e nas revoltas de 1848 (nesse ano, von Fallersleben viria a ser reabilitado).
Voltando ao Lied der Deutschen: von Fallersleben consentiu que o seu editor de Hamburgo, Campen, adaptasse as três estrofes ao Quarteto do Imperador, opus 76 nº 3, de Joseph Haydn, e que publicasse a obra a 1 de Setembro de 1841.


A unificação chegaria mais tarde, com o nascimento do Deutsches Reich em Versalhes em 1871. Guilherme I e Bismarck ignoraram a versão de von Fallersleben para a escolha de um novo hino nacional. Apenas a 11 de Agosto de 1922, em plena República de Weimar, decidiu Friedrich Ebert proclamar o Deutschlandlied como hino oficial alemão. O Terceiro Reich encarregou-se de dar a conotação de superioridade e agressão germânicas, tão oposta à intenção do autor da letra.
Após a derrota da Alemanha em 1945, os Aliados proibiram inicialmente o uso do Deutschlandlied. A nova República Federal Alemã de 1949 necessitava, no entanto, de um hino, em particular, para actos ou acontecimentos internacionais desportivos em que a nova nação se fazia representar. Na troca de correspondência de 2 de Maio de 1952, entre Konrad Adenauer, primeiro chanceler da RFA, e Theodor Heuss, primeiro Presidente, optou-se pela terceira estrofe do Deutschlandlied como novo hino alemão que, desde a reunificação de 1990, representa musicalmente toda a Alemanha.

Einigkeit und Recht und Freiheit für das deutsche Vaterland – unidade e justiça e liberdade à pátria alemã , assim começa esta estrofe. Afinal, o espírito liberal de von Fallersleben sobreviveu às convulsões de uma história complexa.

Imagens: Hoffmann von Fallersleben, Joseph Hayn, Adenauer/Heuss

O meu serão


Concierto de Aranjuez - Narciso Yepes

Foi o maior divulgador desta obra de Joaquin Rodrigo. Grande guitarrista, reconhecido internacionalmente, morreu em 3 de Maio de 1997.

Leituras no Metro - 92

Lisboa: Planeta, 2010

Quando Maria Grazia Battestini, uma velhota intratável, é encontrada morta em casa, pelo médico que a visita semanalmente, as suspeitas recaem sobre a empregada romena, Florinda Ghiorghiu.
«- Acha... - começou Carlotti [o médico], mas o polícia interrompeu-o.
«-Claro - respondeu o polícia com uma indignação tão feroz que surpreendeu o médico. - Ela é de leste. São todos assim. Vermes. - Antes que Carlotti pudesse objectar, o polícia continuou, cuspindo as palavras. - Há um avental na cozinha cheio de sangue. A romena matou-a.»
Só que as aparência iludem.
Este é o primeiro livro de Donna Leon que leio.


Maria Grazia Battestini habitava uma casa na calle Tintoretto, em Veneza, cidade que é palco de todos os policiais de Donna Leon, protagonizados pelo comissário Brunetti. Assim, é por Veneza que eu vou andar nos próximos dias.

Fernando Lopes (1935-2012)

Soube há pouco que faleceu ontem. 

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa

É bom não esquecer o que se passou depois desta crónica à colaboração de Pedro Rosa Mendes na Antena1, apesar de a direção da rádio ter afirmado que estava, anteriormente, prevista a cessação da colaboração do jornalista. Isto aconteceu na nossa "casa".

Bom dia !



Gino Vanelli e a sua ainda poderosa voz.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

«Wellcome to The Best Exotic Marigold Hotel»


Uma questão de luz, cores, cheiros, sabores e sons. Uma questão de humanidade. Fui ver na semana e gostei.


Música de Thomas Newman.

Boa noite!

O Horizonte

Horizonte, Santorini, Grécia

O horizonte é um muro e tudo o que cabe na sua dimensão - os limites da casa e o que a fecha a um apelo de intimidade. 

  Vergílio Ferreira espaço do visível 4, Lisboa: Bertrand, 1995, p. 282

Concertos (e não só) no Conservatório Nacional



António Medeiros e Almeida (1895-1986)

Construiu uma das mais importantes colecções de arte do país (sendo superado apenas por calouste Gulbenkian) e até comprou um relógio que pertencia à Imperatriz Sissi e que valia mais que um prédio.

António Medeiros e Almeida nasceu em Lisboa em 1895. Quis seguir as pisadas do pai, mas o curso de Medicina ficou pelo caminho. Estudou gestão na Alemanha e de regresso a Lisboa montou um stand de automóveis da marca Morris para venda de carros á consignação. Como não tinha dinheiro para os adquirir deu-se a si próprio como garantia. Lord Nuffield, dono da Morris, ficou estupefacto com a ousadia, mas aceitou. O stand da Morris na Rua da Escola Politécnica foi um sucesso e o lorde inglês não se arrependeu de apoiar o intrépido jovem.
A partir da década de 40, Medeiros e Almeida alargou os seus negócios a outras áreas como a navegação, o fabrico de tabaco, o açúcar e o álcool. Foi sócio da Casa Bensaúde, fundou a companhia aérea Aero Portuguesa - mais tarde vendida à Tap -, o Hotel Ritz de Lisboa, foi ainda accionista da SATA e administrador da Companhia Nacional de Fiação, de Torres Novas.
Para a faceta de coleccionador despertou mais tarde. Tinha comprado à Nunciatura Apostólica um palacete de estilo francês, perto da Avenida da Liberdade em Lisboa, e precisava de o decorar antes de se instalar definitivamente com a sua mulher, Margarida Pinto Basto. Começou por adquirir mobiliário em antiquários, mas o seu gosto requintado, orçamento ilimitado e paixão pela arte deram brado entre os leiloeiros de Paris, Londres e Lisboa. Fez uma colecção tão impressionante e diversificada que incluía mobiliário francês e inglês de autor, quadros de grandes mestres (Van Goyen e Rembrand, entre outros), porcelana antiga, terracotas chinesas, pratas inglesas e uma vasta quantidade de jóias e relógios, entre muitas outras peças.
Era um homem austero, algo frio e distante, mas também muito emotivo. Fazia vida social ao mais alto nível e, apesar de muito ocupado, gostava de se dedicar aos aspectos mais elementares da organização de um serão agradável, como a distribuição dos lugares à mesa de jantar.
Sem descendência, António Medeiros e Almeida começou a germinar a ideia da criação de uma fundação ainda na década de 60. A sua concretização só foi possível em 1973, um ano antes de a revolução se abater sobre a família de forma inesperada. A nacionalização de várias das suas empresas impediram que o empresário pudesse continuar a fazer aquisições no mercado da arte, a partir de 74. A colecção estava concluída.
Dotada de todos os bens imobiliários e colecções de arte do empresário, a Fundação Medeiros e Almeida estava, no entanto, bem lançada e, em 2001, quinze anos após a morte do empresário (em 1986, com 90 anos), a Casa-Museu Medeiros e Almeida abriu finalmente as portas ao público.
(artigo do DN)


Almoços com arte

Às quartas-feiras até 27 de junho. O conceito que foi copiado da National Gallery de Londres é agarrar numa sandes e aproveitar a hora-de-almoço para conhecer várias peças de arte da coleção Medeiros e Almeida, dentro de uma temática.
Porcelana Ming, esculturas, tetos de madeira, caixinhas, quadros e relógios fazem parte das cerca de 2000 peças que constituem o acervo da Casa-Museu Medeiros e Almeida, na Rua Rosa Araújo, 41, em Lisboa.

MLV, conhece esta casa-museu?

Ainda sobre a iniciativa do Pingo Doce...

... já muito se falou e viu. Qual golpe de marketing, qual quê. Em tempos de crise não custa adivinhar que qualquer ação do género tem forte impacto. Agora a falta de civismo a que ontem se assistiu essa sim, foi verdadeiramente triste e confrangedora.
Mais excertos de um 1º de maio inédito, do Público:

"Isto é desumano. Isto é fazer pouco das pessoas", queixava-se uma porteira de 70 anos com os tornozelos num trambolho depois de sete horas em pé na fila do supermercado...

"F... agora é só gamar!", dizia um rapaz de muletas perante a secassez de mantimentos nas prateleiras à medida que as horas avançavam...

"Fomos tirando uns iogurtes e comendo. Pagá-los? O que custam não paga as horas de espera", dizia uma assistente operacional da Câmara de Lisboa...

"Parece o fim do mundo!" comentava um desempregado, perante as dezenas de pessoas a vasculhar em caixotes de mercadorias como se fossem sem-abrigo...

"A mim não me apanham cá noutra. Por amor de Deus!", dizia uma desempregada em Telheiras, com os congelados há muito derretidos dentro do carrinho de compras roubado no vizinho Continente...



LA NUIT DE MAI





La Muse

Poéte, prends ton luth e me donne un baiser;
La fleur de l'églantier sent ses bourgeons éclores,
Le printemps naît ce soir, les vents vont s'embrasser,
Et la bergeronette, en attendan l'aurore,
Aus premiers buissons verts commence à poser.
Poéte, prens ton luth et me donne un baiser.
...
Afred de Musset  (11.12.1810 - 2. 5. 1857)

(excerto do poema do livro "Les nuits", Payot & Cie, Paris)

Pacotes de açúcar - 21

Estes pacotes de açúcar são irlandeses. Já nem me lembro quantos anos têm. :) Os de baixo vieram de uns cafés e chocolates tomados neste maravilhoso café:

Café Bewleys, em Dublin.



Humor pela manhã...

Bom dia !



My Rainbow Race, de Pete Seeger, cantada por 40.000 noruegueses em Oslo depois de saberem que  era uma canção odiada por Anders Breivik.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Fanfarra para o Homem Comum

 
Boa noite com Aaron Copland.

Ementa para o jantar

A propósito do arroz de favas, referido pela Cláudia Ribeiro, fui parar a A cidade e as serras, de Eça.


«Desconfiado, [Jacinto] provou o caldo que era de galinha e rescendia. Provou – e levantou para mim, seu camarada de miséria, uns olhos que brilhavam, surpreendidos [...]. 
«E sorriu, com espanto: – Está bom! 
«Estava precioso: tinha fígado e tinha moela: o seu perfume enternecia: três vezes, fervorosamente, ataquei aquele caldo.»


«E pousou sobre a mesa uma travessa a transbordar de arroz com favas. Que desconsolo! Jacinto, em Paris, sempre abominara favas! ... Tentou todavia uma garfada tímida – e de novo aqueles seus olhos, que pessimismo enevoara, luziram, procurando os meus. Outra larga garfada, concentrada, com uma lentidão de frade que se regala. Depois um brado: 
«– Óptimo!... Ah, destas favas, sim! Oh que fava! Que delícia!»

Capitães da Areia

Jorge Amado, um dos maiores escritores do Brasil -que injustamente não recebeu o Prémio Nobel de Literatura, que era mais do que merecido para um escritor de língua portugesa- é um retratista da Bahia, cidade e do Estado baiano. Conhecemos por ele o mundo dos "coronéis" e dos seus capangas, dos aventureitos da caatinga, dos cangaceiros, das meretrizes, dos comerciantes , dos pescadores, dos trapaceiros, dos bacaharéis e dos mangas de alpaca. Em todos os seus romances a crítica ao Brasil das primeiras décadas so século XX, à sociedade política, social e económica está destacada, tanta vezes travestida de insólito e de risível.
Este romance é, mais uma vez, uma feroz crítica social, desta vez repreentando os bandos de" meninos da rua", realidade que infelizmente chegou igual aos nossos dias, sem que governos de direita, de esquerda e uma ditadura militar, conseguissem ao menos minorá-la.
Cecília Amado, neta do escritor, fez um excelente filme baseado no romance, que nos mostra a realidade da Bahia dos anos 30, com ligeiras alterações, que não tiram nada de essencial. É, sobretudo, um filme de reflexão sobre a terrível realidade social daqueles anos e daqueles que os brasileiros - mas não só -ainda vivem.
Publicado em 1937, logo nesse ano foi alvo de um "auto de fé", em que foram queimados centenas de exemplares em Salvador e no Rio de Janeiro retirados das livrarias,  por serem considerados como incentivo ao comunismo e nocivos à sociedade. Talvez por isso,ao traçar o destino de cada um das personagens, o "professor" tenha dito que o destino de Pedro Bala, o chefe do grupo, seria lutar, como o pai comunista, pela liberdade.Uma mensagem que nos toca, sobretudo se nos abstivermos de pensar que essa liberdade é substancialmente diferente da que defendemos.
Um filme que, mesmo legendado (certamente para facilitar a compreensão do sotaque e da gíria nordestinos) merece ser visto.

J'aime Paris au mois de mai

Charles Aznavour gosta de Paris em qualquer estação do ano, mas o mês de Maio parece ter um fascínio muito especial sobre a Cidade da Luz. Assim o diz Aznavour...

Celebrando o 1.º de Maio

Música de Aaron Copland (1900-1990) para um poema de Alfred Hayes (1928-2005)

1 de Maio - Dia de S. José Operário

Foi o Papa Pio XII que em 1955 instituiu o Dia 1.º de Maio, Dia do Trabalhador, como o dia litúrgico de S. José Operário, como homenagem da Igreja Católica a todos os trabalhadores, e em memória dos 340 trabalhadores que em Chicago, em 1886, foram massacrados quando protestavam contra a forma desumana como eram tratados pelos patrões e pela jornada de oito horas diárias. S. José, pai de Jesus, carpinteiro, é o exemplo de um trabalhador humilde que trabalhou toda a vida para sustentar a sua família e, por isso, essa consagração.

Trrim! Trrim!...

Acabaram de me cantar ao telefone:
Viva o trabalho
Viva o Fontana
Viva o descanso
Sete dias na semana.

The 1st of May


No original

E na interpretação de Lulu e de Maurice Gibb, um dos manos Bee Gee.

Este mês vamos às favas


Favas, Maio as dá, Maio as leva.

Meditação do Duque de Gandia sobre a morte de Isabel de Portugal

Isabel de Portugal faleceu em Toledo no dia 1 de maio de 1539.
Poema de Sophia dito por Luís Lucas.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Os meus franceses - 193

No Dia Internacional do Jazz... Jazz Manouche!
Boa noite!

Nina Simone

Para responder ao desafio do Luís aqui está a minha escolha: Nina Simone com duas músicas.  

  Just Say I Love Him

Just say that I need him as roses need the rain
And tell him that without him my dreams are all in vain
Just say I love him loved him from the start
And tell him that I'm yearning to say what's in my heart
Just say that I need him as roses need the rain
Tell him that without him my dreams are all in vain

 If you should chance to meet him anytime anyplace anywhere
Say I was a fool to leave him
Tell him how much a fool can care
And if he tells you he's lonely now and then
Just won't you tell him that I love him
And want him back again

 If you should see him anytime anyplace anywhere
Tell him I was a fool to leave him
Tell him how much a fool can care
And if he tells you he's lonely now and then
Won't you just say I love him and want him back again
Won't you just say I love him and want him back again

Pacotes de açúcar - 20


Humor pela manhã

Bom dia !



E hoje é o Dia Internacional do Jazz. Fico a aguardar as vossas escolhas.

Dia Internacional do Jazz


O Dia Internacional do Jazz comemora-se hoje pela primeira vez. A UNESCO declarou-o, dado esta expressão musical poder «simbolizar a paz e a unidade».
«Por ter as suas raízes na escravatura, esta música fez crescer uma voz apaixonada contra todas as formas de opressão. Fala a linguagem da liberdade que é compreendida por todas as culturas. São também estes os objetivos que guiam a UNESCO nos seus esforços de construir pontes dialogantes entre todas as culturas e sociedades», afirmou Irina Bokova, diretora-geral daquela organização.

domingo, 29 de abril de 2012

Marcadores de livros - 48



Boa noite!

Tomás Luis de Victoria (1548 - 1611)

Depois de um pequeno percurso pela obra de El Greco, segue um excerto da obra musical de Tomás Luis de Victoria, o compositor mais importante do período renascentista em Espanha e contemporâneo do mestre de Toledo. A interpretação cabe ao magnífico conjunto britânico Stile Antico
A todos, uma boa noite!

Viens danser avec moi

Marcadores de livros - 47

Foto David de Abreu, Ed. 19 de Abril

Mais uns pastéis de nata.

Ontem disseram-me: «- Quando me cheira a canela, lembro-me sempre de...» Do que será? Quem adivinha? Acho que o APS é capaz de lá chegar. :-)

Novos métodos de pedir chuva.

No passado quando se queria chuva evocavam-se os deuses: procissões, danças da chuva, etc... Nos tempos modernos basta inaugurar a feira do livro ao ar livre. Chove de certeza...


Apontamentos artísticos - El Greco e o Modernismo


A cidade de Düsseldorf acolhe, desde ontem, uma das exposições mais aguardadas do ano em solo germânico: El Greco und die Moderne (El Greco e o Modernismo). Sensivelmente 40 quadros, provenientes dos principais museus europeus e norte-americanos, apresentam a arte de Domenikos Theotokópoulos (El Greco). Caído em desgraça na corte de Filipe II e considerado um caso "patológico" até finais do século XIX, El Greco simplesmente ignorou as regras e os padrões artísticos da sua época e criou um estilo inconfundível, nem sempre consensual, através de uma expressão invulgar e manifesta em cenas bíblicas ou mitológicas. Hoje em dia, prevalece sem dúvida o seu reconhecimento como génio, situado entre o Renascimento, Maneirismo e o início do Barroco. Tal honra a Julius Meier-Graefe se deve, um historiador de arte que, em 1908, visitou a Espanha  e descobriu El Greco. Meier-Graefe apontou no seu diário "Spanische Reise" (Viagem por Espanha) de 1910 que " El Greco é o maior acontecimento que nos podia ocorrer … Não, por ser tão grande, mas por ser novo."
El Greco und die Moderne constitui a primeira amostra do grande mestre grego-espanhol, acessível ao público alemão. Mas não se centra exclusivamente na obra do pintor, já em si digna de uma ida às margens do Reno. Pois a exposição pretende estabelecer uma ponte entre um estilo único do início do século XVII e a vanguarda do princípio do século XX. Como é do conhecimento geral, a força e a visão de El Greco inspiraram muitos artistas em Paris, Viena ou Munique entre 1900 e 1920. Picasso desenvolveu o seu "Les Demoiselles d'Avignon" a partir da "Abertura do quinto selo" de El Greco. Também Paul Cézanne e Robert Delaunay admiravam o mestre de Toledo. E Max Beckmann, Oskar Kokoschka, bem como artistas ligados ao movimento "Der blaue Reiter" de Munique, tais como August Macke, viram em El Greco um parente artístico muito próximo.
Assim, mais de cem quadros modernos juntam-se à pintura de El Greco. As semelhanças entre as duas correntes, tão distantes no tempo, tornam-se evidentes ao ver, por exemplo, a Pietà de 1572 e a Lamentação de Cristo de Heinrich Nauen de 1913, ou a Imaculada Conceição de 1607/13 e a Madona com o Menino do expressionista alemão Carlo Mense de 1914. A arte moderna recua aos tempos do velho mestre que, por sua vez, se antecipa à modernidade.


El Greco e o Modernismo - um highlight imperdível que conta com a tutela do Rei Juan Carlos e do recém-eleito Presidente alemão, Joachim Gauck. Para ver e apreciar no Museum Kunstpalast de Düsseldorf até 12 de Agosto.

Imagens: Santiago O Maior de El Greco (1610/14); Pietà (1572) de El Greco; Lamentação de Cristo de Heinrich Nauen (1913)

Busca... nos dias da música

Ontem no CCB entre os espectáculos procurei encontrar uma visita do nosso blog. Pista: mulher, vestida de vermelho, entre os 45 e os 60 anos.
Não encontrei. No local apenas recolhi algumas imagens que me povoaram a imaginação:
Noronha da Costa, sem título (1970)
Colecção Berardo 

Livro que se encontra para venda no CCB

Dia Internacional da Dança

Música de René Aubry, que conheci através do Arpose.

Pacotes de açúcar - 19


Frente e verso de pacotes de açúcar italianos.