Prosimetron

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sábado, 12 de julho de 2008

MUITO BARULHO POR NADA


Sigh no more, ladies, sigh no more,
men were deceivers ever,
one foot in sea and one on shore,
to one thing constant never,
then sigh not so, but let them go,
and be you blithe and bonny,
converting all your sounds of woe
into Hey nonny, nonny.

William Shakespeare, Much ado about nothing


Foto do belíssimo filme Much ado about nothing de 1993, realizado por Kenneth Branagh; com Kenneth Branagh, Emma Thompson, Denzel Washington, Keanu Reeves, Robert Sean Leonard, Kate Beckinsale, Richard Briers e Michael Keaton, entre outros;
Um dos mais belos filmes de toda a história do cinema (a meu ver); teve pouca projecção em Portugal - muito lamentavelmente!

DECAPITAR HITLER


A inauguração da dependência do Madame Tussaud londrino em Berlim, no passado dia 5 de Julho, foi noticiada em todo o mundo com a devida atenção. A capital alemã que já dispunha de uma rica e diversificada oferta de museus, passa a ter mais uma atracção na belíssima avenida Unter den Linden, a pouca distância do Reichstag e da Porta de Brandenburgo.
Do conhecimento geral será também o incidente registado no dia de abertura. A decapitação da figura de Hitler por um ex-polícia de 41 anos que, segundo as últimas notícias, terá cometido este crime por vários motivos, entre eles a perda de uma aposta. A réplica do Führer que representa um investimento de 200.000 € foi destruída "com muita satisfacção", assim afirma Frank L., já que a figura do ex-chanceler Willy Brandt, exilado durante o regime nazi, se encontrava vis-à-vis da de Hitler e "assistiu", assim, em pleno à execução do seu inimigo.
Não se trata, portanto, de nenhuma novidade.

Interessante é a abordagem da imprensa alemã. A título de exemplo, refira-se um comentário do jornalista Peter Kümmel na edição do Die Zeit de 10 de Julho. Título do artigo: "Decapitar Hitler - o longo caminho da resistência alemã ainda não acabou". Aqui uma breve síntese:

A resistência contra Hitler está no bom caminho. Muitos alemães aderiram já na década de 50. Ainda no ano passado, o realizador Florian Henckel von Donnersmarck, premiado em 2007 com o óscar para melhor filme estrangeiro com a película "As vidas dos outros", anunciara ao povo alemão que Tom Cruise representará o Conde von Stauffenberg e, com a aura do seu estrelato, contribuirá muito mais para a imagem da Alemanha do que a organização de dez campeonatos mundiais de futebol!

O ex-polícia Frank L. escreveu mais um capítulo na história da resistência o que equivale, no mínimo, aos oitavos-de-final de um campeonato. Escolheu o caminho certo de resisitir. Aliás, esta oportunidade deveria estar ao alcance de todos os alemães: a sós com o tirano, saudá-lo com Nie wieder Krieg (guerra nunca mais) e decapitá-lo de seguida.
Pois a essência da arte das figuras de cera, bem como de toda a investigação na história da humanidade, consiste na vitória simbólica dos pequenos sobre os grandes maus da fita: a própria Madame Tussaud iniciou a sua carreira com máscaras das vítimas da Revolução Francesa (Luís XVI, Marie Antoinette ou Danton), proporcionando aos franceses a sensação de ter sobrevivido àqueles que os tinham dominado.
Frank L. sentiu a mesma superioridade.

No entanto, o sentimento foi de pouca dura. O doente Hitler foi, por via aérea, enviado para a Inglaterra (!) com máxima urgência, como se de um importante paciente se tratasse. Está a ser recuperado nos estúdios do Madame Tussaud em Londres para rapidamente poder voltar a Berlim.

Os estrangeiros não suportam os alemães, pelo menos, sem Hitler, assim conclui Peter Kümmel.

A música em comunhão

http://br.youtube.com/watch?v=LX1fiE0U1qA

- Dedicado ao Tozé Simplício que ontem fez anos

Sugestão para hoje

Orquestra Metropolitana de Lisboa no Grande Auditório do C.C.B., pelas 19h, com o seguinte programa:

- Abertura A Rainha Louca, de Alexandre Delgado
- Variações em Oiro e Azul, de Fernando Lapa
- Música Praxitélica, de Eurico Carrapatoso
- Sinfonietta, de Fernando Lopes-Graça

Um grande pintor do século XX







Amedeo Modigliani, nasceu em Livorno, Itália, em 12 de Julho de 1884, de uma família da burguesia judaica. Pintor, dos mais importantes do século XX, e também escultor nos primeiros anos da sua vida, foi em Paris que se impôs, com o apoio de vários patronos e admiradores. Uma da suas primeiras exposições esteve aberta apenas um dia, pelo escândalo causado pelos seus nus femininos.Foi, sobretudo, um retratista. Como escultor a sua obra parece ter-se inspirado na escultura africana.

Morreu em 24 de Janeiro de 1920, pobre, de tuberculose, que contraíra na juventude. A sua amante, Jeanne Hébuterne, mãe da sua única filha, suicidou-se no dia seguinte, sendo o enterro de ambos acompanhado por uma multidão emocionada. Jaz no Pére Lachaise, em Paris.

Signo Caranguejo: Phil Jiménez - artista de BD


Phil Jiménez é uma das estrelas actuais da BD norte-americana; nascido a 12 de Julho de 1970, é provavelmente mais conhecido pelo seu trabalho em "Wonder Woman / Mulher Maravilha" (2000-2003), "Infinite Crisis" (2005-2006) e "New X-Men", com Grant Morrison. Está actualmente encarregue de "The Amazing Spider-Man", um dos títulos emblemáticos da Marvel.


Wonder Woman, DC Comics, arte de Phil Jiménez

Tempest, DC Comics, arte de Phil Jiménez

Grandes filmes (esquecidos?): 12 - Julius Caesar


Primeiro, uma nota não cinematográfica. Júlio César, líder militar, político e ditador vitalício de Roma, nasceu (possivelmente) a 12 de Julho de 100 A.C. e encontrou o seu destino final nos idos de Março (dia 15 de Março de 44 A.C.). Conquistou a Gália (menos uma pequena aldeia que resistiu ainda e sempre ao invasor) e atravessou o Rubicão; foi provavelmente o maior obreiro do Império Romano.

Em 1953, Joseph L. Mankiewicz adaptou a obra de Shakespeare, "Julius Caesar", peça que descreve os últimos dias de César. A MGM não se poupou a esforços: O elenco era um "who's who" de Hollywood: Marlon Brando interpretava Marco António; James Mason fazia o papel do "et tu, Brutus...?"; John Gielgud era Cássio; César era interpretado por Louis Calhern; Greer Garson era Calpúrnia; Deborah Kerr era Pontia; e Edmond O'Brien era Casca.

O filme, fiel à peça, narra o desenvolvimento da conspiração contra César, o seu assassinato no Senado e os dias subsequentes. O personagem central é Brutus, que debate furiosamente os ditames (e contradições) da lealdade e do dever para com a Pátria (que por sua vez são matizados em tons de cinzento). Os movimentos de manipulação evocam outras emoções, nomeadamente a ambição e a inveja, que são empregues para envenenar (ou acinzentar) o espírito dos próximos de César. No entanto, é Marco António que conquista o filme no seu discurso aos romanos, da escadaria do Senado. É um momento arrepiante.

"Julius Caesar" foi nomeado para cinco Óscares da Academia, incluindo Melhor Filme, Melhor Actor (Brando) e Melhor Música (de Miklós Rózsa, o compositor de "Spellbound"), tendo ganho Direcção Artística. Ganhou o BAFTA de Melhor Actor Britânico para Gielgud e de Melhor Actor Estrangeiro para Brando; James Mason ganhou o prémio para Melhor Actor do National Board of Review (que também concedeu o título de Melhor Filme).

sexta-feira, 11 de julho de 2008

O que estou a ler

"(...) O século XVIII viu assim nascer, por volta de 1750, o papel descartável para o asseio, os penicos começarem a ser esvaziados diariamente e, desde 1730, novos hábitos de vestir, especialmente como prática urbana e da classe média. Alivia-se o peso das roupas, usando tecidos como musseline e algodão, simplificam-se os modelos masculino e feminino, de modo que o corpo, livre para respirar, ficava saudável pela capacidade de dispersar os vapores nocivos.
Os banhos, após terem sido abandonados na Idade Média, voltaram à moda e depois deles, as novas fragrâncias, os perfumes, responsáveis por disfarçar o cheiro dos vapores nocivos.
Também os centros urbanos, uma vez que a cidade tem por modelo o corpo, começam a promover novas práticas de limpeza, drenando buracos e depressões alagadas, cheias de urina e fezes, para esgotos subterrâneos. (...) "

Breve história do corpo e de seus monstros , Ieda Tucherman, 2ªed, Vega, 2004, p.81
Muito interessante ver que o tomamos por garantido, básico, primário, no nosso quotidiano, é relativamente recente , tanto no que respeita à higiene pessoal como à higiene urbana...

Sobre os escritores e as academias

Como é sabido, a maior glória para um autor francófono é a eleição para a Academia Francesa, ser um dos 40 Imortais , pois é assim que são conhecidos os eleitos que ocupam tais famosos fauteuils .
Deparei-me recentemente com a carta de candidatura, formalidade obrigatória, escrita por Balzac quando este se propôs ocupar o fauteuil de Joseph Michaud :

Paris, le 5 novembre 1839

Monsieur le Secrétaire perpétuel,

J'ai l'honneur de vous prier de m'inscrire sur la liste de candidats à la place vacante actuellement à l' Académie française. Les titres que je me crois à briguer les suffrages de l'Académie sont : Le Médecin de campagne, Le Lys dans la vallée, Eugénie Grandet, La recherche de l'absolu, Le livre mystique et La peau de chagrin. Ces ouvrages ne sont que des fragments de l' histoire en action des moeurs françaises au XIX siécle, entreprise à laquelle je me suis voué depuis quinze années et qui veut encore bien du travail pour être achevée.
Dites à L'Académie, monsieur le Secrétaire, qu'à mes yeux mon principal titre est la patiente et le courage d' une vie entièrement consacrée aux lettres, et veuillez me faire l' honneur d' agréer les sentiments d' estime élevée avec lesquels je suis
votre très humble et très obéissant serviteur

Honoré de Balzac


A 20 de Fevereiro de 1840, a Academia elegeu Pierre Flourens para o dito lugar vago. Entretanto, Balzac tinha retirado a sua candidatura porque não queria concorrer contra Victor Hugo, que era também ele candidato.
Alguém conhece ou leu Pierre Flourens ? Eu não. Bem sei que hoje provavelmente também pouco já se lê Victor Hugo ou Balzac, mas a verdade é que foram gigantes durante o século XIX e parte do XX.
Infelizmente, não estamos perante um único grosseiro erro nos anais das academias, francesas ou outras, mas sim perante um dos muitos episódios do género.

Grandes filmes (esquecidos?): 11 - The Women


"The Women" é um filme de 1939, o Annus Mirabilis de Hollywood.

Realizado por George Cukor, é interpretado por mais de 100 actrizes com falas... e nenhum actor! O mote, apropriadamente, é "it's all about men!". Na genética da cultura pop, estará porventura como antepassado de "Sex and the City", sendo que aborda as rivalidades (mais) e amizades (menos) entre várias mulheres e as suas aventuras e desventuras, desde os arranha-céus de uma New York Art Deco repleta de glamour à la Cedric Gibbons até às viagens para Reno para os divórcios. As personagens centrais são duas rivais: a cabeça de cartaz é a #1 da MGM da altura, Norma Shearer (a mulher casada), seguida de nomes sonantes como Joan Crawford (a amante do marido), Joan Fontaine, Rosalind Russell, Paulette Goddard, Lucile Watson, Marjorie Main, Butterfly McQueen, Hedda Hopper...

Um alegado sucesso de bilheteira e de crítica, está a ser refeito com Meg Ryan, Bette Midler, Carrie Fisher, Annette Bening, Eva Mendes, Debra Messing, Jada Pinkett Smith e Candice Bergen, com data prevista de estreia nos EUA para 12 de Setembro de 2008.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

CHARADE de STANLEY DONEN

A Cinemateca parte para férias em Agosto. Merecidamente.
Como oferta de despedida, está a proporcionar ao seu público o belíssimo ciclo “Divas às Matinés” durante este mês. Entre as actrizes escolhidas, encontram-se Greta Garbo, Ingrid Bergman, Elizabeth Taylor e Audrey Hepburn. Amanhã, dia 11 de Julho, às 15.30h, Mrs Audrey Hepburn e Mr Cary Grant entram em cena no comedy-thriller "Charade” de 1963, realizado por Stanley Donen.

Regina Lampert (Audrey Hepburn), ou simplesmente Reggie, é uma senhora americana elegante e financeiramente bem situada. Regressa de férias de ski nos Alpes suíços, e as surpresas não se fazem esperar: Reggie encontra a sua casa em Paris em estado de sítio e encontra o seu ex-marido Charles na morgue. Perturbada (mas não muito, pois trata-se de um ex-marido misterioso e pouco acessível enquanto vivo), aceita de bom grado a ajuda de Peter Joshua (Cary Grant) com quem se cruzara poucos dias antes na Suíça. Citada para apresentar-se na Embaixada dos Estados Unidos no dia seguinte, conhece Hamilton Bartholomew (Walter Matthau) e vem a saber que Charles terá retido ouro no valor de 250.000 dólares a três amigos cúmplices com quem terá roubado esta fortuna durante a Segunda Guerra Mundial. Mas com o desaparecimento súbito de Charles, desaparece também o paradeiro do dinheiro.
Pouco tempo depois, Reggie tem o prazer de conhecer pessoalmente os três indivíduos: o pseudo-cowboy Tex (James Coburn), o maneta Scobie (George Kennedy) e o tímido Gideon (Ned Glass). Os três, unidos pela mesma causa, suspeitam que Reggie tenha a quantia algures escondida. A protagonista escapa às tentativas de homicídio, graças a Peter Joshua. Contudo, à medida que Tex, Scobie e Gideon são misteriosa e mortalmente afastados do circuito, Reggie começa a duvidar da identidade e idoneidade de Peter. Descobre então que Charles trocou o ouro por um selo muito valioso. A quem entregar o selo? A Peter ou a Hamilton?
Reggie é perseguida por Peter numa corrida verdadeiramente impressionante pelas estações do metro de Paris até chegar ao Palais Royal, onde a perseguição continua, com Hamilton à espera dos dois. A Comédie Française serve de cenário final para desvendar o mau da fita que acaba por morrer de forma literalmente teatral…

Charade foi naturalmente um sucesso de bilheteira. Naturalmente, por vários motivos.
Stanley Donen recorreu à técnica de Hitchcock, inspirando-se concretamente em North by Northwest (1959). Os admiradores incondicionais de Hitchcock dirão que Charade não chega aos calcanhares do velho mestre… Talvez.
No entanto, a película prima pela alternância das situações: passagens pouco estéticas, próprias de um crime (?), são imediatamente seguidas de cenas encantadoras e repletas de humor, para dar novamente lugar a ocorrências da categoria anterior. Momentos alegres convertem-se em suspense e vice-versa. A montagem, a dramaturgia e a banda sonora submetem-se a este princípio.

O êxito de Charade deve-se ainda a outro aspecto: o filme é resultado de um excelente trabalho em equipa.
Grant e Hepburn, símbolos de uma elegância e de um género de cinema lamentavelmente já muito longínquos, tiveram finalmente a oportunidade de contracenar juntos, após as tentativas frustradas de Sabrina e Love in the afternoon, em que o leading man, inicialmente destinado a Grant, acabara por ser atribuído a Bogart/Holden e Gary Cooper respectivamente. A colaboração entre Grant e Hepburn em Charade foi de óptima disposição e de amizade. “All I want for Christmas was immediately to shoot another movie with Audrey Hepburn”, palavras de Grant que dizem tudo.

A ajudar ao team work, estiveram Hubert de Givenchy, amigo e couturier predilecto de Hepburn, e Henri Mancini, responsável pela banda sonora desta película, bem como de filmes anteriores (e posteriores) com Hepburn: Moon River de Breakfast at Tiffany’s de 1961 foi, sem dúvida alguma, composto especialmente para Audrey. Audrey e mais ninguém seria capaz de expressar o sentimento à volta do nosso amigo Huckleberry

Última nota: Stanley Donen teve o privilégio de testemunhar uma das últimas aparições em público de Hepburn, durante o festival de cinema de Munique em 1992. Interrogada por uma jornalista sobre se havia algo na sua vida que lamentava não ter feito, a actriz respondeu: "Nothing. Absolutely nothing. Except maybe the fact that, instead of having done only three films with Donen, I would like to have done six.”
Donen, por sua vez, retorquiu: “It’s not too late…”.

Infelizmente, seria demasiado tarde. Audrey Hepburn viria a falecer poucos meses depois.

Muito obrigado!

Muito, muito obrigado: por toda a atenção, pelos belos textos e pelas lindíssimas árias escolhidas!

Cabe-me ainda agradecer ao meu fantástico amigo Luís Barata a oportunidade de poder contribuir para este blogue. É uma grande honra e satisfacção poder integrar esta magnífica equipa!


Filipe

Para o Filipe, mais música com o Philippe

Philippe Jaroussky - Haendel

São só mais um

Dia de Anos

Com que então, caiu na asneira
De fazer, na quinta-feira,
****** e **** annos! Que tolo!
Ainda se os desfizesse…
Mas…fazê-los…não parece
De quem tem muito miolo!
Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o anno passado…
Agora, o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo! Coitado!
Não faça tal…porque os annos…
Que nos trazem? Desenganos
Que fazem a gente velho.
Faça outra coisa, que, em summa,
Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho,
Mas…annos…! Não caia nessa!
Olhe…que a gente começa
Às vezes por brincadeira,
Mas depois, se se habitua,
Já não tem vontade sua,
E fá-los…queira ou não queira!

João de Deus
[Campo de flores]

Vieira da Silva , Arpad e Cesariny no Museu da Electricidade


Uma bebida para o Filipe Nicolau

Já que ficamos a saber que o nosso amigo e colaborador Filipe Nicolau festeja o seu aniversário aqui fica a saudação mais famosa de todo o mundo (para mim...)
from: © ErinVouts, YouTube

Callas & Di Stefano: Traviata, Un di felice... (1955)


from: © DaveDeCathay, YouTube

Puccini para um dia especial


http://www.youtube.com/watch?v=n6kTmWYIAcw

- Dedicado ao Filipe Vieira Nicolau neste dia do seu aniversário

Callas: uma traviata (1953)

from: ©zurrius, Youtube

1871 - Marcel Proust

- Marcel Proust em 1900

Marcel Proust nasceu no dia 10 de Julho de 1871 e faleceu no dia 18 de Novembro de 1922.
Aqui fica um pequeno excerto do seu primeiro livro Les plaisirs et les jours (1896) , mais propriamente da comovente dedicatória a Willie Heath, amigo de Proust falecido em 1893 :

"(...) Je vous donne ce livre. Vous êtes, hélas! le seul des mes amis dont il n'ait pas à redouter les critiques. J'ai au moins la confiance que nulle part la liberté du ton ne vous y eût choqué. Je n'ai jamais peint l'immoralité que chez des êtres d'une conscience délicate. Aussi , trop faibles pour vouloir le bien, trop nobles pour jouir pleinement dans le mal, ne connaissant que la souffrance, je n'ai pu parler d'eux qu' avec une pitié trop sincère pour qu'elle ne purifiât pas ces petits essais. (...) "

Callas - Sonhar com o que não volta

No cinquentenário da Traviata no São Carlos e quando ainda passam trinta anos sobre o adormecimento da sua voz (16 de Setembro de 1977)... Uma oportunidade para viver ou re-viver momentos de glória da Ópera em Portugal.
Inauguração dia 11 de Julho, Museu da Electricidade, 21.30. Infelizmente não estou em Lisboa, vou só sonhar.

O Chrysler Building passa a pertencer a Abu Dhabi


O Chrysler Building passou a ser detido em 75% pelo braço de investimento do Governo de Abu Dhabi. Um dos edifícios Art Deco mais emblemáticos de Nova Iorque, foi acabado de construir em 1930, sendo na altura o edifício mais alto do mundo (no ano seguinte o Empire State Building destronou-o).

O ano do urso?

O índice Standard & Poor's 500 entrou ontem em "bear market" pela primeira vez desde 2002, o que significa uma queda de 20% ou mais relativamente ao pico mais recente. Considerado um dos três principais índices da bolsa norte-americana, é o último a entrar em território de "bear": o Dow-Jones e o Nasdaq já tinham passado a fronteira este ano. Em média, um mercado "bear" tem durado pouco mais de um ano, tendo o pior sido durante a Grande Depressão, que durou mais de dois anos e em que o DJ perdeu 86% do seu valor (em média, a perda tem sido de 30%).

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Jorge de Sena: Um regresso

Convite



A Fundação José Saramago tem o gosto de a (o) convidar para a sessão de homenagem a Jorge de Sena, que decorrerá no Teatro Nacional de São Carlos, no dia 10 de Julho de 2008, pelas 21.30 Horas.

Entrada condicionada pela lotação da sala

Programa

· Leitura de poemas por Jorge Vaz de Carvalho

· Recital de piano por António Rosado

· Leitura de depoimento de Mécia de Sena

· Intervenções de Eduardo Lourenço, Vítor Aguiar e Silva, Jorge Fazenda Lourenço,

António Mega Ferreira e José Saramago

· Encerrará a sessão o Ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro



Com a colaboração do:



Apoio:





tempo de sol

o peixe-espada
desembaínhado,
na areia, brilha.


Luís Pignatelli

(In: Galáxias, Lisboa, Moraes, 1973, p. 40)

frases sem nome

As quatro coisas que não voltam para trás:

A pedra atirada, a palavra dita,

a ocasião perdida e o tempo passado
.

Olhos azuis

Para quem gostar de olhos azuis!

Tão longe

Desta memória eu quereria dizer...
Tão apagada agora... quase nada resta -
porque ficou tão longe, nos meus anos primeiros de ser humano.

Uma pele como de jasmim... Na noite
de Agosto... Era Agosto?... Mal relembro
os seus olhos... Eram, suponho, azuis...
Ah sim, azuis. Azuis como safira.

[1914]
Constantino Cavafy [Konstantinos Kavafis]

(90 e mais quatro poemas. Trad. de Jorge de Sena. 3.ª ed. Porto: Asa, 2003)

terça-feira, 8 de julho de 2008

Elegias em Mitilene - 1

O PASSADO RETIDO


O leito deixarei como o deixou, desfeito e alterado,
revoltos os lençóis, para que a forma do seu corpo fique
ainda gravada junto ao meu.

Até amanhã não irei banhar-me, não me hei-de
vestir nem no cabelo hei-de tocar com medo que se
sumam as carícias.

Hoje de manhã não comerei, nem esta noite, e
sobre meus lábios não porei carmim nem pó, para que
seu beijo em mim possa perdurar.

Deixarei fechados os postigos e não abrirei a porta
a ninguém, com medo que a lembrança que ficou se não
desvaneça com a brisa.


- Pierre Louys, AS CANÇÕES DE BILITIS , trad.port. Júlio Henriques, Fora do Texto, 1990,76

Debate - O estado da nação

Vítor Bento, Maria Filomena Mónica e Paulo Teixeira Pinto debatem o estado da nação, numa organização conjunta da SEDES e da Livraria Byblos.

O debate será moderado por Luís Campos e Cunha, actual presidente da SEDES.

Livraria Byblos, R. Carlos Alberto da Mota Pinto, às 21.30

Não tentar

"I hear from people who want to do something with their lives. They want to be an artist. And then they chicken out. They listen to the tyranny of reasonable voices, and those want only to help to protect them from failure, and therefore do not try, which is the worst possible kind of failure."

J. Michael Straczynski, entrevista a Comic Book Resources, 1 de Julho de 2008

Os Defensores de Chaves...


... ganharam o seu nome ao defender a cidade de Chaves para a causa Republicana, derrotando as tropas monárquicas de Paiva Couceiro, a 8 de Julho de 1912.

O regresso do "Fantasma"


Um dos personagens mais conhecidos da Banda Desenhada, o "Fantasma" vai reaparecer pela mão da Dynamite Comics, que garantiu os direitos ao personagem. Anunciado no final de Junho, ainda não existe data para publicação, mas já estão assegurados os serviços de Alex Ross ("Kingdom Come", "Mythology", "Project Superpowers"... e o cartaz dos Óscares de 2002, entre outros). Criado em 1936 por Lee Falk, o mote da Dynamite fará regressar "O Espírito Que Anda" às suas origens, que não se passavam na selva, mas sim na cidade. Como curiosidades do personagem, foi o primeiro a usar um fato (uniforme?) justo ao corpo, que passou a ser "moda" para os super-heróis, e a ter uma mascarilha em que não se vêem as pupilas dos olhos (também habitual hoje em dia).

A Dynamite Comics, uma das editoras independentes, é responsável por "The Boys", de Garth Ennis, candidata a melhor série do ano, e pelo relançamento de "The Lone Ranger", "Red Sonja", "Zorro" e "The Man With No Name", a par de "Battlestar Galactica - the reimagined series".

segunda-feira, 7 de julho de 2008

"Modelo e Detective"


Esta noite estou a rever a 5ª (e última) série de "Moonlighting / Modelo e Detective", que fez as minhas delícias de "jovem inconsssiente" em finais dos anos 80 (essencialmente antes da greve dos Writers Guild of America terem criado o caos nos argumentos, mas enfim...). Estou a rever Maddie Hayes (Cybill Shepherd) na sua pose altaneira, David Addison (Bruce Willis) com "do bears bear, do bees bee?" e as rimas impensáveis de Miss Agnes DiPesto (Allyce Beasley). Estou, sobretudo, a rever os casacos com chumaços, os tons pastel, os penteados com volume e o ritmo dos diálogos e das desavenças entre Maddie e David (que me pareceu muito mais acelerado da primeira vez que os vi, mas me faz sorrir anyway).

Versão de "Metropolis" redescoberta na Argentina


O responsável pela Fundação Friedrich-Wilhelm-Murnau-Stiftung, que detém os direitos do filme "Metropolis", de Fritz Lang (1927), confirmou que foram descobertos cerca de 20 a 25 minutos do filme, que se consideravam perdidos (julga-se que apenas faltam agora cerca de 5 minutos da versão original).
"Metropolis", realizado na Alemanha sob a égide do magnífico estúdio visionário Ufa, é considerado um dos primeiros exemplos de ficção científica, tendo lugar num futuro distópico de guerra entre as massas oprimidas e os líderes opressores em 2026. A produção foi reputadamente a mais cara de sempre de um filme mudo.
A descoberta teve lugar na Argentina, sob a forma de uma cópia que havia sido trazida para o país em 1928 e estava agora no Museo del Cine. Ainda não se sabe quanto tempo vai durar o restauro; casos anteriores demoraram vários anos (recorde-se o "Beyond the Rocks", de 1922, com Valentino e Gloria Swanson, descoberto em Abril 2003 na Holanda e exibido no Festival de Cannes de 2005). Neste momento a Fundação está empenhada no restauro do épico "Die Nibelungen", também de Fritz Lang, que deverá estrear em 2010 no Festival de Cinema de Berlim.
Esperança renovada para que um dia se encontre o uncut de "Greed" de Erich von Stroheim...

"Um marido ideal" por Maureen Dowd no NYT

Maureen Dowd, colunista que nos últimos anos se tem entretido a arrasar a presidência de George W. Bush e este ano se abalançou com idêntico afinco a arrasar a campanha de Hillary Rodham Clinton, escreveu ontem uma crónica divertida no New York Times sob o título "An Ideal Husband".

http://www.nytimes.com/2008/07/06/opinion/06dowd.html?partner=rssnyt&emc=rss

Tchekhov por São José Lapa

Em plena Avenida da Liberdade

- imagem retirada do " o insecto "

E esta Lisboa devoluta vai ardendo. Esta noite foram os números 21 e 23 da Avenida da Liberdade. E se em vez de ter começado às onze tivesse começado umas horas mais tarde? Outro Chiado?

Hoje no Porto

É hoje no Porto, nas instalações da Cooperativa Árvore, que se realiza um jantar de desagravo a Isabel Pires de Lima, na sequência da recente polémica com o actual Ministro da Cultura.
Entre os organizadores estão Vasco Graça Moura, Miguel Veiga, José Rodrigues e Mário Cláudio.

Hoje em Lisboa


Inaugura hoje a exposição Impressões do Oriente, de Eça de Queirós a Leite de Vasconcelos, integrada nas comemorações dos 150 anos do nascimento de José Leite de Vasconcelos, fundador e primeiro director do Museu Nacional de Arqueologia .
Justíssima homenagem a um génio.

1930 - Arthur Conan Doyle

Arthur Conan Doyle faleceu no dia 7 de Julho de 1930, aos 71 anos, na sua mansão de Windlesham, devido a complicações cardíacas que se haviam agravado um ano antes, na primavera de 1929, quando realizava uma tournée de conferências pela América do Norte.

Apesar de ter passado esse último ano da sua vida muito debilitado fisicamente, ainda na semana anterior à sua morte integrou uma delegação de adeptos do Espiritismo que foi requerer ao Home Office a revogação do Witchcraft Act ( Lei de 1733 que na sua origem visava reprimir a feitiçaria e a vagabundagem, mas que nas últimas décadas do séc.XIX e nas primeiras do séc.XX foi usada pelas autoridades britânicas para condenar um grande número de médiums, metendo no mesmo saco tanto os vigaristas como os espíritas convictos, visando reprimir o grande número de burlas que já ocorriam sob o pretexto dos espíritos...) , uma vez mais sem sucesso.

Aliás, os últimos anos da vida de Sir Arthur Conan Doyle foram dedicados ao Espiritismo, alienando muitos amigos e admiradores, sendo certo que mesmo dentro do Espiritismo as suas ideias não eram pacíficas: em 1928 demitiu-se da London Spiritualist Alliance , da qual tinha sido presidente, e no princípio de 1930 saíu da Society for Psychic Research, abandonos que se deveram ao facto de que Conan Doyle achava que ambas as sociedades estavam a ser demasiado rigorosas nos seus critérios...

Se o Espiritismo marca o ocaso da vida de Conan Doyle, médico de formação, o apogeu da mesma é marcado pela escrita das histórias de Sherlock Holmes, a sua criação literária que lhe deu fama e fortuna. Foi, aliás, o sucesso do Rei dos Detectives que possibilitou deixar o exercício da medicina e dedicar-se à escrita a tempo inteiro.

No entanto, como é sabido, Doyle, a partir de certa altura, passou a "odiar " Sherlock Holmes, que quase parecia ter adquirido vida própria tal o sucesso mundial, e chegou a "matá-lo", vendo-se porém obrigado a "ressuscitá-lo" uns anos depois por necessidades económicas e pressão dos admiradores - desde a sua própria mãe até à Família Real...
Arthur Conan Doyle está inexoravelmente ligado a Holmes, sendo quase desconhecidos os inúmeros romances históricos que publicou. Sherlock Holmes, como se sabe, é uma das personagens literárias mais populares de todos os tempos e uma das mais adaptadas para outros meios- rádio, televisão e cinema, sendo certo que as suas aventuras continuam, escritas agora por outras mãos, num fenómeno que não tem paralelo e a que voltarei.

O que não deixa de ser curioso é como o criador do mais racional dos detectives acabou missionário do Espiritismo... Mas também sobre isto existem muitas teorias...

DA RELIGIÃO - SCHNITZLER

Submissâo- ou revolta - ? Ah, se fosse possível decidir de uma vez por todas ! Sentir quando há motivo para nos inclinarmos para um lado ou para o outro, eis onde começa a religião- ou a filosofia-, ou as duas ao mesmo tempo.

Crer ou não crer é uma coisa que em geral não se sabe como decidir. Mas a questão da dúvida, essa não levanta problemas a ninguém. Só que não se sabe sempre do que se duvida.

Conhecem-se inúmeros exemplos de crentes fervorosos que começaram a duvidar de Deus porque foram atingidos por uma grande infelicidade- mesmo que isso tenha acontecido por sua culpa; mas ainda não se viu ninguém perder a fé por lhe ter acontecido uma felicidade imerecida.


- Arthur Schnitzler, RELAÇÕES E SOLIDÃO , trad.port. Manuel Alberto, Relógio D'Água Editores, 1996, 42.

O estado da petição

A petição contra o Acordo ortográfico já atingiu as 81.000 assinaturas. É obra.






Grandes filmes (esquecidos?): 10 - Arsenic and Old Lace


Comédia de Frank Capra, "Arsenic and Old Lace" foi realizada em 1944 (bem, mais precisamente, foi rodada em 1941, mas apenas exibida em 1944 para não colidir com a exibição da peça na Broadway). O grande mérito vem do cintilante e argumento de Julius J. Epstein (o mesmo de "Casablanca"), que nunca abranda o ritmo nem a inteligência da peça de Joseph Kesselring.
Mortimer Brewster (Cary Grant), um crítico cínico e solteirão inveterado, apaixona-se e decide casar com a girl next door (curioso como escrever "a vizinha do lado" lhe dá um tom completamente diverso). Antes de partir de lua-de-mel, visita as tias que o criaram desde menino (Jean Adair e Josephine Hull). Um par de velhinhas encantadoras, as tias vivem com Teddy, um irmão de Mortimer que se julga Teddy Roosevelt - a despropósito, passa a vida a correr escada acima gritando "Charge!!", imitando a carga de San Juan Hill. Durante a visita, Mortimer depara com um cadáver no banco da janela - convencido da culpabilidade do pobre louco, tenta persuadir as tias a interná-lo. Mas as encantadoras senhoras têm outra história para lhe contar: não se trata de actos de Teddy, mas sim caridade das tias. Havia tantos senhores solteiros idosos a visitá-las que as doces velhinhas haviam decidido ser bondosas para não ter que recusar os seus avanços, dando-lhes um copinho de vinho caseiro enriquecido... com arsénico, estricnina e cianeto. Os corpos eram subsequentemente enterrados na cave por Teddy, que julgava estar a cavar o canal do Panamá e a enterrar vítimas da febre amarela. Para complicar tudo, surge a polícia: o outro irmão de Mortimer, cadastrado, fugira da prisão. Claro que o irmão malvado aparece em cena (interpretado por Raymond Massey, com a cara do Frankenstein de Boris Karloff), com um cirurgião plástico alcóolico seu cúmplice a tiracolo (Peter Lorre). As peripécias e os mal-entendidos sucedem-se a um ritmo de metralhadora, com a noiva à espera e Mortimer a contar os segundos para enlouquecer como o resto da família.
"Insanity runs in my family - it pratically gallops!"
Mortimer Brewster

Signo Caranguejo: George Cukor, o realizador de mulheres

George Cukor nasceu a 7 de Julho de 1899 e faleceu a 24 de Janeiro de 1983. Entre os seus filmes, contam-se muitas das pedras preciosas de Hollywood; há dez que estão no meu panteão (e vários que me falta ver, espero aumentar o leque):
  • A encantadora comédia pré-código "Dinner at Eight" (1933), com Jean Harlow, John e Lionel Barrymore, Wallace Beery e Marie Dressler, misturando a comédia de costumes com a Grande Depressão;
  • "Camille / A Dama das Camélias" (1936), com Greta Garbo no papel de Marguerite Gauthier;
  • "The Women" (1939), um inteligente exercício em "Sex and the City" que não perdeu com o tempo, com mais de 130 actrizes e nenhum actor, incluindo Norma Shearer, Joan Crawford, Rosalind Russell, Paulette Goddard, Joan Fontaine e Hedda Hopper;
  • A obra prima "The Philadelphia Story" (1940), com Katharine Hepburn, James Stewart e Cary Grant imortalizados em celulóide como Tracy Lord, Macaulay Connor e C.K. Dexter Haven;
  • The Philadelphia Story (1941)

  • "Gaslight" (1944), sobre o qual já falei;
  • "I'll Be Seeing You" (1944), o mais fantástico (e esquecido) filme de Natal, realizado por William Dieterle (Cukor não aparece nos créditos), em que Cukor foi chamado por Selznick para re-gravar parcialmente - e vê-se como um Cukor;
  • "Adam's Rib" (1949), comédia "guerra dos sexos" em torno a um caso de uma mulher (Judy Holliday) acusada de alvejar o marido que a enganava, defendida em tribunal por uma feminista (Katharine Hepburn) e acusada pelo marido desta (Spencer Tracy);

Adam's Rib (1949)

  • "Born Yesterday" (1950), com Judy Holliday e William Holden, outra comédia hilariante que conseguiu o Óscar de Melhor Actriz para Judy Holliday;
  • "A Star Is Born" (1954), remake do drama dos anos 30, com Judy Garland como Esther Blodgett/Vicki Lester, James Mason como Norman Maine e a canção "The Man Who Got Away";
  • "My Fair Lady" (1964, com Audrey Hepburn e Rex Harrison).
Em termos de marcos na história do cinema, realizou os últimos filmes de duas das grandes divas dos anos 30: "Two-Faced Woman" (1941), com Greta Garbo, e "Her Cardboard Lover" (1942) com Norma Shearer (é curioso; nos anos 30, a maior estrela do cinema norte-americano era a mulher de Irving Thalberg, que a posteridade não favoreceu). Katharine Hepburn actuou em 10 dos seus filmes (incluindo três com Spencer Tracy e dois para televisão). Esteve envolvido na produção de "The Wizard of Oz / O Feiticeiro de Oz" e "Gone With the Wind / E Tudo o Vento Levou", tendo sido o realizador indicado para este último antes das manipulações Selznick / MGM o terem afastado. Era também o homem do leme no mítico "Something's Got to Give", o último filme (inacabado) de Marilyn Monroe.
O seu último filme, "Rich and Famous", com Jacqueline Bisset e Candice Bergen, data de 1981.
O título de "realizador de mulheres" nunca lhe agradou - costumava salientar que nunca nenhum outro realizador tivera tantos actores a conseguir o Óscar de Melhor Actor (James Stewart com "The Philadelphia Story", Ronald Colman com "A Double Life" e Rex Harrison com "My Fair Lady").
Uma nota para a sua vida fora do écran: os seus famosos domingos em Hollywood eram garantia de boa vida em ambiente de beautiful people, reunindo amigos como Gene Tierney, Judy Garland, Katharine Hepburn e Spencer Tracy, Laurence Olivier e Vivien Leigh, Joan Crawford e o seu marido Douglas Fairbanks, Jr. , Noel Coward, Cole Porter, James Whale, Lauren Bacall e Humphrey Bogart, Claudette Colbert, Marlene Dietrich, Edith Head ou Norma Shearer.

domingo, 6 de julho de 2008

FRANS HALS: THE LAUGHING CAVALIER


Será desnecessário dizer que vários museus londrinos merecem visitas repetidas: ou o espólio é inesgotável e, por isso, somos "obrigados" a múltiplas "peregrinações", como no caso da National Gallery e do V&A Museum, ou as peças expostas são de tal beleza que nos apaixonamos por elas e voltamos a admirá-las como se de alguém especial se tratasse. E em muitos exemplos, ambas as categorias sobrepõem-se.

A oferta da Dulwich Picture Gallery ou da Wallace Collection será mais reduzida em comparação com a riqueza de outras casas, ainda assim, a ida a Dulwich nos arredores de Londres ou a Manchester Square em pleno centro torna-se sempre num highlihgt.
O ex-libris da Wallace Collection é o quadro The laughing cavalier do pintor holandês Frans Hals (1580 ? - 1660).

O nome The laughing cavalier foi atribuído posteriormente, entre 1875 e 1888. No entanto, nem o nosso protagonista é cavaleiro (ou será "cavalheiro" a tradução mais correcta, pois ambas as versões circulam pelo mundo fora..., os estimados leitores e peritos anglo-saxónicos esclarecer-me-ão ), nem ele se ri. A inscrição no quadro indica-nos apenas que tinha 26 anos em 1624, quando foi retratado. Não existe qualquer outra "pista" que nos ajude a identificá-lo.

O guarda-roupa distingue-se pelos bordados sofisticados com motivos de prazer e de dor, próprios de alguém fallen in love, tais como flechas ou setas. Estas alusões românticas sugerem que o retratado já seria noivo ou, com esta "fotografia", se apresentaria à futura esposa. Em todo o caso, vemos um contemporâneo de Hals manifestamente bem abastecido, bem vestido e, de forma geral, bem na vida.

O olhar simpático do caval(h)eiro mistura-se talvez com uma certa ironia ou algum gozo com o espectador. O quadro transmite-nos uma sensação contraditória: sentimos um à-vontade familiar, mas ao mesmo tempo resta um enigma ou uma distância mística.

The laughing cavalier é representativo da técnica brilhante de Frans Hals. Os tecidos diferentes e os detalhes riquíssimos do vestuário, incluindo o chapéu, foram capturados com máxima precisão e expressão, as transições são contudo fluídas e pouco severas.

As obras de Hals caíram em esquecimento durante séculos até à célebre venda da colecção de James-Alexandre, Conde de Pourtalès-Gorgier, em 1865 em Paris: o 4º Marquis of Hertford e seu amigo, James de Rothschild, disputaram a aquisição do retrato, tendo o Marquis ganho a corrida com a licitação de aproximadamente 45.000 francos.

A partir daí, The laughing cavalier tornou-se rapidamente conhecido e popular, e com ele, Frans Hals regressou ao elenco dos principais artistas da pintura ocidental.

Frase do dia

" Não sou contra o capitalismo, sou contra o capitalismo absoluto "

Quem proferiu esta frase foi David Ferreira, filho de David Mourão-Ferreira e de Maria Eulália Valentim de Carvalho, até há pouco tempo o rosto português da poderosa editora discográfica EMI, que acabou por abandonar após algumas divergências com a gestão internacional.
David Ferreira, como parece estar na moda, vai dedicar-se por conta própria à edição de livros e discos tendo para isso fundado a David Ferreira Investidas Editoriais .

Ecologia - 2


No canal Odisseia Julho é o mês do Árctico, estando programados 23 documentários, que abordam as mudanças climáticas na Gronelândia, o degelo, a vida dos Inuits , os ursos polares e as ameaças que pairam sobre a região- designadamente a corrida ao petróleo.
Os programas passam às segundas e quartas, às 16h, com repetições às 23 h desses dias e às sete da manhã dos dias seguintes.

Ecologia - 1

Foi recentemente divulgada a lista das zonas e espécies mais afectadas pelas alterações climáticas. Aqui fica o TOP TEN :

1- Grande barreira de coral - Austrália, Pacífico Sul, Índico e Belize

2- Tartarugas marinhas - Caraíbas e América Latina

3- Salmões, baleias, golfinhos e ursos polares - Mar de Bering, Pacífico Norte, Árctico

4- Amazónia - América do Sul

5- Florestas temperadas- Chile e Argentina

6- Deserto de Chihuahua, jaguares e ursos negros- Estados Unidos e México

7- Ecosssistemas da Baía de Bengala - Índia e Bangladesh

8- Rio Yang Tse - zona nascente, panda, macaco dourado - Tibete e China

9- Himalaias - China, Índia, Nepal .

10- Florestas húmidas, na costa oriental africana - Quénia, Tanzânia e Moçambique.

John Byrne - artista de BD



John Byrne, nascido a 6 de Julho de 1950, é provavelmente o desenhador norte-americano mais famoso dos anos 80. Juntamente com Chris Claremont e Dave Cockrum, foi o responsável pelo relançamento e subida fulgurante dos X-Men nas vendas da indústria. Na DC, esteve responsável vários anos por Superman e Wonder Woman. Na Marvel, para além de "Uncanny X-Men", foi o desenhador de séries como "Avengers / Vingadores", "Spider-Man/Homem-Aranha", "Iron Fist" (hoje um sucesso estrondoso), "Namor", "Champions", "Alpha Flight" e "Fantastic Four/Quarteto Fantástico". As suas séries recentes mais notáveis incluem "X-Men: The Hidden Years" (1999-2001), sobre o período que decorrereu entre a série original dos anos 60 e o re-lançamento nos anos 70 e "Marvel: The Lost Generation" (2000-2001). Está neste momento activo em "Star Trek: Assignment Earth" para a IDW, decorrendo a par do episódio do mesmo nome da série televisiva original. A par da sua destreza artística, são famosos os seus conflitos com outros autores e agentes da indústria.


John Byrne também ganhou fama como arauto da desgraça, com uma maldição predictiva associada aos seus livros: em 1977, uma edição de "Marvel Team-Up" continha um black-out em Nova Iorque; no mês de publicação, houve um black-out em Nova Iorque. Em "Uncanny X-Men", um terramoto no Japão - que ocorre no mês de publicação. Ao leme de "Wonder Woman", cujo personagem principal é a Princesa Diana, um livro teve como mote a morte da princesa, com a capa reproduzindo um título de jornal sobre a morte da Princesa Diana (de Themyscira). Foi publicado três dias antes da morte da Princesa Diana (de Gales).