Prosimetron

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sábado, 7 de fevereiro de 2009

Le Corbusier, A Viagem do Oriente 3. El Greco (II)!

Sala de Música de Carmen Sylva, rainha da Roménia "Greco que ali definha é Falso!"

Dos oito (quadros de El Greco) que devíamos ver, quatro infelizmente estavam em Sinaïa, a residência de verão. Os quartos que atravessávamos eram acanhados e malfeitos. Do soalho ao tecto acumulavam-se inúmeros bibelôs, toda a quinquilharia de arte de êxtases “homaisianos”. Não podíamos acreditar no que víamos. Os lacaios nos assinalavam, aqui e ali, sempre um canto perdido e escuro, um são Jorge, uma Natividade, um Casamento da Virgem, pelos quais Auguste havia empreendido essa viagem. Quadros ruins ocupavam lugares de honra, infames; e, sobre os móveis, retratos fotográficos como na casa do meu zelador, em Paris. Tomei nota, para que acreditasse em mim, minha senhora, da sala onde se encontra o Casamento da Virgem. As dimensões são de três metros de largura, dez de profundidade. A metade do cómodo é elevada à altura de um degrau e isolada por meio de uma colunata de madeira de onde pendem cortinas. É atrás dessas cortinas que está o quadro do mesmo tamanho, um episódio da guerra franco-alemã, com fumaça, canhões, mortos e capacetes com ponta. E franceses em debandada! Os dois quadros distam de um metro. (…) No lado oposto ao Greco, uma grande lareira… de madeira, feita para o “panorama”! Em frente do Greco, e ocultando-o um pouco, um busto da rainha em mármore branco. Sobre algumas mesas, um almanaque e fotografias amontoadas, em moldura de couro ou pelúcia. (…).
E na sala de música, onde vêm tocar, como num templo, os jovens protegidos que a rainha mecenas atrai da Europa, é ainda pior, eu juro: não dá para acreditar!...E o quarto Greco que ali definha…é falso!


Le Corbusier, A Viagem do Oriente, São Paulo: Cosac Naify, 2007, (Apoio do Ministério da Cultura Francês - Centro Nacional do Livro, traduzido por Paulo Neves), p. 58-59.

Annie Lennox: Paz para Gaza

Para recordar...Pete Seeger - Little Boxes

Punta Arenas


Não parece desengraçado...
Continuação de boa viagem!

In Memorian de Enrico Caruso - Vesti la giubba 1907



Enrico Caruso nasceu em Nápoles, a 25 de Fevereiro, de 1873, e morreu na mesma cidade a 2 de Agosto de 1921.

A paixão dos livros - 5


Édouard Manet - «Émile Zola» (pormenor)

«Concede-me, Senhor, dizia um antigo, uma casa cheia de livros, e um jardim cheio de flores. Quereis um resumo de todas as misérias humanas? Vede um desgraçado que tem de vender todos os seus livros. Bibliothecam vendit
Jules Janin

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Leoncavallo:"No, pagliaccio non son"



I Pagliacci estreou a 21 de Maio de 1892, no Teatro Dal Verme, em Milão.

Glaciar El Brujo


Por onde andaram esta manhã os nossos dois bloguistas.
Deve ser maravilhoso.

Fernão de Magalhães em Lisboa

Era preciso ir ao Chile-Chile?
Bastava descer a Av. Almirante Reis...



Estátua de Fernão de Magalhães, no dia da inuaguração, em 17 de Outubro de 1950. Encontra-se na Praça do Chile, em Lisboa. Foi oferecida pelo Chile e é da autoria de Guilherme Cordoba.
Foto de Claudino Madeira.
Arq. Fot. CML

PATAGÓNIA [- 2]

À Patagónia os seus filhos
chamaram sempre a Mãe Branca.
Dizem que Deus não a quis
por ser agreste e distante
e com a noite como aurora
e os gritos da ventania,
a gritaria do vento,
as ervas ajoelhadas,
e porque nela há um rio
de gentes estrangeiradas.
[…]

Gabriela Mistral
In: Antologia poética / trad. Fernando Pinto do Amaral. Lisboa: Teorema, 2002

Mendelssohn

Mendelssohn Piano concerto No.1 3M

Para recordar... Beatles

And I Love Her

[que outra cousa?...]

O cavalo sedento bebe de qualquer água,
o pássaro faminto come de qualquer grão.
Ao homem novo e forte que a miséria acossa,
que outra cousa lhe resta senão tornar-se bandido?
Wu Ki
In: Pedro da Silveira - Mesa de amigos: versões de poesia. Angra do Heroismo: Secr. Regional de Educação e Cultura, 1986

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Carmen Sylva, Rainha da Roménia.

A Viagem do Oriente de Le Corbusier levou-me a conhecer a Rainha da Roménia, Pauline Elisabeth Ottilie Luise zu Wied (1843-1916) consorte do Rei Carol I da Roménia. Reconhecida como uma excelente pianista, cantora, escritora e pintora foi, sobretudo, na literatura que mais se celebrizou sob o pseudónimo de Carmen Sylva. Escolhi o poema "A Mãe" para aqui a recordar.

“ The Mother”

The fairest word on earth that's heard,
On human lips the fairest word,
Is mother.
To whom such name shall once belong,
High honor hers her whole life long,
A mother.
But all her earthly joys are o'er,
Who is and then who is no more
A mother.


Carmen Sylva, Queen of Roumania, p. 528
http://www.tkinter.smig.net/CarmenSylva/Century1884.08/528.htm

Patagónia - 1

«- Patagónia! – exclamou. – É uma amante possessiva. Enfeitiça. Uma autêntica sedutora. Envolve-nos nos seus braços e nunca mais nos deixa partir.»
Bruce Chatwin – Na Patagónia

Luís e João,
Não façam como o poeta que foi à Patagónia e nunca mais voltou a Buenos Aires…
Estamos à vossa espera!

Sob o olhar da lente - 20


E das janelas passemos às portas... Gosto das casas londrinas pena é muitas delas terem divisões demasiado acanhadas, mas o seu charme compensa. Fotos de António Nobre Marques

Eugénio de Andrade, Flores 5

Hoje recebi um presente com cores e poemas que regulam o tempo.


CANÇÃO INFANTIL
(...)
VIII
Foi para ti que criei as rosas.
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei às romãs a cor do lume.

Foi para ti que pus o céu na lua
e o verde mais verde nos pinhais.
Foi para ti que deitei no chão
um corpo aberto como os animais.

Eugénio de Andrade, Obra de Eugénio de Andrade/25, Porto: Editora fundação Eugénio de Andrade, 2005 (8ª edição), p. 16.

Le Corbusier, A Viagem do Oriente 2. El Greco!

Carmen Sylva, Rainha da Roménia Pauline Elisabeth Ottilie Luise zu Wied
BUCARESTE
(Carta a uma dama que me declarou um dia sua admiração por Cármen Sylva, rainha da Roménia).

Senhora,
Não me lembro onde foi, nem quando! Mas certamente Cármen Sylva acabava de publicar algum livro requintado, e Les Annales fizeram o retrato da rainha-poeta, e a senhora foi tocada pela simplicidade de seus atavios, pela delicadeza de seus cabelos grisalhos e de seus olhos acolhedores. E Les Annales proclamaram que a alma da artista ardia por trás dessa aparência modesta!
Mas eis que me vejo prestes a demolir seu ídolo, minha senhora, porque conheci o palácio onde ela brilha! Há-de conceder-me, não é mesmo? Que as paredes de uma morada reflectem a alma que a habita, e, considerando que julgo apenas pelo que meus olhos mostram, há-de perdoar-me, após ter lido isto.
Mas a senhora conhece El Greco! Exactamente: Domenikos Theotokopoulos. Um ressuscitado de três ou quatro anos. O milagre aconteceu no Salão de Outono de 1908. E foi uma alegria muito grande, para os amantes da arte, essa exposição retrospectiva e reabilitadora. Para os historiadores de arte, obstinados com os Murillo, os Zurbarán e os Velazquez, El Greco era um incidente cronológico nem assinalado. (…) a Senhora compreenderá que eu acreditava na excelência de Carmen Sylva, pois, ao transpor o limiar de sua morada, encontraria ali oito quadros do Greco pendurados nas paredes de seus quartos e de sua sala de música.
Não a fatigarei com a descrição desses quadros, mas, para ficar no assunto, tentarei falar-lhe dos seus enquadramentos. (…)
Subíamos a escada de honra do palácio de Cármen Sylva, custava-nos acreditar que estivéssemos na realidade. Era muito feio. Passamos Deus sabe lá quantas salas, na confusão das quais encontramos os Greco que procurávamos.
(a continuar…)

Le Corbusier, A Viagem do Oriente, São Paulo: Cosac Naify, 2007, (Apoio do Ministério da Cultura Francês - Centro Nacional do Livro, traduzido por Paulo Neves), p. 55-58

A paixão dos livros - 4


Édouard Manet - «Émile Zola» (pormenor)

«A madeira velha é a melhor para arder; o vinho velho o melhor para beber; os amigos velhos os melhores para neles se confiar; os livros velhos os melhores para ler.»
Alonzo d’Aragon

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Puerto Montt


Puerto Montt em 1960. O João e o Luís estiveram hoje aqui.
http://img230.echo.cx/img230/861/cmisdocumentosmisimgenespm1960.jpg

Hitchcock: Janela Indiscreta!

A janela do"Olhar da Lente" fez-me recordar este grande filme de Alfred Hitchcock.
Em Greenwich Village, Nova York, o fotógrafo L.B. Jeffries com uma lente tele-objetiva observa tudo o que o rodeia. Terá havido um assassinato?
Baseado em conto de Cornell Woolrich, publicado originalmente em 1942 sob o título It had to be murder.

John Lennon em Atenas!

John Lennon no Hard Rock Café em Atenas:
uma gravata, uma história. O mito num rectângulo dourado.

Será que é desta?

Um homem e uma mulher falam um com o outro, mas interpretam mal o que cada um diz - muitas vezes com consequências tristes. (...) No que toca à comunicação entre sexos, porque será que parece que ainda estamos na fase do Mim Tarzan, Tu Jane?

Pois bem parece que, finalmente, chegou a explicação para o abismo existente entre o entendimento homens/mulheres, pelo menos é isso a que a autora de O Que os Homens Dizem e o Que as Mulheres Ouvem se propõe fazer neste livro através da aplicação de técnicas científicas a exemplos divertidos e bem reais, na tentativa de descomplicar um pouco mais cada passo de uma relação, desde os primeiros encontros até ao desejado felizes para sempre, passando por outras fases importantes, como a de conhecer a família do outro.

Linda Papadopoulos, a autora do livro, é uma popular e prestigiada psicóloga canadiana de origem cipriota-grega, especialita em Terapia Comportamental e Cognitiva. Entre diversos livros publicados e participações em programas de televisão, Linda também é colunista da revista Cosmopolitan.

Da colecção Pecado Original, O Que os Homens Dizem e o Que as Mulheres Ouvem é uma edição Guerra & Paz. Nas livrarias a partir de 19 de Fevereiro (15 euros).

Buenos dias!

Para o Luís e para o João,

img1.chakpak.com/.../buenos-dias-wallpaper.jpg

Efeméride 2

A foto está fantástica. Foi tirada junto ao Hyde Park, em Londres, onde há 76 anos (neste mesmo dia), 50 mil pessoas fizeram uma manifestação contra o desemprego. Um flagelo social que, infelizmente, volta a ser uma ameaça à escala global.

Efeméride

Foi a 4 de Fevereiro de 1524 (ou 1525) que nasceu Luís Vaz de Camões, talvez em Lisboa (Coimbra também reclama ser o berço do nascimento do poeta). A propósito desta efeméride seria interessante lançar aqui um desafio: são ou não os Lusíadas a maior epopeia de mundo, comparativamente com outras também muito conhecidas, como a Eneida, a Odisseia e a Ilíada?

Sob o olhar da lente - 19

Porque também gosto de janelas (mesmo as indiscretas!!) escolhi esta que não parece muito british, mas é.
Foto de António Nobre Marques (Londres).

Walt Disney : Merbabies

Para o nosso querido amigo Luís que se anda a divertir no mar, com saudades

Tango!

Para o João que em breve o estará a dançar ao vivo

Pascal: pensamento!

Blaise Pascal (1623-1662)
"Os homens são tão necessariamente loucos, que seria ser louco de uma outra forma de loucura não ser louco".

Pascal- Pensamentos, Lisboa: Editorial Verbo, 1972, p. 46

Arte e o absurdo

Outono: folhas e árvores invertidas de Mauritus Cornelis Escher
Three Worlds

Eugénio de Andrade, Poesia e as Flores 4


CANÇÃO

Tinha um cravo no meu balcão;
Veio um rapaz e pediu-mo:
- mãe, dou-lhe ou não?

Sentada, bordava um lenço de mão,
Veio um rapaz e pediu-mo:
- mãe dou-lho ou não?

Dei um cravo e dei um lenço,
só não dei o coração;
mas se o rapaz mo pedir:
- mãe, dou-lho ou não?

Eugénio de Andrade, Obra de Eugénio de Andrade/25, Porto: Editora fundação Eugénio de Andrade, 2005 (8ª edição), p. 15.

Amo as nuvens...


Lisboa, domingo à tarde

- Amo as nuvens... as nuvens que passam... além... além... as maravilhosas nuvens!
Charles Baudelaire

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Simplesmente genial

A ilustração para a capa da Vogue (Maio de 1941) é das mais bonitas que tenho visto de entre as edições de época daquela publicação. A sua simplicidade é incrivelmente eficaz e enquadra-se bem nos posts que ultimamente podem ser vistos por aqui sobre posters, ilustrações, pin ups e afins.

Sob o olhar da lente - 18


Imagens a condizerem com o dia de hoje (Londres). Fotos de António Nobre Marques

Mickey e Minnie

Voltei porque achei este desenho uma delícia... Começar o dia com SMACK aligeira todas as tarefas a cumprir.

Mickey Mouse

Para Jad que avivou as memórias da Betty Boop e me fez procurar o Felix. Para MLV que aprecia os cartazes e a sua história.



Não via regularmente o Mickey talvez porque não estava na moda quando era pequena. A Disney alimentou e alimenta a fantasia quer de adultos quer dos mais pequenos e tem um papel preponderante na educação para a música e para a sensibilidade.



O primeiro MicKey 1928

Felix the Cat - Felix Revolts - 1923

Betty Boop : Mask-a-Raid

Dada a quadra que se começa a festejar e dado os gostos de R e de MLV aqui fica:
Betty Boop Mask-a-Raid (1931)

A paixão dos livros - 3


Édouard Manet - «Émile Zola» (pormenor)

«Comprar livros, como fazem certas pessoas que não se servem deles, somente porque foram impressos por um impressor célebre, é pouco mais ou menos como se alguém comprasse fatos que lhe não servissem, simplesmente por terem sido feitos por um alfaiate de fama.»
Pope

Escher e a Arte do Absurdo

Mauritus Cornelis Escher, nasceu em Leeuwarden na Holanda em 1898, faleceu em 1970, dedicou toda a sua vida às artes gráficas. Criador de paradoxos visuais revela uma imaginação espantosa.
Escher, "Uma Mão Com a Esfera Reflectora"
Com que mão é que Escher segura a esfera reflectora?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Poesia e o Retrato



RETRATO

Cruel como os Assírios
Lânguido como os Persas,
Entre estrelas e círios
Cristão só nas conversas.

Árabe no sossego,
Africano no ardor,
No corpo Grego, Grego!
Homem, seja onde for.

Romano na ambição
Oriental no ardil,
Latino na paixão,
Europeu por subtil:

Homem sou, Homem só
(Pascal: “nem anjo nem bruto”):
Cristãmente, do pó
Me levante impoluto.


Vitorino Nemésio, in Mário Soares, Os poemas da minha vida, Lisboa: Público, Comunicação social, SA, 2005, p. 119.
(Praia da Vitória, Ilha Terceira, 1901-1978)

Saber sobreviver

É um manual útil para aventureiros ou simples amantes da vida ao livre que por qualquer acaso se vejam em apuros. O livro dá dicas sobre que tipo de comida selvagem se pode ou não ingerir, ensina a acender uma fogueira, mesmo com lenha molhada, a seguir o melhor sentido de orientação através de mapas, dos astros ou do sol, como previr o tempo, seguir rastos ou, em situações extremas, efectuar os primeiros socorros. Pois é, nunca se sabe o que pode acontecer e o melhor mesmo é andar prevenido.

A Bíblia da Vida ao Ar Livre
Paul Jenner e Christine Smith
Publicações Europa-América
Disponível a partir de 15,90 euros

Brrrrr...

Em Londres já não se via um nevão assim há 18 anos. E o nosso Filipe que o diga, porque o sentiu na pele. Uma aventura que vai contar-nos aqui no blogue e explicar como sobreviveu...

Os meus Cartoons

Betty Boop apareceu nas séries de filmes Talkartoon e Betty Boop, produzidas por Max Fleischer e distribuídas pela Paramount Pictures (1930) . Em 1934 foi censurada a sua presença por causa dos decotes e da sua sensualidade. Só comecei a ver a Betty tardiamente. Em 1939 foi proibida a sua presença nas salas do cinema pelo Código de Produção que zelava pela moralidade e costumes.
Beep, Beep e Coyote da Warner Bros. (1952)

Tweety Warner Bros. (1942)



Sylvester J. Pussycat, Looney Tunes e Merrie Melodies (1945)
Tom and Jerry da William Hanna and Joseph Barbera (1940)

Duffy Duck - Warner Bros. (1937)

Bugs Bunny da Warner Bros. Cartoons (1944)



Museu do Poster em Varsóvia

Verifico com agrado que os posters continuam a conquistar espaço no Prosimetron. A este propósito, li há dias um artigo interessantíssimo sobre Varsóvia, onde existe o Museu do Poster, um dos maiores do género no mundo. No seu acervo contam-se mais de 60 mil exemplares dedicados a propaganda política ou artística, a incitar ao trabalho ou contra os vícios. Até a Faculdade de Belas Artes tem uma cátedra dedicada ao assunto. E é também na Polónia onde vai celebrar-se, em 2010, o bicentenário do nascimento de Frederico Chopin. O compositor nasceu a 22 de Fevereiro de 1810, em Zelazowa Wola, nos arredores de Varsóvia. Mas sobre o tema os meus caros colegas melómanos encarregar-se-ão de abordar, em tempo devido, a vida e obra daquele que é considerado um dos grandes nomes da chamada música erudita.

Os pássaros errantes

Era nos cinzentos derradeiros dias do Outono, nos solitários arquipélagos do Sul.
Eu estava com os silenciosos pescadores, que no breve crepúsculo levantam as velas remendadas e transparentes.
Trabalhávamos calados, porque a tarde entrava em nós e na água entumecida.
Nuvens de púrpura cruzavam, como grandes peixes, sob a quilha do nosso barco.
Nuvens de púrpura vogavam por cima das nossas cabeças.
E as velas túrgidas da balandra eram como as asas de uma ave grande e tranquila que cruzara sem ruído o vermelho crepúsculo.
Eu estava com os taciturnos pescadores que vagueiam na noite e velam o sono dos mares.
No distante horizonte do Sul, lilás e brumoso, alguém avistou um bando de pássaros.
Nós íamos na direcção deles e eles vinham direitos a nós.
Quando começaram a passar sobre os nossos mastros, ouvimos as suas vozes ou vimos os seus olhos brilhantes, que, de passagem, nos lançaram um breve olhar.
Ritmicamente voavam e voavam, uns atrás dos outros, fugindo do Inverno para os mares e as terras do Norte.
[...]

Pedro Prado
In: Pedro da Silveira - Mesa de amigos: versões de poesia. Angra do Heroismo: Secret. de Estado de educação e Cultura, 1986

Sob o olhar da lente - 17


Ainda em terras de Sua Majestade... Fotos de António Nobre Marques

Medeia, de Mikis Theodorakis


Tenor: Zachos Terzakis

Anne Shirley

There is a Tavern in the Town
1936, filme M'Liss

Goya : Camiño (Javier Fesser)

"Camiño", o filme dirigido por Javier Fesser, alcançou, na noite de domingo, no Palácio dos Congressos, em Madrid, os Goya para o Melhor Filme= Melhor Realizador (Javier Fesser), a Melhor Actriz Principal (Cármen Elias), Melhor Actor Secundário (Jordi Dauder), Actriz Revelação (Nerea Camacho) e Argumento Original (Javier Fesser).



"¿Usó el OPUS a la niña como mártir para santificar el dolor?" Fica a interrogação

Jorge Luís Borges, Poesia e as Flores 3

A rosa
A rosa,
a imarcescível rosa que não canto,
a que é peso e fragrância,
a do negro jardim na alta noite,
a de qualquer jardim e qualquer tarde,
a rosa que ressurge da mais ténue
cinza pela arte da alquimia,
a rosa de Ariosto ou a dos Persas,
a que está sempre só,
aquela que é sempre a rosa das rosas,
a jovem flor platónica,
a ardente e cega rosa que não canto,
a rosa inatingível.

Jorge Luís Borges, Fervor de Buenos Aires (1923) in Obras Completas I, 1923-1949, Lisboa: Editorial Teorema, p. 23.

Cartas de Amor. Ovídio 2

´
Cartas de Amor

Que a cera espalhada nas lisas tabuinhas indague o seu íntimo,
que a cera leve os primeiros segredos do teu coração;
que leve palavras de ternura, a imitar os amantes;
e, seja quem fores, acrescenta-lhe súplicas nada modestas.
Heitor, Aquiles o entregou a Príamo, comovido pelas suas súplicas;
Trata de fazer promessas; pois que mal pode vir de prometer?
Em promessas, qualquer um pode ser rico.

OVÍDIO, Públio Nasão – Arte de Amar, Lisboa: Edições Cotovia, Livro I, p. 42-43
(Tradução de Carlos Ascenso André)

Eu uso sabonete Lux, Amália Rodrigues

Lembram-se do anúncio Lux e o famoso slogan “9 em cada 10 estrelas de cinema usam Lux”?
Encontrei-o no passado dia 31, na Notícias Sábado, no artigo de Ferreira Fernandes: Já poupamos até nos sabonetes. É com algum humor sarcástico que o jornalista analisa a crise económica. Qual não foi o meu espanto quando observei o testemunho da Amália ao sabonete Lux.

A inteligência das flores - 4

  
Numa visita ao Horto do Campo Grande 

É nas Orquídeas que nos encontraremos as manifestações mais perfeitas e mais harmoniosas da inteligência vegetal. Naquelas flores tortuosas e excêntricas, o engenho da planta atinge o mais alto grau e rasga com uma chama estranha o muro que separa os reinos. […] Não é fácil explicar, sem figuras, o mecanismo, extraordinariamente complexo, da Orquídea […]. Tomemos uma das Orquídeas mais conhecidas em nossas regiões, a Orchis maculata por exemplo, ou a Orchis latifolia, a Orquídea de folhas largas […]. A flor tipo das nossas orquídeas representa uma goela fantástica e escancarada de dragão chinês. O lábio inferior, muito estendido e pendente, em forma de avental recortado, serve para poisada ao insecto. O lábio superior arredonda-se numa espécie de capuz, que abriga os órgãos essenciais; ao passo que no dorso da flor, ao lado de pedúnculo, se abaixa uma espécie de esporão ou de longa corneta pontiaguda, que encerra o néctar. Na maior das flores, o estigma ou órgão feminino é uma pequena bola, mais ou menos viscosa, que, na extremidade de uma frágil haste, espera pacientemente a vinda do pólen. Na Orquídea essa instalação clássica é quase despercebida. No fundo da goela, no lugar que o gorgomilo ocupa na garganta, há dois estigmas, estreitamente soldados, por cima dos quais se eleva outro estigma, convertido num órgão extraordinário. […] Vejamos agora o que sucede, quando um insecto penetra na flor. Poisa no lábio inferior, desdobrado para o receber, e, atraído pelo cheiro do néctar, procura atingir, no fundo, a corneta que o contém. […] Maurice Maeterlinck
A inteligência das flores. Lisboa: Clássica Ed., 1918, p. 54-57 Se quiserem saber o resto, leiam o livro que é fascinante. Darwin já havia escrito um livro sobre estas flores: Da fecundação das orquídeas pelos insectos. Dei uma vista de olhos à tradução francesa e achei interessante. E eu não sou muito dada a estas leituras…

domingo, 1 de fevereiro de 2009

BERLIOZ : La damnation de Faust

Uma das óperas que adoro e que nunca consegui ver representada ao vivo (em versão sem ser cantata).
D'amour l'ardente flamme

Rir faz bem...

... veja até ao fim. E bom riso

A Biblioteca, Jorge Luís Borges

Lembrei-me da Biblioteca de Babel por causa da "Paixão dos Livros" de MR

A BIBLIOTECA DE BABEL
O universo (a que todos os homens chamam Biblioteca) compõe-se de um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no meio cercados por parapeitos baixíssimos. De qualquer hexágono vêem-se os pisos inferiores e superiores: interminavelmente. A distribuição das galerias é invariável. Vinte estantes, a cinco longas estantes por lado, cobrem todos os lados menos dois; a sua altura, que á a de dois pisos, mal excede a de um bibliotecário normal. (…)Tal como todos os homens da Biblioteca, viajei na minha juventude; peregrinei em busca de um livro, se calhar do catálogo dos catálogos; agora que os meus olhos quase não conseguem decifrar o que escrevo, preparo-me para morrer a poucas léguas do hexágono em que nasci. (…) Eu afirmo que a Biblioteca é interminável. (…) Basta-me repetir a clássica sentença: “A Biblioteca é uma esfera cujo centro cabal é um hexágono, e cuja circunferência é inacessível”.
Jorge Luís Borges, Ficções (1944) in Obras Completas I, 1923-1949, Lisboa: Editorial Teorema, p. 483-484.
Jorge Luís Borges nasceu a 24 de Agosto, de 1899 em Buenos Aires e morreu em Genebra, a 14 de Junho de 1986 foi escritor, poeta, tradutor, crítico e ensaísta mundialmente conhecido pelos seus contos e histórias curtas.

Filipe, Have you seen the muffin man?


The Muffin Man 100 best loved nursery rhymes, cop. Miles Kelly Publ.
www.juneallan.co.uk

Westminster Waltz


Les Beevers and the Dobcross Band

[Um soneto de amor]



La Chascona, uma das casas de Pablo Neruda

Quando morrer quero essas mãos nos meus olhos:
quero a luz e o trigo das tuas mãos amadas
passando uma vez mais em mim sua frescura:
sentir a suavidade que mudou meu destino.

Quero que vivas enquanto eu, dormindo, te espero,
quero que os teus ouvidos fiquem ouvindo o vento,
que cheires o aroma do mar que amamos ambos
e fiques pisando a areia que pisamos.

Quero que tudo o que eu amo fique vivo,
e a ti amei e cantei sobre todas as coisas,
por isso fica tu florescendo, florida,

para que alcances tudo o que este amor te ordena,
para que esta sombra corra o teu cabelo,
para que assim conheçam a razão do meu canto.

Pablo Neruda
In: Antologia breve / trad. Fernando Assis Pacheco. Lisboa: Dom Quixote, 1974