A BIBLIOTECA DE BABEL
O universo (a que todos os homens chamam Biblioteca) compõe-se de um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no meio cercados por parapeitos baixíssimos. De qualquer hexágono vêem-se os pisos inferiores e superiores: interminavelmente. A distribuição das galerias é invariável. Vinte estantes, a cinco longas estantes por lado, cobrem todos os lados menos dois; a sua altura, que á a de dois pisos, mal excede a de um bibliotecário normal. (…)Tal como todos os homens da Biblioteca, viajei na minha juventude; peregrinei em busca de um livro, se calhar do catálogo dos catálogos; agora que os meus olhos quase não conseguem decifrar o que escrevo, preparo-me para morrer a poucas léguas do hexágono em que nasci. (…) Eu afirmo que a Biblioteca é interminável. (…) Basta-me repetir a clássica sentença: “A Biblioteca é uma esfera cujo centro cabal é um hexágono, e cuja circunferência é inacessível”.
Jorge Luís Borges, Ficções (1944) in Obras Completas I, 1923-1949, Lisboa: Editorial Teorema, p. 483-484.
Jorge Luís Borges nasceu a 24 de Agosto, de 1899 em Buenos Aires e morreu em Genebra, a 14 de Junho de 1986 foi escritor, poeta, tradutor, crítico e ensaísta mundialmente conhecido pelos seus contos e histórias curtas.
1 comentário:
Lindo poema!
M.
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