Prosimetron

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sábado, 2 de janeiro de 2010

Luxemburgerli


Uma amiga enviou-me esta caixa de uns deliciosos bolinhos de suspiro de amêndoa. Claro que já não está assim, até porque a tampa tinha uma advertência, que podem ler.
Como vêem, não vos posso guardar nenhum.


Em França chamam-se macarons.

«A origem deste bolo é muito antiga. A receita teria vindo [para França] de Itália, mais particularmente de Veneza, durante a Renascença (a palavra deriva do italiano maccherone - macarone, em veneziano - "massa fina", donde deriva também macarrão). Certos autores fazem remontar a antiguidade dos macarons de Cormery, de fabrico monástico, a 791 e a lenda afirma terem a forma de "umbigos de frade". Numerosas cidades de França adoptaram o macaron como especialidade; citemos os de Montmorillon (em pequenas coroas, vendidos sobre o papel em que vão ao forno), s de Niort (com angélica), os de Reims, de Pau, de Amien, de Melun e, sobretudo, de Nancy. Estes últimos eram bastante famosos no século XVII, sendo fabricados pelas carmelitas, que aplicavam à letra o preceito de Santa Teresa de Ávila: "As amêndoas são boas para as raparigas que não comem carne." Durante a Revolução, duas religiosas que se refugiaram em casa de um habitante da cidade especializaram-se no fabrico de macarons e começaram a vendê-los. Tornaram-se célebres com o nome de "irmãs macarons", nome que serviu para baptizar a rua onde elas trabalhavam e onde continuou a proceder-se ao fabrico destes bolos.» (Larousse gastronómico. Lisboa: Círculo de Leitores, 1990, vol. 2, p. 238)

Hong Kong

O Jad passou hoje o dia em Hong Kong. E gostou!

Subiu no Peak Tram...

http://www.icypole.net/hongkong/The-Peak-Tram-1.jpg

... entrou na Peak Tower...

http://www.hongkonghustle.com/wp-content/photos/PeakObservationDeck.jpg

... subiu as escadas...

http://z.about.com/d/cruises/1/0/P/p/4/Hong_Kong_098.JPG

... e viu a cidade:

http://media-cdn.tripadvisor.com/media/photo-s/01/30/dd/12/hong-kong.jpg

Foi, também, ao mercado de Stanley:

http://www.easytourchina.com/china-photos/HongKong/Stanley-Market/images/Stanley%20Market%20Of%20Hong%20Kong1.jpg



Se calhar ainda teve tempo para nos comprar um presentinho...
Uma «oil pain[ting]», cujo anúncio espreita aqui à direita...

Novo ano, novo disco

Aproveitando a magnífica exposição patente em Versalhes, a Naïve, pelos vistos nada ingénua, lançou este cd duplo que serve como "banda-sonora" da exposição. Da ópera à música sacra, a música do longo reinado de Luís XIV. Obviamente Lully, mas também Charpentier, Couperin, Clérambault e Marin Marais pelos melhores intérpretes da actualidade.

- Les Musiques de Louis XIV, du salon à l' église, cd duplo, Dezembro de 2009, Naïve.

A VISTA

Marc Chagall (1887–1985)A Janela sobre a Bréhat, 1924
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Óleo sobre tela, 100,5 x 73,5 cm, Kunsthaus, Museu de Arte Moderna, Zurique.


A VISTA
A quem é dado, pela janela entreaberta,
ver mais de metade da vida, e em voz alta por puro gosto
repetir o poema pensado,
já os deuses escolheram.
Mas se as folhas agitadas pelo vento ocultam,
por vezes,
o outro lado do muro, não é porque algo nos impede de olhar;
mas porque o olhar,
sob o impulso do vento,
segue as correntes contraditórias até algures,
na atmosfera,
onde imobilizado perscruta e espera.
Nuno Júdice, Obra Poética (1972-1985), Lisboa: Quetzal Editores, 1999, p. 87

Music For a While - Alfred Deller

Music for a While de Henri Purcell cantada por Alfred Deller uns meses antes do seu desaparecimento. William Christie acompanha-o no cravo.
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Este tema liga bem com a seguinte citação de Aldous Huxley:
xDepois do silêncio, a música exprime o inexprimível.


«Os Britadores», de Courbet


Gustave Courbet - Os britadores
Óleo sobre tela, 1849

À cadência de quem segue no mundo
bem sabendo que a morte é inevitável
e que a existência é um rio onde se guarda
(se soma, se multiplica, se acumula)
a muita dor sentida ou já herdada
por séculos de indigência e humildade,
estas figuras velam o seu rosto
ou ele oculto fica pelo roer do esforço
pela visão de um mundo injusto e bárbaro
- com um oscilante toque de balança,
com o vagar de quem pousou a fala.

Os britadores levantam os braços
no cósmico sossego dos que lavram
- e, quase indiferença e sem palavras -
as feridas mais terrosas, o pântano
onde habitam suas mágoas.

João Rui de Sousa
In: Foro das Letras, Coimbra, Jul. 2009, p. 11

O filme do ano

O filme do ano é de 1984. Este 2010 de Peter Hyams está longe de ser uma obra-prima como o 2001 de Kubrick, mas ainda assim vê-se e revê-se, o que irei fazer nos próximos dias, com agrado. Vinte e seis anos depois, e ainda maior distância temporal do livro de Sir Arthur, o segundo da trilogia, que o inspirou, estamos bem longe de uma era espacial. A novidade dos próximos anos será certamente o turismo espacial, designadamente por conta do milionário Richard Branson que até já tem um português inscrito- aquele nortenho que pagou 200.000 euros pelo privilégio de ir ao espaço. A Guerra Fria, que era o panorama político global aquando da feitura deste filme, acabou mas continuam vivas outras rivalidades: a Nasa, a Agência Espacial Europeia, os russos e os chineses. Sem uma política espacial concertada, demorará muito até chegarmos a Europa, a ainda misteriosa lua de Júpiter. A menos que apareça algum monólito negro nos nossos céus...

Citações - 55 : 2010- Ano CAMUS

2010 será certamente também um ano para recordar Albert Camus dado que passam 50 anos sobre a sua morte. Enquanto não chega o dia 4 de Janeiro, que será dia de Camus no Prosimetron, aqui fica uma sua presciente frase, a última de L' été ( 1953 ) :

J' ai toujours eu l' impression de vivre en haute mer, menacé, au coeur d' un bonheur royal.

1941

A 2 de Janeiro de 1941 as Andrews Sisters, que fizeram muitas actuações animando os soldados durante a Segunda Guerra Mundial, gravaram esta Boogie Woogie Bugle Boy.

A Abelha da China


O primeiro jornal publicado em Macau é também considerado o primeiro periódico da história da China moderna. O n.º 1 saiu em 12 Set. 1822 e o último, o n.º 67, em 27 Dez. 1823.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A.S. : Escolhas Pessoais XII

W. H. Auden


W. H. Auden (Avedon, 1960)

Numa tradução de poesia importa, à partida, definir um critério de valores. Podem encarar-se alguns dos aspectos a ter em conta. Por exemplo: manter ou não a rima (se o poema for rimado), tentar conservar o ritmo ou não, respeitar o sentido do poema e/ou procurar atingir a intenção do poeta. Se quisermos, porém, respeitar em simultâneo estes três aspectos, referidos acima, com toda a certeza que ambicionamos chegar à “quadratura do círculo”. O que é difícil, convenhamos… E uma enorme tolice – do meu ponto de vista.
Em tudo aquilo que traduzo, procuro sobretudo o sentido dos poemas. Se puder respeitar o ritmo ou respiração do poema, tanto melhor. Manter a rima, na poesia (se tem rima) é, para mim, totalmente secundário. Em nome da rima, na tradução, se têm cometido autênticas monstruosidades. Já basta a “traição” que é traduzir, em si.
Vem isto a propósito de dois poemas de Wisten Hugh Auden (1907-1973) que traduzi e transcrevo abaixo.
Não sendo um poeta excessivamente moderno, ou inovador nas formas e metros usados, é-o nos conteúdos. Auden foi um escritor que ocupou e justificou, em plenitude, o seu tempo de vida na Terra. Nómada, com profundas convicções políticas, teve uma intervenção e tomadas de posição inequívocas, persistentes e marcadas perante os grandes problemas ou crises que afectaram o Mundo e a sua época. A Guerra Civil de Espanha, a ascensão do nazismo e a II Grande Guerra foram objecto de poemas seus. Tem mesmo um poema intitulado “September 1, 1939”, numa atitude semelhante à de René Char. A menorização dos princípios éticos também o preocupava:

“A História da Verdade

Há muito e quando ser era também acreditar
A verdade era superior a muitas crenças,
A mais inicial, mais eterna que um leão com asas
De morcego, um cão de rabo de peixe, um peixe com cabeça
De águia, e o menor dos mortais duvidava que morressem.
A verdade era o exemplo que procuravam construir
Um conjunto de duráveis objectos em que acreditar,
Sem crer nas coisas terrestres ou na lenda,
No arco e na canção, onde credível ou não
A verdade estava sempre ali por ser mesmo verdade.
Só que, entretanto, assim como os úteis pratos de papel,
A verdade converteu-se em quilovátios,
E a última coisa a fazer foi criar um anti-modelo,
Alguma inverdade por onde alguém possa mentir,
Um nada em que ninguém precisa de acreditar.”


Frontal e incómodo para o Poder, de humor, por vezes, sarcástico, Auden foi também libretista de óperas e autor de peças de teatro. A sua poesia, no entanto, não excluiu o amor, tema que sempre abordou de forma emotiva, mas nunca de maneira excessivamente sentimental.


Jack Butler Yeats - The two travellers
Londres, Tate Gallery

Disso é exemplo o poema “Funeral Blues”, uma das suas obras mais difundidas, que foi utilizado no filme “Quatro casamentos e um funeral”.

“Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Evitem que o cão ladre, com um osso saboroso,
Silenciem os pianos e ao som cavo de tambores
Tragam o caixão, deixem entrar quem vier de luto.
Deixem os aviões gemer sobre as nossas cabeças
Escrevendo no céu a mensagem Ele Está Morto,
Ponham crepes, tarjas negras no pescoço branco dos pombos
Da rua, que os sinaleiros usem luvas pretas de algodão.
Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Leste e Oeste,
A semana de trabalho e o descanso de domingo,
O meio-dia, a meia-noite, a minha fala e canção;
Eu pensava que o amor era eterno, mas estava enganado.
Agora as estrelas são inúteis: apaguem-nas todas;
Embrulhem a lua, desmantelem o sol;
Despejem o oceano e desfaçam-se da floresta
Porque nada do que vier servirá de conforto.”


P.S.: Com agradecimentos a Américo Guerreiro de Sousa.

Post de Alberto Soares.

E ainda falamos da aldrabice portuguesa...


«Transcrito do The London Times»


No exterior do England 's Bristol Zoo existe um parque de estacionamento para 150 carros e 8 autocarros. Durante 25 anos, a cobrança do estacionamento foi efectuada por um muito simpático cobrador. As taxas eram o correspondente a 1.40 € para carros e 7.00 € para os autocarros. Um dia, após 25 sólidos anos de nenhuma falta ao trabalho, o cobrador simplesmente não apareceu. A administração do Zoo, então, ligou para a Câmara Municipal e solicitou que enviassem um outro cobrador. A Câmara fez uma pequena pesquisa e respondeu que o estacionamento do Zoo era da responsabilidade do próprio Zoo, não dela. A administração do Zoo respondeu que o cobrador era um empregado da Câmara. A Câmara, por sua vez, respondeu que o cobrador do estacionamento jamais fizera parte dos seus quadros e que nunca lhe tinha pago ordenado. Enquanto isso, descansando na sua bela residência nalgum lugar da costa da Espanha (ou algo parecido), existe um homem que, aparentemente, instalou a máquina de cobrança por sua conta e então, simplesmente começou a aparecer, todos os dias, cobrando e guardando as taxas de estacionamento, estimadas em 560 € por dia... durante 25 anos!!! Assumindo que ele trabalhava os 7 dias da semana, arrecadou algo em torno de 7 milhões de Euros. E ninguém sabe, nem sequer, seu nome ...!!!

recebido por e-mail

Janeiro na Casa da Achada

    

Em Janeiro: Oficinas para miúdos, cinema para graúdos

Começam agora em Janeiro o ciclo de cinema Filmes de que Mário Dionísio falou e a oficina plástica para crianças Entre linhas e cores. O ciclo Filmes de que Mário Dionísio falou, com projecções todas as segundas-feiras às 21h30, e cujo programa já está anunciado na nossa página, estender-se-á até Março de 2010. A oficina Entre linhas e cores, que decorrerá todos os domingos de Janeiro entre as 15h30 e as 17h30, será orientada por Carla Mota e os interessados deverão inscrever-se, apesar de ser gratuita, pois tem um máximo de 10 participantes (a partir dos 6 anos).

Sábado 5 de Dezembro: Clube de Leitura da Achada e «Os vizinhos»

Mais sessões de leitura em 2010

Continuam o Clube de Leitura e o Ciclo A Paleta e o Mundo. O Clube de Leitura, orientado pela escritora e investigadora Filomena Marona Beja, terá as próximas sessões nos dias 9 e 30 de Janeiro, às 16h, e debruçar-se-á sobre o livro Um prego no coração, de Paulo José Miranda. O Ciclo A Paleta e o Mundo continua com as sessões de leitura colectiva com comentários e projecção de imagens todas as segundas-feiras, às 18h30. Para além disso, haverá uma sessão sobre o 4º capítulo da primeira parte d’A Paleta e o Mundo, «O mundo dentro do mundo», com Manuel Gusmão e seus convidados, no sábado 10 de Janeiro, às 15h. A exposição «50 anos de pintura e desenho», com obras de Mário Dionísio e outros, continua a estar na Casa da Achada e pode ser vista durante o horário de abertura.

Casa da Achada apresenta obras literárias e cinematográficas

No dia 18 de Janeiro, sábado, às 18h, haverá na Casa da Achada a apresentação de quatro livros de Saguenail (Le peu de chose, Le Repas de famille ou Le vieux monde, Ne carpti dies, Exils), de três livros de Regina Guimarães (Orbe, Lady Boom, Cantigas de Amigo) e do filme-duelo (Nus dans la cage d'escaliers) de Saguenail e Regina Guimarães, editados pela Hélastre. No dia 28 de Janeiro, quinta-feira, às 18h, acolheremos o lançamento do livro Finisterra: O trabalho do fim: ReCitar a origem, de Manuel Gusmão, sobre o romance Finisterra de Carlos de Oliveira.

Duas sessões extra no Ciclo de Cinema Neo-realista Italiano

Sabia que?

No dia 29 de Janeiro, por iniciativa da Associação Alagamares em colaboração com o Centro Mário Dionísio, haverá uma sessão de apresentação do livro de Francisco Castro Rodrigues e Eduarda Dionísio, Um cesto de cerejas – conversas, memórias, uma vida, em local e hora a anunciar brevemente na secção de Notícias da página da Casa da Achada – Centro Mário Dionísio.

As novidades do Centro Mário Dionísio Página do CMD CMD no TwitterCMD no Facebook

Pensamento para 2010!

Daniele Ricciarelli (c. 1509 - 1566), conhecido por Daniele daVolterra, retrato de Michelangelo Buonarroti


"O mundo é uma ponte muito estreita/ O importante é não ter medo".


Li esta citação, de uma antiga canção hebraica, num livro sobre Michelangelo Buonarroti e o seu trabalho na Capela Sistina!

Sol adoré de la Patrie

Trecho do 2º acto da ópera “Dom Sébastien, roi de Portugal”, de Gaetano Donizetti – a última ópera que compôs antes de endoidecer em resultado da sífilis –, estreada na Ópera de Paris em 1834, acorda em todos os que já tiveram de viver longe da Pátria, ecos de nostalgia e de saudade, de tristeza e também de esperança de um dia regressar.
Elina Garanca, uma mezzo soprano nascida em Riga, na Letónia, fez desta interpretação um dos seus grandes êxitos internacionais acolhidos pela crítica. Acompanha-a a Philharmonique du Theâtre Communal de Bologne, dirigida por Roberto Abbado.

Ano novo, mesmos problemas...

A nossa vinheta!

André Gonçalves, A Adoração dos Magos, meados século XVIII

151,5 x 174,7 cm, Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra
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É com a Adoração dos Magos, meados século XVIII, que a nossa vinheta vai acompanhar esta primeira semana do ano.
Dia 6 é o dia de Reis, Reis Magos, reis ou sábios: Melchior, Gaspar, Baltasar que adoraram o Menino presenteando-o, respectivamente, com o ouro, o incenso e a mirra. Os presentes simbolizam a realeza, a divindade e a humanidade/imortalidade do novo Rei.
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Para comemorar o dia escolhi o pintor português, André Gonçalves, que viveu entre 1692 e 1762. A sua pintura barroca é visível nos panejamentos, nas cores claras e suaves das carnações, nos tons quentes das vestes e na luz insistentemente clara. O quadro encontra-se no Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra.
Segundo historiadores de arte “falta a esta pintura o movimento solto do barroco, talvez por deficiente falha do modelo que segue. Com efeito, a pintura é uma cópia da tela de Giuseppe Chiari, conservada no Museu de Dresden”.
Não consegui uma imagem da obra referida para a compararmos.
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Doçaria tradicional - 11

Fatias da China
Receita confeccionada por Maria de Lourdes Modesto
(Foto Pedro Bettencourt)
Fatias da China 24 gemas

1 quilo de açúcar pilé

1 litro de água

Foi com estes ingredientes que em Tomar umas diligentes senhoras me ensinaram a fazer aquele que considero um dos mais prodigiosos exemplos da nossa doçaria conventual.

Há quem teime em lhes chamar Fatias de Tomar, o que não me repugna. É em Tomar que ainda hoje se vende o tão delicioso e misterioso doce. É lá também que, embora com dificuldade, se pode adquirir a forma que mais lhe convém para o cozer e enformar.
As fatias da China eram há cinquenta anos chamariz daquela que foi a percursora das lojas gourmet, a Martins e Costa, na Rua do Carmo. Tinham-nas sempre expostas à porta, banhando num mar de calda de açúcar. Resistir-lhes era um verdadeiro suplício.
Quando lhes chamo doce misterioso, confesso a minha estranheza de então e, a de todos a quem é alheia a maneira de o confeccionar. Jurava-se que levava pão. Mas que pão? É de facto difícil imaginar que aquela fofa e apetitosa almofada amarela resultasse apenas de gemas de ovos ferozmente, dizia-se, batidas com a colher de pau.
Se é um conservador inveterado bata as 24 gemas, com a colher de pau durante uma hora. Se para si tradição rima com evolução, bata as gemas na máquina, durante vinte minutos. Deite o açúcar num tacho baixo, regue-o com a água e deixe assim durante o tempo em que transforma as gemas numa etérea espuma quase branca. Deite água na panela especial para cozer Fatias da China até dois terços da sua altura e ponha ao lume. Unte generosamente com manteiga a forma onde as gemas cozerão. Passado o tempo indicado deite as gemas na forma, introduza esta na panela e tape hermeticamente. Certifique-se de que não entrou água nas gemas e que ao ferver esta não tem hipótese de o fazer. Deixe cozer durante uma hora em fervura branda, verificando o nível da água. Se necessário adicione mais água a ferver. Ponha depois o açúcar a derreter em lume brando. Retire a forma do banho-maria, espere uns 10 minutos, desenforme o “pão” - é este o nome que é dado aquela tão macia quanto fofa almofada - sobre uma tábua e corte-o em fatias verticais com um dedo de espessura. Neste espaço de tempo a calda de açúcar deve ter a temperatura de 102º C, ou seja, um ponto baixo. Introduzem-se as fatias, uma a uma nesta calda, sempre a ferver suavemente, virando-as para as embeber bem. À medida que as fatias vão ensopando a calda vai reduzindo e espessando, pelo que é absolutamente necessário ir acrescentando água fria. Depois de sobrepostas numa travessa regam-se as fatias com a calda restante. Esta calda dever ter uma consistência muito leve. Sendo necessário, dilui-se com um pouco de água. O ananás dos Açores é uma óptima companhia para as fatias da China ou de Tomar. Se foi em Tomar que as aprendi a fazer, porquê negar-lhe a naturalidade da bela cidade do Nabão?
Nota: se não tiver a forma especial para cozer as fatias de Tomar, sirva-se de uma forma rectangular. Se tiver uma tampa que a feche hermeticamente, tanto melhor. Se não, cubra a forma com folha de alumínio e ate esta à forma com uma guita bem forte. A ideia é não deixar entrar nem água nem vapor nas gemas. http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://www.mariajoaodealmeida.com/img_upload/fatiaschina.jpg&imgrefurl=http://www.mariajoaodealmeida.com/artigos.php%3FID%3D69%26ID_ORG%3D&usg=__yNfDrP53khxjqLMLdoPrDHGpOwM=&h=350&w=233&sz=78&hl=pt-PT&start=23&tbnid=AoTDoG7yWdL3BM:&tbnh=120&tbnw=80&prev=/images%3Fq%3Dfatias%2Bde%2BTomar%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26hl%3Dpt-PT%26sa%3DN%26start%3D20
Ontem comi umas Fatias da China que estavam uma delícia. Resolvi procurar uma receita. Quem se aventura?

Bom dia!

"Tous les matins du monde sont sans retour". Lembram-se desta Marcha para a cerimónia dos Turcos do Lully?

Impressões da China, na China


Não me recordava de como os chineses eram pequenos. Pela primeira vez, na vida, senti a sensação aparente de, com o meu apenas 1,74m, ser o homem mais alto numa praça. É agradável ver todos de cima. Conseguir ver a paisagem e o que nos cerca sem qualquer problema. A nova geração já está um pouco mais alta...1,70 (média) embora já se encontrem alguns gigantes (!) com 1,80.
Também não me lembrava, ou da outra vez não tinha reparado, de como falavam alto, mesmo muito alto, quer na rua, quer ao telemóvel. E o barulho na rua é tanto que raramente consigo ouvir o meu telemóvel (que está na escala de 2) a tocar, no bolso.
A paixão pelos números é grande. O meu número de telefone é, sem dúvida, o mais desejado (foi uma amabilidade e um privilégio o terem-mo emprestado). Acreditem que quando o digo ficam todos a olhar para mim com cara de espanto e dizem: "muito caro"... e já me ofereceram 5 viagens à Europa (em primeira) por troca de poderem usar este número. Mas, o telefone não é meu. Eu é que sou um sortudo. E quem conhecer a mentalidade chinesa já sabe qual é o meu número de telemóvel... Espero que o telefone não comece a tocar... mas já aconteceu aparecerem algumas pessoas a ligar só para saberem quem está do outro lado e se atende...
Os que me conhecem sabem o meu problema com os cheiros... Bom aqui não é problema com os cheiros humanos (ainda não encontrei ninguém a cheirar mal) é antes o problema com os cheiros da cozinhas ambulantes, por todo o lado, a confeccionarem comidas rápidas.
Os Chineses detestam café. Não conseguem perceber como gosto de um café tão pequeno e tão forte. Raramente consigo beber um café que não seja "água de lavar pés".
Também não sabem o que é uma fila, nem o que é respeitarem a vez. Ficam a olhar para mim quando espero para entrar no elevador, para deixar passar uma senhora... normalmente já sei que serei o último a entrar... a que passam os homens todos e depois é que entram as mulheres, se houver lugar... assim, assim que chega o elevador, parecem formigas a correr para a porta e a ultrapassar tudo e todos.
No outro dia, para apanhar um Táxi, quase que tive de dar com o chapéu-de-chuva num chinês. É que já estava a ficar furioso. Estava só, mandava parar um Táxi e quando ele parava aparecia um chinês que ultrapassava tudo, quase que passava entre as pernas, e entrava no Táxi. Saltam por todo o lado...

Leituras chinesas

No dia de ano bom, dois irmãos foram a casa do tio paterno dar boas festas.
Ouviram música ali. O irmão menor exultou.
O tio paterno perguntou:
- «Gostas destes instrumentos? Dou-te licença para os tocares.»
O irmão menor assoprou na trombeta, mas não conseguiu produzir som algum: bateu na bátega e no tambor, mas não acertou com o compasso.
O irmão maior, dirigindo-se ao menor, disse-lhe:
- «Mesmo nestes insignificantes divertimentos, sem a prática, nada alcançamos. Quanto mais nos estudos?!»

Camilo Pessanha
In: A Voz da Mocidade, Setúbal, 23 Jan. 1916

A Bola da Fortuna para começar o Novo Ano!

Convido todos, virtualmente, para um chá. A ideia é começar o ano novo com a Bola da Fortuna, um chá para dar sorte.
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Metamorfoses de um chá: a Bola da Fortuna.

Coloca-se a Bola da Fortuna num bule transparente e deita-se água a ferver.

A bola começa a bailar em movimentos majestosos,


surge uma Flor, a Flor da Fortuna.



O chá é servido às 5 horas, Tea Time.
Escolhi umas chávenas chinesas para tomar um chá global, unir todos prosimetronistas, colaboradores, visitantes e entrarmos no novo ano com toda a fortuna do mundo!

A Flor da Fortuna é a Flor de Amaranto.


O chá Bola da Fortuna é de origem chinesa.

Dizem que são os melhores do mundo...


Acho que nunca provei, mas quando for a Bruxelas, vou à Rue des Minimes, 1.
http://www.marcolini.be/


Para começar bem o Ano, tire um!

Não é todos os anos...


... que um pequeno destes nos deseja Bom Ano!

Feliz Ano Novo!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

60, 59, 58, 57, 56, 55, 54, 53, 52, 51, 50,...







xxBrindemos ao Ano Novo!!!

The Best of Times

Para (meu) último post de 2009 -- dedicado a 2010 e aos seguintes, retomando o post do Luís Barata sobre o musical "La Cage aux Folles." Bom Ano Novo!

Calçada portuguesa no mundo


http://sites.google.com/site/ernestomatosimagens/imagens-do-mundo/calcada-portuguesa-no-mundo
Calçada numa rua de Macau.
Fotografia de Ernesto Matos, retirada do livro

Lisboa: Sessenta e Nove Manuscritos, 2009. Edição bilingue, português e inglês.
Já há algum tempo que andava para falar deste livro que nos leva a viajar pela calçada portuguesa no mundo. Ernesto Matos tem vindo a fazer um óptimo trabalho, no sentido de fixar em imagens a calçada portuguesa, tanto em Lisboa e Portugal (continental e insular), como em várias cidades por esse mundo fora. Nele encontra fotos de calçada em sítios como Macau, Brasil, Timor, Angola, Moçambique, Goa, mas também Pequim, Praga, Estados Unidos, etc.
Este post foi-me sugerido por um comentário de APS.

O som do Oriente na voz de um português

Desenho de Kousei Takenaka

A editorial Verbum, de Salamanca, acaba de publicar o livro de poemas "Otoño - Outono", tercetos orientais, kaikú, do poeta português António Salvado, traduzidos para castelhano pelo poeta peruano-espanhol Alfredo Pérez Alencart e para japonês por An Oshiro, com belíssimos desenhos do pintor Kousei Takenaka.

António Salvado, natural de Castelo Branco, onde vive, que publicou mais de quarenta livros de poesia, é ensaísta, tradutor, antologiador e foi director de diversas revistas culturais. Foi distinguido pela Universidade de Salamanca e pela Cátedra de Poética "Frei Luís de Léon" da Universidade Pontifícia de Salamanca, recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura de Portugal e o Prémio "Cinaglia" da União Brasileira de Escritores.



É no ruído as vezes
que mais se tornam claros
arpejos do silêncio


Sacraliza lugares
quando abraçado passa
o par de namorados.


Como fechar os olhos
ao esplendor juvenil
dos ramos a crescerem?


Chovendo na memória do que fui,
como evitar que os ecos do passado
nada mais sejam que serrada lama?

Não fiquei a perder

Andava eu no Youtube a ver se encontrava um vídeo do Cesariny dizendo um dos seus poemas de que mais gosto, o fabuloso You are welcome to Elsinore, de preferência com o acompanhamento da música do Rodrigo Leão tal como no cd que repetidamente ouço cá em casa, mas não tive sorte. Encontrei outro vídeo, este em que vemos e ouvimos um Mário a dizer outro.

Uma sugestão para o Reveillon... - 2


Nos antípodas da sugestão anterior, deixo-vos a ideia de um bungalow na ilha privada de Pangkor Laut na Malásia.
É só contactar :http://ytlhotels.com. Diz a publicidade que é uma experiência inesquecível, e eu acredito.