Prosimetron
sábado, 7 de março de 2009
Au Train Bleu
Esta mesa está marcada para hoje, às 20h30
na Gare de Lyon, 1.º andar
Place Louis Armand
75012 PARIS
Convite meu! Têm de ser pontuais!
Agrada-vos a sobremesa? Até já!
http://www.le-train-bleu.com/
Cinenovidades - 29 : Last chance for love
Noomi Rapace
Cinenovidades - 28 : Os homens que odeiam mulheres
PENSAMENTO DO DIA
" No Egipto, as bibliotecas eram chamadas « Tesouro dos remédios da alma». De facto, é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras. "
- Bossuet
Ainda a propósito do filme O Leitor, que nos leva também a reflectir sobre os livros e a leitura, e a montante o que possibilita esta- a literacia. Nesta parte, é brilhante o recurso a Homero, um dos pais fundadores, bem como à oralidade, a transmissão oral, que foi afinal como tudo começou neste nosso mundo.
Um presente para M.R.
É o meu presente virtual para a nossa M.R. neste dia de aniversário. Parabéns!
1952 : Tango Azul
Em 1952 nasceu Tango-Azul o primeiro grande sucesso de FRANCK POURCEL.
versão de Montovani
Uma recordação de Infância de Leonardo da Vinci, Sigmund Freud.
Qual será a recordação de infância?
Sigmund Freud, Uma Recordação de Infância de Leonardo da Vinci, Lisboa: Relógio de Água, 2007, p. 9
Montserrat Caballé. Bel Canto Coral Il Pirata
Ópera em 2 actos com libretto de Felice Romani
Ravel, por Jean Echenoz
«As férias acabaram. Agora está sentado ao piano, em sua casa. Com uma partitura à sua frente, cigarro nos lábios e, como sempre, impecavelmente penteado. Por baixo do roupão de bandas claras e bolso a condizer, traz uma camisa de riscas cinzentas e uma gravata em tons de bronze. Em posição de acorde, a mão esquerda está sobre as teclas do piano enquanto a direita, exibindo uma lapiseira de metal presa entre o indicador e o dedo grande, anota na partitura o que a esquerda acaba de criar. […]
«E a seguir, como acontece sempre que está só, faz a sua refeição virado para a parede, na mesa recuada. Ao devorar a carne, a dentadura faz um ruído de castanholas ou de metralhadora que se repercute na sala apertada. Come e vai reflectindo no que fez. Sempre gostou de autómatos e de máquinas, de visitar fábricas, de paisagens industriais, lembra-se do que viu na Bélgica e na Renânia quando passou por lá num iate de rio há mais de vinte anos, de cidades eriçadas de chaminés que expeliam chamas e fumos vermelhos e azulados, de castelos de fundições, de catedrais incandescentes, de sinfonias de correias, de silvos e sons de martelos, sob um céu escarlate.
«[…] É verdade que existia, por essa altura, uma fábrica que Ravel apreciava especialmente e que ficava junto à ponte de Rueil, a caminho de Vésinet, a fábrica dava-lhe ideias. É isso: está em vias de compor qualquer coisa que se inspira no trabalho em cadeia.
«Em cadeia e repetidamente, a composição é acabada em Outubro […]. Tem plena consciência do que fez, mas não existe estrutura a bem dizer, nem desenvolvimento, nem modelação, só ritmo e arranjos de orquestra. […]
«Mas apesar de ele sentir por essa obra um certo desprezo, não quer dizer que se deva encará-la de ânimo leve. E é preciso que o mundo compreenda também que não se pode divertir à custa do seu andamento. Quando Toscanini vai dirigi-la à sua maneira, duas vezes mais rápido e accelerando, Ravel vai ter com ele, bastante frio, depois do concerto. Não foi com o meu andamento que o senhor tocou o Boléro, fez-lhe ele notar. Toscanini inclina-se para Ravel, tornando ainda mais comprido o rosto e enrugando ainda mais o frontão que lhe faz a vez de testa. Quando toco com o seu andamento, diz, não consigo retirar-lhe o mínimo efeito. Pois bem, replica Ravel, deixe de tocá-lo. O senhor não conhece nada da sua música, há um frémito nos bigodes de Toscanini, foi a melhor forma de o tornar aceitável. Ao voltar a casa, sem dizer nada a ninguém, Ravel escreve a Toscanini. Não se sabe o que ele lhe disse nessa carta.»
Jean Echenoz – Ravel / trad. do francês por Armando Silva Carvalho. Lisboa: Sextante, 2007, p. 62-65
€13,00
sexta-feira, 6 de março de 2009
O Leitor - 2
«- A Hanna lia isto?»
Bernhard Schlink
In: O leitor. 5.ª ed. Porto: Asa, 2009, p. 135
Forrem o estômago, como aconselha Miss Tolstoi!
O Leitor - 1
«Vi a expectativa no seu rosto, vi-o resplandecer de alegria ao reconhecer-me, vi os seus olhos percorrerem o meu rosto ao aproximar-me, vi os seus olhos procurarem, perguntarem, ficarem inseguros, e vi apagar-se o resplendor no seu rosto. Quando cheguei perto dela, fez um sorriso amável, cansado. – Cresceste, miúdo. – Sentei-me ao seu lado e ela agarrou-me na mão.
«Antigamente eu gostava muito do seu cheiro. Cheirava sempre a fresco: a lavada de fresco ou a roupa lavada de fresco ou a suor fresco. Por vezes punha perfume, não sei qual, e também esse aroma era como tudo o resto: fresco. Debaixo desse aroma fresco havia ainda um outro, um cheiro mais denso, mais obscuro, áspero. Muitas vezes a farejei como um animal curioso, começava no pescoço e nos ombros, que cheiravam a acabados de lavar, sorvia o cheiro fresco a suor entre os seios, que se misturava nos sovacos com o outro cheiro, encontrava esse outro cheiro, denso e obscuro, quase puro, na cintura e na barriga e num colorido aromático entre as pernas, que me excitava; também cheirava as suas pernas e os seus pés […].
«Agora, estava sentado ao lado de Hanna e cheirava-me a velha. Não sei de onde vem esse cheiro que conheço de avós e de velhas tias e que paira como uma maldição nos quartos e corredores dos asilos de idosos. A Hanna era demasiado nova para ele. [...]
«Tinha-me reecontrado com a Hanna estava ela sentada num banco, e era uma velha. Tinha o aspecto de uma velha e cheirava a velha. Não tomara atenção à sua voz. A voz continuava muito jovem.»
Bernhard Schlink
In: O leitor. 5.ª ed. Porto: Asa, 2009, p. 128-129, 133
Acabei de ler o livro hoje. Tem sido a minha leitura de metro nos últimos dias. Até hoje, o filme agradava-me mais, pela sua subtileza. Mas as últimas 20 páginas do livro são comoventes - abalaram-me mais que o filme. E o filme mexeu comigo.
Parabéns !
O amor é azul
Arroz Amargo
Realizado por Giuseppe de Santis em 1949.
«Percorrido por um erotismo exuberante onde domina Silvana Mangano, a mais sensual mondadeira que as águas do Pó banharam, Riso Amaro foi um filme escândalo no seu tempo, tendo sido proibido em Portugal duas semanas após a estreia em 1951, tal o tumulto que levantou.» (do programa da Cinemateca)
Deslumbrante Silvana Mangano!
Cinemateca Portuguesa
3.ª feira, 10 Março, 19h00
Breve Apontamento: Władysław Szpilman!
A sonata de Chopin que ontem coloquei era de um sobrevivente judeu. Todos conhecem a sua história que foi eternizada pelo filme: "O Pinanista".
Władysław Szpilman nasceu em Sosnowiec a 5 de Dezembro de 1911 e faleceu em Varsóvia, a 6 de Julho de 2000.
Nascido numa família judaica, trabalhou em Varsóvia como pianista para a rádio polaca até a invasão da Polónia pela Alemanha em 1939. Viveu no gueto de Varsóvia e continuou a trabalhar ali como pianista num restaurante. Conseguiu escapar ao campo de concentração e sobreviveu escondido até a guerra acabar.
Depois da guerra terminar escreveu a s suas memórias: “Morte de uma Cidade” que foi tema do filme O Pianista de Roman Polanski, em 2002, com Adrien Brody no papel de Szpilman, que lhe deu o Oscar de melhor actor naquele ano.
Calle de las Huertas
Esta é a rua principal do Bairro das Musas ou das Letras,
onde se encontra a Casa-Museu Lope de Vega e viveram
Quevedo e outros escritores espanhóis. Perto, estão a
calle de Lope de Vega, calle de Cervantes, calle de Quevedo,
calle de Echegaray, etc.
Não conhecia e gostei imenso.
Há inscrições ao longo de toda a rua, e nalgumas pedonais
circundantes, com excertos de poemas ou referências aos
escritores que habitaram na zona.
Estas fotos são apenas um pequeno exemplo.
Wladyslaw Szpilman, Chopin!
DIA
Uma noite, esteve a ponto de se dar uma catástrofe. A culpa era de Golda. Ela tinha levado o seu filho com ela. Uma criança de mama com poucos meses. O bebé começou a chorar, colocando assim a vida de todos em perigo. Golda tentou acalmá-lo, e adormecê-lo. Em vão. Então , os outros, aos quais Golda também se tinha juntado, voltaram-se para Schmuel e disseram-lhe: « Fá-lo calar-se. Trata dele, tu cuja profissão é degolar pintos. Saberás fazê-lo sem que ele sofra muito». E Schmuel rendeu-se à razão: a vida de um bebé contra a vida de todos. Ele agarrou na criança. No escuro, os seus dedos tacteantes tinham procurado o pescoço. E tinha-se feito silêncio no céu e sobre a terra. Só os cães continuavam a ladrar, ao longe.
Elle Wiesel - Dia, Lisboa: Texto Editora, 1961, p.74
quinta-feira, 5 de março de 2009
Neo-realismo : Cinemateca Portuguesa
Começou o ciclo do neo-realismo. O primeiro filme, que MR aqui divulgou, passou hoje, quinta-feira, pelas 21.30. Roma, Cidade Aberta (voltaremos a ele, em post futuro).
A grande heroína deste filme e deste ciclo será Anna Magnani, que hoje aqui recordamos, nas suas últimas imagens em filme e a atribuição do Óscar, o primeiro atribuído a uma actriz italiana.
Roma: Piazza Santa Maria in Trastevere (1972).
21 de Março de 1956
Berlim inaugura monumento em memória dos judeus mortos (2005)!
MONUMENTO
Despertar de Eugénio de Andrade e Chagall!
The Poet with the Birds - 1911
Oil on canvas28 3/4 x 39 1/4 inchesMinneapolis Institute of Arts, Minnesota
DESPERTAR
É um pássaro, é uma rosa,
é o mar que me acorda?
Pássaro ou rosa ou mar,
tudo é ardor, tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa,
canto na ave, água no mar.
Eugénio de Andrade, Antologia Breve, Porto: fundação Eugénio de Andrade, 1997, p. 40
A gastronomia em livros
A lembrar também
Petição - Fábrica Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro
Salvar a fábrica Bordalo Pinheiro
Carta Aberta a Sua Exa. O Primeiro Ministro
Em 1884, Bordalo Pinheiro funda uma fábrica de cerâmica artística, que pretende exemplar, nas Caldas da Rainha. Aí, aquele que muitos consideram o maior artista português do séc. XIX desenha, inventa, modela e pinta milhares de peças que concretizam, excedem e amplificam toda uma tradição, definindo um estilo que ainda hoje, tantos anos volvidos, todos identificamos imediatamente. Mais de cem anos após a sua morte, a fábrica herdeira do seu saber continua a produzir esta obra genial.
As notícias recentes e inquietantes sobre o futuro da Fábrica de Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro obrigam-nos neste momento a manifestar-nos publicamente. Por preocupação com um património histórico único e em defesa da obra de um artista que desde finais do séc. XIX integra o imaginário nacional.
Num momento em que a vida desta empresa conhece piores dias e quando se perspectiva a venda desta fábrica, apelamos a uma intervenção do Estado, qualquer que seja o seu futuro, no sentido de:
- salvaguardar que o espólio do artista Bordalo Pinheiro (moldes, desenhos e peças originais) se mantenha na fábrica e seja a matriz de uma nova estratégia de qualidade e afirmação da marca Bordalo Pinheiro;
- aprofundar a inventariação, estudo, preservação e divulgação deste espólio, promovendo o reconhecimento de uma faceta menos consagrada deste artista;
- salvar uma fábrica única pela sua história e pelo saber especializado daqueles que aí trabalham, assegurando a transmissão deste na formação de futuras gerações, de modo a fazer também desta empresa um lugar de ensino;
- estimular, simultaneamente, a renovação da marca Bordalo Pinheiro, envolvendo nomes prestigiados e novos valores do design e das artes;
- contribuir para a definição de uma estratégia que reposicione a marca Bordalo Pinheiro num segmento de mercado de excelência, a nível nacional e internacional, investindo na sua divulgação, marketing e distribuição.
Os autores desta carta apelam pois ao Estado para que, neste momento crítico, olhe para a singularidade desta situação e, nós próprios, não nos demitindo das nossas responsabilidades enquanto cidadãos, disponibilizamo-nos para contribuir para essa reflexão.
Autores:
Raquel Henriques da Silva, Professora de História da Arte, FCSH Universidade Nova Lisboa.
Joana Vasconcelos, Artista Plástica.
Elsa Rebelo, Coordenadora do Atelier Artístico da Fábrica Bordalo Pinheiro
Henrique Cayatte, Designer, Presidente do Centro Português de Design.
Bárbara Coutinho, Directora do MUDE. Museu do Design e da Moda
Catarina Portas, Empresária A Vida Portuguesa
Lúcia Marques, Curadora Independente
Carmo Afonso, Advogada
ASSINE A CARTA ABERTA ATRAVÉS DO SEGUINTE ENDEREÇO:
http://www.petitiononline.com/Bordalo/petition.html
Eu já assinei.
PENSAMENTO DO DIA
Continuam " Os Miseráveis"
Também lá estamos
Infelizmente, Portugal ainda não assinou o Tratado da Antárctida, instrumento internacional destinado a proteger o continente gelado e instituído em 1959. Pode ser que seja este ano. Sempre seria uma data redonda...
Biografias, autobiografias e afins - 20
Karl Wittgenstein, grande magnata, mas também amigo e patrono de Brahms e de Klimt, teve mais sete filhos além de Ludwig, três dos quais suicidaram-se, e um quarto, Paul Wittgenstein, perdeu um braço o que não o impediu de ser um pianista bem sucedido ( para ele Ravel escreveu o Concerto para a mão esquerda ) .
Foi a enorme riqueza da família que possibilitou a sua sobrevivência ao Nazismo, tendo vários membros da família conseguido sair para os Estados Unidos depois de pagarem elevadas somas aos nazis.
Riqueza que não prejudicou nem beneficiou Ludwig Wittgenstein: ainda jovem, tinha renunciado à sua parte a favor dos restantes irmãos dizendo que - "Já têm tanto dinheiro que mais algum não lhes fará mal."
- The House of Wittgenstein, a Family at War, Alexander Waugh.
Os limites da arte ( ? ) - 1
Amanhã no Museu do Oriente
Lá fora - 19 : Angers
Comemorações que decorrem nas duas capitais de René: Angers e Aix-en-Provence.
Em Angers, os eventos começaram logo no passado mês de Janeiro, com o tema: Le roi René, dans les pas d' un prince atypique, chevalier des arts-1409-2009, e à volta dos torneios, a caça, os livros e a própria mitologia deste soberano angevino.
Carrilho da Graça. Arquitectos III
Fundado em 1356, o Mosteiro da Ordem do Hospital de Flor da Rosa constitui um dos mais emblemáticos exemplos de Mosteiro fortificado existentes no nosso país. A sua igreja mantém o essencial da arquitectura gótica original, de nave única, com o arco do cruzeiro de dimensões invulgares, o abobadamento em ogiva e as grandes massas despidas, com aberturas apenas nos registos superiores. No entanto, sofreu várias alterações, sobretudo nos séculos XI e XVII. Todo o edifício possui altas paredes ameadas, em granito aparelhado. Da primitiva traça conserva algumas torres com portas e janelas ogivais, frestas em arco aguçado, impostas e colunelos; a feição actual do edifício é fruto das obras efectuadas na década de 40 do Séc. XX.
Em 1995, parte do conjunto foi adaptado a Pousada da Enatur. O excelente trabalho de Carrilho da Graça, a meu ver, faz deste espaço uma beleza indescritível. A ruptura com o velho edifício é feita de forma natural, simples e minimalista que realça a beleza histórica do mosteiro-fortaleza.
As obras mais conhecidas do arquitecto são: o Pavilhão do Conhecimento dos Mares (Expo 98), Escola Superior de Comunicação Social (Lisboa), pelo qual recebeu o prémio Secil, em 1996; a Igreja de São Paulo (Macau), o Convento de Jesus (Setúbal) e o Convento de São Francisco (Coimbra), o Théâtre & Auditorium de Poitiers, acabou por restaurar o edifício do Museu do Oriente (Lisboa) e tem como projectos quase terminados a Escola Superior de Música de Lisboa e a Igreja de Santo António (Portalegre). Em 2008 devido à coerência e harmonia patente na sua obra recebeu o prémio Fernando Pessoa.