Prosimetron

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sábado, 7 de julho de 2018

Os avisos dos dois irmãos Lanzmann



Morreu Claude Lanzmann, o homem de Shoah, o filme sobre o Holocausto, documentário monumental de dez horas, filmado durante 12 anos, ouvindo sobreviventes judeus em 14 países. Como lembrar o peso de tanto? Talvez numa versão que desça à infinita raiz do assunto, o homem - um homem. Talvez falando de Lanzmann, não este, impossível de se falar dele sem a sombra do monumento. Falando, então, do irmão de Claude Lanzmann, Jacques, que morreu em 2006.
Os Lanzmann descendem de uma daquelas periódicas viagens dos homens pela Terra, igual, com outros homens, às que os jornais contam hoje. A dos avós dos Lanzmann começou no fim do século XIX, eram judeus do Leste Europeu e fizeram-se franceses. Tanto, que quase a meio do século seguinte já, Claude e Jacques, os netos dos emigrantes iniciais, eram patriotas da Resistência francesa. E na hora da morte, num novo século, ambos deixaram obras maiores e menores. Se do agora desaparecido impõem-se Shoah, em Jacques há muitas letras de belas canções francesas, alguns romances e, sobretudo Le Rat d'Amérique (O Rato da América), uma quase autobiografia romanceada.
Finda a II Guerra Mundial, Jacques Lanzmann foi para a América do Sul. «Se queres encontrar-te, começa por te perder», escreveu. Partir porque uma ilusão nos acicata ou, mais frequentemente, a desesperança nos empurra. Partir. O falso romance (Lanzmann apresenta-se como o judeu francês «Georges Fridmann», ex-combatente da Resistência) conta a perda e a procura. Ele andou pelo Paraguai, pela Argentina e pelo Chile em esperança, como qualquer América sempre ilude; e andou pela perdição como tantas vezes qualquer América nos ensina.
A última aventura de Lanzmann/Fridmann é nas minas chilenas de nitrato de sódio, nas montanhas desérticas dos Andes. Minas entre as neves eternas, administradas como um campo de concentração e de onde só doidos tentam escapar pelo teleférico dos cadáveres... O documentário Shoa é de 1985, a realidade inventada em Le Rat d'Amérique é anterior, de 1956, e ambos falam da irrealidade inominável do horror nazi na primeira meia década de 1940. E se, afinal, os dois irmãos, Claude e Jacques Lanzmann, nos contaram só a banalidade do homem?

Ferreira Fernandes
DN, 6 jul. 2018

Jacques Lanzmann escreveu numerosas letras para canções de Jacques Dutronc. São dele Il est cinq heures e Paris s'éveille.

Os meus franceses - 632

Só hoje soube que Claude Lanzmann faleceu no dia 5 de julho. Dedicou doze anos a realizar Shoah - não sei se viram, mas é preciso estômago para ver este filme de quase dez horas.


Claude Lanzmann nasceu em Paris a 27 de novembro de 1925, numa família judaica, que assistiu à chegada ao poder de Hitler. Segundo a biografia disponibilizada pela Enciclopédia Britânica, toda a sua família sobreviveu à Segunda Guerra Mundial.
Integrou a Resistência, assim como seu irmão Jacques. Em 1947 foi estudar filosofia para a Universidade de Tubinga e foi leitor na Universidade Livre de Berlim.
A publicação de Réflexions sur la question juive de Sartre (1947) foi para Lanzmann um acontecimento e o fundamento para a criação de um seminário sobre o antissemitismo, que ele organizou na Universidade a pedido dos estudantes. Achou que as teses de Sartre estavam ultrapassadas, o que o levou a Israel, pela primeira vez, em 1952.
Denunciando a fraqueza da desnazificação da Universidade, publicou dois artigos no Berliner Zeitung, da RDA, o que lhe valeu ter de deixar as funções que exercia na Universidade.
Foi colaborador da revista Les Temps modernes desde 1952. Após a morte, em 1986, de Simone Beauvoir (com quem viveu uma história de amor entre 1952 e 1957) passou a seu diretor, cargo que  até quinta-feira passada.
No dia 4, tinha estreado o seu ultimo filme, Les quatre soeurs. Esta obra é composta de quatro filmes (cada um com cerca de uma hora) sobre quatro pessoas que ele entrevistou durante as filmagens de Shoah: Ruth Elias, Paula Biren, Ada Lichtman e Hanna Marton. 


Marcadores de livros - 1105

Marcador e postal do Museu do Chocolate de Astorga.


Para Justa, no Dia Mundial do Chocolate.

Histoire(s) des Graffitis


O Castelo de Vincennes, uma antiga prisão, apresenta uma exposição original: Sur les murs, histoire(s) de graffiti. Alguns são grafitis históricos, desde o século XVI, e outros de pessoas conhecidas. 



sexta-feira, 6 de julho de 2018

Boa noite!

L'art dans les chapelles

Vídeo da edição do ano passado.

Desde 1992, L'art dans les chapelles convida artistas para intervirem em lugares significativos do património, a maioria dos quais edificados nos séculos XV e XVI, na zona de Morbihan, na Bretanha. 
A edição deste ano terá lugar entre 6 de julho e 16 de setembro e nela participam os seguintes artistas nas capelas indicadas: Peter Soriano (Chapelle St-Jean, Le Sourn), Vincent Dulom (Chapelle de la Trinité, Castennec, Bieuzy), Pascal Pinaud (Chapelle St-Nicolas, St-Nicolas-des-Eaux, Pluméliau), Henri Jacobs (Chapelle Ste-Tréphine, Pontivy), Adam Jeppesen (Chapelle de la Trinité, Cléguérec), Joan Ayrton (Chapelle ND Moustoir, Malguénac), Charlotte Charbonnel (Chapelle St-Meldéoc, Locmeltro, Guern), Cécile Beau (Chapelle ND du Guelhouit, Melrand), Marie Zawieja (Chapelle Saint-Tugdual, Quistinic), Laura Gozlan (Chapelle St-Adrien, St-Barthélémy), Émilie Satre (Les Bains-douches, Pontivy), Marc Couturier (Chapelle Ste Trinité, Domaine de Kerguéhennec, Bignan), Silvia Hestnes (Chapelle ND des Fleurs, Moric, Evellys), David Renaud (Chapelle St-Drédeno, St-Gérand), Emmanuel Saulnier & Rémy Yadan (Chapelle Ste-Noyale, Noyal-Pontivy) e Roland Cognet (Chapelle ND du Gohazé, St-Thuriau).
Deve ser um espetáculo poder ver estas exposições todas. Um pouco cansativo...

Marcadores de livros - 1104

Verso e reverso de dois marcadores, com variantes, da série Animosa, dedicados a Frida Kahlo.

Caderno com o marcador e sem o marcador.

Com um agradecimento à Luisa.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Boa noite!

Acho que já postei este vídeo no blogue. 

Auto-retrato(s) - 258


Um gigantesco ( 330x220 cm ) auto-retrato de Philippe Pasqua ( 1965- ), pintor autodidacta que começou a pintar aos 18 anos, muito influenciado por Freud e Bacon.

Onde me apetecia estar - 158


Em Vienne, para assistir à 38ª edição do mítico Festival jazz à Vienne, duas semanas de música de dia e noite, em que só os concertos no Teatro antigo são pagos. E quem são os artistas ? Da cantora Lou Tavano ao contrabaixista Avishai Cohen, de Hugh Coltman a China Moses.

Na Biblioteca Nacional



Um quadro por dia - 422


Le Christ enfant méditant sur les objets de la Passion, dos irmãos Le Nain, foi vendido em leilão da casa Rouillac por 3,5 milhões de euros, no passado dia 10 de Junho .

A arte do retrato - 242


É de 1620 este Retrato de um nobre veneziano, 59x48cm, executado por um jovem Rubens. Desconhecendo-se o motivo, a verdade é que o pintor guardou o retrato até à sua morte, acabando depois comprado pela família Wetzlar onde ficou até ao século XX.
Foi vendido ontem na Sotheby's de Londres .

Humor pela manhã


Bom dia !





R.I.P. Ricardo Camacho

Marcadores de livros - 1103

Em baixo à esq., reverso dos dois primeiros marcadores de cima; à dir., reverso dos outros três editados pela livraria Follas Novas. 

Obrigada, Justa!


«o nosso idioma [...] que do outro lado desse rio é língua oficial».
(Manuel Muruía escreveu em português para o jornal A Aurora do Lima, de Viana do Castelo.)

«El gallego y el portugués [...] son uno mismo en el origen, gramática [...] y vocabulario. Por que no aceptar la ortografía portuguesa? Si nos fue comun en otros tiempos, por que no ha de serlo de nuevo?»
(Fragmento manuscrito, Caixa 113, arquivo da Real Academia Galega)

«La verdadera lengua, gallega o portuguesa, - para el caso es igual - [...] es la corriente en Galicia y gran parte de Portugal, la misma que hablaron Camoens y Sáa de Miranda».
(Cit. in Vicente Risco - Manuel Murguía. Vigo: Ed. Galaxia, Vigo, 1976, p. )

terça-feira, 3 de julho de 2018

Boa noite!



Caravaggio - L’anima e il sangue, de Jesus Garces Lambert, passa amanhã no Corte Inglês às 19h00.

Marcadores de livros - 1101

Frente e reverso de cinco marcadores de livros da editora Kalandraka e da livraria Follas Novas. 

Destes livros, comprei e li Frederick.

Obrigada, Justa!

A nossa vinheta

Childe Hassam - Summer Sunlight (Isles of Shoals),  1892
Jerusalém, Israel Museum

Embora o sol e o verão estejam desaparecidos, é normalmente nesta estação que tentamos pôr a leitura em dia. A posição da senhora é que não é, quanto a mim, das mais confortáveis para ler.
Há uns dias li esta citação num blogue, num verso de um marcador. E gostei. Deixo-a aqui.

«Se apenas leres os livros que toda a gente lê, apenas podes pensar o mesmo que os outros estão a pensar.»
Haruki Murakami

domingo, 1 de julho de 2018

Os meus franceses - 631



O chá das cinco - 113

https://pixabay.com/pt/bule-de-ch%C3%A1-ch%C3%A1-pintura-com-luz-598122/

Poema do Chá

Em vez de me apaixonar
uma xícara de chá por favor
ela aquece a minha alma e elimina minha dor
agradeço a quem inventou essa bebida
aquece o meu corpo e cura minhas feridas
Sendo verde, preto, branco ou de frutas silvestres
inventado por um anjo não por um ser terrestre
Segurando em volta da caneca
pra esquentar as mãos
Calor corre pelo braço e chega ao coração
Na frente da tv
Na frente do pc
É um chá bem gostoso
que eu quero beber
Quente ou frio
toda vez que bebo
sinto um arrepio
Na falta de um abraço
um chá irei tomar
para com sono ficar
para mais confortável
poder deitar e sonhar

Pedro Alvim

Marcadores de livros - 1099

Visualização do filme sobre a New York Public Library na Orell Füssli, de Zurique.

Um belo documentário que vi no DocLisboa, que referi aqui no blogue.