(...) Eu sou de esquerda, toda a gente sabe. Mas a esquerda teve algumas culpas no nosso sistema educativo. Houve uma altura em que se passou a achar que a Educação devia ser uma coisa lúdica. Sou muito a favor da avaliação. Dos professores e dos alunos. A escolha criteriosa dos professores seria um bom começo.
Irene Flunser Pimentel, no Expresso de hoje.
E eu só acrescento que seria bom que alguns ex-governantes assumissem um dia as suas responsabilidades sobre o estado a que chegou o nosso sistema educativo: da indisciplina à avaliação. Mas não, caladinhos que nem uns ratos, a começar por uma sra.ex-secretária de Estado que vejo amiúde na Mexicana...
faço hoje um agradecimento: aos meus amigos e colegas prosimetronistas Jad e João Mattos e Silva, que me ajudaram esta manhã a resolver um problema "internético". Como disse esta manhã ao Jad, começo a não ter cabeça para tanto pin e password: dos cartões de crédito e débito, do telemóvel, do Facebook, da conta Google e, como foi o caso esta manhã, da internet sem fios...
Vamos tratar agora de tal compra, a uma "senhora de confiança" que faz "criação biológica" ( sem o saber, naturalmente). Costumam ser saborosos, embora eu e o meu pai evitemos assistir ao acto exterminador praticado pela senhora de confiança. Uma cena sanguinário-campestre na Caparica profunda...
Esta manhã, antes de me vir exilar aqui na Outra Banda, não deixei de colocar a Azul e Branca na varanda, para espanto de quem estava numa grua a tratar dos holofotes junto ao imenso palco instalado na Alameda D.Afonso Henriques. E também para espanto de alguns colegas daqueles, que estavam no solo. Palco esse que servirá para o Grandioso Baile da República, na noite de 4 para 5 de Outubro, com os partipantes que se podem ver aqui já ao lado. E até há um antigo candidato presidencial, Manuel João Vieira, como Mestre de Cerimónias. Acho que ainda o veremos comendador depois disto.
Já à porta do prédio, enquanto os meus pais olhavam para a minha varanda com um olhar (misto de tolerante/compungido) como só os pais sabem fazer, aproximou-se a minha quase octogenária porteira que imediatamente também elevou o olhar.
E perguntou: " Sr.Dr., aquele pano é para assustar os pombos? "
Respondi com um singelo: " Também". E afastei-me de mansinho, enquanto ela ficava a olhar para o "pano".
Já se estreou entre nós Tamara Drewe, o novo filme de Stephen Frears. Uma comédia inteligente que vai agradar, penso que sem excepção, a todos os prosimetronistas e que recomendo a todos os que por aqui passam. Imperdível!
E quem não se lembra desta Total Eclipse Of The Heart? Com ela, Bonnie Tyler dominava a 2 de Outubro de 1983 a tabela de singles dos EUA e de vários países europeus.
Esta actuação ao vivo é em terras suecas, em 2005, e a voz dela ainda se faz ouvir muito bem...
Neste dia, em que estive longe do Mundo da WWW, chegaram-me manifestações, por diferentes formas, de fraternidade, de amizade, de carinho e de camaradagem. Também no Arpose e no Prosimetron me deixaram testemunhos no mesmo sentido. Embora ainda não tenha agradecido, junto de cada um, aqui fica desde já o meu BEM HAJA! segundo a velha tradição portuguesa.
Estando em maré, ter lido "algures" que este era um dos seus hinos preferidos e coincidir com o meu local de "festejos" na próxima terça-feira, aqui fica esta versão longa de Els Segadors, embora esteja praticamente certo de que a mesma não será novidade para si.
De Schumann para uma ópera contemporânea. Não pensei duas vezes: tinha de ser a minha preferida de Philip Glass, sobre o misterioso faraó monoteísta do Antigo Egipto, Akhenaton. Não sei quantas vezes já a ouvi, provavelmente para desespero de alguns vizinhos nalguns trechos, mas ainda não consegui infelizmente assistir a nenhuma representação. Mas há sempre a esperança. Do Youtube tirei esta montagem de alguns dos momentos mais significativos:
Agora já em dia certo, mantenho-me nos livros de horas, da mesma biblioteca, desta feita o que pertenceu a D. Álvaro da Costa, armador-mor do Rei D. Manuel e armeiro-mor do reino (pois, o primeiro depositário do Livro de Armas que ganhou este nome), por sinal também provedor da Misericórdia de Lisboa.
Não acreditando minimamente na astrologia, acho que o nosso amigo JAD tem a ponderação própria da Balança.
Apenas colmatando falha de um fim de semana ainda não muito longíquo e aproveitando para desejar boa viagem ao Minho :), que por mim "re-memoro" em paragens ligadas à nossa segunda rainha, D. Dulce...
E, com os votos de ad multos annos!, aqui fica uma imagem da Princesa Perfeitíssima (ainda que tal pese ao presidente da Assembleia Constituinte de 1911...), do seu livro de horas, na Pierpont Morgan Library.
Pois é, Manuel Alegre tem mais um apoio de vulto- O coronel Otelo Saraiva de Carvalho. É caso para dizer que com amigos destes... A figura mais tragicómica da Revolução de Abril, a quem eu achei piada durante alguns anos até às FP-25. É que morreram vários inocentes, e é uma das coisas que não esqueço facilmente. O sr.coronel Otelo bem podia era estar caladinho e agradecer todos os dias a amnistia do Dr.Soares que o salvou de passar uns anos à sombra.
É hoje o lançamento de República das Mulheres, compilação de entrevistas a 14 escritoras portuguesas ( sete poetas/sete prosadoras) feitas por Maria João Seixas.
Na verdade, para mim o Dia Mundial da Música começou ontem, ao final da tarde, com mais um concerto da iniciativa Música na Biblioteca. Desta vez, e no átrio principal da Biblioteca Nacional, um recital de piano a cargo da norte-americana radicada entre nós, Nancy Lee Harper. Um final de tarde romântico, com Chopin e Schumann, neste ano de dupla celebração.
E uma das peças tocadas foi este belo Arabesque, opus 18, de Robert Schumann:
É hoje a estreia, nos EUA, de The social network, o filme de David Fincher sobre a mais importante, e também polémica, rede social dos nossos dias: o Facebook. Obviamente, também um retrato, nada hagiográfico, do seu fundador e agora milionário, Mark Zuckerberg.
(...) Um movimento cada vez mais acelerado de caotização está a invadir o país, afetando as subjetividades. Ninguém sabe o que vai acontecer. Não se pode ficar inerte, mas não se sabe como agir (senão salvar o que de bom tem sido feito). Nem sequer há a certeza do caos futuro, com a esperança de uma dialética que faça nascer a luz das trevas. Este setembro «do nosso descontentamento» marca, talvez por muitos anos, o fim da esperança.
Inexplicavelmente, dado ser um grande fã, tenho a impressão que é a primeira vez que os Irmãos Marx aparecem no Prosimetron. Este grupo de irmãos de talentos múltiplos e fabulosos comediantes tem-me acompanhado toda a vida, especialmente quando os dias são mais cinzentos e é preciso recuperar o ânimo. Basta ver um filme deles e é impossível não ficarmos bem dispostos. Para o nosso Jad,escolhi um excerto daquele que é um dos melhores, se não mesmo o melhor, filme deles: o fantástico A Night At The Opera (1935). Excerto este onde se confirmam os talentos musicais destes geniais irmãos.
Qu’importe que l’hiver Éteigne les clartés Du soleil assombri Dans les cieux attristés? Je sais bien où trouver encore Les brillants rayons d’une aurore Plus belle que celle des cieux. Toi que j’adore, C’est dans tes yeux!
Qu'importe que l'hiver Ait des printemps défunts Dispersé sans pitié les enivrants parfums? Je sais où truver, non flétrie, malgré les bises en furie, Une rose encore toute en fleur. O ma chérie, C’est dans ton coeur.
Ce rayon qui, bravant les ombres de la nuit, Toujours splendide et pur Au fond de tes yeux luit, Cette fleur toujours parfumée Qui dans ton coeur est enfermée Et qui sait survivre à l’été, Ma bien-aimée, C’est ta beauté!
«Onde quer que encontreis uma lenda, podeis estar certo de que, se fordes ao fundo do assunto, encontrareis uma história.» (Vallet de Viriville)
«A papisa Joana é uma das personagens mais fascinantes e extraordinárias da história do Ocidente - e uma das menos conhecidas. A maior parte das pessoas nunca ouviram falar da papisa Joana e aqueles que ouviram consideram a história como uma lenda.
«No entanto, há centenas de anos - em meados do século XVII - o papado de Joana era conhecido e aceite universalmente como verídico. No século XVII, a Igreja Católica, sob o recrudescimento das críticas do Protestantismo nascente, começou a empreender esforços concertados para destruir os registos históricos embaraçosos relacionados com Joana. Centenas de manuscritos e de livros foram destruídos pelo Vaticano. O desaparecimento efectivo de Joana da consciência moderna atesta a eficácia destas medidas. [...]» (Da «nota da autora», Donna Woolfolk Cross, no final do livro A papisa Joana.) x
Li este livro há bastantes anos. Só me voltei a lembrar da papisa Joana quando fui alertada, há dois anos, para um fresco (ou um mosaico?) numa igreja em Trastevere (Basílica de Santa Maria de Trastevere?) onde se encontra, possivelmente, representada a papisa Joana. E nessa noite, a papisa Joana foi objecto de conversa ao jantar, com amigos.
O povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre.
Esta inqualificável frase foi ontem proferida por Almeida Santos,que chefiava a delegação do PS, depois da audiência com Cavaco Silva em Belém. Cinismo atroz ou senilidade precoce?
Jean-Honoré Fragonard, O beijo roubado, 1787-89, óleo sobre tela, 45x55cm, Hermitage, São Petersburgo, Rússia.
E esta tela vai dedicada ao Filipe V.Nicolau, agradecendo assim os beijos que nos mostrou. Quanto a esta tipologia do beijo roubado, parece-me que ocorre cada vez menos. Já não é preciso roubá-los, há uma grande generosidade na época em que vivemos...
Enquanto que o Ministro das Finanças suiço se torna uma vedeta internacional, graças ao seu incontrolável ataque de riso quando discursava sobre a tributação das importações de carnes curadas, o nosso Prof.Teixeira dos Santos tem um fácies cada vez mais bisonho, à medida que as finanças públicas portuguesas se aproximam do abismo. E as medidas anunciadas ontem pelo Governo prometem um triste final para 2010: corte de 5% nos salários dos funcionários públicos, subida da taxa máxima do IVA para 23% e ainda mais outras radicais medidas, entretanto já muito aplaudidas em Bruxelas.
Trata-se do mais recente livro de Jaime Nogueira Pinto, publicado pela Esfera dos Livros, versando (para variar, nos dias que correm...) sobre a Primeira República. O lançamento é às 18h30, nos Paços do Concelho de Lisboa, com apresentação a cargo de José Pacheco Pereira. Parece-me que irá ser o mais concorrido do dia, com assistência da esquerda à direita...
Com as mortes de Eddie Fisher,falecido há poucos dias aos 82 anos e um dos grandes cantores dos anos 50, de Arthur Penn, já evocada pela nossa M.R., e hoje com o óbito de Tony Curtis,aos 85 anos, cumpre-se uma vez mais a famosa ( e mórbida ) regra das 3 mortes de Hollywood. Não estou a inventar- é uma velha superstição de Hollywood, como o nosso João Soares poderá confirmar. RIP
A propósito do lançamento da biografia de Nóbrega e Sousa, lembro uma das suas míticas composições, datada de 1958 e que foi o primeiro disco de Maria de Fátima Bravo. Pensei em escolher uma das muitas versões que se fizeram ao longo das décadas ( UHF, Filipe Neves, etc) mas, como diz agora um slogan publicitário, não seria a mesma coisa. Fiquemos, pois, com o original.
- A aguardada biografia de um dos compositores portugueses mais importantes da segunda metade do século passado. Nóbrega e Sousa, que trabalhou com Amália, Madalena Iglésias, Simone, Maria Clara, Rui de Mascarenhas, Tony de Matos e outras estrelas lusas. Também teve composições suas no teatro, no cinema e até nas Marchas, tendo ganho por 3 vezes o Festival RTP da Canção ( a última em 1979: Sobe Sobe Balão Sobe ). A autoria desta biografia é de Nuno Gonçalo Paula, e será apresentada por Marcelo R. de Sousa na Fnac Vasco da Gama, às 18h30.
- Um livro de memórias de um fotógrafo oposicionista ao Estado Novo. Apresentado por Manuel Carvalho da Silva e pelo historiador Manuel Loff, na Fnac Chiado, às 18h30.
- Este livro é do jornalista e economista João Pedro Martins, e versa a engenharia financeira sofisticada dos nossos dias, que ajuda tanto o Banco do Vaticano como os U2, os clubes de futebol e obviamente as redes de crime organizado.Peritos muito bem pagos que ensinam a contornar as leis e ajudam o esconder o dinheiro, mais ou menos limpo, em paraísos fiscais defraudando as economias dos países onde é gerada essa riqueza. O lançamento é às 18h, na Fnac Colombo, com apresentação a cargo de Rui Santos, o homem do futebol, e de João Cravinho.
Como se vê, hoje há muitos ( e estes são só os que decorrem nas Fnac ) e para todos os gostos. E ainda falta aquele que deve ser o mais mediático do dia. Virá mais tarde.
da História do Cinema deve ser este que se vê infra, protagonizado por May Irwin e John Rice em 1896 e com câmara de William Heise sob as ordens de um dos pioneiros do cinema, o genial inventor Thomas Edison. Tratava-se de dois actores que se beijavam regularmente nos palcos de Nova Iorque, numa comédia chamada Widow Jones/A Viúva Jones. Se já havia muita gente que não gostava de beijos em palco em 1896, quando este beijo cinematógrafico foi exibido comercialmente deu-se um verdadeiro escândalo: artigos inflamados nos jornais, e muitos cidadãos a pedirem a intervenção da polícia...
Durante a primeira temporada de The Flintstones, no início dos anos 60, o patrocinador desta série de animação da ABC que se tornaria um sucesso mundial eram os cigarros Winston. Não durou muito tempo tal patrocínio, mas é curioso ver os comentários a este anúncio no YouTube: os fundamentalistas anti-tabaco nem sequer param para pensar que eram tempos em que o tabaco e a sua publicidade eram omnipresentes, desde os programas televisivos aos filmes etc.
É hoje lançado mais um cd da banda Corações de Atum, uma das várias de Manuel João Vieira, homem dos sete ofícios. É no Maxime, espaço mítico da Praça da Alegria.
Com o mais belo de todos os beijos, despede-se esta breve tipologia: com o beijo da Sétima Arte (osculum scaenicum). Os actores criam a ilusão que a paixão e o amor venceram, os espectadores, satisfeitos, convencem-se de que vale a pena a tentativa de conquista... A ilustrar este momento importante, vemos Natalie Wood e Steve McQueen, bem como Clark Gable e Vivien Leigh numa das cenas mais mais célebres da História do Cinema.
Neuville, Alphonse-Marie-Adolphe de (1835-1885), O Espião, 1880, óleo sobre tela, 130x213cm, Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque.
Esta semana fui de novo confrontado com um rumor sobre a minha modesta pessoa. Rumor que faria de mim uma personagem digna de Le Carré, salvas as proporções ... Divertido, por um lado, mas é sempre ruído que incomoda o próprio e tem o potencial de influenciar quem menos bem nos conheça. Pode ser que ajude assumir a postura dos famosos ou pseudo-famosos: "Bem ou mal, o que é preciso é que falem de nós". Estratégia de nonchalance que me poupa a outras atitudes que não quero ter.
O sempre loquaz Presidente da Venezuela, Hugo Chavez, mesmo algo contrariado pelo relativo desaire eleitoral sofrido recentemente, logo anunciou que se recandidatará nas Presidenciais de 2012. Mas alguém tinha dúvidas?
P.S. - É o momento para corrigir uma injustiça por mim cometida aquando do Bicentenário do México- depois de consultar as estatísticas disponíveis, é injusto considerar o México o país mais violento das Américas. A Venezuela está pior, com 90% dos crimes a não serem resolvidos, 19133 homicídios em 2009 (mais que o Iraque, a Colômbia ou o México) e Caracas mais violenta do que Bogotá ou São Paulo, cidades habitualmente recordistas nestes tristes índices.
( Os mais cépticos vejam os dados no Observatório da Violência da Venezuela, com estatísticas não desmentidas pelo governo venezuelano. )
- Castelo de Monte-Cristo, Port-Marly, mandado edificar pelo genial escritor.
Já por várias vezes aqui falei desta fantástica colecção Dictionnaire amoureux, da Plon, à medida que vai sendo publicado cada volume. Desta vez, a escolha do tema recaiu sobre Alexandre Dumas, dicionarizado pelo grande historiador e dumasiano Alain Decaux.
E o lançamento foi celebrado com um jantar requintado no castelo de Monte-Cristo, a residência que a obra de Dumas pagou e que os seus admiradores têm ajudado a preservar, especialmente de interesses imobiliários...
Dictionnaire amoureux de Alexandre Dumas, Alain Decaux, Plon, 636p, €23.
A Partida de Xadrez é uma tela de Vieira da Silva que gosto muito. Sobre a pintora, Agustina Bessa-Luís escreveu um belo retrato que se encontra impresso na colecção "arte e artistas" da Imprensa Nacional- Casa da Moeda.
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Maria Helena Vieira da Silva, Partida de Xadrez, 1943
Óleo sobre tela, 81 x 100 cm, MuseuNacional de Arte Moderna, Paris
"É preciso possuir uma espécie de câmara escura na alma, para revelar o que ela extrai do simples contacto com a presença, a forma que nos surpreende no acto de viver".
Agustina Bessa-Luís, Longos Dias Têm Cem Anos Presença de Vieira da Silva, Lisboa: Imprensa Nacional- Casa da Moeda, 1982, p. 49
Tiziano, O Papa Paulo III com os seus netos Alessandro e Ottavio Farnese, 1545, óleo sobre tela, Museu Nacional de Capodimonte, Nápoles.
A arte do retrato e a arte do nepotismo... Paulo III (Alessandro Farnese) com dois dos seus netos, Alessandro, cardeal-sobrinho, e Ottavio, duque de Parma. A vida deste papa, tão bem retratado aqui e noutras telas pelo grande Tiziano, só confirma aquilo que penso há muito: é mais fácil ser pio, casto e "santo" quando já se tem algumas décadas em cima... Trata-se do mesmo Paulo III, último papa da Renascença, pai de 3 filhos e de uma filha, que já em idade bem madura convocará o Concílio de Trento para iniciar a Contra-Reforma e será o grande protector da Companhia de Jesus. Obviamente, é sempre possível preferir a ideia do arrependimento sincero como alternativa à minha visão mais cínica do mundo. A chacun son goût.
Foram a primeira banda de rock espanhola com sucesso internacional, com este tema Black Is Black que em 1966 marcava presença nos tops de vendas europeus, mas também além-atlântico. Esta é uma actuação num fantástico programa francês de nostalgia chamado Les Années Bonheur que apresenta regularmente as grandes estrelas dos anos 60 e 70. Lembro-me da primeira vez que ouvi este tema-foi há quase três décadas num vinil dos meus pais.
Pois é, há um novo príncipe herdeiro no continente asiático, mas não nas monarquias constitucionais tailandesa, cambojana ou japonesa como seria de prever. Trata-se sim de Kim Jogn-Un, o terceiro filho de Kim Jong-Il, o Querido Líder da Coreia do Norte, esse verdadeiro paraíso na Terra.
Com 27/28 anos ( desconhece-se a idade certa ) e estudos num colégio suiço, o jovem herdeiro foi promovido há dias a general, naquele que foi considerado o primeiro passo para a eventual sucessão do pai que está parcialmente incapacitado há dois anos depois de um derrame cerebral.
Ouvi esta manhã, na CNN que chama carinhosamente à Coreia do Norte a family dictatorship, que o 3º Kim já recebeu alguns cargos na Conferência do PC da Coreia do Norte que está a decorrer. E até já se fala num epíteto para o possível novo dirigente: Brilhante Líder...
Mas, tal como em qualquer outra família real, há segredos de família com consequências políticas: aquele que foi durante anos o herdeiro provável, Kim Jong-Nam ( filho mais velho, de 39 anos de idade), terá sido afastado por ter "um carácter demasiado feminino".
Em 1965, a revista "Artistas de Cinema" escrevia o seguinte sobre Suzy Parker:
"Suzanne Cecilia Parker nasceu em Santo António no Texas (E.U.A.) a 28 de Outubro de 1931.
Em 1945, entra para a Country Day School de Nova Iorque, mas, atraída mais pelo desejo de ser modelo do que estudar geometria, deixa a escola para posar para revistas de modas. Este período da sua vida vai desde 1946 até 1954. No ano seguinte, é repórter fotográfico para "Magnum" e viaja de Madrid a Caracas, Roma a Tóquio, de Estocolmo a Zanzibar, de Djacarta a Marraqueche.
Em 1957, Audrey Hepburn, a sua melhor amiga, obtém para ela um pequeno papel a seu lado em "Cinderela em Paris", e ao lado também de Fred Astaire. A seguir, filma "Quatro dias de loucura", "O homem que amava as mulheres" e "Desejo de amor".
O seu último filme é "Os candidatos", a estrear brevemente."
Em Agosto passado, a propósito de operetas não pude deixar de me lembrar de Nana, romance de Zola, cuja história pode ler em http://fr.wikipedia.org/wiki/Nana_(roman). Publicado em 1880 é o 9.º volume da série Rougon-Macquart.
E o post ficou adiado para hoje, dia em que passam 108 anos sobre a morte do escritor.
Édouard Manet - Nana Óleo sobre tela, 1877 Hamburgo, Kunsthalle
«Às nove horas, a sala do Teatro das Variedades ainda estava ainda vazia. Algumas pessoas, no balcão e à frente da plateia, esperavam, perdidas por entre cadeiras de veludo carmesim, baçamente iluminadas pela luz difusa do lustre. A grande mancha vermelha do pano de boca estava inundada pela penumbra e nem um ruído vinha do palco, com a ribalta apagada e as estantes dos músicos desarrumadas. Apenas em cima, na terceira galeria, em torno da rotunda do tecto, onde mulheres e crianças desnudas iniciavam o seu voo para um céu a que o gás dava y«um tom esverdeado, gritos e risos se sobrepunham ao marulhar contínuo das vozes e cabeças cobertas por bonés e por barretes surgiam atrás dos amplos parapeitos dourados. [...]
«- Espere lá! - respondeu Fauchery. - Antes de poder falar sobre a sua Nana, é indispensável que a conheça... E , além disso, não prometi nada. [...]
«-Disseram-me - recomeçou ele [La Faloise ...] - que Nana tinha uma voz deliciosa.
«- Ela?- exclamou o director, encolhendo os ombros. - É uma verdadeira cana rachada!
«O jovem apressou-se a acrescentar:
«- Uma excelente comediante, apesar disso.
«- Ela?... Um verdadeiro cepo! Não sabe onde pôr os pés e as mãos.
«La Faloise enrubesceu levemente, Não compreendia nada, Balbuciou:
«- Por nada deste mundo perderia a estreia desta noite, Sabia que o seu teatro...
«- Diga antes o meu bordel - interrompeu novamente Bordebnave, com a obstinação de um homem convicto.»
Émile Zola In: Nana / trad. Carlos Loures. Lisboa: Europa-América, 1973, p. 7-9
Renoir - O camarote Óleo sobre tela, 1874 Col. particular
Nana, Filme de Jean Renoir, de 1926.
Do filme (1981) para televisão de Maurice Cazeneuve (1923-), adaptação de Nana de Zola.