A Primavera parece ter entrado num pequeno intervalo, as temperaturas baixaram e a tão desejada chuva regressou nalguns pontos do país. Mas não é funesta, como Amália Rodrigues nos canta neste belo fado com letra de David Mourão-Ferreira.
Prosimetron
sábado, 7 de abril de 2012
Morrer de pé na Praça Syntagma
Quando se ouviu um tiro na Praça Syntagma,
logo houve quem dissesse: “É a polícia que ataca !”.
Mas não, Dimitris Christoulas trazia consigo a arma,
a carta de despedida, a dor sem nome, a bravura,
e vinha só, sem medo, ele que já vivera os tempos
de silêncio e chumbo do terror dos coronéis.
Mas nessa altura era jovem e tinha esperança.
Agora tudo isso findara, mas não a dignidade,
que essa, por não ter preço, não se rende nem desiste.
Dimitris Christoulas podia ser apenas um pai cansado,
um avô sem alento para sorrir, um irmão mais velho,
um vizinho tão cansado de sofrer. Mas era muito mais
do que isso. Era a personagem que faltava
a esta tragédia grega que nem Sófocles ou Édipo
se lembraram de escrever, por ser muito mais próxima
da vida do que da imaginação de quem efabula.
Ouviu-se o tiro, seco e certeiro, e tudo terminou ali
para começar logo no instante seguinte sob a forma
de revolta que não encontra nas bocas
as palavras certas para conquistar a rua.
Quando assim acontece, o silêncio derruba muralhas.
Aos jovens, que podiam ser seus filhos e netos,
o mártir da Praça Syntagma pediu apenas
para não se renderem, para não se limitarem
a ser unidades estatísticas na humilhação de uma pátria.
Não lhes pediu para imitarem o seu gesto,
mas sim que evitassem a sua trágica repetição.
E eles ouviram-no e choraram por ele, e com ele,
sabendo-o já a salvo da humilhação
de deambular pelas lixeiras para não morrer de fome.
Até os deuses, na sua olímpica distância,
se perfilaram de assombro ante a coragem deste gesto.
Até os deuses sentiram desprezo, maior do que é
costume, pela ignomínia de quem se vende
para tornar ainda maior a riqueza de quem manda.
A Dimitris bastou um só disparo, limpo e breve,
para resumir a fogo toda a razão que lhe ia na alma.
Estava livre. Tornara-se herói de tragédia
enquanto a Primavera namorava a bela Atenas,
deusa tantas vezes idolatrada e venerada.
Assim se despedia um homem de bem,
com a coragem moral de quem o destino não vence.
Quando o tiro ecoou na praça de todas as revoltas,
Dimitris Christoulas deixou voar uma pomba,
uma borboleta, uma gaivota triste do Pireu
e disse, com um aceno: “Eu continuo aqui,
de pé firme, porque nada tem a força de um homem
quando chega a hora de mostrar que tem razão”.
Depois vieram nuvens, flores e lágrimas,
súplicas, gritos e preces, e o mártir da Syntagma,
tão terreno e finito como qualquer homem com fome,
ergueu-se nos ares e abraçou a multidão com ternura.
6 de Abril de 2012
José Jorge Letria
logo houve quem dissesse: “É a polícia que ataca !”.
Mas não, Dimitris Christoulas trazia consigo a arma,
a carta de despedida, a dor sem nome, a bravura,
e vinha só, sem medo, ele que já vivera os tempos
de silêncio e chumbo do terror dos coronéis.
Mas nessa altura era jovem e tinha esperança.
Agora tudo isso findara, mas não a dignidade,
que essa, por não ter preço, não se rende nem desiste.
Dimitris Christoulas podia ser apenas um pai cansado,
um avô sem alento para sorrir, um irmão mais velho,
um vizinho tão cansado de sofrer. Mas era muito mais
do que isso. Era a personagem que faltava
a esta tragédia grega que nem Sófocles ou Édipo
se lembraram de escrever, por ser muito mais próxima
da vida do que da imaginação de quem efabula.
Ouviu-se o tiro, seco e certeiro, e tudo terminou ali
para começar logo no instante seguinte sob a forma
de revolta que não encontra nas bocas
as palavras certas para conquistar a rua.
Quando assim acontece, o silêncio derruba muralhas.
Aos jovens, que podiam ser seus filhos e netos,
o mártir da Praça Syntagma pediu apenas
para não se renderem, para não se limitarem
a ser unidades estatísticas na humilhação de uma pátria.
Não lhes pediu para imitarem o seu gesto,
mas sim que evitassem a sua trágica repetição.
E eles ouviram-no e choraram por ele, e com ele,
sabendo-o já a salvo da humilhação
de deambular pelas lixeiras para não morrer de fome.
Até os deuses, na sua olímpica distância,
se perfilaram de assombro ante a coragem deste gesto.
Até os deuses sentiram desprezo, maior do que é
costume, pela ignomínia de quem se vende
para tornar ainda maior a riqueza de quem manda.
A Dimitris bastou um só disparo, limpo e breve,
para resumir a fogo toda a razão que lhe ia na alma.
Estava livre. Tornara-se herói de tragédia
enquanto a Primavera namorava a bela Atenas,
deusa tantas vezes idolatrada e venerada.
Assim se despedia um homem de bem,
com a coragem moral de quem o destino não vence.
Quando o tiro ecoou na praça de todas as revoltas,
Dimitris Christoulas deixou voar uma pomba,
uma borboleta, uma gaivota triste do Pireu
e disse, com um aceno: “Eu continuo aqui,
de pé firme, porque nada tem a força de um homem
quando chega a hora de mostrar que tem razão”.
Depois vieram nuvens, flores e lágrimas,
súplicas, gritos e preces, e o mártir da Syntagma,
tão terreno e finito como qualquer homem com fome,
ergueu-se nos ares e abraçou a multidão com ternura.
6 de Abril de 2012
José Jorge Letria
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Ainda a propósito de violas e violetas
As minhas violetas africanas.
Deram-mas há dois anos e estão radiosas.
A inigualável
E flébil de cetim...
Teus dedos, longos de marfim,
Que os sombreassem jóias pretas...
E tão febril e delicada
Que não pudesses dar um passo -
Sonhando estrelas, transtornada,
Com estampas de cor no regaço...
Queria-te nua e friorenta,
Aconchegando-te em zibelinas -
Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas...
Ah! que as tuas nostalgias fossem guizos de prata -
Teus frenesis, lantejoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata...
.... ... ... ...
... ... ... ...
Teus beijos, queria-os de tule,
Transparecendo carmim -
Os teus espasmos, de seda...
- Água fria e clara numa noite azul,
Água, devia ser o teu amor por mim...
Mário de Sá Carneiro
Boa Páscoa para todos!
Seguindo o mote dado por Jad o que se arranjou foi a fotografia à vista.
Os meus ovos de Páscoa pereceram, pois foram pintados o ano passado e serviram para decorar a mesa.
Este ano não me atrevi a repetir. :)
Boa Páscoa!
Boa Páscoa a todos!
Seja qual for o enquadramento que cada um dá a esta época, o re-nascimento é uma constante.
Respondendo ao desafio do JAD, aqui está o único ovo de Páscoa que tenho, comprado à sombra da Catedral do Sangue Derramado, em S. Petersburgo. A negociação com o vendedor foi digna de qualquer bazar ou medina!
Mas tinha que trazer um São Jorge!
Respondendo ao desafio do JAD, aqui está o único ovo de Páscoa que tenho, comprado à sombra da Catedral do Sangue Derramado, em S. Petersburgo. A negociação com o vendedor foi digna de qualquer bazar ou medina!
Mas tinha que trazer um São Jorge!
Em sequência da nossa vinheta
O Jad sugeriu que postássemos outros ovos de Páscoa. Parece-me que no ano passado coloquei uns da Lauenstein, a que chamam mini Fabergé. Este ano voltaram a sair da caixa para enfeitar a casa.
Em baixo um que tem um sabonete dentro e que me foi dado há anos:
Em baixo um que tem um sabonete dentro e que me foi dado há anos:
Nada que se compare com o da nossa vinheta, mas foi o que se arranjou. :)
Sexta-Feira Santa
"Seria incompleto limitarmo-nos a considerar que A deposição de Van der Weyden é somente a manifestação do sentimento doloroso pela morte de Cristo através de uma imagem dramática. Pois todos os elementos que expressam o sofrimento alcançam na representação um profundo conteúdo estético. Com este ritual em torno da morte de Cristo, concebido como réplica de ritos e cerimoniais profanos, o artista desenvolve uma estética inédita de um tema dramático, mas evita que a expressão da dor retire beleza à imagem. Na composição, todas as figuras actuam como um grupo de actores, submetidos à unidade de um ritmo pré-estabelecido, em que cada personagem desempenha seu papel com uma precisão calculada e controlada: a crispação evoca passos de dança, a morte marca um compasso e um efeito sonoro, e os silêncios evocam os vazios estéticos de um dramatismo sublime, e a expressão de uma "dor contida".
A Virgem desmaiada converte a representação numa interpretação em que a pintura supera todos os conceitos habituais estabelecidos. Rogier distancia-se do registo de um acontecimento real e cria um drama, ordenando a distribuição dos papéis, a hierarquia dos protagonistas e sua forma de actuação no cenário. Trata-se de um drama, mas de um drama que representa e expressa através de formas belas, com recursos visuais eminentemente pictóricos. Os jogos de perspectivas, a ficção espacial do cenário, a ordem da composição e as proporções e a situação das figuras, a sequência e harmonia do relato, a aplicação da cor e o fundo indefinido de ouro, formam parte de uma imagem que somente pode ser alcançada a partir do género da pintura."
Tradução não literal de "El descendimiento de Van der Weyden", de Víctor Nieto Alcaide, Tf. Editores, 2003;
Imagens: detalhe do painel e painel integral "A deposição / a descida da cruz", de Rogier van der Weyden (1400 - 1464), Museu do Prado, Madrid
Tradução não literal de "El descendimiento de Van der Weyden", de Víctor Nieto Alcaide, Tf. Editores, 2003;
Imagens: detalhe do painel e painel integral "A deposição / a descida da cruz", de Rogier van der Weyden (1400 - 1464), Museu do Prado, Madrid
Vinho e Abril
«Vinha que rebenta em
Abril, dá pouco vinho para o barril.»
«Vento de Março e chuva de Abril, vinho a florir.»
«Vento de Março e chuva de Abril, vinho a florir.»
Em tempo de coelhos...
Queluz de Baixo: Soregra, 2012
«Era uma vez um coelhinho branco que saiu de casa para ir à horta buscar couves para fazer um caldinho.»
O que aconteceu a seguir lê-se no livro de António Torrado, ilustrado por Tânia Clímaco.
A Paixão segundo J. S. Bach
Da Paixão segundo São João (BWV 245) de Johann Sebastian Bach, ouçamos a bela ária Eilt, ihr angefochtnen Seelen (Apressai-vos, almas atormentadas). O solista (baixo) e o coro interagem no seguinte diálogo:
Baixo: Apressai-vos, almas atormentadas, saí do vosso martírio. Apressai-vos...
Coro: Para onde?
Baixo: Para o Gólgota! Tomai as asas da fé, correi...
Coro: Para onde?
Baixo: Para a colina da cruz. Lá está a vossa salvação.
(Trad. Ofélia Ribeiro)
Nikolaus Harnoncourt dirige o Concentus Musicus, o coro Tölzer Knabenchor e Anton Scharinger (baixo).
Baixo: Apressai-vos, almas atormentadas, saí do vosso martírio. Apressai-vos...
Coro: Para onde?
Baixo: Para o Gólgota! Tomai as asas da fé, correi...
Coro: Para onde?
Baixo: Para a colina da cruz. Lá está a vossa salvação.
(Trad. Ofélia Ribeiro)
Nikolaus Harnoncourt dirige o Concentus Musicus, o coro Tölzer Knabenchor e Anton Scharinger (baixo).
Imagem: detalhe do painel "A deposição" de Rogier van der Weyden (1400 - 1464), Museu do Prado, Madrid
"... tecendo huma Corôa"
Sexta-feira da Paixão, S. Roque - a beleza do despojamento! (Lisboa)
E os Soldados tecendo huma Corôa de Espinhos, lha puzerão na cabeça.
Horas da Semana Sancta empregadas na Lição, Meditação dos Principais Officios e Sagrados Mysterios deste Sancto Tempo, Ttraduzido e expostos na Língua Portugueza (...) Seu Autor Fr. Francisco de Jesus Maria Sarmento, Nova Edição, Lisboa na Typographia Rollandiana, 1843, fl. 350.
Boa Páscoa!
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Amores eu tenho
Digades, filha, mia fuha velida:
porque tardastes na lantana fria?
os amores ei;
dígades, fuha, mía fílba laucana:
porque tardastes na irla lantana?
os amores ei;
Tardeí, mia madre, na lantana fría,
cervos do monte a augua volvían:
os amores ei;
tardeí, mía madre, na fría fontana:
cervos do monte volvían a augua:
os amores ei;
cervos do monte a augua volvían:
os amores ei;
tardeí, mía madre, na fría fontana:
cervos do monte volvían a augua:
os amores ei;
Mentir, mía fílba, mentir par amigo;
nunca vi cervo que valvess'o rio:
os amores ei;
mentir, mía fuha, mentir por amado;
nunca vi cervo que volvess'o alto:
os amores ei. [...]
nunca vi cervo que valvess'o rio:
os amores ei;
mentir, mía fuha, mentir por amado;
nunca vi cervo que volvess'o alto:
os amores ei. [...]
Ler o estudo de Eugenio Asensio acerca deste poema, em galego, aqui.
A cantiga de Amigo cantada é uma versão moderna de Natália Correia; a música foi criada por Fontes Rocha; as vozes são de Natália Correia e de Amália Rodrigues. Gravado em 1971.
Leituras no Metro - 87
Lenine costumava frequentar o café Odeon durante o seu exílio em Zurique.
«[...] dizia-se que Lenine vivia em Zurique. [...] Um dia quando passávamos defronte de um café, [a minha mãe] mostrou-me um homem com um crânio enorme sentado perto da janela; sobre a mesa, ao lado dele, havia uma pilha de jornais [...]. Ele atirou bruscamente a cabeça para trás, virou-se para o homem sentado ao seu lado e falou-lhe ao ouvido. A minha mãe disse: "Olha bem. É Lenine. Ainda vais ouvir falar dele."»
Elias Canetti - Histoire d'une jeunesse (1905-1922). Paris: Albin Michel, cop. 1980, p. 225-226
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Suiça
Cima da Conegliano
Todos os dias há bons motivos para ir a Paris. Desta vez é uma exposição no Museu do Luxemburgo sobre Cima da Conegliano (ca 1459-ca1517), pintor do renascimento veneziano, conhecido pelas suas cores luminosas.
São Sebastião
Estrasburgo. Museu das Belas Artes
Viola - flor
Rafael Bluteau, no seu Vocabulario Portuguez, [tomo VIII, Lisboa, 1721, p. 509] no termo Viola. Flor, remete para Violeta.
Em Violeta, ou viola, explica que é uma flor, composta de cinco folhas roxas...
Parece assim que o que o Cúpido, do poema de Camões colocado pela Ana, escolheu, foi a planta a que hoje vulgarmente se chama Violeta.
Mas o que eu não sabia era que o amor-perfeito fazia parte da mesma família. E o amor-perfeito estaria mais ao agrado de um Cúpido.
Agradecendo a Ana e a Miss Tolstoi.
Em Violeta, ou viola, explica que é uma flor, composta de cinco folhas roxas...
Parece assim que o que o Cúpido, do poema de Camões colocado pela Ana, escolheu, foi a planta a que hoje vulgarmente se chama Violeta.
Mas o que eu não sabia era que o amor-perfeito fazia parte da mesma família. E o amor-perfeito estaria mais ao agrado de um Cúpido.
Agradecendo a Ana e a Miss Tolstoi.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Boa noite!
Ontem acordei a ouvir uma canção de José Afonso e, à noite, ouvi outra no Arpose.
Esta canção é do álbum Eu vou ser como a toupeira, de 1972.
Poesia polémica
Günter Grass que recebeu o prémio Nobel da Literatura em 1999 lançou uma forte polémica na Alemanha, na sequência da publicação de um poema em vários jornais alemães, intitulado "Was gesagt werden muss" (trad. "o que tem de ser dito"). Grass ataca Israel de forma dura, ao criticar o governo de Jerusalém pela posição contra o programa nuclear do Irão e apontar o Estado Judaico como ameaça à paz no mundo. O autor destaca também as relações comerciais entre Israel e a Alemanha que tenham por objecto o fornecimento de material bélico, neste caso, o envio de um submarino que dispare mísseis em direcção a um país “onde a existência de uma única bomba atómica não está comprovada”. Grass enfatiza os horrores nazis do seu país natal, crimes “sem qualquer comparação”, que, no entanto, não justificam, no entender do escritor, o silêncio face ao que se verifica no Médio Oriente. A publicação que fala da “hipocrisia do Ocidente” e da “potência nuclear Israel” gerou uma onda de protesto junto da comunidade judaica alemã. Em Israel, o poema parece ter pouca receptividade nos media. Segundo o historiador Segev, a posição anti-israelita de Grass já não surpreende...
Carta a um amigo
[...]
Visse eu do que desejo santo efeito,
com saúde, com livros, com meã vida,
com ter de mim em minh'alma bom conceito.
S'ela mais desejar, não seja ouvida.
[....]
António Ferreira
(Carta "a Manuel de Sampaio, em Coimbra", in: Poemas Lusitanos, 1598, f.154v.º)
Visse eu do que desejo santo efeito,
com saúde, com livros, com meã vida,
com ter de mim em minh'alma bom conceito.
S'ela mais desejar, não seja ouvida.
[....]
António Ferreira
(Carta "a Manuel de Sampaio, em Coimbra", in: Poemas Lusitanos, 1598, f.154v.º)
Quotidianos - 80
Esta exposição, que abre hoje no Museu do Renascimento, deve ser giríssima.
Ler aqui como foi descoberto este tesouro: http://www.musee-renaissance.fr/homes/home_id20639_u1l2.htm?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=envoi_279&par=21
Auto-retrato(s) - 157
Ludwig Emil Grimm, irmão de Jacob e Wilhelm (conhecidos como os Irmãos Grimm), nasceu a 14 de março de 1790 em Hanau (al como os irmãos) e faleceu a 4 de abril de 1863, em Kassel, cidade onde sempre viveu. Dedicou-se à ilustração e à gravura.
Auto-retrato, 1808
Auto-retrato, 1813
«At Waterloo Napoleon did surrender / Oh yeah...»
Os Abba ganharam o Festival da Eurovisão com esta canção há 38 anos.
Bom dia!
terça-feira, 3 de abril de 2012
"Deosa dos amores"
No livro,
Arte de ingenio, tratado de la agudeza (Madrid, Juan Sánchez, 1642),
obra que amplió y reformó Lorenço Gradan más tarde (1648), encontrei o soneto de Camões:
Num jardin adornado de verdura,
a que esmaltâo por cima varias flores,
entró un dia a Deosa dos amores
com a Deosa da caza et da espesura.
Diana tomou logo huma rosa pura,
Venus un roxo lirio dos melhores:
mas excediâo multo as outras flores
as violas da graça et fermosura.
Preguntâo a Cupido, qu'allî estava,
qual de aquellas tres flores tomaria,
por mays suave, pura et mais fermosa.
Sonrindose o menino Ihe tornava:
"Todas fermosas sâo, mas eu quería
viola antes que lirio, nem que rosa."
Arte de ingenio, tratado de la agudeza (Madrid, Juan Sánchez, 1642),
obra que amplió y reformó Lorenço Gradan más tarde (1648), encontrei o soneto de Camões:
Num jardin adornado de verdura,
a que esmaltâo por cima varias flores,
entró un dia a Deosa dos amores
com a Deosa da caza et da espesura.
Diana tomou logo huma rosa pura,
Venus un roxo lirio dos melhores:
mas excediâo multo as outras flores
as violas da graça et fermosura.
Preguntâo a Cupido, qu'allî estava,
qual de aquellas tres flores tomaria,
por mays suave, pura et mais fermosa.
Sonrindose o menino Ihe tornava:
"Todas fermosas sâo, mas eu quería
viola antes que lirio, nem que rosa."
APS, esta cervejaria é de experimentar?
Hoje, enquanto esperava por uma amiga, li numa revista que este local tem uma das melhores francesinhas... Espero poder experimentar no final de maio. Fiquei com uma enorme vontade de comer uma, mas à falta de francesinha o meu jantar acabou por ser um
pesto com bróculos, sem pinhões.
Frase da semana ( que passou )
Nada me move contra a Margarida Rebelo Pinto, até temos amigos comuns, mas a verdade é que não consigo resistir a citá-la de vez em quando nas suas análises únicas. Esta é sobre a noite lisboeta, e foi publicada na revista Flash:
Basta sair à noite para perceber que os chungas andam com os chungas, os bêbedos andam com os bêbedos, os bandidos andam com os bandidos e os bons rapazes andam com outros tão bons e bem-educados quanto eles.
Tudo claro e simples nesta " sociologia da noite lisboeta ".
Basta sair à noite para perceber que os chungas andam com os chungas, os bêbedos andam com os bêbedos, os bandidos andam com os bandidos e os bons rapazes andam com outros tão bons e bem-educados quanto eles.
Tudo claro e simples nesta " sociologia da noite lisboeta ".
Citações - 221 : Ainda DSK
(...) então que assumam o seu estilo de vida, poupando-nos a fictícias indignações burguesas. Até porque a omertà das elites acabou, e acabou também a " vida privada ", vítima da Net e da ideologia da " transparência ".
DSK tinha 19 anos no Maio de 68. Faz parte da geração que defendeu que o " pessoal é político ", ou seja público. Mas descobriu que isso é mais difícil quando diz respeito à nossa vida.
- Pedro Mexia, no Expresso do passado sábado.
Marcadores de livros - 38
Estes marcadores da Casa dos Postais - Elétrico 28 e Azulejos do século XVIII -, com fotografias de António Henriques, vieram ontem enriquecer a minha colecção.
Obrigada a quem mos ofereceu.
L'empreinte
Philip de Laszlo (1869-1937) - Anna de Noailles
Je m'appuierai si bien et si fort à la vie,
D'une si rude étreinte et d'un tel serrement,
Qu'avant que la douceur du jour me soit ravie
Elle s'échauffera de mon enlacement.
La mer, abondamment sur le monde étalée,
Gardera, dans la route errante de son eau,
Le goût de ma douleur qui est âcre et salée
Et sur les jours mouvants roule comme un bateau.
Je laisserai de moi dans le pli des collines
La chaleur de mes yeux qui les ont vu fleurir,
Et la cigale assise aux branches de l'épine
Fera vibrer le cri strident de mon désir.
Dans les champs printaniers la verdure nouvelle,
Et le gazon touffu sur le bord des fossés
Sentiront palpiter et fuir comme des ailes
Les ombres de mes mains qui les ont tant pressés.
La nature qui fut ma joie et mon domaine
Respirera dans l'air ma persistante ardeur,
Et sur l'abattement de la tristesse humaine
Je laisserai la forme unique de mon coeur...
Anna de Noialles (1876-1933)
A três de Abril o cuco há-de vir...
«A 3 de Abril o
cuco há-de vir, e se não vier até oito, está preso ou morto.»
E com muitas variantes:
«Entre Março e Abril o cuco há-de ouvir.»
«Entre Março e Abril o cuco há-de vir.»
«Se o cuco não vem entre Março e Abril, ou é morto ou está para vir.»
«Se entre Março e Abril o cuco não vier, o fim do mundo está para vir.»
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Camões em Paris
O monumento, da autoria de Clara Menéres, data de 1987, e está no Boulevard Delessert, no cruzamento com a Av. Camões.
Em 13 de junho de 1912 foi neste local erigido um monumento a Camões - o tal que Jad desconhecia -, da autoria do escultor italiano Luigi Betti. Era um busto em bronze de Camões, coroado de louros e com uma pena na mão direita. Menos de um depois, o busto desapareceu, depois de ter sido vandalizado. O jornal Le Matin relatava o acontecimento deste modo: «C'était avant-hier l'anniversaire du poète. Des dames, des admirateurs qui entretiennent pieusement son souvenir, s'apprêtaient à déposer quelques fleurs au pied du monument, lorsqu'une stupéfiante rumeur circula dans la colonie portugaise: le Camoëns avait disparu tout soudain. D'abord, on ne voulut pas croire; mais il fallut bientôt se rendre à l'evidence. Buste et socle s'étaient volatillisés comme par l'effet de quelque sortilège...» (cit. in Les portugais à Paris. Paris: Chandeigne, 2009, p. 162)
Para quem não sabia que Camões tinha um monumento em Paris. :)
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