Ruínas da Ópera do Tejo, pintadas por Philippe Le Bas em 1757 |
Os
sonhos de grandeza de D. José I, que se poderiam espelhar na construção do
teatro de ópera do Paço da Ribeira, – conhecida para a posteridade como Ópera
do Tejo – com dimensões e requintes de arquitectura do seu interior que o
fizeram rivalizar com outros teatros europeus do Século XVIII, ruíram com o
terramoto de 1755, apenas sete meses depois de ter sido inaugurado, no dia de Páscoa
de 1755, 31 de Março.
D.
José era um amante de ópera e ia às récitas frequentemente – duas récitas
semanais às terças e quintas feiras – e na inauguração da Real Caza da Ópera
foram representadas duas obras: "Alexandro n’el Indie", com música de Leonardo
Vinci e libreto de Pietro Metastasio e "La Clemenza de Tito", da autoria de
Mozart e libreto de Caterino Mezzolà. Ainda assistiu ao ensaio geral da ópera
de António Mazoni,"Antígono", cuja estreia estava programada para 4 de Novembro
(ópera resgatada do esquecimento pelo agrupamento "Divino Sospiro" em 2011 e apresentada no
CCB).
Reconstituição do interior da Ópera do Tejo
A historiadora
luso-ucraniana Aline Galasch- Hall de Beuvink pesquisou para a sua tese de
doutoramento o que poderia ter restado deste esplendoroso edifício, da autoria
do arquitecto italiano Galli da Bibbiena, e descobriu vestígios no Tribunal da
Relação de Lisboa, na Rua do Arsenal e num edifício pertencente à Marinha, na
Ribeira das Naus. E descodificou os mitos sobre este faustoso teatro, que faz
parte do imaginário da Lisboa de antes do terramoto. Um trabalho muito
interessante.
Reconstituição do edifício da Real Caza da Ópera
(imagens do Google)
3 comentários:
Gostei de ver.
Os agrupamentos Divino Suspiro e Músicos do Tejo, em conjunto ou separadamente, têm feito alguma coisa para dar a conhecer antigas óperas portuguesas ou que foram encomendadas para teatros portugueses. Sou fã destes dois grupos.
Boa tarde!
Muito interessante.
Bom Domingo!:))
Dado o interesse neste assunto, aproveito para deixar a informação de que as imagens de reconstruções tridimensionais que utiliza neste post fazem parte de outras investigações também respeitantes à Ópera do Tejo.
Visto serem investigações com bases distintas, sugiro que as mesmas sejam creditadas, e deixo informação sobre as investigações a que dizem respeito.
A primeira é retirada inclusive da investigação por mim realizada aquando da minha tese de mestrado, terminada em 2015 e orientada por Pedro Gomes Januário, intitulada "Ópera do Tejo: Investigação e reconstituição tridimensional".
A segunda diz respeito a um projecto levado a cabo pelo Centro de História da Arte e Investigação Artística (CHAIA), da Universidade de Évora, coordenado por Alexandra Gago da Câmara em 2013.
Aproveito igualmente para deixar link para vídeo da apresentação e da reconstrução por mim feita, assim como link para a tese completa, para quem esteja interessado no tema:
https://vimeo.com/222008355
https://vimeo.com/222008430
https://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/8909
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