
O reconhecimento universal de
Giovanni Battista Pergolesi está indissociavelmente ligado à composição do
Stabat Mater de 1736.
Pergolesi concluiu a obra no convento franciscano de
Pozzuoli (Nápoles) onde viveu os últimos meses da sua vida (morreu aos 26 anos, provavelmente de tuberculose). O texto, existente desde o século XIII, reflecte, de forma extremamente emotiva, a paixão de Cristo na perspectiva de Nossa Senhora. De grande popularidade na região de Nápoles, em particular na versão de
Alessandro Scarlatti, o
Stabat Mater constituía repertório obrigatório durante a Quaresma.
O
Stabat Mater de
Pergolesi rapidamente se tornou conhecido do público do século XVIII, chegando mesmo a ser a composição mais publicada da época. Outros compositores, entre eles,
Bach, recorreram nas suas obras a
Pergolesi.
Pergolesi rompeu com a tradição da música sacra erudita: a estrutura é leve em todo o seu percurso; uma adaptação textual “magra”, quase elegante, integra-se numa melodia bem acentuada. Através de meios simples,
Pergolesi conseguiu assim alcançar a mesma intensidade e profundidade que um
Stabat Mater requere. Contrastando com a prática corrente de interpretar a paixão de Jesus através de abordagens musicais mais lentas e “sisudas”,
Pergolesi revolucionou a música sacra de forma geral, o que, naturalmente, provocou algum desconforto junto dos eruditos contemporâneos. Segundo o compositor Padre
Martini, a obra de
Pergolesi apresentaria o mesmo vocabulário musical que a ópera
La serva padrona, pondo em causa a seriedade do texto religioso.

Felizmente, foram poucos os ouvintes do século XVIII que seguiram a opinião de
Martini. Rousseau considerou o primeiro andamento “o dueto mais completo e mais comovente jamais composto.” A provar tais palavras filosóficas, resta como sugestão o andamento (
Fac ut ardeat cor meum), na interpretação excelente de
Barbara Bonney e
Andreas Scholl, acompanhados dos
Talens Lyriques sob a direcção de
Christophe Rousset.
<
6 comentários:
Gosto de Pergolesi. É bom para começar o dia (embora não sendo o mais apropriado), mas vou ouvir outros Pergolesi.
E a foto, Nápoles?
Belo post, como habitualmente.
Comecei a ler o seu post e antes de terminar tinha percebido que era o Filipe Nicolau Vieira. Tem um toque bem pessoal. Também acho um belo post.
Obrigada pela música Sacra de Pergolesi.
A.R.
Cara Miss Tolstoi,
Julgo ser Nápoles. Passei naquela cidade a correr, o objectivo da nossa viagem era Capri e foi a partir dali que atravessámos de barco.
De Nápoles, lembro-me da condução frenética dos napolitanos, das ruas muito sujas...mas apesar disso tem a beleza de uma cidade italiana. Não vi a cidade do ponto onde foi tirada esta fotografia, que é belíssima, o que tenho pena.
A.R.
De facto, trata-se de Nápoles. Tive o privilégio de ver esta magnífica cidade e a costa do Golfo de Nápoles e Sorrento há pouco tempo. Maior ainda foi o privilégio de ter uma excelente companhia o que torna uma viagem à Itália inesquecível.
Acho a mais bela das Stabat Mater. Quando estou cansado da vida ~e já começa a ser mais frequente agora- envolvo-me na música e esta é uma das que me faz descer às profundezas de mim mesmo, para ressurgir depois mais luminoso e iluminado. Hoje acertou na mouche, Filipe.
Enviar um comentário