Prosimetron

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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Soneto de Luís de Camões, escolhido por Eugénio de Andrade!

Oh, como se me alonga, de ano em ano,
A peregrinação cansada minha!
Como se encurta, e como ao fim caminha
Este meu breve e vão discurso humano!
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Vai-se gastando a idade e cresce o dano;
Perde-se-me um remédio, que inda tinha;
Se por experiência se adivinha,
Qualquer grande esperança é grande engano.
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Corro após este bem que não se alcança;
No meio do caminho me falece,
Mil vezes caio, e perco a confiança.
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Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,
Se os olhos ergo a ver se inda parece,
Da vista se me perde e da esperança.
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Sonetos de Luís de Camões (1524?-1580)
(escolhidos por Eugénio de Andrade)

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