Prosimetron

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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Dante Alighieri e a Divina Comédia!

Um/a comentador/a colocou-me uma questão a partir das litogravuras de Gustave Doré sobre a Divina Comédia:
"Você gosta de ocultismo?"
O meu espírito racionalista ficou logo a matutar. Resolvi então passar um excerto da introdução de Vasco Graça Moura da tradução que fez da obra.
Aqui está em parte a resposta. Não queria nada ser maçadora mas se calhar, por me alongar, irei sê-lo, as minhas desculpas. Gostava de colocar muito mais mas é um abuso ser tão extensiva.


Em 2006 ofereceram-me a Divina Comédia traduzida por Vasco Graça Moura e ilustrada por Júlio Pomar. Já tinha lido, mais que uma vez, numa versão de divulgação e é uma das obras que mais me toca devido à sua temática: a procura do Ser.
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"(...) «como todas as grandes obras canónicas destrói a distinção entre a escrita sagrada e secular» (Harold Bloom, The Western Canon), é também, entre muitas outras coisas, essa tensão vertiginosa entre micro e macrocosmos, esse confronto do indivíduo concreto com o universo dos seus saberes integrados, numa epopeia do conhecimento humano apostado na busca obsessiva de uma verdade do Ser, busca essa que, aqui, culmina na visão de Deus, termo do arco sustentado que vai do desespero humano e da miséria humana a uma absoluta serenidade final. Numa ontologia do Bem e do Mal, as modalidades visíveis do Ser dispõem-se como outros tantos graus que tendem para uma totalidade necessariamente abrangente. Espaço e tempo não passam então de categorias precárias para a própria tentativa de um percurso e de um discurso que confluem no infinito e na etrnidade. (...)

«A Comédia é, entre outras coisas, um poema didáctico de dimensões enciclopédicas que expõe a ordem físico-cosmológica, ética e histórico-política do universo; é, além disso uma obra de arte que imita a realidade e na qual aparecem todas as esferas imagináveis do real: passado e presente, grandeza e abjecção, história e fábula, trágico e cómico, homem e paisagem; é, enfim, a história do desenvolvimento e da salvação de um indivíduo particular, Dante, e, enquanto tal, uma alegoria da redenção de toda a espécie humana». (Mimésis, p.198. Já Hegel escrevia:« o poema [A Divina Comédia] abrange assima totalidade da vida objectiva (Estética e Poesia, Lisboa:Guimarães Editores, 1964, p.275)

Dante Alighieri, A Divina Comédia, Lisboa: Bertrand Editora, 2006, p.12 (tradução e introdução de Vasco Graça Moura)

Prometo que hoje não volto! Terá o simbolismo ligação com o ocultismo?

2 comentários:

Jad disse...

É preciso primeiro definir o que é simbolismo e o que é ocultismo. Nisto não existe silogismos...

Anónimo disse...

Respondendo à pergunta : Claro que sim! As ligações são estreitas entre o ocultismo e o simbolismo.