Durante a adolescência vivi uns tempos com a minha avó. Lá em casa havia uma estante velha onde ia buscar alguns livros que me deram prazer. Deixo aqui o primeiro.

Chegou a diversas conclusões curiosas. A seu ver, a principal razão de facto consistia menos na impossibilidade material de ocultar o crime, do que na própria impossibilidade material de ocultar o crime, do que na personalidade do criminoso: num grande número de casos este experimentava, na ocasião do crime, uma diminuição da vontade e do entendimento e era por isso que procedia com uma leviandade pueril, uma rapidez extraordinária, quando mais necessárias lhe eram a circunspecção e a prudência.
Raskolnikoff comparava este eclipse das faculdades intelectuais e o desfalecimento da vontade a uma afecção mórbida (…)."
Dostoïewsky, Crime e Castigo, Porto: Editora Livraria Progredior, 1954, vol. I, p.94-95. (tradução A. Augusto dos Santos)
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