As Gavetas
Não deves abrir as gavetas
fechadas: por alguma razão as trancaram,
e teres descoberto agora
a chave é um acaso que podes ignorar.
Dentro das gavetas sabes o que encontras:
mentiras. Muitas mentiras de papel,
fotografias, objectos.
Dentro das gavetas está a imperfeição
do mundo, a inalterável imperfeição,
a mágoa com que repetidamente te desiludes.
As gavetas foram sendo preenchidas
por gente tão fraca como tu
e foram fechadas por alguém mais sábio do que tu.
Há um mês ou um século, não importa.
Pedro Mexia ( 1972-), in Menos por Menos- Poemas Escolhidos
1 comentário:
Nunca pensei que as gavetas guardassem mentiras...
que a chave fosse um objecto terrível...
Ainda não sei se gosto deste poema.
As gavetas são o passado e há sempre coisas boas do passado para viver no presente e futuro.
Quem fecha nunca pode ser sábio mas sim egoísta.
luís não vai gostar nada do meu comentário. Desculpe mas este poema é estranho!
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