Numa altura em que se aguarda pelo resultado da candidatura do fado a património cultural da humanidade (que só chega no próximo dia 27) vale a pena recordar as origens, percurso e posicionamento, nos dias de hoje, deste "género de grande versatilidade poética e musical" com "um forte sentimento de pertença e ligação a Lisboa". Com origens incertas provavelmente ligadas a uma dança cantada afro-brasileira, em Lisboa só há referências escritas do fado a partir de 1830, ligado à boémia e prostituição, de que a Severa foi o mito fundador. O fado já cantava a pobreza e miséria quando em 1890, com o fortalecimento do associativismo popular de Lisboa, o seu reportório se associa a constantes contestações radicais à Monarquia e surgem os "fados operários" ou "sindicalistas". A profissionalização chega em 1920, dadas as oportunidades e condições remuneratórias entretando surgidas. A partir de 1927, os fadistas só eram pagos se tivessem carteira profissional. Em 1933, o fado passou a estar ao serviço do regime salazarista para obter popularidade no pós-Guerra. Seis anos depois volta a ganhar fôlego com o início da mítica carreira de Amália. Além dos seus atributos vocais foi ela quem transportou para o fado o uso do vestido e xaile negros, a posição à frente dos guitarristas e a linguagem corporal. Em 2000, chega uma nova geração de cantores com Mariza e outros jovens fadistas a atraíem novos públicos, em formatos diferentes, que impulsionaram uma nova fase na internacionalização do fado. Actualmente, o fado representa 20% das vendas de discos de música portuguesa. Quer isto dizer que estamos a consumir mais música "made in" Portugal do que internacional. Apesar das vendas estarem a cair, o reportório nacional é líder. Entre 2005 e 2011 (primeiro semestre) os fadistas que mais venderam foram os seguintes:
Mariza (608 mil discos); Ana Moura (138 mil); Carlos do Carmo (56 mil); Camané (40 mil) e Carminho (17 mil).
Também em igual período foram atribuídos 77 galardões ao intérpretes deste género musical.
Fonte: Jornal de Negócios, 15/11/2011
5 comentários:
Sou fã de todos estes campeões de vendas. E tenho, pelo menos, um disco de cada.
E também os costumo oferecer a estrangeiros, que gostam particularmente do Camané.
Uma magnífica síntese, MLV!
Não se poderia dizer mais, e tanto, em tão poucas palavras.
APS, obrigado! Embora o mérito seja de quem escreveu o artigo no JN. Realmente, apenas fiz a síntese.
Gostei muito, MLV.
Boa noite! :)
Amanhã temos notícias.
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