Prosimetron

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sábado, 19 de novembro de 2011

Citações - 201

(...) Em 37 anos não apareceu uma única obra decente de dramaturgia portuguesa. Apareceram romances em grande quantidade, apareceu poesia, apareceram livros de história ou memórias. Não apareceu uma única peça digna desse nome. Até o Teatro Nacional D.Maria II, na impossibilidade de se ficar eternamente no Frei Luís de Sousa, apresenta geralmente traduções. De resto, não lhe falta só dramaturgia portuguesa. Também lhe falta público. Uma noite no D.Maria é uma noite soturna. Francisco José Viegas cortou o orçamento ( um milhão de euros ) deste longo equívoco. Foi inteiramente justo. E, quando Diogo Infante resolveu recorrer à intimidação, não hesitou em o demitir. Chegou a altura de acabar com esta ridícula que em Portugal se chama " teatro ".

- Vasco Pulido Valente, Teatro à portuguesa, no PÚBLICO de ontem.

Apesar dos exageros do costume, há algo com que concordo: a escassez da dramaturgia portuguesa. Duas ou três revelações nas últimas décadas ( J.Lucas Pires, José Maria Vieira Mendes, por exemplo ), mas realmente a grande maioria do teatro que se vai fazendo é traduzido. Pensem nas últimas peças que viram.

2 comentários:

Bruno Coelho disse...

Caro Luís Barata,

muito me custa ler esta sua opinião acerca do que se escreve da dramaturgia portuguesa (já para não falar na expressão exagero acerca do artigo do VPV quando na verdade não se tratam de exageros mas sim de manipulação e ignorância de dados).
com toda a certeza o sr. não é um conhecedor do panorama cultural português. provavelmente até nem sequer sai de casa para ir ao teatro e certamente que nem sequer faz uma ligeira pesquisa, por mais pequena que seja, acerca deste tema, pois basta olhar para a produção de espectáculos e verá que encontrará muitos exemplos do que se produz em portugal e acredite que temos muitos e alguns bons textos. Lá por o sr. apenas ter ouvido falar naqueles dois, não quer dizer que não existam outros. Procure então nomes como Carlos J. Pessoa, Armando Nascimento Rosa, Abel Neves, António Torrado, Mário de Carvalho, Carlos Alberto Machado, Margarida Fonseca Santos, Laureano Carreira, Alice Vieira, Jaime Salazar Sampaio, Jorge Silva Melo, Cucha Carvalheiro, Yvette Centeno, Gonçalo M. Tavares, Tiago Rodrigues, Ricardo Neves-Neves entre muitos outros.
Não espero que mude de opinião mas espero que o comentário pelo menos o esclareça um pouco, já q s é um dos muitos que apenas se limitam a aceitar um artigo como aquele do VPV sem comprovar veracidade dos factos, vai perder muito acerca da realidade cultural do país.
cumprimentos
bruno coelho

LUIS BARATA disse...

Caro Bruno Coelho, tem toda a razão. Eu nunca saio de casa, não vou ao teatro, nem ao cinema e muito menos a concertos. É por isso que nunca vi o Luís Miguel Cintra a brilhar, nem assisti a tudo de bom que o Jorge S.Melo vem fazendo nos A.Unidos apesar dos pesares, nem nunca assisti às Bacantes com o João Grosso no anfiteatro da Gulbenkian ( porque senão ainda hoje me arrepiaria de emoção ) nem a muitos outros momentos altos do nosso teatro. Limito-me a ficar em casa a escrever e a "mandar umas bocas" como V.Exa. insinua.
Tem toda a razão, eu deixei a cultura toda para si, e dentro dela todas as inesquecíveis peças escritas nas últimas décadas pelos nossos dramaturgos e que estão traduzidas nas línguas civilizadas e são representadas de Paris a Moscovo, de Nova Iorque ao Rio de Janeiro.
Depois de ler o seu comentário, mudei de opinião, o Vasco P.Valente está mesmo maluco e a nossa dramaturgia é uma maravilha e os nossos teatros ( tirando o La Féria, que está falido ) estão sempre cheios.