Na próxima quarta-feira arranca a Feira do Livro de Frankfurt. O país em destaque da 65ª edição desta feira, a maior da especialidade em todo o mundo, é o Brasil onde, de acordo com os mais recentes dados do instituto Media Control, se verifica um autêntico boom do mercado livreiro.
No entanto, o ambiente perspectiva-se quente e polémico neste certame: Paulo Coelho anunciou hoje no seu blogue que recusa o convite a participar na feira, e o motivo do seu protesto prende-se com a selecção dos autores brasileiros por parte do Ministério da Cultura do Brasil que vão representar o seu país em Frankfurt. Segundo Coelho, as autoridades escolheram os escritores com base em critérios meramente políticos, e não técnicos. Coelho argumenta que, dos 70 autores convidados, conhece apenas 20. Em sua opinião, os restantes 50 serão provavelmente "amigos de amigos: um compadrio". E duvida do profissionalismo de alguns dos eleitos, o que manifesta a "infeliz intromissão" dos políticos quando se trata de apresentar a cultura brasileira em fóruns internacionais.
Infeliz parece-me a intromissão do próprio Paulo Coelho. O facto de desconhecer alguns nomes de colegas seus não deveria, em meu entender, legitimar este protesto.
Coelho foi homenageado em 2008 em Frankfurt: e não pelo profissionalismo, mas pelo simples facto de, na época, ter ultrapassado a barreira de 100 milhões de livros, conforme relatado por um prosimetronista. Será este sucesso a causa que legitima tal reacção na óptica de Coelho...?
3 comentários:
Há uns tempos li brasileiros que acusavam de racista a escolha dos 70 escritores, já que só um é negro. E outro índio. Não me vou pronunciar sobre isto.Não conheço a lista nem os autores brasileiros.
Parece-me, contudo, que o diretor da Feira de Frankfurt também não se devia ter pronunciado sobre a primeira questão. Conhece ele a fundo a literatura brasileira para saber se houve ou não racismo na constituição da lista dos 70 escritores?
Quanto a Paulo Coelho - de que eu não gosto -, por que não há-de protestar se não concorda com a lista?
Os critérios das delegações a Frankfurt são muitas vezes criticados e criticáveis, por isso não me surpreende por aí além a recusa de Coelho. Quanto a " negros " e " índios " entramos na questão das quotas e essa dá pano para mangas...
O que eu gostava de saber é se será uma questão de cotas ou se efetivamente há escritores brasileiros (negros e índios) melhores (ou tão bons) do que alguns que estão na lista. Mas como não os conheço...
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