Prosimetron

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sábado, 7 de junho de 2014

Dos Almanaques - 18


«Há sempre nas praias uma menina que recita.
«De pé, quase sempre vestida de branco, recita versos azuis. Quero dizer, versos etereamente românticos. Enquanto ela recita, a mãe põe os olhos no chão. As outras senhoras põem o leque diante da cara.
«Alguams vezes, a menina engana-se, falta-lhe a memória. Nem para trás nem para diante.
«Então lança mão de um recurso supremo: desmaia.
«- Um médico! Não está aí um médico?
«Numa praia estão sempre quatro médicos, pelo menos.
«Vem um.
«- Isto não é nada, passa já.
«Mas o irmão mais novo da menina desmaiada foi, a correr, buscar a casa o Almanach das Senhoras.
«E, reanimada por este auxílio, a menina continua a recitação [...].»
Alberto Pimentel - Manhãs de Cascaes. Lisboa: Ferin, 1893, p. 17-18

2 comentários:

APS disse...

Estes delíquios femininos, da época, deviam fazer parte da pose..:-))
Bom dia!

MR disse...

Claro! Até o mano já sabia qual era a cura. :-)
Bom fim de semana!