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Como nada sabia acerca de Rothko, no regresso do almoço pesquisei sobre este pintor de origem judaica, nascido na Letónia (1903-1970) e que emigrou para os EUA. Se Mark Rothko foi um pintor expressionista abstrato (embora rejeitasse o rótulo) conhecido pela sua natureza ansiosa, irascível mas também afectuosa foi reconhecido pela sua grande cultura; amou a música, a literatura e muito especialmente a filosofia com particular interesse pelos escritos de Nietzsche e pela mitologia grega. Fortemente influenciada pela obra de Matisse, a pintura de Rothko pretendeu "aliviar o vazio espiritual sentido pelo homem moderno" ao mesmo tempo que devolvia o "reconhecimento estético necessário à libertação das energias inconscientes através de imagens, símbolos e rituais mitológicos". Ao observar alguns quadros de Mark Rothko não consegui decifrar os tais "símbolos místicos" nem senti "emoções básicas humanas como a tragédia, o êxtase ou o destino" de que as suas obras se revestem. Em vez de tudo isso reconheci uma pintura de indiscutível modernidade tendo em conta em época em que Rothko viveu. Mais: senti uma pintura onde quadrados e rectângulos de cores intensas e luminosas fazem uma barreira com o tempo, sem datas, que podia ter sido feita hoje e que convida a tranquilos momentos de contemplação.
Em 1970, aos 66 anos, Rothko foi encontrado morto. Tinha-se suicidado e a autópia revelado uma elevada dose de antidepressivos. O pintor que dedicou os últimos tempos da sua vida a um lento processo de auto-destruição com muita bebida, tabaco e uma alimentação deficitária, entrou em queda livre após lhe ter sido diagnosticado um aneurisma da aorta forçando-o a abrandar a sua produção artística.
Mark Rothko dizia-se um "fazedor de mitos". Viveu e morreu fiel a uma das suas máximas: "A experiência trágica fortificante é para mim a única fonte de arte". Gostei de conhecer este pintor e a sua inquietante personalidade.
3 comentários:
Que interessante o seu post!
«não consegui decifrar os tais "símbolos místicos" nem senti "emoções básicas humanas como a tragédia, o êxtase ou o destino" de que as suas obras se revestem.»
Achei graça à sua leitura da obra. Gostei de Mark Rothko mas também, não vislumbro símbolos místicos.
A discussão entre técnica e arte é um tema fascinante.
A.R.
Gosto imenso de Rothko. Não me perguntem porquê...
M.
Regresso em grande! Ao ler o teu post não pude deixar de recordar um aula de Estética com José Gil onde se falou de Rothko, de que também gosto, e do efeito que este pintor tem sobre quem contempla os seus quadros. As emoções ficam à flor da pele.
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