
A Associação de Estudantes Socialista Alemã da RFA convoca um congresso de dois dias em Berlim para debater a situação do Vietname. Intelectuais de todo o mundo, entre eles, Jean-Paul Sartre, Pier Paolo Pasolini ou Hans-Magnus Enzensberger saúdam a iniciativa. Os estudantes criticam o imperialismo dos Estados Unidos bem como o apoio dos Aliados na Europa. A segunda jornada termina com uma manifestação pelas ruas de Berlim (ocidental): 10.000 estudantes gritam “Ho-Ho-Ho-Tschi-Minh”, mostram orgulhosamente os retratos de Mao e Che Guevara em centenas de cartazes e exigem a revolução socialista em todo o mundo. A contra-manifestação não se faz esperar. Apenas três dias depois, mais de 80.000 manifestantes organizam um comício sob o mote “Berlim não é Saigão”.

A Quinta-Feira Santa de 1968 marca o início das revoltas estudantis: o popular líder estudantil Rudi Dutschke é vítima de um atentado no Kurfürstendamm de Berlim. Sobrevive às três balas com sequelas graves. Uma onda de protesto generalizada atravessa a República Federal durante os dias de Páscoa, as manifestações resultam em confrontos violentos em várias cidades. Estudantes e civis insurgem-se em particular contra a imprensa conservadora que, na sua abordagem, tenta gerar um sentimento negativo da população alemã em relação aos objectivos do movimento estudantil. O jornal de maior tiragem, Bild, declara Dutschke como “inimigo nº 1 “ da Alemanha. Josef Bachmann, autor do atentado contra Dutschke, pertence a uma organização da extrema direita. Viria a suicidar-se em prisão dois anos depois. Dutschke viria a falecer em 1979, ainda em consequência dos ferimentos sofridos.
- CONTINUAÇÃO NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA -
Imagens: Maio de 68; Rudi Dutschke; Daniel-Cohn Bendit (um dos líderes de 68, hoje em dia deputado do Parlamento Europeu); Klarsfeld vs Kiesinger
2 comentários:
Ano excepcional: lutas e reivindicações estudantis. A inteligência a funcionar, o mundo a querer mudar...
Fantástico este post.
Obrigada Filipe!
A.R.
Digno de entrada numa enciclopedia,melhor,na wikipedia. C.M.C
Enviar um comentário