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Implicitamente, temos a matriz de tantos melodramas clássicos, especialmente os de Douglas Sirk. Foi neste cineasta, rei incontestado dos melodramas, que pensei quando vi um protagonista cego, e cego devido a um adultério castigado. Mas, como noutros seus filmes, é o tragicómico que domina este filme- é a comicidade genial de Almodóvar ( o cameo fabuloso de uma das divas de Almodóvar, Rossy de Palma- a do nariz protuberante, a história da mala ou o guião para um filme de vampiros ) que alivia a tensão dramática desta história de amores obsessivos.
Voltando ainda ao cinema, importa dizer que é pela televisão que acedemos a algumas das referências fílmicas, já que é no televisor da casa de Harry que vemos Ingrid Bergman e aquele ouve pela primeira vez o seu filme mutilado. Omnipresentes também os dvd, hoje em dia repositórios da memória do cinema e da memória pessoal- Harry a pedir a Diego para ouvir a voz de Jeanne Moreau...
4 comentários:
Viagem em Itália (mais em Nápoles) é um dos meus filmes.
Filmes da"minha vida"tenho 2:" 8 e 1/2",do Fellini,e do Rosselini,"A tomada do poder por Luis XIV". Por outras palavras:o barroco e o clássico. Ou ainda: o excesso e a escassez. Obrigado,Luis Barata,por lembrar Rosselini.É evidente que Almodover é o excesso. Os extremos,muitas vezes,tocam-se.
Alberto Soares.
No comentário anterior,onde se lê"Almodover" deve ler-se Almodovar.
Alberto Soares.
Caro Alberto Soares: "La prise de pouvoir" também é um filme de que gosto muito. Vi-o pela primeira vez ainda adolescente e não tenho dúvidas de que exerceu grande influência no meu interesse tanto pelo "Siécle de LouisXIV" e o que lhe está associado ( de Versalhes a Saint-Simon ) como pelos mecanismos do poder, no caso a formação do Absolutismo com um soberano que decide governar dispensando até um primeiro-ministro ( embora tenha feito boas escolhas de ministros como Colbert )e que eleva a representação e a simbólica do poder a outros patamares.
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